domingo, 24 de dezembro de 2017

MUNDO

Queda do Estado Islâmico redesenha Oriente Médio

A Houthi militant walks by a Houthi-run detention center hit by air strikes in Sanaa, Yemen December 13, 2017. REUTERS/Khaled Abdullah ORG XMIT: GGGKHA20
Iemenita caminha sobre escombros em Sanaa após ataque aéreo saudita Foto: Khaled Abdullah/Reuters

Encruzilhada estratégica mais turbulenta do mundo, o Oriente Médio terá um ano de definições em 2018. No centro do seu redesenho está o Irã, que avança como principal ator regional, e o papel que tanto EUA como a ressurgente Rússia terão em relação às ambições de Teerã.Não é casual que autoridades americanas tenham escalado neste mês o tom das acusações contra os iranianos, como no caso dos mísseis que o país fornece para rebeldes xiitas no Iêmen. E que Vladimir Putin aja como mediador regional com desenvoltura.São movimentos que ecoam 2017, o ano que deu ao Oriente Médio "um novo e radical desenho", nas palavras de George Friedman, papa da geopolítica americana e dono da consultoria Geopolitical Futures.

ESTADO ISLÂMICO
O Estado Islâmico, mais recente encarnação do extremismo sunita, foi derrotado em sua ambição territorial na Síria e no Iraque. "É o fato mais importante do ano, um ponto de mudança. Os extremistas permanecerão, mas não como califado", disse Elizabeth Marteu, especialista em Oriente Médio do escritório do Bahrein do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos.A derrota militar, ainda que o grupo siga como referência para terroristas, deu musculatura à influência iraniana. No Iraque, apesar do apoio americano, unidades do Exército são controladas por Teerã, e na Síria operam tropas irregulares e prepostos do Hizbullah libanês.

IÊMEN E QATAR
Após ter sua expansão regional bloqueada pela guerra Irã-Iraque (1980-88), Teerã voltou a se mover em latitudes mais distantes. No Iêmen, o apoio aos rebeldes houthis, xiitas como os iranianos, virou um espinho para a sunita Arábia Saudita —que desde 2015 tenta derrotá-los com uma campanha aérea.Também no Golfo, a proximidade entre o Irã e o Qatar gerou um bloqueio de países aliados a Riad contra o pequeno emirado. O país gastou US$ 38,5 bilhões em reservas e, até aqui, manteve sua economia funcionando.
SÍRIA
Com o EI em fuga, resta achar uma saída para o conflito entre o regime do ditador Bashar al-Assad e as forças rebeldes ora enfraquecidas. Dois anos de intervenção de Moscou e de Teerã viraram o jogo em favor de Damasco. Zonas de "de-escalada" (distensão) são negociadas entre Irã, Turquia e Rússia, e podem sugerir o fatiamento do país em linhas étnico-confessionais.
CURDOS
Na Síria, grupos apoiados pelos sauditas e pelo Ocidente estão em baixa, exceto os curdos do norte do país, que buscam autonomia semelhante àquela que os do Iraque tinham até sofrerem intervenção neste ano. É uma costura complexa, dado que a Turquia não quer ver aspirações nacionais entre a etnia que tem grande população em seu próprio território.


Fonte: Folha de S. Paulo

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