sexta-feira, 8 de setembro de 2017

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Tatiana Beltrão, da Agência Senado
Está pronto para ser votado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado projeto de lei que institui a Semana Nacional de Valorização da Vida, um evento anual para prevenção ao suicídio. Durante a semana, que já vem sendo realizada independentemente de lei, governos e sociedade deverão promover atividades em todo o país para debater estratégias de conscientização e esclarecer a população sobre questões como os motivos de alguém a tirar a própria vida, quais os possíveis sinais de alerta e onde procurar ajuda.
Neste domingo (10), mais uma vez as entidades ligadas a esse problema estarão em campo para marcar o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, por meio de caminhadas e palestras. No Parque da Cidade, em Brasília, haverá concentração no Estacionamento 12 seguida de marcha, entre outras atividades. O Senado está participando da campanha por meio da iluminação especial amarela até o final do mês.
O projeto (PLS 163/2017) , do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), responde a uma preocupação antiga de entidades médicas. O suicídio é um grave problema de saúde pública. Faz mais vítimas do que a guerra e os homicídios, somados. É a segunda causa de morte de jovens no mundo. Mata mais do que o HIV. E apesar dessa gravidade, ainda é um tabu, cercado de preconceitos e do qual pouco se fala.
Cerca de doze mil pessoas se matam a cada ano no Brasil. E os números estão crescendo. A maioria dessas mortes poderia ser evitada, sustentam profissionais da área. Mas o tabu prejudica a prevenção, impedindo que mais gente em sofrimento procure ajuda. Por isso, é preciso falar sobre suicídio, rompendo o silêncio para informar a população.
— Temos 800 mil casos de suicídio por ano no mundo. Esse problema precisa ser debatido abertamente, não pode ser ignorado — diz Garibaldi, que acredita que a campanha ajudará a reduzir essas mortes no país.


Preocupação mundial

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece o suicídio como prioridade e ressalta que as mortes, em 90% dos casos, podem ser prevenidas, se quem está em risco receber assistência.
A organização conclamou os países-membros a diminuir a incidência em 10% até 2020. O Brasil é um desses países. Aqui, porém, os números estão aumentando (veja quadro),o que já levou organizações como o Exército a iniciar programas de prevenção.


Entidades médicas criticam a falta de campanhas governamentais de prevenção e a insuficiência da rede pública de atenção psicossocial, que inclui, entre outras estruturas, os centros de atenção psicossocial (os Caps, que hoje são quase 2,5 mil no país). Também condenam a lentidão do governo em tirar do papel as diretrizes nacionais de prevenção ao suicídio, de 2006.
Mais de uma década depois, o governo anunciou, em março, o lançamento de um Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio. O anúncio foi feito pelo coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro Junior, durante a audiência pública promovida na quinta-feira pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para instruir o projeto de Garibaldi. O plano teria três eixos principais: fortalecimento do cuidado com pessoas com transtornos mentais, já que a presença desse tipo de transtorno é o principal fator de risco; ações de prevenção; e foco em informação e mídia.

Cordeiro anunciou também uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) para disponibilização de um telefone gratuito de atendimento. O serviço do CVV não é cobrado, mas as ligações para o 141 pagam pulso telefônico. O número gratuito (188) já está funcionando no Rio Grande do Sul. A gratuidade, inclusive para quem liga de celular, resultou em um aumento de ligações para o serviço.
Às vésperas de mais um dia mundial de prevenção, no entanto, o site do ministério não anunciava nenhuma ação governamental no sentido de implementar o plano.



Doenças mentais

Garibaldi decidiu apresentar o projeto após ser procurado por integrantes da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que expuseram a ele a importância de combater o estigma em torno do suicídio e também da doença mental. Por isso, outro foco da Semana de Valorização da Vida será mobilizar a sociedade contra o preconceito em relação a essas doenças, que estão diretamente relacionadas ao risco de morte autoinfligida.
Coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção ao Suicídio da ABP, a psiquiatra Alexandrina Meleiro explica que, segundo a literatura médica mundial, a grande maioria das pessoas que se suicidaram tinha, ao menos no momento do ato, uma patologia mental, como depressão, e não foi devidamente tratada. Esses casos eram passíveis de prevenção, diz. Para a psiquiatra, é preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto:
— Se conseguirmos vencer o preconceito contra a doença mental, v


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