quinta-feira, 10 de agosto de 2017

TUF Brasil

Mutante lembra desculpas de Wand após TUF Brasil 1: "Não era peixada"

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Em 2012, o Brasil vivia um momento de plenitude no UFC, com Anderson Silva, José Aldo e Renan Barão como campeões de suas categorias, além de nomes de peso no MMA fazendo grandes performances dentro dos octógonos, tais como Vitor Belfort, Lyoto Machida, Maurício Shogun e Rodrigo Minotauro. Projetando "surfar" na crescente onda de popularidade do esporte entre o público brasileiro, o Ultimate, em parceria com a TV Globo, estreou a primeira edição no país do já consagrado reality show TUF - The Ultimate Fighter

Hoje, cinco anos após a estreia do programa, o reality show não teve continuação depois da quarta temporada, e o UFC ainda não teve um lutador que tenha conquistado o cinturão oriundo do TUF Brasil. Campeão peso-médio da primeira edição, Cezar Mutante tem sua teoria para que o "projeto" da organização não tenha se concretizado ainda. No entanto, apesar de lamentar o cancelamento, o brasileiro faz uma promessa aos fãs que apostavam em seu suceso no Ultimate.

 

Carrossel TUF 5anos Especial Perfil do Cezar Mutante 300 (Foto: Infografia ) 

Cezar Mutante foi o campeão do primeiro TUF Brasil no peso-médio e virou esperança de cinturão (Foto: Infografia )

 

- O MMA se popularizou no Brasil depois do "TUF 1". Essa é a verdade. Depois da primeira edição, o esporte entrou na casa de todo mundo. As pessoas que, antes, nem conheciam as regras do MMA, passaram a chamar a gente pelo nome, igual torcedor de futebol. Queria que tivesse mais edições, mas em um formato ainda melhor. Agora, tudo na vida tem um tempo pra acontecer e cabe a nós não desistir. Não consegui atingir meu auge no UFC, mas acho que, nos próximos dois anos, minha hora vai chegar e vou levar o cinturão pra casa. Depois do programa, tive muitas lesões. Fiquei um ano fora após operar um joelho, depois operei o outro e tive que fazer uma cirurgia na coluna que quase me aposentou. Agora estou 100% e vou focar e trabalhar duro pra ser o primeiro campeão do UFC que veio do TUF Brasil - disse Mutante, por telefone, ao Combate.com.

O peso-médio brasileiro relembrou a expectativa pelo chamado para a seletiva, as primeiras lutas, a convivência dentro da casa com os outros lutadores e até um pedido de desculpas do técnico rival, Wanderlei Silva, já na reta final do programa. 

 

- Diferente dos Estados Unidos, a primeira edição do TUF Brasil foi bem tranquila, não teve muito problema. Claro, tinham uns caras que eram figuras, como o Gasparzinho, mas foi tranquilo. Eu não tive problema com ninguém, estava muito focado, não queria só aparecer na TV, fazer circo, porque sabia que era a grande oportunidade da minha vida. Curiosamente, a maior implicância veio do Wanderlei Silva, técnico do time rival, que dizia que eu tinha entrado por peixada, porque conhecia o Vitor (Belfort) antes da casa. Mas eu fui provando, ao longo do programa, que eu merecia estar ali. Finalizei todas as lutas e, na última (semifinal), nocauteei o Bodão. Ganhei todos os prêmios e acabei mudando a opinião do próprio Wanderlei, que veio apertar minha mão depois desse nocaute - afirmou o lutador de 32 anos. 

Cezar Mutante e Vitor Belfort MMA (Foto: Sara Levin / Divulgação) 

Mutante teve de lidar com a desconfiança dentro do TUF Brasil 1, pela ligação com Belfort (Foto: Sara Levin / Divulgação)

Veja abaixo o bate-papo com Cezar Mutante:
O chamado, o medo e o alívio
Estava em Las Vegas quando soube da seletiva, cuja inscrição era pra fazer pela internet. Sabia que ali era a chance de concretizar o sonho de lutar no UFC. Depois da inscrição, tinha que ir para São Paulo. Só que teve mais de cinco mil inscritos e os melhores lutadores do Brasil se inscreveram para a seletiva. E eu, na época, tinha só seis lutas no cartel. Rolou uma insegurança, mas, à medida que a seletiva ia avançando, fui ganhando confiança. E foi um alívio quando vi que estava entre os 64 chamados para fazer exames. Ainda tinha que esperar cerca de uma mês para a chamada definitiva, a metade ia ser cortada e começamos a treinar para bater peso e fazer a última luta antes de entrar na casa.

Ainda está na minha memória a luta contra o (Gustavo) Labareda. Ele vinha do caratê, sabia que ele era um cara duro, e eu estava inseguro e nervoso. Acabei lutando mal pra caramba. Só no final que consegui encaixar a guilhotina, que me deu a vitória. Quando entrei, foi muito difícil a adaptação. Tinha dificuldade pra dormir, passei dez dias dormindo no banheiro, porque o pessoal fazia muito barulho na casa. Não tinha ninguém com que me dei mal, fazia questão de cumprimentar todo mundo, mas me aproximei mais do Daniel Sarafian. Com a sequência dos dias, os obstáculos aumentavam: era a ansiedade, a vontade de comer, saudade da família e o lado psicológico passou a ser determinante. Quem perdia, ficava na casa. E faziam bagunça, churrasco, cerveja, foi bem complicado. Foram 45 dias, mas, pra mim, parecia que estava preso há dois anos. Não tinha comunicação nenhuma mesmo.

Cezar Mutante comemora vitória sobre Leonardo Macarrão TUF Brasil (Foto: Divulgação/ TUF Brasil)


Cezar Mutante comemora vitória sobre Leonardo Macarrão, na 2ª luta do TUF Brasil 1 (Foto: Divulgação/ TUF Brasil)
A reprodução da realidade do lutador
A parte mais difícil, realmente, era com o controle do peso. Imagina, você trancado, ansioso, com o seu futuro sendo decidido em poucos dias, era muita vontade de comer. Tinha a galera que perdia a cabeça e ficava no churrasco, no sorvete, mas eu foquei. Era tudo muito psicológico. Até a questão das câmeras, o microfone, se tirasse era multado em mil reais. Mas, no geral, o programa representa a nossa realidade. Prova que o lutador mais capacitado, que sabe lidar com as adversidades, com os desafios, é quem vai vencer. O fato de você não treinar com sua equipe, em um ambiente hostil, convivendo com seu rival, bater peso em pouco tempo, mostra que você está apto a lidar com a pressão da profissão. Acho que o TUF é a melhor faculdade pra entrar no UFC, que, de fato, é o nosso mercado de trabalho.
O sucesso: dentro e fora da casa
O Vitor Belfort adotou uma estratégia muito boa para o time. Ele sabia a proporção certa entre os treinos. Nem mais nem menos. Já estávamos estressados com tudo que estávamos vivendo lá, então ele tinha que manter a gente tranquilo, bem preparado e com táticas e técnicas novas. Se errasse na mão, um atleta do time podia entrar em overtraining. Muita gente ficou doente na casa por causa disso. Então, o Belfort foi um ótimo estrategista. E, depois da casa, quando o programa foi ao ar, senti o assédio até a final. Era reconhecido nas ruas, queriam tirar fotos, foi legal ver o carinho dos fãs. Não esperava que ia ser isso tudo, tudo em uma proporção muito grande, mas depois fui lidando com naturalidade. Foi uma mudança radical na minha vida, mas sempre foi meu objetivo conquistar grandes objetivos na carreira.
A glória
Sabia que a luta contra o Serginho ia ser um divisor de águas na minha carreira e que a vitória seria a coroação de todo o trabalho, todo o sacrifício. Era a oportunidade de conquistar meu espaço dentro do UFC. A preparação foi boa, mesmo estando já bem machucado. Contei com o apoio total do Vitor Belfort, do Rubens Dorea, me preparei muito bem taticamente e tecnicamente. Dei continuidade ao time que estava comigo na casa e tenho certeza que isso foi fundamental na minha vitória. Agora, uma coisa que ninguém sabe é que, antes da luta com o Serginho, eu rompi o ligamento do joelho esquerdo. Não dobrava. Fiz ressonância e, mesmo assim, não saí. Fiz infiltração, lutei e só depois operei. O médico disse que o ligamento estava 100% rompido. Chorei, fiquei com medo e passei um ano parado.
Serginho e Cezar Mutante na coletiva do TUF  (Foto: Rodrigo Dionisio / Ag. Estado)Sérgio Moraes e Mutante em evento de patrocinador antes da final do TUF Brasil 1 (Foto: Rodrigo Dionisio/Ag. Estado)
Alegria e honra de ser ex-TUF Brasil
O programa mudou minha vida completamente. Passei a viver exclusivamente do esporte, que era algo que sempre sonhei. Quando comecei a lutar MMA, fiz algumas lutas no Brasil e logo vim para os EUA treinar. Achei que teria mais oportunidades assim. Mas não. Voltei para o Brasil. Eu não tinha patrocínio nenhum. Usava o cartão de crédito e metia a cara. Só que o que eu ganhava nas lutas, não pagava nem a metade do que eu gastava. Cheguei a ficar com uma dívida de R$ 85 mil no banco. Então, surgiu o TUF. Os caras mandaram eu treinar sem nem saber se seria chamado. Fui ao banco, peguei o resto de dinheiro que tinha, me endividei mais e voltei para os EUA treinar para a seletiva. A dívida estava em R$ 130 mil quando entrei no TUF. Não ia conseguir pagar nunca. Mas a minha performance no programa me permitiu pagar tudo e mudou totalmente a minha vida. Hoje, consigo viver do esporte, me programar, treinar em alto rendimento e convencer os chefes do UFC que posso ser o futuro campeão dos pesos-médios.




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comentários
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  • André Marques
    há 5 horas
    A MinhaDieta que fiz para emagrecer 10KG em apenas 21 dias foi essa aqui, copie e cole no seu navegador: dietaparaperderpesoem21dias.me

  • André Marques
    há 3 horas
    Que ótimo Maria! Isso que me faz persistir em manter a SuperDieta aqui, já recebi vários depoimentos de pessoas comuns que conseguiram eliminar peso e barriga igual a vocês, mantenham firmes que terão uma vida melhor pela frente. Quem também quiser é só acessar, copie e cole no seu navegador: dietaparaperderpesoem21dias.me
  • Charles Matheus
    há uma hora
    Ou ser de outro planeta vc faz o comentário e vc msm responde acha que alguém e trouxa
  • Eric Escobar
    há 4 horas
    Pouca gente sabe, mas esse tal TUF Brasil é uma quadrilha. Eles controlam vários pontos de tráfico e depois lavam o dinheiro com os eventos.

    • Nilton Junior
      há 2 horas
      Kkkk um escobar falando de trafico

  • Julião Kroeber
    há 8 horas
    esse mutante faz parelha com o sarafian...lutador mediano, jamais será campeão....


  • Manoel Fernandes
    há 7 horas
    O Bisping quem diria... lutador mediano, jamais seria campeão.
  • Heberth Castro
    há 4 horas
    Já vi vários lutadores queixo de vidro melhorarem e se mostrarem duros com o tempo, assim como já vi muitos queixos duros caírem feito manga podre várias vezes. Isso é relativo e depende da mentalidade do atleta daqui pra frente.


    globo esporte

     

     

     

     

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