Venezuela
mobiliza tropas ante
ameaças de Trump
Aviões, tanques e milhares
de soldados e civis armados foram mobilizados em exercícios
militares ordenados pelo presidente Nicolás Maduro ante 'a ameaça'
do governo de Donald Trump, um dia depois das sanções financeiras
anunciadas por Washington contra Caracas.
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Tanque militar em uma estrada fazendo manobras militares em Maracaibo, na Venezuela, na sexta-feira (Foto: Isaac Urrutia/Reuters) |
Aviões, tanques e milhares de soldados e civis armados foram
mobilizados neste sábado (26) na Venezuela em exercícios militares
ordenados pelo presidente Nicolás Maduro ante "a ameaça" do governo de
Donald Trump, um dia depois das sanções financeiras anunciadas por Washington contra Caracas.
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira "novas e fortes" sanções
financeiras contra a "ditadura" na Venezuela, entre elas, a proibição
de negociar bônus soberanos e da companhia petroleira estatal PDVSA.
Um decreto assinado pelo presidente Trump, o primeiro que afeta o país e
não apenas indivíduos venezuelanos, "proíbe negociar nova dívida
emitida pelo governo da Venezuela e sua empresa petroleira estatal".
Até aqui, o governo de Trump só tinham imposto sanções financeiras e
jurídicas contra Maduro e 20 funcionários e colaboradores, acusando-os
de ferir a democracia, corrupção ou violação dos direitos humanos.
Mas a Casa Branca descartou uma eventual operação militar contra a
Venezuela no futuro próximo, uma possibilidade evocada há duas semanas
por Trump.
Exercícios
No entanto, cerca de 900.000 militares e civis venezuelanos farão neste
fim de semana manobras ordenadas com o envio de tanques de guerra e
soldados, práticas de franco-atiradores, sobrevoo de aeronaves e
treinamentos de armas.
Cerca de 200.000 homens da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e
outros 700.000 milicianos, reservistas e civis participarão do
"Exercício Soberania Bolivariana 2017", estão convocados.
"Nunca antes a FANB esteve mais coesa, mais unida. Este exercício vai
nos permitir passar para uma nova fase de alerta, de atitude para o
combate defensivo", afirmou o chefe do Comando Estratégico Operacional,
Remigio Ceballos, rodeado de soldados.
Maduro assegurou que "a Venezuela nunca havia sido ameaçada dessa
maneira", ao se referir à afirmação de Trump que não descarta a opção
militar para resolver a crise no país sul-americano e hoje adotou
medidas financeiras.
A embaixada de Washington em Caracas advertiu os cidadãos americanos
que vivem na Venezuela para que tomem medidas de segurança ante os
exercícios militares, porque haverá civis no treinamento com armas, além
de áreas com forte presença militar.
Antes do anúncio das recentes sanções de Washington, Maduro realizou
uma troca de postos para enfrentar as sanções econômicas, nomeando
Nelson Martínez como novo presidente da PDVSA e Eulogio Del Pino como
ministro do Petróleo.
O presidente dá por certo que, em breve, os Estados Unidos aplicarão um
bloqueio econômico e naval contra a Venezuela, que abriga as maiores
reservas de petróleo do mundo e exporta a esse país 42% do 1,9 milhão de
barris de petróleo que produz diariamente.
Com 365.000 efetivos, com armamento de origem chinesa e russa e com
grande poder político e econômico, a FANB é o principal pilar do governo
socialista, cuja gestão é rechaçada, segundo a empresa Datanálisis, por
80% dos venezuelanos.
No início de agosto, cerca de 20 homens - pelo menos três oficiais
entre eles - invadiram um forte em Valencia e roubaram armas. Segundo
especialistas, o episódio deixou aparente o mal-estar na classe média,
embora governo e cúpula militar descartem divisões.
Em maio, o opositor Henrique Capriles assegurou que 85 soldados,
sargentos e capitães foram detidos por divergir da "repressão" a
protestos opositores, que deixaram 125 mortos entre abril e julho.
AFP
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