sábado, 5 de agosto de 2017

esporte





Raio-X dos medalhistas: a vida um ano depois da conquista na Rio 2016 

Fim do preconceito, fama, pouco suporte em meio à crise financeira: saiba como o pódio na Olimpíada em casa impactou os atletas brasileiros

Raio-X dos medalhistas: a vida um ano depois da conquista na Rio 2016 

Por Marcos Guerra, São Paulo 


Bruninho entra em um restaurante para almoçar. Todos ao seu redor se levantam e o aplaudem. Um pouco surpreso, um pouco sem graça, o levantador agradece o carinho dos fãs. Ele já era medalhista olímpico, mas o título do vôlei nos Jogos do Rio elevou seu prestígio a um novo patamar. Uma Olimpíada em casa transforma a vida dos medalhistas, é capaz de quebrar as barreiras do racismo, de criar novos ídolos. Mas em tempos de crise financeira, o objeto de 500 gramas nem sempre tem o peso que merece. Há quem pene por um suporte na tentativa de continuar entre os melhores do mundo. No marco de um ano dos Jogos do Rio, o GloboEsporte.com traça um Raio-X dos brasileiros medalhistas em casa.
 
 
Rafaela Silva foi um símbolo da Rio 2016 (Foto: Betto Gatti) 
 
Rafaela Silva foi um símbolo da Rio 2016 (Foto: Betto Gatti)  
 
 
Se tornando visível
A medalha no Rio teve impacto diferente no dia a dia de cada brasileiro que foi ao pódio, mas os Jogos foram uma vitrine para todos. São reconhecidos nas ruas, se tornaram espelhos para novos atletas, viraram ídolos e referências do esporte nacional. Rafaela Silva faturou prêmio de performance mais inspiradora da Olimpíada em uma festa de gala no Catar, mas a maior conquista que o ouro olímpico trouxe para a judoca foi quebrar as barreiras do racismo. Tornou Rafaela visível para quem antes virava os olhos. 
 
 
 
- Antes eu andava na rua de bermuda e chinelo e, só por ser negra, já olhavam com certa desconfiança e agora eu passo na rua e, independente do que eu estou vestindo, as pessoas baixam o vidro do carro me cumprimentam, param para falar comigo e tirar foto. É bem diferente. Mais em relação a sair na rua mesmo, que as pessoas me reconhecem. Se eu quiser fazer alguma coisa tipo: "Vou ao banco, faltam cinco minutos para fechar". Pode esquecer, deixa para outro dia, porque eu não consigo fazer nada em 5 ou 10 minutos - disse Rafaela Silva.
 
 
Poliana Okimoto foi apontada como vítima em denúncia do MP contra a antiga gestão da CBDA e não teve apoio da confederação (Foto: Divulgação) 
 
 
Poliana Okimoto foi apontada como vítima em denúncia do MP contra a antiga gestão da CBDA e não teve apoio da confederação (Foto: Divulgação)  
 
 
 
O impacto da crise
Poliana Okimoto também ganhou visibilidade e se consolidou como referência na maratona aquática. No clube onde treina, em São Paulo, a nadadora é parada por futuros jovens que querem seguir seus passos, perguntam como ela treina, pedem dicas. Mas o reconhecimento nas ruas não se refletiu em suporte financeiro. A primeira nadadora brasileira medalhista olímpica perdeu seu principal patrocinador, ficou desmotivada com a falta de apoio da antiga gestão da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e até abandonou a temporada em águas abertas depois de ficar fora do Mundial de Budapeste. 
 
 
- Acho que a gente sempre espera muita coisa quando está treinando e buscando a medalha olímpica. As coisas não aconteceram da forma como achei, principalmente pelo momento que o nosso país vive de uma crise econômica e política muito grande. Isso influenciou na dificuldade para conseguir novos patrocínios e mesmo na renovação de antigos. Você conquistou o maior objetivo da sua vida, foram anos lutando e se abdicando, para não ter o retorno. Isso me deixou muito chateada no início do ano. Foi mais isso que fez eu não ir ao Mundial. Senti que a minha confederação não ajudava na divulgação. A minha medalha foi histórica. Parecia que a confederação queria diminuir o feito. Agora que mudou a direção, a gente percebe que mudou a cara. Sinto que tenho um apoio maior - desabafou Poliana.
 
 
 
 
 

 

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