Raio-X dos medalhistas: a vida um ano depois da conquista na Rio 2016
Fim do preconceito, fama, pouco suporte em meio à crise financeira: saiba como o pódio na Olimpíada em casa impactou os atletas brasileiros
Por Marcos Guerra, São Paulo
Bruninho entra em um restaurante para almoçar. Todos ao seu redor se
levantam e o aplaudem. Um pouco surpreso, um pouco sem graça, o
levantador agradece o carinho dos fãs. Ele já era medalhista olímpico,
mas o título do vôlei nos Jogos do Rio elevou seu prestígio a um novo
patamar. Uma Olimpíada em casa transforma a vida dos medalhistas, é
capaz de quebrar as barreiras do racismo, de criar novos ídolos. Mas em
tempos de crise financeira, o objeto de 500 gramas nem sempre tem o peso
que merece. Há quem pene por um suporte na tentativa de continuar entre
os melhores do mundo. No marco de um ano dos Jogos do Rio, o
GloboEsporte.com traça um Raio-X dos brasileiros medalhistas em casa.
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Rafaela Silva foi um símbolo da Rio 2016 (Foto: Betto Gatti)
Se tornando visível
A medalha no Rio teve impacto diferente no dia a dia de cada brasileiro que foi ao pódio, mas os Jogos foram uma vitrine para todos. São reconhecidos nas ruas, se tornaram espelhos para novos atletas, viraram ídolos e referências do esporte nacional. Rafaela Silva faturou prêmio de performance mais inspiradora da Olimpíada em uma festa de gala no Catar, mas a maior conquista que o ouro olímpico trouxe para a judoca foi quebrar as barreiras do racismo. Tornou Rafaela visível para quem antes virava os olhos.
A medalha no Rio teve impacto diferente no dia a dia de cada brasileiro que foi ao pódio, mas os Jogos foram uma vitrine para todos. São reconhecidos nas ruas, se tornaram espelhos para novos atletas, viraram ídolos e referências do esporte nacional. Rafaela Silva faturou prêmio de performance mais inspiradora da Olimpíada em uma festa de gala no Catar, mas a maior conquista que o ouro olímpico trouxe para a judoca foi quebrar as barreiras do racismo. Tornou Rafaela visível para quem antes virava os olhos.
- Antes eu andava na rua de bermuda e chinelo e, só por ser negra, já
olhavam com certa desconfiança e agora eu passo na rua e, independente
do que eu estou vestindo, as pessoas baixam o vidro do carro me
cumprimentam, param para falar comigo e tirar foto. É bem diferente.
Mais em relação a sair na rua mesmo, que as pessoas me reconhecem. Se eu
quiser fazer alguma coisa tipo: "Vou ao banco, faltam cinco minutos
para fechar". Pode esquecer, deixa para outro dia, porque eu não consigo
fazer nada em 5 ou 10 minutos - disse Rafaela Silva.
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Poliana Okimoto foi
apontada como vítima em denúncia do MP contra a antiga gestão da CBDA e
não teve apoio da confederação (Foto: Divulgação)
O impacto da crise
Poliana Okimoto também ganhou visibilidade e se consolidou como referência na maratona aquática. No clube onde treina, em São Paulo, a nadadora é parada por futuros jovens que querem seguir seus passos, perguntam como ela treina, pedem dicas. Mas o reconhecimento nas ruas não se refletiu em suporte financeiro. A primeira nadadora brasileira medalhista olímpica perdeu seu principal patrocinador, ficou desmotivada com a falta de apoio da antiga gestão da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e até abandonou a temporada em águas abertas depois de ficar fora do Mundial de Budapeste.
Poliana Okimoto também ganhou visibilidade e se consolidou como referência na maratona aquática. No clube onde treina, em São Paulo, a nadadora é parada por futuros jovens que querem seguir seus passos, perguntam como ela treina, pedem dicas. Mas o reconhecimento nas ruas não se refletiu em suporte financeiro. A primeira nadadora brasileira medalhista olímpica perdeu seu principal patrocinador, ficou desmotivada com a falta de apoio da antiga gestão da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e até abandonou a temporada em águas abertas depois de ficar fora do Mundial de Budapeste.
- Acho que a gente sempre espera muita coisa quando está treinando e
buscando a medalha olímpica. As coisas não aconteceram da forma como
achei, principalmente pelo momento que o nosso país vive de uma crise
econômica e política muito grande. Isso influenciou na dificuldade para
conseguir novos patrocínios e mesmo na renovação de antigos. Você
conquistou o maior objetivo da sua vida, foram anos lutando e se
abdicando, para não ter o retorno. Isso me deixou muito chateada no
início do ano. Foi mais isso que fez eu não ir ao Mundial. Senti que a
minha confederação não ajudava na divulgação. A minha medalha foi
histórica. Parecia que a confederação queria diminuir o feito. Agora que
mudou a direção, a gente percebe que mudou a cara. Sinto que tenho um
apoio maior - desabafou Poliana.
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