Entre vaias e aplausos, Justin Gatlin recebe ouro pelo título mundial dos 100m
Nem antecipação da cerimônia de pódio evita clima hostil no Estádio Olímpico
Por Helena Rebello, Londres
Não bastaram todas as vaias recebidas por Justin Gatlin até então. O
público britânico garantiu, neste domingo, que a hostilidade se
mantivesse antes, durante e depois da conquista dos 100m no Mundial de
Londres. Na cerimônia de premiação, realizada antes do início das provas
da sessão noturna, o americano mais uma vez foi alvo de protestos das
arquibancadas. O clima, porém, foi amenizado com um bom volume de
aplausos - que se tornaram mais sonoros após a execução do hino dos
Estados Unidos.
A cerimônia estava originalmente programada para ocorrer às 20h
(horário local) - a Federação Internacional (IAAF) nega que o resultado
tenha influenciado a mudança. O presidente da entidade, no entanto,
admite não ter ficado exatamente feliz com o desfecho da prova.
- Não fico satisfeito que alguém que foi punido duas vezes por doping
saiu com um dos nossos prêmios mais importantes. O esporte raramente tem
o script perfeito. A vida não é assim - disse Coe à rede BBC.
Os três medalhistas foram recebidos com palmas ao entrarem no estádio.
Bolt teve seu nome anunciado primeiro e foi ovacionado pelo público
antes de ter o bronze pendurado no pescoço. Coleman, premiado em
seguinte, também foi bastante aplaudido pela prata. Gatlin até recebeu
algumas palmas, mas ofuscadas por uma onda de vaias - um volume menor,
nada comparado às vezes anteriores. Após o hino, os britânicos
maneiraram e apenas aplaudiram.
Gatlin sofreu com a torcida a cada vez que pisou na pista do Estádio
Olímpico. Com histórico de doping na carreira, o americano ganhou uma
aura involuntária de vilão do esporte e é hostilizado em alguns eventos –
como na Rio 2016. Neste sábado, ele aumentou sua impopularidade com o
público local ao calar os 55 mil presentes que torciam por Usain Bolt na
despedida do Raio das pistas.
Gatlin tornou-se o campeão mundial mais velho da história, aos 35 anos,
e também o quarto mais lento em 15 edições do evento. A marca de 9s92,
no entanto, foi a mais rápida dele no ano e a mais baixa em toda a
competição. O compatriota Christian Coleman selou a dobradinha com 9s94,
enquanto Bolt levou o bronze com 9s95.
Nenhum comentário:
Postar um comentário