Dor
crônica atinge 37% das
pessoas no Brasil
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— É necessário padronizar os remédios no SUS, que só oferta três medicamentos “primos” da morfina. Isso é muito pouco. Com a padronização, haverá mais remédios disponíveis. Mas só isso não resolve: tem que vir, junto, a criação de centros de tratamento da dor. Imagine um centro assim dentro de um instituto do câncer. Muitos pacientes oncológicos teriam uma qualidade de vida melhor. Isso poderia nos aproximar dos índices dos países desenvolvidos — sugere o anestesiologista. Embora a dor seja entendida como o sintoma de algum problema de saúde, no momento em que se torna crônica, ela é “promovida” a doença. Por isso, precisa de tratamento específico, sob pena de incapacitar o paciente para trabalhar ou realizar tarefas simples do dia a dia. Em 50% dos casos, a dor crônica compromete seriamente a rotina. — Na maioria das vezes, a pessoa pode ser curada, mas o tratamento é sempre de longo prazo, então é preciso levantar essa discussão no país para que se possa investir mais no tratamento desses pacientes — pontua Fonseca. PIORA COM USO DE CELULAR Dados dessa pesquisa estão sendo discutidos na 4ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor (Sobramid), que termina hoje em Campinas, São Paulo. O anestesiologista Charles Amaral de Oliveira, presidente da organização, destaca que essas dores crônicas devem aumentar ainda mais por conta do uso exagerado de celulares e tablets, especialmente por jovens. — Estudos mostram que celulares e tablets são usados durante, em média, quatro horas por dia. E, ao mexer nesses aparelhos, nossa cabeça fica num ângulo de 60 graus, o que faz com que o peso dela passe dos sete quilos habituais para 27 quilos. Esse hábito tem alto risco de provocar uma cefaleia de origem cervical. Parece uma enxaqueca, mas é mais séria. Isso vai ser uma epidemia no futuro — acredita ele. A média mundial de incidência de dor crônica é 35%, o que significa que o Brasil já supera a marca. Enquanto países desenvolvidos como Canadá, Holanda, Austrália e Japão mantêm esse índice na casa dos 20%, os países latinos ficam em torno dos 40%. De acordo com o médico Paulo Renato Fonseca, isso acontece porque quanto mais desenvolvido é o país, melhor sua população lida com a dor. Segundo ele, o problema é mais relatado no Sul e no Sudeste porque essas são as regiões do país com mais alto Índice de Desenvolvimento humano (IDH), e pessoas mais esclarecidas e menos resignadas em relação à dor procuram mais os serviços médicos para se livrar do problema. Outro dado chama atenção: as mulheres são as que mais relatam sofrer com dor crônica. A maior disparidade é encontrada na Região Norte: de todos os pacientes com o problema, 67% são do sexo feminino. A interpretação da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor é de que as mulheres são, tradicionalmente, mais atentas para o surgimento de dores e são as que mais frequentemente buscam atendimento médico. Fonte: O Globo |
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