Ministro
do STF diz que Aécio tem '
carreira política elogiável' e 'fortes
elos com o Brasil'
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Aécio Neves no seu escritório de casa no Lago Sul - Jorge William / Agência O Globo
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Ao determinar a volta do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) ao
exercício de suas funções parlamentares, o ministro Marco Aurélio Mello,
do Supremo Tribunal Federal (STF), argumentou que o tucano tem "fortes
elos com o Brasil" e "carreira política elogiável". O ministro fez os
elogios ao justificar a devolução do passaporte e lembrou que Aécio foi o
segundo colocado nas eleições presidenciais de 2014, "ditas fraudadas".
É uma possível referência aos questionamentos feitos à chapa vencedora,
composta pela ex-presidente Dilmar Rousseff e seu vice, o atual
presidente Michel Temer. No começo de junho deste ano, porém, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) absolveu as acusações contra Dilma e Temer.
"No tocante ao recolhimento do passaporte, surgem ausentes elementos
concretos acerca do risco de abandono do país, no que saltam aos olhos
fortes elos com o Brasil. O agravante é brasileiro nato, chefe de
família, com carreira política elogiável – deputado federal por quatro
vezes, ex-presidente da Câmara dos Deputados, Governador de Minas Gerais
em dois mandatos consecutivos, o segundo colocado nas eleições à
Presidência da República de 2014 – ditas fraudadas –, com 34.897.211
votos em primeiro turno e 51.041.155 no segundo, e hoje continua sendo,
em que pese a liminar implementada, Senador da República, encontrando-se
licenciado da Presidência de um dos maiores partidos, o Partido da
Social Democracia Brasileira", argumentou Marco Aurélio.
Marco Aurélio determinou nesta sexta-feira a volta de Aécio ao
Senado. Assim, ele poderá exercer novamente o mandato. O afastamento do
cargo tinha sido determinado pelo ministro Edson Fachin. Marco Aurélio
também autorizou o tucano a se ausentar do Brasil e a manter contato com
outros investigados. Por fim, negou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para prender Aécio.
"Em síntese, o afastamento do exercício do mandato implica
esvaziamento irreparável e irreversível da representação democrática
conferida pelo voto popular. Como, então, implementá-lo, em ato
individual, sequer de colegiado, no início de investigação voltada a
apurar possível prática a consubstanciar tipo penal?", argumentou Marco
Aurélio.
Aécio estava afastado do cargo desde 18 de maio,
em razão das delações premiadas de executivos do frigorífico JBS. Marco
Aurélio é o relator dos processos do senador baseados nessas
colaborações. Ao devolver Aécio ao cargo, o ministro argumentou que deve
haver harmonia entre os poderes, e que o Judiciário não pode interferir
no Legislativo. Segundo ele, o afastamento é uma questão que deve ser
resolvida dentro do próprio Senado.
"O Judiciário não pode substituir-se ao Legislativo, muito menos em
ato de força a conflitar com a harmonia e independência dos Poderes",
escreveu o ministro.
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O ministro Marco Aurélio Mello - Jorge William / Agência O Globo Fonte: O Globo
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