segunda-feira, 17 de julho de 2017

ECONOMIA

Apesar de incerteza política, 

quatro empresas devem abrir 

capital em julho


Painel da Bolsa de São Paulo (B3). Foto: Nelson Almeida/AFP

Apesar da turbulência política, pelo menos quatro empresas mantêm os planos de abrir capital na B3 (antiga BM&FBovespa). O primeiro teste do mercado será hoje: é o último dia para os investidores reservarem ações da oferta inicial (IPO, na sigla em inglês) do Carrefour Brasil, que pode movimentar entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5,6 bilhões. Com outras três operações programadas para sair até o fim do mês, o valor sobe para uma faixa entre R$ 8 bilhões e R$ 9,8 bilhões.
A concentração de ofertas neste mês está relacionada à percepção de que os investidores, em especial os estrangeiros, estão propensos a comprar papéis de estreantes na Bolsa, pois acreditam na retomada do crescimento.
— Os bancos envolvidos nas operações viram que há uma demanda por operações com essas características. Até maio a perspectiva era melhor. Mas agora o mercado assimilou a questão da delação da JBS e a crise política, e voltou o interesse pelas ofertas — diz o executivo de um banco de investimento que coordena algumas das operações em curso.

Outro fator para quatro ofertas em um único mês é porque o fim de julho é o limite para usar os dados dos balanços auditados do primeiro trimestre em uma oferta. Depois disso, é preciso atualizar toda a documentação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão que regula o mercado acionário brasileiro).
No entanto, para essas operações garantirem demanda, algumas empresas tiveram de fazer concessões. A Ômega Energia precisou mudar o prospecto da oferta e fará a sua listagem no Novo Mercado, segmento de maior nível de governança corporativa da B3. Essa oferta deve movimentar entre R$ 800 milhões e R$ 1,03 bilhão. De maior porte, o IPO do IRB Brasil deve movimentar entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2,1 bilhões, um pouco abaixo do esperado. Na avaliação de Frederico Sampaio, diretor da gestora Franklin Templeton, esses ajustes são naturais.
— A demanda pela oferta vai depender da qualidade do ativo. Os investidores estão mais seletivos devido às incertezas atuais, então um ajuste de preço é natural — explica Sampaio, lembrando que Intermédica e Tivit optaram por não ajustar e suspenderam os IPOs.

Tanto a Ômega quanto o IRB têm como prazo final para a reserva das ações o dia 27. Uma quarta oferta está na rua, a da Biotoscana, do setor farmacêutico, que quer levantar entre R$ 992 milhões e R$ 1,1 bilhão. O último dia de reserva também é hoje, e a precificação, ou seja, o valor por ação, amanhã, a exemplo do Carrefour.
— Os investidores ficam conservadores com a incerteza política, mas, por outro lado, é uma oportunidades de comprar um ativo a um preço interessante, por isso as empresas tentam liquidar a operação antes (da retomada da economia) — avalia Camila Goldberg, sócia da área de mercado de capitais do escritório BMA - Barbosa, Müssnich, Aragão.
Em 2017 já foram realizados três IPOs: Azul, Movida e Hermes Pardini. Além disso, foram feitas cinco ofertas de ações por empresas que já eram negociadas na Bolsa. A expectativa da B3 é que, este ano, ocorram em torno de 20 operações desses dois tipos, o que seria o maior número de emissões de renda variável desde 2011.

Fonte: O Globo

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