Mercado de imóveis de luxo segue aquecido no Rio
A vista privilegiada para a lagoa tem preço salgado: R$ 4,5 milhões. (Foto: Carlos Brito) |
Um segmento do mercado imobiliário parece imune às incertezas da economia e aos problemas provocados pela recessão: a venda de imóveis de alto padrão. De acordo com dados disponibilizados por empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), no último ano os empreendimentos residenciais de médio e alto padrão responderam por 19,9% das unidades lançadas, 39,2% das unidades vendidas, 53% das entregas e 44% do total da oferta de imóveis em todo o Brasil. Segundo representantes do setor, o Rio de Janeiro é um dos destaques desse ramo.
A cidade é citada tanto na quantidade desse tipo de empreendimento
quanto no número de pessoas dispostas a pagar o preço pedido por um
desses espaços. Segundo levantamento feito junto ao mercado imobiliário,
dos 10 apartamentos mais caros do Brasil, nove ficam na cidade – desse
total, sete estão em um trecho de apenas quatro quilômetros, entre
Ipanema e Leblon.
Mas qual seria o perfil dos consumidores ?
"É bastante variado. Há desde empresários bem sucedidos, passando por
pessoas com boa condição financeira que vêm do exterior para morar no
Brasil, além de executivos de grandes empresas, advogados de escritórios
importantes e até a cirurgiões plásticos. E os motivos para a compra
também são diversificados: desde a opção por investir em imóveis até
garantir um local de moradia para os filhos. Muitas dessas pessoas não
querem que os filhos se mudem para bairros mais distantes", explicou
Carolina Lindner, gerente comercial da Mozak Engenharia, empresa
especializada na construção de imóveis de alto padrão.
São construções como o Residencial Mader. Localizado na Avenida
Epitácio Pessoa, na Lagoa, o empreendimento tem todo seu exterior
revestido de mármore – as unidades têm 175 metros quadrados divididos em
uma grande sala, banheiro, cozinha, área de serviço e quatro suítes. Há
apenas um apartamento por andar e o local tem vista privilegiada da
Lagoa Rodrigo de Freitas.
Um apartamento no terceiro andar custa R$ 4,5 milhões. A cobertura,
apesar do pouco tempo de lançamento, já foi vendida – preço: R$ 7
milhões.
"Na maioria das vezes, imóveis como esses são vendidos bem rápido,
ficam disponíveis no mercado por muito pouco tempo. Isso ocorre porque
os compradores desse tipo de construção são pessoas que já têm o
dinheiro na mão. Não há necessidade de financiamento e também não existe
a figura do incorporador, o que torna a negociação muito mais rápida",
explicou Carolina. São muitos os fatores que tornam um imóvel valorizado: os invariáveis
são a localização e o bairro onde foi construído – os locais mais
cobiçados quase sempre estão na Zona Sul da cidade, sobretudo no Leblon,
Ipanema e Lagoa. No entanto, há outros elementos que também pesam no
preço final do empreendimento – o silêncio e privacidade são dois deles.
É o caso, por exemplo, do Villa Humaitá. Recém-inaugurado, o conjunto de
apartamentos na Rua Davi Campista está próximo à principal via do
bairro. No entanto, dentro das unidades, a impressão que se tem é que o
imóvel foi erguido em algum local isolado, tamanho silêncio. Os
apartamentos têm 70 metros quadrados divididos em sala, cozinha,
banheiro e dois quartos – uma unidade no térreo, no momento a única
disponível para venda, custa R$ 1,35 milhão. O preco é considerado
acessível em comparação aos imóveis de alto padrão da cidade.
Investimentos e troféus
"Há imóveis bem mais caros. Existem apartamentos na Avenida Vieira
Souto, em Ipanema, que custam mais de R$ 30 milhões. E é claro que seus
proprietários, por uma questão de segurança, preferem não aparecer. São
todos muito discretos", afirmou o vice-presidente do Sindicato da
Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-Rio), Leonardo Schneider. "Para
alguns compradores, imóveis desse tipo são um bom investimento. Para
outros, é mesmo um troféu. Uma maneira que eles mesmos encontraram para
provar que são bem sucedidos em termos financeiros".
O mercado de imóveis de luxo vive situação bem diferente daquela
experimentada pelas imobiliárias que trabalham com obras voltadas ao
público geral. Esse setor possui uma estabilidade na construção e venda
de novas unidades que é garantida pela grande quantidade de dinheiro em
movimento nesse tipo de negociação.
"O segmento das construções de alto padrão não conhece crise. Pode haver
uma ou outra queda nas vendas, mas isso é bastante raro. De jeito
nenhum esse setor está na mesma situação que o mercado imobiliário
comum, que enfrenta um momento bastante delicado por conta do baixo
número de vendas de unidades e a quantidade reduzida de pessoas
dispostas a alugar", finalizou Schneider.
Fonte: G1
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