Salgueiro
se revolta por gol
anulado em final e detona decisão
por vídeo
Williams Aguiar/Sport Club do Recife |
O primeiro jogo da final do Campeonato Pernambucano marcou a estreia do
árbitro de vídeo no Brasil. E já naquela ocasião, dia 7 de maio, uma
grande polêmica se instaurou depois que o árbitro Washington da Silva
marcou um pênalti a favor do Salgueiro nos acréscimos do segundo tempo,
em plena Ilha do Retiro. Após seis minutos de paralisação entre consulta
a Péricles Bassols, árbitro de vídeo na oportunidade, e revisão de
Washington da Silva do lance, a infração foi confirmada e o time do
interior empatou o jogo em 1 a 1.
Nessa quarta, após 52 dias, as duas equipes voltaram a se enfrentar no
segundo e decisivo confronto pelo título estadual, dessa vez no modesto
estádio Cornélio de Barros, na cidade de Salgueiro. De novo, Péricles
Bassols foi o responsável por comandar as análises dos
replays
da TV. E outra vez a polêmica foi grande, mas agora pelo lado do Salgueiro.
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Tudo porque aos 24 minutos do segundo tempo, quando o placar ainda
estava zerado, o time da casa teve um escanteio a seu favor pela
esquerda do ataque. A bola foi alçada na área, o zagueiro Ranieri tocou
para o meio e o atacante Álvaro mandou para as redes. A festa, no
entanto, foi interrompida pelo árbitro assistente Emerson Augusto de
Carvalho, que assinalou a saída da bola pela linha de funda durante a
viagem da mesma para a área.
Wilton Pereira Sampaio, árbitro do jogo, pediu o auxílio de Péricles
Bassols e ainda foi a um monitor à beira do campo para olhar com seus
próprios olhos. Cinco minutos depois, Sampaio manteve a decisão de seu
auxiliar número um e confirmou o tiro de meta.
A emissora responsável pela transmissão da partida, no entanto, não
mostrou a jogada por nenhum ângulo conclusivo, que desse para perceber a
bola realmente correndo por fora. Isso, aliado ao gol do Sport aos 36
minutos da etapa final, foi o suficiente para uma revolta generalizada
em Salgueiro. Após o jogo, com o título nas mãos do Leão, foi difícil
conter os ânimos dos mandantes, que poderiam se sagrar os primeiros
campeões do Estado com um time do interior.
"Foram cinco meses de trabalho e hoje nós tivemos um gol num momento
difícil que estava o jogo. A bola não saiu. A TV mostra que não saiu.
Tem o árbitro de vídeo que teve a oportunidade de dar o gol para o
Salgueiro. Todo mundo viu que não saiu. Amanhã, quando eles estiverem
diante dos filhos deles, eles vão ver que deixaram uma cidade chorando,
um bocado de pai de família triste, porque tiveram o lance em mãos. Já
vimos 10 vezes e a bola não saiu. Para que tem árbitro de vídeo, se eles
tiveram na mão a oportunidade de dar a taça ao campeão merecedor. Hoje,
para todos nós, o Salgueiro é campeão, porque conquistamos dentro de
campo", esbravejou à Rádio CBN Recife o experiente goleiro Luciano, que
há 12 anos defende o Salgueiro e atualmente é reserva, um dos mais
revoltados.
"A gente está vendo o vídeo aqui e a bola não saiu. Fica difícil. Nessa
hora a gente tem que ter tranquilidade para não se prejudicar mais na
frente. Ser vice-campeão não tira o brilho do que o Salgueiro fez dentro
de campo, mas temos de ter tranquilidade. Realmente é revoltante perder
em uma bola dessa", comentou em seguida Carlos José de Araújo, gerente
de futebol do Salgueiro, tentando acalmar a situação.
Até mesmo o prefeito da cidade de Salgueiro, Clebeu Cordeiro,
manifestou toda sua indignação pelo gol anulado com auxílio do vídeo e
ameaçou fazer com que o Salgueiro não entre mais em campo pelo
Campeonato Brasileiro da Série C, competição em andamento onde a equipe
de Pernambuco ocupa a lanterna do grupo A.
"Presumo que Clebeu não viu o lance. O árbitro acertou e consultou o
árbitro de vídeo, que confirmou que a decisão estava acertada", retrucou
Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol
(FPF).
Vanderlei Luxemburgo, técnico do Sport recém contratado, mesmo sem
saber ao certo o que aconteceu no primeiro duelo da decisão, saiu em
defesa da arbitragem, apesar de admitir que experimentar a tecnologia
logo em uma final não foi uma decisão acertada, e condenou a reclamação
do Salgueiro.
"Por que será que eles não reclamaram o jogo passado? Parece que no
jogo passado eles foram beneficiados com alguma coisa. Eu fui lá ver
toda a estrutura que eles (CBF) colocaram para ajudar, para ninguém
ganhar um campeonato com gol injusto. Se é o melhor momento, de repente
deveria ser de uma outra maneira, mas, pelo o que eu vi, (árbitro de
vídeo) vai contribuir. Isso faz parte do que estava programado",
minimizou o treinador campeão depois de comandar o Leão apenas na
segunda partida da final.
Fonte:Gazeta Esportiva
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