Crise política gera incerteza para aéreas no Brasil, diz executivo da Iata
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A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em
inglês) manifestou preocupação neste domingo com o impacto da crise
política no Brasil sobre os negócios do setor, cuja demanda doméstica
apresentou crescimento em março e abril, após 19 meses seguidos de
retração. Além da incerteza sobre os rumos políticos no país, o
vice-presidente regional da Iata, Peter Cerdá, citou entraves na
regulação como obstáculos que devem ser vencidos no Brasil para que a
indústria da aviação mantenha a trajetória de crescimento.
- O Brasil vive mais uma crise política e econômica, com
demandas para que o presidente Michel Temer renuncie em meio a um
escândalo de corrupção. Embora as empresas aéreas tenham registrado
fortes margens operacionais no primeiro trimestre, a instabilidade
política continua a criar incerteza em um país onde o governo já trata
de forma desigual a regulação - afirmou Cerdá.No Brasil, além da crise política, a associação tem acompanhando de perto as mudanças na legislação. Embora o governo tenha ampliado a liberalização das tarifas recentemente, permitindo a cobrança por bagagens, por exemplo, Cerdá citou dois pontos da regulação que oneram as companhias aéreas. São eles a política de preços de combustíveis e punições por atrasos e cancelamentos em casos de problemas climáticos.
No caso dos combustíveis, sobre os quais incidem diferentes alíquotas de ICMS de acordo com o estado em que se abastece o avião e cujos preços não acompanham diretamente a cotação internacional do petróleo, a Iata estima que as aéreas brasileiras tenham custo adicional de US$ 660 milhões por ano.
Cerdá demonstrou preocupação ainda com o México, onde recentemente foram aprovadas no Senado medidas mais restritivas ao setor, fortalecendo direitos dos passageiros, e com a deficiente infraestrutura de Lima, no Peru. Segundo ele, o aeroporto internacional da cidade, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez, tem capacidade para 10 milhões de passageiros por ano, mas está operando com 17 milhões de passageiros.
O executivo fez um apelo aos governos latino-americanos para que melhorem a infraestrutura aeroportuária e a regulação do setor, de modo que a contribuição da indústria da aviação para o PIB regional possa saltar dos atuais US$ 140 bilhões para US$ 322 bilhões em 2034:
- Para permitir que a aviação seja um motor do crescimento econômico e desenvolvimento social, nós fazemos um apelo aos governos da América Latina para que sejam inteligentes no que diz respeito à regulação da indústria e que garantam a adequada infraestrutura.
Quando uma empresa estrangeira vende passagens em um país, esses recursos precisam ser convertidos em dólar pelo banco central local, para serem remetidos ao país de origem da aérea. Nos últimos anos, a Venezuela tem criado empecilhos para que as remessas ao exterior de vários setores da economia sejam feitas sob alegação de que não tem reservas cambiais.
Fonte: O Globo*A repórter viajou a convite da Iata
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