33ª
Feira do Livro presta
homenagem ao Tropicalismo
A 33ª Feira do Livro de Brasília busca inspiração no Movimento Tropicalista para movimentar a literatura nacional, entre os dias 16 e 25. As ideias de liberdade e constante movimentação social ganham vida entre os livros e debates do evento, que pretende atrair crianças, jovens e adultos de todas as idades. O desafio de inclusão e de cidadania do evento ressalta que a relação literária começa cedo e o objetivo é: cada criança, um livro.
O evento busca despertar o encanto pela leitura desde a infância e mostra uma rica programação de mesas de debate para os adultos, contação de história para os pequenos e a Arena Jovem, que pretende atrair um público consciente e participativo para o local. A presença dos autores locais de diferentes regiões do Distrito Federal é outro ponto forte dessa edição. Um dos coordenadores da feira, Luis Turiba, conta que toda a curadoria poética foi feita a partir da ideia de refletirmos sobre os 50 anos do movimento tropicalista. “Embora a Tropicália seja um saudoso quadro na parede de um sonho libertador, que aconteceu há 50 anos, em plena ditadura militar, há paralelos incríveis com os dias atuais”, afirma.
Comparando as incertezas do momento político atual e o dos anos 1960, o poeta lembra que a ideia é proporcionar reflexão, debate e possibilidade de mudança por meio da literatura. “Os tempos políticos atuais são tão confusos e raivosos quanto aqueles dos anos 1960. Muita gente espumando certezas vãs e descalabros apimentados. Mas há nisso tudo um certo sabor nostálgico ao se falar daqueles eventos”, destaca.
O Café Tropicália vai abrigar recitais, mesas de conversa e celebrações. “Traremos o poeta-filósofo Antonio Cicero, o antropólogo Antônio Risério, autor do fantástico Que você é esse.? Além deles, o poeta piauiense Salgado Maranhão, que concorre a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras”, diz Turiba. O mesmo espaço abriga uma exposição da fotógrafa Ângela Raymundo, com imagens que lembram as citações dos monumentos da música Tropicália, de Caetano Veloso.
A feira pretende se colocar como uma celebração da cidadania e dos saberes poéticos, literários, políticos e científicos e, para Turiba, apesar das redes sociais, dos blogs e da força da internet, o livro ainda é um objeto sagrado para a cultura e para as transformações. “Além de escritores consagrados, a Feira tem um espaço jovem para blogueiros e sites com histórias infanto-juvenis. Como no tropicalismo, tudo se mistura e dá caldo”. Os autores locais serão a sustentação da feira, com destaque para a homenagem aos primeiros escritores que iniciaram a criação poética no DF, como Santiago Naud, Fernando Mendes Viana e Anderson Braga Horta.
“Empoderosas”
O debate de gênero e a presença das mulheres será outro ponto forte. Elas marcam presença entre as conversas literárias, as estantes de livros e o movimento Empoderosas em Polvorosa, só com poetas mulheres. Autores locais de diferentes estilos e vertentes terão espaço no Café Literário e nos lançamentos de livros.
Escritora e uma das coordenadoras do evento, Lucilia Garcez lembra que a feira é também uma vitrine que torna mais visíveis as produções locais para os próprios moradores da cidade. “As pessoas se informam e passam a valorizar e a conhecer melhor a cultura do lugar onde vivem”. Além disso, a escritora destaca a importância do tema Tropicália, que tinha como foco uma estética renovada e o desconforto com o marasmo tradicionalista e repressor da época.
“Além disso, foram convidados escritores representativos da literatura feita na capital. Como por exemplo, João Almino, que acaba de entrar para a Academia Brasileira de Letras e sua obra focaliza Brasília como personagem e como cenário”, comenta Lucília.
Fonte: CB
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