Em meio a crise política, PT evita autocrítica e fecha com Lula
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Lula: ex-líder sindical deixou o Palácio do Planalto
como o presidente mais popular da história recente (Ricardo Stuckert /
Instituto Lula/Divulgação)
O impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, deixou a esquerda
em choque e acabou com quatro governos consecutivos do Partido dos
Trabalhadores (PT), que busca, agora, renascer de suas cinzas.
E o carismático Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de seus 71
anos e cinco processos por corrupção nas costas, aparece como a única
figura capaz de resgatar sua criação.
Em meio a uma nova crise, agora envolvendo o presidente
conservador Michel Temer, o maior partido de esquerda da América Latina,
como define o próprio Lula, elegerá esta semana seu novo comando em um
congresso em Brasília.
O encontro começa com apenas uma certeza: Lula será candidato em 2018, e não há plano B.
“O partido está em uma encruzilhada. Sofreu uma crise muito
grande, que começou há algum tempo e se agravou com a Lava Jato. É uma
situação ambígua. O partido vive uma crise de identidade muito séria e,
ao mesmo tempo, tem um grande recurso político na figura de Lula”, disse
Fernando Lattman-Weltman, analista do Instituto de Ciências Sociais da
UERJ.
O ex-líder sindical deixou o Palácio do Planalto como o
presidente mais popular da história recente e, mesmo enfrentando cinco
processos por crimes de corrupção, tráfico de influência e obstrução à
Justiça, entre outros, lidera as pesquisas para a eleição presidencial
de outubro de 2018.
Segundo o Instituto Datafolha, 30% dos eleitores votariam em
Lula no primeiro turno em 2018, apesar de a mesma pesquisa apresentar
um índice de rejeição de 45% em relação ao ex-presidente.
2018, um horizonte distante
A velocidade e a virulência da crise que abala o país desde
que Temer foi gravado conversando com um empresário sobre a compra do
silêncio de um ex-deputado preso tornam julho de 2018 – data na qual os
partidos começarão a registrar seus candidatos – um horizonte distante.
Se Temer for forçado a deixar o poder, o Congresso elegerá o novo chefe de Estado, que governará até o fim de 2018.
“A reunião do PT servirá mais para afirmar sua linha
política nos próximos tempos: o lançamento de Lula e a discussão de um
programa econômico de emergência”, resumiu o deputado Paulo Pimenta, da
corrente “Muda PT”, que propõe uma severa autocrítica.
“A conjuntura acaba forçando a agenda pela gravidade do
momento”, destacou Paulo Pimenta, referindo-se ao Congresso do Partido,
que terá início nesta quinta-feira (1º) e encerrará no sábado (3), 48
horas antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciar o julgamento
da chapa Dilma-Temer.
O Partido dos Trabalhadores sofreu um duro revés nas
eleições municipais de 2016 e perdeu muito espaço no rastro do
impeachment de Dilma.
“A desconstrução do PT foi muito forte. O laço de confiança
com a sociedade se rompeu, e estamos começando a recuperá-lo, mas é um
processo”, disse a senadora Gleisi Hoffmann, uma das candidatas a
presidir esta nova etapa do PT.
Gleisi Hoffmann, que está sendo julgada pelo Supremo no caso
Petrobras, afastou qualquer possibilidade de um debate sobre um
candidato alternativo à presidência para o caso de Lula ser impedido de
concorrer pela Justiça, no caso de uma condenação e a decisão ratificada
em segunda instância.
“Nosso candidato é Lula”, afirmou.
Fonte: AFP
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