Lula
presta depoimento a Sérgio Moro em
Curitiba
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Lula anda entre correligionários após descer do carro e antes de entrar no prédio da Justiça Federal para depor a Moro (Foto: Nacho Doce/Reuters) |
Começou às 14h18 desta quarta-feira (10) o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro,
responsável pelas ações da operação Lava Jato na primeira instância. A
informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Justiça Federal
de Curitiba, no Paraná. O petista é interrogado como réu pela primeira vez no processo sobre o triplex no Guarujá (SP).
Por volta das 15h45, já havia transcorrido cerca de metade do
depoimento. O juiz já havia feito perguntas e passado a palavra ao
Ministério Público Federal (MPF). Perto das 16h30, Moro voltou a fazer
questionamentos. Houve uma pausa para ir ao banheiro e já se analisa uma
segunda pausa para alimentação. Ainda deve falar a defesa do
ex-presidente.
Lula desembarcou no aeroporto Afonso Pena por volta das 10h, em um
avião particular que partiu de São Paulo. Em seguida, ele foi para um
escritório de advocacia, no bairro Boa Vista. De lá, saiu em direção à
sede da Justiça, onde chegou às 13h45 – 15 minutos antes do horário
previsto para o início da audiência. Também está na capital do Paraná a
ex-presidente Dilma Rousseff.
Um forte esquema de segurança, com bloqueio de ruas e dezenas de policiais,
está montado no entorno da Justiça Federal, no bairro Ahú. Segundo a
Secretaria da Segurança Pública do Paraná, cerca de 3 mil profissionais
de segurança pública (das esferas municipal, estadual e federal)
participam da Operação Civitas. Aproximadamente 1,7 mil PMs atuam em
toda a cidade de Curitiba.
A Justiça do Paraná proibiu acampamentos na cidade e também restringiu a
circulação de carros e pedestres na região do entorno do prédio.
Manifestantes pró e contra Lula estão na cidade. Ao todo, 128 ônibus
chegaram a Curitiba com manifestantes – cerca de 6 mil. De acordo com a
Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), os grupos serão
separados, para evitar confrontos. Os favoráveis a Lula estão na Praça
Santos Andrade. Já as pessoas contrárias permanecem na região do Centro
Cívico.
1º interrogatório
É o primeiro depoimento de Lula na presença de Moro e na condição de
réu. Neste processo, Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões em
propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS. Em troca, ela seria
beneficiada em contratos com a Petrobras.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a OAS destinou ao
ex-presidente um apartamento triplex, em Guarujá (SP), fez reformas
neste mesmo imóvel e também pagou a guarda de bens de Lula em um
depósito da transportadora Granero.
A defesa do ex-presidente nega todas as acusações.
Recursos negados
No final da tarde de terça (9), os advogados de Lula entraram com três recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que
havia negado pedidos da defesa para alterar o curso do depoimento.
Nesta quarta, o ministro Félix Fischer negou todos os recursos.
Um deles pedia para suspender por 90 dias o processo para que a defesa
tivesse tempo de analisar diversos documentos da Petrobras incluídos no
caso.
O outro recurso negado pedia que a defesa pudesse fazer uma gravação própria da audiência desta quarta.
O terceiro pedia que o STJ suspendesse o processo até uma análise
definitiva sobre Moro ser ou não suspeito para julgar o caso do
ex-presidente.
O processo
O MPF denunciou o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro em 14 de setembro 2016. Seis dias depois, a Justiça aceitou a
denúncia, e Lula e outras sete pessoas viraram réus. Entre eles, estava a
ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano e
teve as acusações arquivadas por Moro.
Desde que foi denunciado, Lula tem negado o recebimento de propinas e o
favorecimento da OAS na Petrobras. A defesa diz que o MPF não tem
provas que sustentem a denúncia.
Segundo advogados, a mulher de Lula tinha uma cota no condomínio do
triplex, mas a vendeu quando a OAS assumiu a obra. Eles alegam que Lula e
Marisa chegaram a visitar o apartamento citado na denúncia porque
planejavam comprá-lo – o que acabou não ocorrendo. A defesa também nega
irregularidades no apoio oferecido pela empreiteira para guardar os bens
do ex-presidente.
Em novembro do ano passado, o ex-presidente prestou depoimento a Moro
por videoconferência como testemunha de defesa do deputado cassado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Fase final
Após o depoimento de Lula, o processo chegará à fase final. O MPF e as
defesas poderão pedir as últimas diligências. Caso isso não ocorra, o
juiz determinará os prazos para que as partes apresentem as alegações
finais.
Em seguida, os autos voltam para Moro, que vai definir a sentença,
podendo condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença
seja publicada.
Fonte: G1
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