Liga Acadêmica de Cirurgia Geral (LACiG-DF) é criada na UCB com proposta internacional que busca auxiliar os estudantes no ensino, pesquisa e extensão, garantindo a qualidade na formação dos futuros médicos do DF Foto: Faiara Assis |
A responsabilidade de
ser médico vem muito antes da atuação nos consultórios. Além do preparo
para o mercado de trabalho, a preocupação em exercer a medicina com
ética, eficiência, compromisso com a vida e qualificação profissional é
uma busca constante de quem exerce ou se prepara para essa profissão tão
nobre. E, pensando em ir além da formação obtida em sala de aula, o
estudante Lucas Augusto Oliveira, do 7º semestre do curso de Medicina da
Universidade Católica de Brasília (UCB) e Luisa Freire, 2º semestre,
criaram a Liga Acadêmica de Cirurgia Geral (LACiG-DF).
Lucas
explica que a Liga é uma associação de caráter científico, não
governamental e sem fins lucrativos, aberta aos estudantes do curso de
Medicina do Distrito Federal. “Estudantes e professores do curso de
Medicina de qualquer instituição de ensino podem participar. E, antes
que a LACiG-DF fosse criada, visitamos cada coordenador dos cursos para
apresentar a proposta e criar essa liga interinstitucional”, afirmou.
A
proposta principal da LACiG-DF é a formação de referência na área
cirúrgica, despertando nos futuros cirurgiões o foco no atendimento
humanizado, a produção científica, a participação em congressos e a
qualificação profissional obtida principalmente nos estágios a serem
realizados no Brasil e no exterior. A Liga conta com oito professores
orientadores, a parceria com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e
com o Institute of Applied Anatomy, de Orlando – EUA, para a
oportunidade de estágios aos estudantes.
Novo conceito de Liga
A
LACiG-DF possui um novo conceito de Liga Acadêmica por sua
característica interinstitucional inovadora, pela proposta de
qualificação no exterior e a possibilidade de desenvolvimento de ações
sociais. O presidente e fundador da Liga, Lucas Augusto, sempre foi
engajado em ações sociais que tiveram até repercussão nacional, sonhou
com uma Liga bastante ativa na pesquisa, ensino e extensão, que pudesse
voltar-se, por meio de apoios, para ações sociais que beneficiem toda a
sociedade. “O objetivo da Liga vai muito além da formação de futuros
cirurgiões, ela tem o papel importante de humanização tanto dos membros,
quanto da medicina como um todo. Ela já foi considerada a maior Liga
Acadêmica de Cirurgia do Brasil, segundo o Dr. Porto, porque não existe
outra com essas características”, comemora.
Idealizada
em 2015, a Liga Acadêmica de Cirurgia Geral (LACiG-DF) passou pela fase
de estruturação com o fundador presidente, Lucas Augusto e Luisa
Freire, vice-presidente, estudante do segundo semestre, foi lançada no
dia 13 de março deste ano, no Auditório Central da UCB. A abertura da
LACiG-DF contou com a presença de profissionais convidados, professores e
estudantes do curso de Medicina da UCB, de outras instituições do DF e
de fora de Brasília.
O
evento de abertura recebeu como palestrantes convidados o Dr. Celmo
Celeno Porto, um dos maiores médicos cardiologistas brasileiros, o Dr.
Bruno Moreira Ottani, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
(CBC) e o Dr. Gustavo Ferreira, cirurgião pelo Hospital das Forças
Armadas (HFA) que palestraram sobre “a arte clínica”, “o que é ser
cirurgião” e “transplante hepático”, respectivamente.
Dr.
Celeno Porto, um dos maiores estudiosos sobre as Ligas Acadêmicas,
abordou um pouco sobre importância delas na formação dos futuros
médicos. Porto agradeceu a oportunidade e considerou de tamanha
importância a iniciativa dos estudantes. “As Ligas Acadêmicas são o que
temos de fato como contribuição para o ensino médico. Elas existem
apenas no Brasil e estão nascendo outras na América Latina. Já temos
cerca de 3 mil Ligas e as considero de muita importância, primeiro
porque elas são de iniciativa dos estudantes. É fundamental que os
estudantes, de maneira geral, tenham iniciativas próprias. Quando eu
vejo uma liga nascer, percebo o quanto ela exige de esforço e
persistência dos seus líderes e dos participantes”, afirmou Dr. Celeno
Porto.
Dr. Celeno
disse não encontrar homogeneidade nesses grupos. “As Ligas permitem uma
contribuição que a graduação não dá. Que o currículo não dá. Todas as
Ligas que eu pesquiso são muito diferentes. É diferente o fato de uma
liga não ser ligada a uma única instituição, como essa que vocês estão
criando. Essa Liga de Cirurgia é ambiciosa e muito ousada. Preparem-se
para vencer obstáculos imensos. Eu desejo que vocês prosperem, se
consolidem e sejam uma oportunidade de oferecer algo a mais ao curso”,
almejou.
O coordenador
do curso de Medicina da UCB, professor Osvaldo Sampaio Netto, destaca
também a importância de mais uma Liga Acadêmica como apoio na formação
dos estudantes. “Todas as Ligas Acadêmicas são importantes para a
formação acadêmica, porque é uma oportunidade do estudante se envolver
com a área do seu interesse em atividades voluntárias, permitindo
ampliar o conhecimento e adquirir vivência na especialidade. Por ser uma
Liga do DF, permite o intercâmbio entre profissionais e estudantes de
cursos médicos diferentes, ampliando a vivência da realidade da
especialidade no DF”, concluiu.
O que é ser cirurgião?
Dr.
Bruno Ottani é membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
(CBC), especialista em Cirurgia Geral, pelo Colégio Brasileiro de
Cirurgiões e médico cirurgião atuante no Hospital Universitário de
Brasília (HUB) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal,
SES-DF. Presente no lançamento da Liga, palestrou sobre “o que é ser
cirurgião” e em entrevista ao site da UCB, Ottani responde a três
perguntas sobre a atuação do médico cirurgião, a base da criação da Liga
Acadêmica de Cirurgia Geral (LACiG-DF).
Dr. Bruno Ottani, o que é ser cirurgião?
Ser
cirurgião é somar a compaixão e a doçura do verdadeiro médico à
agressividade do bisturi, os opostos que se tocam e se fundem
misteriosamente. Talvez, por isso mesmo, os cirurgiões sejam pessoas
diferentes, paradoxais e surpreendentes, capazes de um afago e em
seguida, proceder a uma interferência necessária no corpo humano. Tudo
isso, somado a uma postura de alerta constante, exigência detalhista e
cobranças intermináveis.
Como está a procura para essa especialização ou como está o mercado de trabalho para o cirurgião?
Eu
não tenho a percentagem de alunos que optam pela cirurgia geral. Mas,
no último censo demográfico médico de 2015, temos 8,8% de especialistas
em cirurgia geral no país, em um total de 29 mil especialistas. O
mercado de trabalho para o cirurgião geral está ficando cada dia melhor,
porque temos poucos profissionais que permanecem na cirurgia geral,
pois a grande maioria fica nas outras especialidades cirúrgicas. A
demanda por cirurgiões é elevada, independentemente da área escolhida.
Sempre há mercado para o bom profissional.
O que é necessário para ser um bom cirurgião?
Sem
dúvida muitas horas de estudo. Se aprofundar em anatomia, fisiologia do
corpo humano e suas relações com as doenças. Também se faz necessário
um contínuo treinamento prático para adquirir as habilidades necessárias
para a realização das operações. É preciso se atualizar constantemente,
seja em congressos, simpósios nacionais e internacionais, seja vendo
colegas operando. Portanto, o bom profissional é aquele que sempre está
se atualizando, aliado a uma ótima relação médico-paciente, fundamental
nos dias atuais.
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