Especialistas defendem que avanços tecnológicos tornaram o trabalho mais eficaz e seguro. Setor busca autorização para o uso de aviões na aplicação de inseticida contra o Aedes aegypti.
![]() |
Aviação agrícola completa 70 anos no Brasil (Foto: Graziele Dietrich/Sindag) |
Completando 70 anos no país, a aviação agrícola comemora o crescimento
de 44% na frota só nos últimos oito anos, mesmo diante da crise
financeira mundial. O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) contabiliza
2.083 aeronaves, a segunda maior frota do mundo, além de 240 empresas e
548 operadoras privadas.
Apesar do reconhecimento expresso em números, o setor ainda tenta se
afastar da imagem de mero aplicador de veneno. Dono de uma empresa
aeroagrícola, o empresário Bruno Vasconcelos explica que o avanço
tecnológico tornou o trabalho mais eficaz e seguro não só para quem
executa, mas, principalmente, para o consumidor final.
“A aviação agrícola nada mais é do que a mecanização inteligente no
campo. Então, se existe uma dificuldade, já não é técnico-econômica. Os
benefícios, tanto de nutrição, ou de defesa das culturas, são evidentes.
Essa é uma atividade que tem pouco risco associado, importante do ponto
de vista de produtividade e da produção de alimentos”, diz.
Exemplo disso é o projeto Colmeia Viva, que une apicultores, empresas
aeroagrícolas, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e
da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) com o objetivo de acabar
com a mortalidade de abelhas, a partir de boas práticas de pulverização
aérea de defensivos.
“Você tem equipamentos avançadíssimos para garantir precisão, toda uma
tecnologia aparada para que realmente não aconteça, utilizando essa
técnica, nenhum tipo de desvio. Então, mesmo que você use algum produto
agrotóxico, está fazendo com a maior responsabilidade possível”, afirma
Vasconcelos.
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag)
destaca que o maior desafio do setor ainda é a falta de informação por
parte da sociedade, explicando que a atividade é regida por uma
legislação extensa e fiscalizada por diversos órgãos, como o Ibama, o
Ministério da Agricultura, a Agência Nacional de Aviação Civil, entre
outros.
A entidade reforça que os produtos aplicados pelos aviões agrícolas são
usados também por meios terrestres, que o trabalho possui
regulamentação específica e que cada empresa é obrigada a ter engenheiro
agrônomo próprio e, na equipe em terra, um técnico agrícola com
especialização em operações aéreas.
"Eficiência que muitas vezes resulta na redução da necessidade de
produtos. Sem falar que o avião não toca nas plantas e nem amassa o
solo, evitando o transporte de patógenos e o amassamento que resulta em
média na parda de 3% da colheita. Ou seja, mais produtividade, que por
sua vez implica em evitar o avanço da fronteira agrícola sobre áreas
ambientalmente sensíveis", diz.
Expansão
Consultor do Sindag, o engenheiro agrônomo Eduardo Cordeiro de Araújo
acompanhou de perto a história da aviação agrícola brasileira e diz que
os avanços tecnológicos possibilitaram outros usos das aeronaves, além
do manejo das lavouras. Entre os exemplos bem sucedidos está o combate a
incêndios em matas e florestas.
“A tecnologia de aplicação mudou muito. Hoje, usamos métodos de
aplicação em volumes mais baixos, com tamanho de gota mais controlado,
passou-se a usar equipamentos mais modernos, e mudou, principalmente, o
sistema de orientação do avião na lavoura, que agora é feito por
satélite”, conta.
Araújo destaca que a aviação agrícola também pode ser uma aliada da
saúde pública. Exemplo disso é o controle do Aedes aegypti, transmissor
da Dengue, da Chikungunya e do vírus da Zika. Desde 2004, o Sindag vem
apoiando a criação de um protocolo que autorize o uso dos aviões na
aplicação de produtos contra o mosquito.
“É basicamente o mesmo usado no fumacê, de uso terrestre. É um
inseticida especialmente formulado para esse tipo de trabalho, aplicado
em dose muito baixa, menos de 500 mililitros por hectares, com gotículas
finas, sem nenhum risco para a população e o meio ambiente”, explica.
Fonte: G1
O engenheiro afirma que esse tipo de trabalho já existe nos Estados
Unidos e relembra que na década de 1970 foi possível interromper uma
epidemia de encefalite na baixada Santista a partir do combate do
mosquito Culex com o uso de inseticidas por aviões agrícolas.
“Com essa aplicação, a gente consegue uma eficiência superior a 500
quarteirões por hora. Então, seria um combate extremamente eficiente e
muito rápido, pulverizando esse produto próprio, voando a uma altura com
segurança – seria um voo mais alto e não rasante como é feito na
agricultura”, explica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário