Brasil dá sinal verde à construção da Ferrovia Transoceânica
Em uma reunião técnica nesta quarta-feira (22) em
La Paz, o Brasil deu sinal verde ao projeto de construção do trem
bioceânico, também conhecido como Ferrovia Transoceânica Foto: Divulgação
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Em uma reunião técnica nesta quarta-feira (22) em La Paz, o Brasil deu sinal verde ao projeto de construção do trem bioceânico, também conhecido como Ferrovia Transoceânica, com financiamento da Alemanha e da Suíça, que beneficiará o comércio de cinco nações sul-americanas: Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai e Brasil. As informações são da agência de notícias alemã DPA.
"O Brasil tem interesse e vontade [de
participar] desse esforço coletivo para chegar a mercados asiáticos e
aproveitar a linha férrea que chega a Corumbá [lado brasileiro] e a
Puerto Suárez [na Bolívia]", anunciou o coordenador de Assuntos
Econômicos para a América do Sul da chancelaria brasileira, João Carlos
Parkinson de Castro.
Ele destacou que será importante
estabelecer acordos de "harmonização aduaneira" para que haja uma
circulação fluída dos trens na rota Brasil-Bolívia-Peru.
Sobre trilhos
O ministro boliviano de Obras Públicas,
Milton Claros, saudou a adesão do Brasil. "Estamos sobre trilhos", disse
Claros, na primeira reunião técnica que se realizou hoje na chancelaria
boliviana com a participação de representantes da Alemanha, Suíça, do
Brasil, Peru, Paraguai, Uruguai e da Bolívia, e do Banco Interamericano
de Desenvolimento (BID) e da Corporação Andina de Fomento (CAF).
O vice-ministro alemão de Transportes e
Infraestrutura Digital, Rainer Bomba, confirmou que cerca de 30 empresas
alemãs e suíças estão interessadas no financiamento e construção do
Corredor Ferroviário Bioceânico Central, nome oficial de uma linha
ferroviária que teria 3.750 quilômetros de extensão, quando concluída.
"Este é um tremendo projeto. Agora resta definir os objetivos de
investimento para sua construção", afirmou Bomba.
Canal do Panamá
Rainer Bomba e Milton Claros assinaram
um memorando de entendimento para consolidar o Corredor Bioceânico, num
ato do qual participou o presidente da Bolívia, Evo Morales. "Estamos
convencidos de que o trem bioceânico entre Brasil, Bolívia e Peru será o
Canal do Panamá do século 21", afirmou Morales.
A via férrea que unirá o Atlântico ao
Pacífico começaria na costa do Brasil, cruzaria a selva amazônica e a
Cordilheira dos Andes e terminaria no litoral peruano, depois de passar
pelar Bolívia.
O governo boliviano aposta forte nesta
obra porque quer evitar o uso de portos do Norte do Chile, país com o
qual mantém um litígio histórico por uma saída soberana ao mar.
O traçado incluiria os trechos
Santos-Campo Grande (no Brasil), Puerto Suárez (Bolívia) e Ilo (Peru) e
seu custo é calculado em cerca de us$ 14 bilhões, segundo o estudo
técnico feito pela Bolívia.
Novos corredores
O projeto do trem bioceânico do
presidente Morales foi apresentado há um ano a Rainer Bomba na primeira
visita deste a La Paz, acompanhado de empresários alemães.
Morales está empenhado em abrir novos
corredores de exportação para produtos bolivianos, que hoje saem do país
através de portos do Norte do Chile. Cerca de 80% das exportações
bolivianas saem pelo porto chileno de Arica.
O trem bioceânico também poderia
beneficiar outros países porque a cidade boliviana de Puerto Quijarro
serviria como ponto de enlace entre uma futura hidrovia Paraguai-Paraná e
a ferrovia para exportar produtos do Paraguai, Uruguai e Argentina pelo
Oceano Pacífico.
A reunião de La Paz não contou com a
participação do vice-presidente do Peru e ministro de Transportes,
Martín Vizcarra, que está atendendo à situação de emergência em seu país
por causa das inundações, sendo representado por seu chefe de gabinete,
Carlos Estremadoyro.
Fonte: Agência Brasil
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