Cabral comprou R$ 3 milhões em diamantes dois meses antes da prisão
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O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) comprou US$ 1.054.989,90 (R$
3,3 milhões, na cotação de ontem) em diamantes apenas dois meses antes
de ser preso pela Operação Calicute, desdobramento da Lava-Jato. A
transação aconteceu no dia 13 de setembro de 2016 — Cabral e outros
integrantes da organização criminosa foram levados para a cadeia em 17
de novembro. A investigação não encontrou recursos disponíveis na conta
bancária usada para a compra (identificada como Clawson, no banco BSI,
nas Bahamas), em um indício de que ela foi esvaziada para escapar de
possíveis bloqueios.
A investigação aponta que esta conta foi aberta entre 2007 e 2008,
quando Cabral era governador. De acordo com os doleiros Renato e Marcelo
Chebar, responsáveis pela engenharia financeira, os diamantes estão
dentro de um cofre em uma empresa especializada em guardar valores,
localizada na zona franca do Aeroporto de Genebra, na Suíça. Os irmãos
Chebar, que estão em Portugal, tornaram-se delatores e revelaram
detalhes do funcionamento internacional do esquema de corrupção
comandado por Cabral.Esta compra de diamantes é um dos 30 crimes de lavagem de dinheiro imputados ao ex-governador na mais recente denúncia do Ministério Público Federal (MPF), aceita anteontem pela Justiça. Cabral, o ex-secretário de Governo Wilson Carlos e o operador Carlos Miranda, considerados sócios do ex-governador no esquema, também viraram réus por corrupção passiva e evasão de divisas.
Em 18 de maio de 2016, seis meses antes da prisão, uma operação semelhante aconteceu. Desta vez, a compra foi de € 1.214.026,13 (R$ 4,1 milhões) em diamantes. A transferência foi realizada da conta Andrews Development, também mantida no BSI de Bahamas. Estes diamantes estão guardados em outro cofre em Genebra, próximo ao hotel New Midi.
A força-tarefa responsável pelas investigações identificou que Cabral recebeu propina e lavou dinheiro em 15 contas espalhadas por sete países, como mostrou O GLOBO ontem. Os valores existentes em cinco delas foram recuperados e depositados em uma conta judicial, em um total de US$ 85 milhões (R$ 271 milhões). Outras duas contas em que havia saldo disponível ainda não puderam ser acessadas — um dos casos, porque o banco BPA, de Andorra, por onde Cabral é acusado de receber US$ 3 milhões (R$ 9,5 milhões) da Odebrecht está sofrendo uma intervenção de autoridades reguladoras.
O dinheiro movimentado pela suposta organização criminosa — US$ 100 milhões (R$ 319 milhões), segundo o MPF — era disponibilizado no exterior por meio das operações financeiras conhecidas como “dólar-cabo”. Os doleiros Renato e Marcelo Chebar recebiam os valores em espécie, no Rio, e creditavam a quantia correspondente nas contas no exterior, retirando uma comissão a cada movimentação.

— Vi uma ONG questionar dados que são absolutamente reais, verdadeiros, da Secretaria de Segurança. Não há Secretaria de Segurança no Brasil que dê com a exatidão, com a velocidade, e com veracidade, as informações que a Secretaria de Segurança do Estado do Rio, por intermédio do Instituto de Segurança Pública do Rio, dá. Eu duvido, desafio que haja qualquer Secretaria de Segurança no país que tenha um método melhor do que o do estado do Rio de Janeiro. Mais transparente e mais ágil, no que pese ainda termos delegacias com problemas no sentido arcaico, mas não se compara com a média brasileira — afirmou Cabral, ao inaugurar uma delegacia em Queimados, na Baixada Fluminense.
Fonte: O Globo
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