sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

POLITICA

Planalto defende nomeação de Moreira e diz ao STF que não há desvio de finalidade

Ministro Celso de Mello pediu informações ao presidente Michel Temer sobre a nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral; posse se tornou alvo diversas ações judiciais.







O presidente Michel Temer enviou nesta sexta-feira (10) resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) na qual defendeu nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral da Presidência.
Na manifestação, composta pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, o governo diz que a posse do ministro não incorreu em "desvio de finalidade" e deve ser mantida pela Corte.
O documento contesta duas ações apresentadas pela Rede Sustentabilidade e pelo PSOL ao STF nas quais os partidos pedem a anulação da nomeação, argumentando que o ato só ocorreu para dar a Moreira Franco o chamado "foro privilegiado" – direito de ser investigado no STF.
Moreira Franco foi nomeado dias após a homologação da delação premiada da Odebrecht. Ele teve o nome citado em depoimentos de ex-executivos do grupo que colaboram para a Operação Lava Jato. Para a Rede, por exemplo, tratou-se de uma "artimanha" do presidente Michel Temer.
Em favor do ministro, a AGU argumentou que ele é protegido pela chamada "presunção da inocência" e, por isso, não se poderia inferir que a nomeação visou lhe privilegiar numa eventual investigação.
"A existência de qualquer vício no ato administrativo não passa de mera elucubração. Não há qualquer investigação em curso contra o ministro e, conforme a jurisprudência desse Supremo Tribunal Federal, o impedimento a acesso a cargos públicos antes do trânsito em julgado de sentença condenatória viola o princípio da presunção de inocência", diz a peça.

Lula na Casa Civil

No documento enviado ao Supremo, o governo também rebateu a tentativa dos partidos de oposição de comprar a posse de Moreira à do ex-presidente Lula, em 2016, como ministro da Casa Civil - a posse do petista foi suspensa pelo STF.
A AGU argumentou que Lula, quando foi nomeado ministro, já era alvo de investigações e estava prestes a ser denunciado à Justiça, enquanto Moreira Franco não é investigado, mesmo que citado em delação.
"Descabe impedir a assunção de cargo político por indivíduo que já exerce atividade de relevância no governo, sem conhecimento de qualquer prática de ato que lhe desabone negativamente, não bastando para o acolhimento do pleito notícia de fatos que sequer constituem prova, mas sim meios destinados à sua obtenção", diz a manifestação da AGU.
Com a manifestação em mãos, o relator das ações contra Moreira Franco no STF, Celso de Mello, só deverá decidir sobre a nomeação a partir da próxima segunda-feira (13). Segundo a assessoria do STF, o ministro não deverá tomar qualquer decisão no fim de semana.

Entenda o caso

Até a semana passada, Moreira Franco era o secretário-executivo do Programa de Parcerias para Investimentos, cargo que não tinha status de ministro. No último dia 2, o presidente Michel Temer recriou a extinta Secretaria-Geral da Presidência e nomeou Moreira para o cargo.
Com a posse, Moreira Franco passou a ter o chamado foro privilegiado, quando uma pessoa só pode ser processada no STF e só pode ser investigada com autorização da Corte.
Moreira é citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho no âmbito da Operação Lava Jato e, segundo o próprio ministro, a nomeação dele não teve outro objetivo a não ser "fortalecer" a Presidência.

Cronologia

Entenda abaixo o que aconteceu desde que Moreira Franco foi anunciado ministro da Secretaria-Geral:



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