Trump recebe premiê israelense na Casa Branca
Netanyahu e seu governo viram na vitória de Trump início de uma nova era após oito anos de tensões com Obama.
O presidente americano Donald Trump recebeu nesta quarta-feira (15) o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca, em Washington.
Após a reunião, Trump disse que os EUA vão incentivar um acordo de paz entre israelenses e palestinos, que segundo ele deverão negociar diretamente e assumir compromissos caso cheguem a um acordo. Questionado sobre se apoiará uma solução de dois estados, Trump se esquivou dizendo que ficará feliz com a opção que israelenses e palestinos escolherão.
Já Netanyahu disse que há duas prerrogativas para que seu país alcance um acordo de paz: o reconhecimento do Estado de Israel pelos palestinos e o controle de segurança do lado ocidental do rio Jordão para Israel.
Trump também afirmou que vai trabalhar para impedir que o Irã, considerado inimigo número um de Israel, avance no desenvolvimento de armas nucleares. "Os desafios de segurança enfrentados por Israel são enormes, incluindo a ameaça da ambição nuclear do Irã", disse Trump.
Netanyahu deixou Israel nesta segunda-feira para encontrar Trump e confrontar suas promessas de campanha com a realidade atual da política em desenvolvimento na Casa Branca. Netanyahu e seu governo, considerado o mais à direita da história de Israel, viram na vitória de Trump o início de uma nova era após oito anos de tensões com a administração Obama.
"Em Washington, Benjamin Netanyahu irá testar a sua margem de manobra sobre a colonização", afirmou à AFP Marc Heller, cientista político do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS).
Assentamentos na Cisjordânia
Desde que tomou posse, Trump suavizou suas declarações de campanha, nas quais a direita israelense e alguns ministros do governo encontraram um incentivo para exigir uma colonização irrestrita e a anexação da Cisjordânia ocupada.
Pressionado pela direita e confrontado a investigações da polícia por supostos atos de corrupção, Netanyahu anunciou, em 20 de janeiro, a construção de mais de 5.000 casas na Cisjordânia e o primeiro novo assentamento promovidos pelo governo em mais de 20 anos.
Após se manter em silêncio por duas semanas, a Casa Branca acabou por estabelecer limites.
Na sexta-feira, em um jornal israelense, o próprio Trump declarou que não acredita que a expansão dos assentamentos seja "bom para a paz". Na mesma entrevista, o presidente americano afirmou que desejava um acordo "bom para todas as partes", mas que para isso israelenses e palestinos devem ser "razoáveis".
A mensagem é a de que Trump assinou um cheque em branco ao aliado israelense e pretende guardar suas opções para presidir um acordo, dizem os especialistas.
"Em três semanas, Donald Trump empregou discursos diferentes, é preciso agir com cautela", sugere Michael Oren, vice-ministro da diplomacia no gabinete do primeiro-ministro.
Estas observações são direcionadas ao ministro da Educação, Naftali Bennett, líder do partido religioso Lar Judeu e que lidera as reivindicações pela colonização e anexação.
No sábado, ele pediu abertamente ao primeiro-ministro que aproveite uma "oportunidade histórica" para informar Trump que já não apoia a criação de um Estado palestino que coexista com Israel, solução de dois Estados que é defendida pela comunidade internacional.
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