Ativista ambiental diz que exploração de petróleo ameaça corais da Amazônia
Crédito: Foto GreenpeaceO processo de licenciamento ambiental para perfuração de poços de petróleo na região da foz do Rio Amazonas, próximo de onde foi descoberto recentemente um recife de corais, esponjas e rodolitos de 9,5 mil km² – uma área 20% maior que a região metropolitana de São Paulo –, está em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).Segundo o ativista Thiago Almeida, da Campanha de Energia da Ong Greenpeace, a exploração na região gera o risco de derramamento de peteróleo. De acordo com Almeida, esses corais representam um novo bioma, que é único no mundo devido as características em que se desenvolveu, em água turva e barrenta, o que normalmente torna pouco provável a existência de um ecossistema como esse. Para o ativista, o bioma já nasceu ameaçado por causa da possível exploração do petróleo nos arredores do recife.
Conforme Thiago Almeida, apesar de os blocos de exploração
petrolífera das empresas Total, BP e Queiroz Galvão não estarem
exatamente em cima da área conhecida dos recifes,“a ameaça é
justamente o que um possível vazamento poderia causar sobre os
recifes, a costa e os mangues”. O poço de exploração mais
próximo do novo bioma descoberto pertence a Total e está a uma
distância de 8 quilômetros.
“Se o petróleo [desse
possível vazamento] chega até a costa do Amapá, temos lá a maior
área contínua de mangues do mundo, que são importantíssimos
estuários, berçários, para a vida, e também têm papel importante
na captura e sequestro de carbono, ajudando a combater o aquecimento
global e as mudanças climáticas”, acrescentou o ativista.
“É sempre importante
lembrarmos o vazamento da [plataforma] Deepwater Horizon e a extensão
da poluição e do derramamento de petróleo que atingiu a costa de
diversos países”, destacou Almeida, citando a explosão da
plataforma da empresa petrolífera British Petroleum, em 2010, no
Golfo do México.
No acidente, 11 pessoas
morreram e cerca de 4,9 milhões de barris de óleo vazaram para o
mar. O petróleo vazou durante 87 dias, se espalhou por mais de 1,5
mil km no litoral norte-americano, contaminou e matou milhares
de animais, segundo o Greenpeace.
Processo de
licenciamento
Em 2015, as empresas
encaminharam os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e os Relatórios
de Impacto Ambiental (Rima) ao Ibama. Entre 2015 e 2016, o órgão
devolveu pareceres técnicos solicitando mais dados e esclarecimento
sobre alguns pontos dos documentos. Até o momento nmão houve
retorno das empresas sobre as questões.
“É por isso que o
Greenpeace decidiu fazer campanha [Defenda os Corais da Amazônia]
para defender esses corais, pedindo às pessoas que digam a essas
empresas para abandonarem quaisquer planos de explorar petróleo na
região”, disse Almeida.
Ele ressaltou que, no caso
de um vazamento chegar à costa, diversas comunidades tradicionais
também seriam afetadas, como pescadores, extrativistas, quilombolas
e indígenas, “que dependem do meio ambiente, da saúde dos mares e
da costa brasileira para sobreviver”.
Campanha
Em 24 de janeiro, uma
embarcação do Greenpeace saiu do Porto de Santana, no Amapá, em
direção à foz do Rio Amazonas, onde está o recife, integrando a
campanha Defenda os Corais da Amazônia. A bordo, estão os
pesquisadores que anunciaram a descoberta do recife, em abril do ano
passado, e ativistas da ong.
No último dia 30, foram
divulgadas as primeiras imagens do
recife de corais da Amazônia feitas com o auxílio de um submarino.
O grupo permanecerá embarcado e fazendo registros na região até o
próximo dia 10.
Empresas
Em anúncio no site da
Total em 4 de janeiro, a empresa informou que prevê a perfuração
de poços ainda em 2017, que deve seguir até 2020, e que aguarda a
emissão da licença ambiental pelo Ibama. A empresa já recebeu,
pelo Porto de Belém (PA), os primeiros equipamentos para a
atividade.
“Os poços serão
perfurados em águas ultraprofundas, a mais de 1,9 mil metros de
profundidade e a uma distância entre 120 e 188 km da costa do
município do Oiapoque, no estado do Amapá. O objetivo da atividade
é identificar e avaliar a existência de reservas de petróleo e/ou
gás na área dos blocos. A partir da avaliação dos poços, outras
atividades poderão ocorrer futuramente na área, sujeitas também a
ações de licenciamento ambiental junto ao Ibama”, afirmou a
Total.
Em nota, a Total disse que
a empresa conduziu caracterização ambiental e que os resultados dos
estudos mostraram que não há ecossistemas recifais dentro da área
dos blocos operados por ela. “As atividades de perfuração somente
serão iniciadas após a Total receber a licença ambiental do Ibama,
ainda em análise por este órgão”, acrescentou a nota.
Também por meio de nota, a
BP disse que pesquisa realizada pela empresa não detectou nenhum
sinal dos recifes na área de seu bloco de exploração. Segundo a
empresa, “em todas suas operações de perfuração o principal
foco da BP é com a prevenção de vazamentos de petróleo, aplicando
as melhores práticas da indústria na segurança, no desenho dos
poços, na perfuração e na proteção ao meio ambiente”.
O cumprimento das operações
do programa de sua exploração de petróleo têm prazo estabelecido
pelo contrato de concessão até agosto de 2018.
A direção da Queiroz
Galvão informou que, para atender ao processo de licenciamento
ambiental requerido pelo Ibama, a empresa realizou pesquisa que não
apontou a presença de recifes na área de exploração. De acordo
com a empresa, a eventual perfuração na área deverá ocorrer em
2019 e 2020.
Fonte: Agência Brasil
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