quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ESPORTES

Skate e parkour são esportes de homem? Minas da periferia mostram que não


Resultado de imagem para Skate e parkour são esportes de homem? Minas da periferia mostram que não
imagem: Yuri Ferreir/É NÓS/UOL

Aventurar-se nos chamados "esportes de homem" é sempre um grande desafio para uma mulher. Quando o cenário é a periferia, então, a situação fica ainda mais complicada. A judoca Rafaela Silva rompeu todas as barreiras de preconceito quando saiu da Cidade de Deus para conquistar uma medalha de ouro para o Brasil na Rio-2016. Como ela, as paulistanas Cris Punk e Renata Silsan cresceram em bairros de periferia e se tornaram influentes em outras duas modalidades tidas masculinas como o judô: o skate e o parkour.
Campeã brasileira em 2014 de downhill slide, modalidade praticada em ladeiras cuja intenção é descer dando "cavalos de pau", Cris acompanhou de perto o crescimento do número de mulheres na prática de skate. Se em 2009, apenas 10% dos atletas da modalidade eram mulheres, em 2015, a taxa saltou para 19%, quase o dobro, como aponta estudo do Instituto Datafolha. Isso significa cerca de 1,8 milhão de skatistas do sexo feminino no país.
"Quando eu comecei a disputar os campeonatos de downhill, participavam 10, 12 minas. Agora tá crescendo cada vez mais" - Cris Punk
Cris está nesse rolê há um bom tempo e ajudou a abrir caminhos para as novas gerações. Em 1998, quando tinha 16 anos, começou a rolar pelas ruas do Itaim Paulista, quebrada da Zona Leste de SP. O apoio da família não foi muito forte. "Minha mãe nunca gostou de skate, dizia que era coisa de homem". Essa repreensão não desencorajou a skatista, que partiu para as competições já nos anos 2000, sem incentivo. Mas as coisas mudaram: enquanto nos anos 1990 não havia grandes referências femininas dentro da modalidade, hoje, nomes como Letícia Bufoni, Karen Jonz e Thais Gazarra já têm mais visibilidade dentro da mídia e são referências para iniciantes.
Apesar do crescimento da participação feminina, ser mulher em um esporte tido masculino como o skate ainda não rende muito dinheiro. As competições não costumam pagar prêmios aos competidores. Desde seu início no esporte, em circuitos e campeonatos, Cris Punk ganhou pouco em remuneração. "Só uma vez que ganhei premiação, em Catanduva, 600 paus", lembra ela. O campeonato organizado pela SlideLiga aconteceu em 2014 e Cris levou dois prêmios: um na modalidade de downhill e outro no big stand up, cada um com remuneração de R$ 300.
Descolar patrocínio também é complicado. "A mina não sabe subir no skate, pega uma GoPro, faz aquela foto no pôr-do-sol e descola patrocínio de marca", conta Cris, indicando uma preferência dos patrocinadores por celebridades das redes sociais e não pelas profissionais. A dificuldade financeira acabou forçando-a a reduzir a dedicação ao esporte. Apesar disso, com 35 anos de idade e 18 de ladeira, Cristiane Barbosa Andrigo continua na prática, conciliando a vida de atleta com outros trampos e uma filha.
Fonte: Esportes UOL

Nenhum comentário:

Postar um comentário