ECONOMIA
Bancos
se preparam para a migração do rotativo do cartão
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Foto: Divulgação |
O sistema bancário acerta os últimos detalhes para oferecer
parcelamento da fatura do cartão de crédito como alternativa aos
clientes que baterem no limite de 30 dias de uso do rotativo.
A
mudança, que começa em 3 de abril, vai transferir os consumidores do
crédito mais caro do sistema financeiro para uma modalidade mais barata.
Entre os grandes bancos consultados pelo Estado, a tendência é de que a porta de saída do rotativo seja a oferta automática do “parcelamento da fatura”.
Essa
é uma linha já existente e que permite ao consumidor dividir o saldo
devedor do cartão de crédito. Ao migrar para o parcelado, o custo cai
drasticamente: a taxa dessa operação foi de 153,8% ao ano em dezembro de
2016 – quase um terço do rotativo, de 484%.
Determinada em janeiro pelo governo como uma das medidas para
reduzir o custo dos empréstimos, a decisão estabelece que os clientes
que ficarem pendurados por um mês nessa operação terão de pagar a conta
integralmente ou, como preveem os bancos, parcelar a dívida em uma nova
operação.
Apesar de reconhecerem o potencial de ganho aos
consumidores com a redução dos juros, os bancos temem que o elevado
calote hoje registrado no crédito rotativo migre para a nova operação.
Isso também frustraria os planos do governo de incentivar o consumo por
meio de juros menores.
Executivos do setor admitem que a troca
deve efetivamente reduzir o juro pago pelo consumidor porque a natureza
das operações é diferente.
“O rotativo é uma linha em que não
sabemos quanto nem quando o cliente usará. No parcelamento da fatura, ao
contrário, sabemos quanto vamos financiar e por quanto tempo. O risco é
menor”, diz o diretor do Bradesco Cartões, Cesário Nakamura.
Os
dados de atraso e inadimplência no rotativo e no parcelado são
radicalmente diferentes, o que explica a disparidade de taxa entre os
dois.
Dos clientes que usam o crédito rotativo, 14,4% têm atraso
no pagamento entre 15 e 90 dias e 37,2% estão inadimplentes (com falta
de pagamento por mais de 90 dias), segundo o BC.
Assim, mais da
metade dos clientes – 51,6% – têm atraso superior a duas semanas. Já no
parcelamento da fatura, os números são mais comportados: atraso de 15 a
90 dias de 5,2% e inadimplência de 1,1%.
O discurso dos bancos é
mais cauteloso quando o tema é calote. Um executivo de outra grande
instituição financeira alerta que a migração forçada do rotativo para o
parcelamento poderá reduzir o juro, mas não há clareza se os indicadores
de inadimplência vão melhorar.
“Estamos apostando que o mercado
terá uma contrapartida com a redução efetiva do risco. Se a
inadimplência simplesmente migrar do rotativo para o parcelamento, o
juro dessa operação não seguirá baixo e teremos problemas”, diz o
executivo.
O alerta do executivo é que o risco de calote de um
cliente não cai só com a troca do crédito. Ele reconhece, porém, que o
risco teórico da operação tende a cair porque o parcelamento permitirá à
instituição adequar a dívida ao fluxo de caixa do cliente. Outro
entrave pode ser a compreensão da operação.
“Nem sempre o cliente entende ou concorda com a mudança. É um
desafio de comunicação, educação e entendimento”, diz o
superintendente-executivo de cartões do Santander, Rodrigo Cury.
Para
complicar, clientes que ainda tiverem limite disponível poderão
continuar usando o meio de pagamento. A fatura virá com as compras mais
recentes somadas ao parcelamento automático do mês anterior.
Uma
outra grande instituição decidiu que o valor será acrescido ao campo
“pagamento mínimo”. Assim, o campo será a soma de 15% das compras do mês
acrescida de 100% do rotativo usado por 30 dias
Fonte: Estadão Conteúdo
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