Senado
aprova propostas que
visam tirar estados da crise
financeira
Foto:Jonas Pereira/Agência Senado. |
A renegociação das dívidas dos estados e
a autorização para uso dos depósitos judiciais e administrativos por
esses entes federativos estão entre várias medidas aprovadas no Senado
em 2016 para o enfrentamento da crise financeira.
A autorização para a assinatura de
aditivos contratuais, que prevê reduções escalonadas das parcelas
mensais devidas à União, que variam de 94,73% em janeiro de 2017 até
5,26% em junho de 2018, só depende agora de sanção presidencial.
A medida está prevista no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 54/2016-Complementar,
de iniciativa do Executivo, que suspende o pagamento das parcelas
devidas de julho a dezembro de 2016. A proposta estende por mais 20 anos
o prazo para o pagamento dessas dívidas. Somados os prazos
remanescentes, os estados terão até 50 anos para quitá-las.
A autorização para o uso de depósitos judiciais e administrativos para pagamento de precatórios consta da Emenda Constitucional 94,
promulgada em 15 de dezembro. Do total dos depósitos, 75% poderão ser
imediatamente direcionados à quitação dos precatórios, mesmo que os
recursos se refiram a autarquias, fundações e empresas estatais
dependentes.
Quanto aos depósitos judiciais
relativos a causas entre particulares, os governos poderão utilizar até
20% dos recursos em juízo, exceto os de natureza alimentícia. Para usar
esse dinheiro, os governos terão de criar um fundo garantidor composto
pelos outros 80% dos depósitos.
Desvinculação
Outra proposta aprovada em 2016 com o
objetivo de ajudar estados e municípios a enfrentar a crise financeira
resultou na Emenda Constitucional 93,
que permite à União o uso mais flexível de 30% de todos os impostos e
contribuições sociais. Pela primeira vez, a medida foi estendida aos
estados e municípios.
A emenda resulta da PEC 31/2016,
de autoria do deputado André Figueiredo (PDT-CE), promulgada em 8 de
setembro de 2016. Com ela, foi instituída a Desvinculação de Receitas
dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios (DREM), que permite a
utilização livre de 30% das receitas relativas a impostos, taxas e
multas, não sendo aplicada às receitas destinadas à saúde e à educação.
Repatriação
Uma medida que poderá ajudar o caixa de
estados e municípios é a reabertura do prazo para adesão ao regime
especial de repatriação de recursos do exterior, que consta do PLS 405/2016,
aprovado em 24 de novembro de 2016. De iniciativa da Comissão Diretora
do Senado, o texto está na Câmara dos Deputados, onde tramita como PL 6568/2016.
Por meio desse regime especial, o
contribuinte poderá promover a regularização de recursos, bens ou
direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente e
mantidos no exterior.
Nesse caso, a alíquota do Imposto de
Renda deverá ser de 17,5%. Como a multa corresponde a 100% do valor do
imposto devido, o percentual total a ser pago pelo declarante que aderir
ao programa durante o novo prazo será de 35%. Do valor arrecadado com a
multa, o governo vai repassar 46% aos estados, ao Distrito Federal e
aos municípios.
Gasto com pessoal
Outro projeto em benefício de estados e municípios é o PLS 15/2016,
que exclui do cômputo da receita corrente líquida (RCL) os recursos
recebidos da União para atendimento das despesas com pessoal de
programas sociais. O objetivo é evitar que os municípios e estados
descumpram o limite para as despesas com pessoal. Quando essa situação
ocorre, esses entes ficam impedidos de receber transferências
voluntárias voltadas à execução de investimentos, bem como de contratar
operações de crédito.
O projeto, do senador Otto Alencar
(PSD-BA), foi aprovado em 6 de dezembro pela Comissão Especial do
Desenvolvimento Nacional e está aguardando inclusão na pauta do
Plenário. O PLS 15/2016 modifica a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF —
Lei 101/2000).
Encargos
Proposta de grande repercussão no pacto federativo foi aprovada pelo Senado em 23 de fevereiro. Trata-se da PEC 128/2015, do deputado licenciado Mendonça Filho, que proíbe a União de impor ou transferir qualquer encargo ou prestação de serviços aos estados, ao Distrito Federal ou aos municípios sem a previsão de repasses financeiros necessários ao seu custeio.Aprovada pelo Plenário, a PEC retornou à Câmara dos Deputados, onde tramita como PEC 188/2016. O texto aprovado pelo Senado exclui da vedação as obrigações assumidas espontaneamente pelos entes federados e aquelas decorrentes da fixação do salário mínimo.
Securitização
Para 2017, está prevista a votação de outras propostas que poderão impactar as finanças de estados e municípios. Uma delas deverá ser o projeto que permite à administração pública "vender" para o setor privado os direitos sobre créditos tributários e não tributários (PLS 204/2016).O PLS 204 foi retirado da pauta em dezembro e será apreciado em outra oportunidade, ainda sem data definida. Como falta apenas a decisão final do Senado, o projeto não será mais discutido e, quando voltar à ordem do dia do Plenário, deverá ser imediatamente votado.
A proposta visa prestar um reforço emergencial para os caixas da União, dos estados e dos municípios, ao permitir que os entes da federação obtenham receita imediata em troca da cessão dos créditos parcelados para compradores privados.
Compensação
Também poderá entrar em pauta, em 2017, o PLC 315/2009,
que altera a distribuição da compensação financeira pela utilização de
recursos hídricos entre União, estados e municípios. A proposta recebeu
parecer favorável do relator na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
O PLC 315/2009 reduz o percentual de
repasse para os estados — de 45% para 25% — e o transfere para os
municípios, que passarão de 45% para 65%. Ferraço observa que a
compensação é repassada mensalmente a 21 estados e ao Distrito Federal e
a cerca de 700 municípios. Em 2013, cerca de R$ 1,27 bilhão foram
transferidos a estados e municípios.
A proposta já foi aprovada pela
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Ferraço endossou os argumentos
apresentados a seu favor. Assim, concordou com o reforço aos cofres
municipais, "que sofrem mais de perto os impactos sociais e econômicos
da construção de hidrelétricas e seus reservatórios".
Vinculação entre remunerações
Em fevereiro de 2017, o Plenário do Senado retomará a discussão da PEC 62/2015, que acaba com a vinculação automática entre remunerações recebidas por agentes públicos, como parlamentares e ministros dos tribunais superiores.De autoria da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a PEC tem repercussão no pacto federativo, pois impede o chamado efeito cascata nos reajustes dos subsídios sobre outras categorias do serviço público, especialmente nos estados e municípios.
Fonte: Agência Senado
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