EUA vão investigar bancos usados em esquema internacional da Odebrecht
Foto:Michel Filho/ Agência O Globo |
O esquema de corrupção revelado pelo acordo de leniência da Odebrecht e da Braskem, assinado nesta quarta-feira, continuará sendo alvo de investigação nos Estados Unidos. Investigadores americanos devem se concentrar no caminho feito, dentro do sistema financeiro daquele país, pela propina paga pelas duas empresas a autoridades de 12 países. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, outras pessoas podem ser responsabilizadas pela investigação, que está em andamento.
Embora os Estados Unidos não sejam uma das nações em que a Odebrecht assumiu ter pagado propina, o país está processando a companhia porque seu sistema financeiro foi utilizado para operacionalizar os repasses irregulares, segundo Sung-Hee Suh, assistente do procurador-geral do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A construtora está sendo acusada de conspiração contra o sistema financeiro e violação das leis anticorrupção. As investigações envolveram equipes em Washington, Nova York, Los Angeles, Boston e Miami.
— Empregados das duas companhias agiram dentro dos Estados Unidos. Por exemplo, algumas das offshores, utilizadas para dificultar o rastro do dinheiro, foram instaladas ou operadas por indivíduos que estavam nos Estados Unidos. Além disso, indivíduos que trabalhavam no Departamento de Propinas da Odebrecht tomaram atitudes para que o esquema acontecessem quando estavam nos Estados Unidos. Em 2014 e 2015, houve reuniões com seus cúmplices em Miami, por exemplo. Houve transferências de dinheiro dentro dos Estados Unidos, etc — disse Sung-Hee, durante uma entrevista coletiva para a imprensa internacional.
Sung-Hee classificou como “histórico” e “um modelo para acordos futuros” o acerto pelo qual Odebrecht e Braskem se comprometem a pagar uma multa de US$ 3,5 bilhões (R$ 11,6 bilhões, em valores atuais) aos governos de Brasil, Estados Unidos e Suíça. Segundo ela, até então, o maior acordo internacional anticorrupção tinha ficado em US$ 1,6 bilhão (R$ 5,3 bilhões).
— Ao assumir sua culpa, a Odebrecht afirmou que, por mais de uma década, fez operações financeiras não contabilizadas com o propósito de pagar propina numa escala gigante. Eles tinham um departamento de propina, por assim dizer, que pagou sistematicamente milhões de dólares para corromper autoridades de países em três continentes. A Braskem admitiu que também usou essa estrutura de corrupção da Odebrecht. Esses pagamentos tinham o objetivo de incentivar autoridades a beneficiarem Odebrecht e Braskem a fazerem negócio em seus países em vez de privilegiar uma competição justa.
Fonte: Extra
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