domingo, 5 de janeiro de 2014

Feirante há 41 anos, moradora do Guará criou sete filhos vendendo frutas e verduras

Pioneira da Feira do Guará, ela ajudou a redistribuir as bancas e melhorar o fluxo da clientela


Maria Vanda posa em frente a banca de cosméticos da filha na Feira do GuaráPaulo Mondego/R7
Quem olha os cabelos brancos de Maria Vanda de Albuquerque não faz ideia da disposição que ela tem para o trabalho. Dos 76 anos de idade, 41 foram vividos dentro de uma feira. E foi do ofício como feirante que ela criou sete filhos e ajudou a fundar a Feira do Guará, uma das mais tradicionais do Distrito Federal.   
Tudo começou quando Maria vendeu tudo o que tinha na Paraíba e veio para Brasília, em 1958. Nesta época, ela, o marido - hoje falecido - e os quatro filhos nascidos na época se instalaram na Vila Iapi, onde hoje é o Núcleo Bandeirante. O primeiro trabalho foi numa banca de feira.  
— A gente começou vendendo hortifruti nas feiras de fim de semana. Não tinha nada, era piso de chão batido e lona na cobertura. E todo fim de semana estava eu lá com meu marido carregando as coisas dentro de um Fusca velho.   
Após alguns anos, Maria morou em Taguatinga e Sobradinho. Por todas as regiões onde passou, a senhora de boa memória tem uma lembrança. Todas de luta e muita dedicação. Mas foi no Guará que ela deu continuidade ao ofício que sempre garantiu o sustento da família. Maria foi uma das pioneiras do que viria ser um dos pontos mais importantes do DF, a Feira do Guará.   
— Meu filho, isso aqui no início era só lama. Quando chovia a água batia na canela da gente. Os clientes caminhavam na lama. Mesmo assim a gente continuou batalhando porque era nosso sustento e é o que sei fazer até hoje.   
E como sabe. Maria acompanhou todas as mudanças de endereço da Feira do Guará e aos poucos adquiriu bancas para os filhos. Quando a feira se instalou definitivamente no Guará II, Maria tinha uma banca de hortifruti e depois passou a vender roupas. Mas não foi uma trajetória nada fácil.   
— Quando as bancas foram distribuídas aqui, o pessoal do hortifruti ficou prejudicado porque a clientela entrava na feira e ficava só nas bancas de roupas. Ai eu apresentei um projeto para a administração pra distribuir melhor as bancas. Porque ai os clientes passavam em todas as bancas.  
E ela conseguiu. Mesmo a contra gosto de muitos, as bancas foram redistribuídas e organizadas de modo a forçar os clientes a passar por todos os produtos. Hoje, Maria é conhecida por quase todos os feirantes e querida por todos. E encara isso com muito orgulho.
— Olha, eu tenho sete filhos. Passei 55 anos casada com meu marido que bebia muito e acabou morrendo. Mesmo trabalhando muito sempre tive muitas alegrias. O meu filho mais velho se formou em economia e foi fazer doutorado fora do Brasil. Hoje eu olho pra ele e tenho certeza a quem ele puxou. Porque mesmo sem ter estudado eu administrei três bancas na feira e criei meus filhos. Me sinto uma vencedora.
E se engana quem pensa que Maria está na hora de aposentar. Ela nem imagina quando isso vai acontecer.   
— Isso aqui é uma terapia para mim. Só saio daqui para o cemitério. Faz parte da minha vida inteira e dos meus filhos. Não me vejo fazendo outra coisa.  
FONTE: R7 DF

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