domingo, 22 de dezembro de 2013

Segurados do INSS vão e voltam aos postos de atendimento sem resoluçãoNo silêncio rompido apenas pelo apitar das senhas, milhares de brasileiros, em todo o país, alimentam diariamente a frustração de perceber a incapacidade do Estado em atendê-los


Reinaldo Freire da Silva na chegada em sua residência em Luziânia (Janine Moraes/CB/D.A Press)
Reinaldo Freire da Silva na chegada em sua residência em Luziânia


No Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mesmo quando não há fila, há drama, revolta e espera, muita espera. Enquanto a senha que a pessoa tem em mãos não pisca no painel e traz um pouco de alívio, uns cochilam, outros tomam café da manhã atrasado. “Se você ficar aqui um minuto e for só um pouco emotivo, vai chorar”, avisa Antônio de Pádua Melo, 59 anos, funcionário da Caixa Econômica Federal que sofre de câncer de próstata, sem perder o senso crítico e, acima de tudo, o bom humor e a vontade de viver.

Sentado próximo ao balcão de atendimento, ele analisa, em voz alta, as repetidas cenas a que assiste. “Você está vendo alguém desejar bom-dia? Não tem nada disso. Eles devem pensar: ‘Lá vem mais um velho que não sabe de nada, um babaca, um otário para atrapalhar meu dia’”, dispara, enquanto aguarda a vez de ser chamado para a perícia médica. “É assim: eles, servidores públicos, fazem de conta que nos servem. A gente faz de conta que está tudo bem. E a vida segue”, resume o segurado, também um funcionário do Estado, com anos dedicados a uma empresa que, periodicamente, recebe dinheiro do Tesouro Nacional, ou seja, do contribuinte.

No silêncio rompido apenas pelo apitar das senhas, milhares de brasileiros, em todo o país, alimentam diariamente a frustração de perceber a incapacidade do Estado em atendê-los, muitas vezes nos momentos mais difíceis da vida. “Não dá para culpar somente os funcionários. O que temos aqui é a ponta do iceberg, resultado de um sistema corrupto, de uma máquina administrativa completamente inoperante”, pondera o bancário Alex Pereira, 58, que há dois anos tenta resolver uma pendência com o INSS.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Nenhum comentário:

Postar um comentário