Polícia ouve operador de guindaste que tombou em obra de estádio
José Walter Joaquim foi na manhã desta quarta ao 65º DP, em Itaquera.
Dois operários morreram no acidente ocorrido na semana passada.
Operador do guindaste envolvido no acidente em
Itaquera (Foto: Kleber Tomaz/G1)
Itaquera (Foto: Kleber Tomaz/G1)
O operador do guindaste que tombou com parte da cobertura da Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, na semana passada foi nesta quarta-feira (4) à delegacia que investiga o acidente prestar depoimento. Dois operários morreram: o motorista Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, de 43. Eles trabalhavam para empresas terceirizadas. A construção do estádio está sendo conduzida pela parceria entre a Odebrecht e o Corinthians.
José Walter Joaquim, de 56 anos, chegou por volta das 10h ao 65º Distrito Policial, em Artur Alvim, acompanhado de advogado da empresa em que trabalha, a Locar. Ele não quis falar com a reportagem do G1.
Joaquim operava o aparelho que suporta uma carga de 1,5 mil toneladas. Ele içava uma peça de 420 toneladas quando a estrutura e o guindaste tombaram sobre parte do estádio, atingindo dois funcionários, por volta das 13h do dia 27 de novembro.
Apesar de ser investigado, o operador do guindaste irá prestar depoimento inicialmente na condição de testemunha. Os investigadores alegam que é prematuro apontarem suspeitos sem ainda terem o resultado dos laudos técnicos dos peritos a cerca das causas do acidente.
“O currículo do operador tem inúmeros certificados. É um depoimento importante para sabermos o que ele irá relatar que ocorreu no momento em que operava o guindaste”, disse o delegado Antonio da Cruz.
"Caixa Preta"
A “caixa-preta” do guindaste foi retirada na segunda-feira (2) pelos fabricantes do veículo e entregue a perícia da Polícia Técnico-Científica para análise. A informação foi confirmada pelo delegado Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º DP, que investiga as circunstâncias, causas e eventuais responsabilidades pelo acidente.
A “caixa-preta” do guindaste foi retirada na segunda-feira (2) pelos fabricantes do veículo e entregue a perícia da Polícia Técnico-Científica para análise. A informação foi confirmada pelo delegado Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º DP, que investiga as circunstâncias, causas e eventuais responsabilidades pelo acidente.
“O HD [disco rígido] do guindaste foi retirado pelos alemães fabricantes do veículo [Liebherr] e entregue para a perícia do IC [Instituto de Criminalística]”, disse o delegado Luiz Antonio da Cruz. No equipamento constam informações das operações realizadas pelo guindaste.
Além da Polícia Civil, peritos do IC da Polícia Técnico-Científica apuram o caso para descobrir, entre três hipóteses prováveis, se o que o ocorreu foi causado por falha humana (do operador do guindaste), mecânica (devido algum problema da máquina) ou do terreno (pela inconformidade do solo, que teria tombado o aparelho). A perícia irá analisar os dados do guindaste modelo LR 11350, chamados pelos policiais de “caixa-preta”, para saber o que ocorreu na tarde da última quarta-feira (27). Também será periciado o vídeo que gravou o momento da queda da máquina.
Além da Polícia Civil, peritos do IC da Polícia Técnico-Científica apuram o caso para descobrir, entre três hipóteses prováveis, se o que o ocorreu foi causado por falha humana (do operador do guindaste), mecânica (devido algum problema da máquina) ou do terreno (pela inconformidade do solo, que teria tombado o aparelho). A perícia irá analisar os dados do guindaste modelo LR 11350, chamados pelos policiais de “caixa-preta”, para saber o que ocorreu na tarde da última quarta-feira (27). Também será periciado o vídeo que gravou o momento da queda da máquina.
De acordo com investigadores ouvidos pela equipe de reportagem, peritos deverão fazer uma cópia do disco computadorizado do guindaste para entrega-la aos representantes alemães da fabricante da máquina. Um aparelho na Alemanha poderia decodificar os dados armazenados.
O guindaste foi fabricado pela Liebherr Brasil, empresa de origem alemã. Apesar disso, a máquina pertence a Locar Transportes Técnicos e Guindastes Ltda, que disponibilizou o aparelho e o operador. As duas empresas não foram localizadas pelo G1 nesta terça para comentarem o assunto.
O guindaste foi fabricado pela Liebherr Brasil, empresa de origem alemã. Apesar disso, a máquina pertence a Locar Transportes Técnicos e Guindastes Ltda, que disponibilizou o aparelho e o operador. As duas empresas não foram localizadas pelo G1 nesta terça para comentarem o assunto.
Obras retomadas
As obras no estádio do Corinthians foram retomadas na segunda-feira depois de um luto de cinco dias que interrompeu os trabalhos. Funcionários fizeram uma homenagem aos companheiros mortos: eles rezaram antes de iniciar os trabalhos. O ex-presidente alvinegro Andrés Sanchez e um padre participaram do ato.
Apesar disso, 5% da construção que foi atingida pela estrutura e pelo guindaste continuam interditados pela Defesa Civil. Peritos do IC trabalham em buscas de indícios do acidente no local. Além disso, na quinta-feira (28) técnicos do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) vetaram o uso das nove gruas e guindastes em uso pelos funcionários. Os procuradores querem que a construtora Odebrecht mostre que não há riscos para os trabalhadores de um novo acidente.
Diante disso, a Odebrecht informou que desde então estão sendo realizados trabalhos de revestimentos de paredes, pintura e instalações elétricas e hidráulicas. Cerca de 26 mil cadeiras já foram instaladas nas arquibancadas e o trabalho continua.
A empresa diz que, nos três níveis de subsolo do prédio, os trabalhos já estão praticamente concluídos. As atividades também prosseguem no gramado com manutenção, fixação de fibras sintéticas e instalação dos sistemas de resfriamento da grama.
A empresa diz que, nos três níveis de subsolo do prédio, os trabalhos já estão praticamente concluídos. As atividades também prosseguem no gramado com manutenção, fixação de fibras sintéticas e instalação dos sistemas de resfriamento da grama.
O Ministério Público Estadual (MPE) também apura as causas dos acidente na esfera cível. A Promotoria de Habitação e Urbanismo analisa a possibilidade de embargar a obra.
Especulações
A retomada da obra no estádio do Corinthians foi cercada por uma nova rodada de especulações sobre as causas do acidente e sobre o impacto do problema no cronograma de entrega do estádio.
A retomada da obra no estádio do Corinthians foi cercada por uma nova rodada de especulações sobre as causas do acidente e sobre o impacto do problema no cronograma de entrega do estádio.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon) e deputado estadual, Antonio de Sousa Ramalho, voltou a Itaquera e reafirmou que mantém a versão de que um funcionário teria relatado problema no guindaste.
Na semana passada, a Odebrechet negou a versão do Sintracon e afirmou que o sindicato de Ramalho não representa os trabalhadores. O sindicalista, apesar de não saber informar quem é o representante do Sintracon na obra, disse que 11 entidades representam categorias diversas na obra e que sua entidade é uma delas.
Também nesta manhã, o presidente da Associação Brasileira de Engenheria e Consultoria Estrutural (ABECE), Jeferson Dias de Souza, acompanhou a retomada dos trabalhos e disse que o cronograma deve ser alterado. Entretanto, ele não soube informar de quanto tempo será o atraso. De acordo Souza, a ABECE acompanha as investigações de forma informal.
Tanto Odebrecht quanto Corinthians não divulgaram uma estimativa oficial do impacto do acidente no cronograma da obra e da entrega do estádio.
FONTE: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário