Brasília, 13 de novembro de 2013 – Um estudo brasileiro feito recentemente comprovou que o hábito comum de cortar comprimidos ao meio traz riscos à saúde. Os pesquisadores descobriram que os medicamentos partidos podem até provocar intoxicação. “Este estudo demonstrou na prática que pode ocorrer uma variação de dosagem em cada metade do comprimido de até 15,0%. Com uma variabilidade desta proporção, um paciente pode receber uma dose insuficiente para atingir o objetivo terapêutico e outro pode receber dose excessiva. Curiosamente o estudo foi realizado com comprimidos sulcados, que, aparentemente, poderiam ser divididos”, conta Leandra Sá, farmacêutica da Farmacotécnica.
Relatos da pesquisa feita na Universidade Católica de Pelotas contam que os pesquisadores partiram cerca de 750 comprimidos. Em nenhum deles as duas metades tinham a mesma quantidade do princípio ativo, que é a substância que age no organismo. A especialista alerta para que se, por exemplo, o medicamento partido ao meio for para controle da pressão arterial, podemos ter dois quadros que trazem perigo ao paciente. “Ou nenhuma das partes tomadas promoverá uma redução da pressão sanguínea suficiente ou o paciente terá diferentes flutuações de pressão arterial de acordo com a parte que ele estiver tomando”.
A especialista afirma que uma vez realizada a divisão deste comprimido, além da imprecisão na dose administrada, também poderá provocar uma diferença no tempo de absorção desta medicação. “Se um medicamento foi desenvolvido para ter uma liberação lenta, ou por se desejar que esta seja para manter um efeito por mais tempo ou para diminuir seus efeitos adversos, ao realizar a divisão irá se perder esse tipo de liberação e a tendência é que se tenha uma liberação imediata, podendo provocar uma intoxicação, exacerbação de efeitos adversos ou ainda uma diminuição no efeito pretendido”, explica.
Os medicamentos manipulados, por sua vez, se apresentam como as melhores soluções para resolver a questão da dose adequada. “Dentro das possibilidades que temos hoje no mercado, os manipulados seria a forma de garantir uma uniformidade de dose a cada tomada, pois na manipulação é possível preparar o medicamento na dose exata desejada ao tratamento, evitando estes malabarismos de dividir comprimidos”, elucida Leandra.
A farmacêutica da Farmacotécnica reforça que ao preparar um medicamento individualizado na forma de cápsulas, são trabalhados com matérias-primas que tiveram suas especificações bem definidas e que foram analisadas pelo Controle de Qualidade. “Além disso, a escolha dos excipientes (parte inerte de um medicamento) é realizada de acordo com rigorosos critérios estabelecidos na literatura”, garante.
Ademais, a farmacêutica conta que para a pesagem dos sais que compõem um medicamento são utilizadas balanças com capacidade adequada às doses solicitadas e estas balanças são verificadas periodicamente com pesos padrão rastreáveis junto à Rede Brasileira de Laboratórios. “Depois de preparadas, as cápsulas passam pela avaliação do seu peso médio de modo a garantir a precisão da dosagem de cada cápsulas preparada”, acrescenta.
“Quando manipulamos os medicamentos, o foco é oferecer uma opção terapêutica que, por algum motivo não está disponível nas drogarias. Isso traz mais conforto e comodidade aos pacientes e, algumas vezes, mais economia”, garante.

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