Governo
Mudança de tom sobre espionagem
Após protestar na ONU contra a ação dos norte-americanos, Dilma considera legítimo o monitoramento da Abin de diplomatas.
Dilma: governo realizou "ações de contrainteligência" |
No discurso de abertura do debate geral da 68ª Assembleia Geral da ONU, a presidente Dilma Rousseff reclamou, em setembro, sobre a atividade de espionagem coordenada pelos Estados Unidos com o monitoramento de dados de várias nações, inclusive o Brasil. Em recentes declarações, autoridades do governo federal mantiveram um discurso crítico à violação da privacidade. Ontem, o tom mudou. Diante de revelações de espionagem praticada pela Abin, Dilma afirmou que o governo brasileiro realizou apenas “ações de contrainteligência” com o controle clandestino de diplomatas da França, do Iraque e da Rússia, em 2003 e 2004.
A presidente afirmou que não se “pode comparar o que a Abin fez” com a ação de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), em entrevista ao grupo RBS. Há dois meses, no entanto, Dilma acusou de “grave” a revelação de que os EUA monitoraram dados do governo federal, da Petrobras e de representações diplomáticas. “No Brasil, a situação (de espionagem dos EUA) foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objetos de interceptação. Informações empresariais — muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico — estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República, tiveram suas comunicações interceptadas”, disse ela em 24 de setembro, no evento da ONU em Nova York. ...
De acordo com reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, o governo brasileiro controlou clandestinamente as atividades de diplomatas em embaixadas e residências. Segundo relatório elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em viagens. O mesmo ocorreu com funcionários da Embaixada do Irã, vigiados para que a Abin identificasse seus contatos no Brasil. Os agentes seguiram diplomatas iranianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar as atividades deles na embaixada e nas residências, conforme o documento.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também defendeu que a atividade da Abin foi realizada em defesa da soberania nacional. “Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil você deixa de espionar? Não, você faz a contraespionagem.” A presidente voltou a defender a mesma tese de que “inteligência e defesa dos governos” são uma questão velha e que a ação brasileira “não levou a nenhuma consequência de violar a privacidade”. “E acho que não pode comparar o que a Abin fez em 2003, 2004, até porque tem um lado dessa ação que segundo eles é contrainteligência (...) Isso é previsto na legislação brasileira. Até porque se cometesse ilegalidade, teríamos que afastar as pessoas envolvidas. No outro caso é um aparato de violação praticamente, tanto da privacidade, quanto dos direitos humanos, quanto da soberania dos países.”
Visita cancelada
Nos últimos meses, o vazamento de documentos obtidos pelo analista americano Edward Snowden revelou detalhes sobre a prática de espionagem dos EUA em vários países, inclusive no Brasil. Diante da descoberta de que até as comunicações com assessores foram monitoradas, Dilma cancelou uma visita aos EUA e classificou as atividades americanas como uma violação à soberania do país. A presidente comentou ontem sobre o episódio e justificou que, se a viagem fosse mantida, poderia ocorrer “constrangimento” durante o encontro e classificou a situação como “inadmissível”. Ela disse também que esperava receber um pedido de desculpas do presidente Barack Obama, o que não ocorreu. Dilma alegou que “ninguém sabe o que tem Snowden nem os Estados Unidos sabem” e, por isso, decidiu cancelar a viagem aos EUA.
As operações descritas no relatório da Abin têm características modestas e, nem de longe, podem ser comparadas com a sofisticação da estrutura montada pela Agência de Segurança Nacional americana, a NSA, para monitorar comunicações na internet. Ainda assim, o documento mostra que, apesar do que a retórica da presidente poderia sugerir, o governo brasileiro também não hesita em mobilizar seu braço de espionagem contra outros países quando identifica ameaças aos interesses brasileiros.
Nada de fugas para namorar
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que as “fugas” do Palácio da Alvorada não são para namorar. “Seria muito bom que eu tivesse fugindo para isso. Seria um momento de grande relaxamento, mas não é para isso, não. Eu tô fugindo para coisa muito pequenininha ainda. A fuga da moto foi uma delas”, respondeu. Dilma lembrou o episódio em que saiu na garupa de uma motocicleta pelas ruas de Brasília. Ela afirmou que a atividade dá uma “grande sensação de liberdade” e que tiraria licença para pilotar se tivesse mais tempo. Também disse que, em recente visita a Belo Horizonte, conseguiu convencer o chefe da segurança a permitir uma caminhada pela cidade, que acabou interrompida quando jornalistas a descobriram. “Uma pessoa que foge não conta que foge”, justificou.
A presidente afirmou que não se “pode comparar o que a Abin fez” com a ação de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), em entrevista ao grupo RBS. Há dois meses, no entanto, Dilma acusou de “grave” a revelação de que os EUA monitoraram dados do governo federal, da Petrobras e de representações diplomáticas. “No Brasil, a situação (de espionagem dos EUA) foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objetos de interceptação. Informações empresariais — muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico — estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República, tiveram suas comunicações interceptadas”, disse ela em 24 de setembro, no evento da ONU em Nova York. ...
De acordo com reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, o governo brasileiro controlou clandestinamente as atividades de diplomatas em embaixadas e residências. Segundo relatório elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em viagens. O mesmo ocorreu com funcionários da Embaixada do Irã, vigiados para que a Abin identificasse seus contatos no Brasil. Os agentes seguiram diplomatas iranianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar as atividades deles na embaixada e nas residências, conforme o documento.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também defendeu que a atividade da Abin foi realizada em defesa da soberania nacional. “Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil você deixa de espionar? Não, você faz a contraespionagem.” A presidente voltou a defender a mesma tese de que “inteligência e defesa dos governos” são uma questão velha e que a ação brasileira “não levou a nenhuma consequência de violar a privacidade”. “E acho que não pode comparar o que a Abin fez em 2003, 2004, até porque tem um lado dessa ação que segundo eles é contrainteligência (...) Isso é previsto na legislação brasileira. Até porque se cometesse ilegalidade, teríamos que afastar as pessoas envolvidas. No outro caso é um aparato de violação praticamente, tanto da privacidade, quanto dos direitos humanos, quanto da soberania dos países.”
Visita cancelada
Nos últimos meses, o vazamento de documentos obtidos pelo analista americano Edward Snowden revelou detalhes sobre a prática de espionagem dos EUA em vários países, inclusive no Brasil. Diante da descoberta de que até as comunicações com assessores foram monitoradas, Dilma cancelou uma visita aos EUA e classificou as atividades americanas como uma violação à soberania do país. A presidente comentou ontem sobre o episódio e justificou que, se a viagem fosse mantida, poderia ocorrer “constrangimento” durante o encontro e classificou a situação como “inadmissível”. Ela disse também que esperava receber um pedido de desculpas do presidente Barack Obama, o que não ocorreu. Dilma alegou que “ninguém sabe o que tem Snowden nem os Estados Unidos sabem” e, por isso, decidiu cancelar a viagem aos EUA.
As operações descritas no relatório da Abin têm características modestas e, nem de longe, podem ser comparadas com a sofisticação da estrutura montada pela Agência de Segurança Nacional americana, a NSA, para monitorar comunicações na internet. Ainda assim, o documento mostra que, apesar do que a retórica da presidente poderia sugerir, o governo brasileiro também não hesita em mobilizar seu braço de espionagem contra outros países quando identifica ameaças aos interesses brasileiros.
Nada de fugas para namorar
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que as “fugas” do Palácio da Alvorada não são para namorar. “Seria muito bom que eu tivesse fugindo para isso. Seria um momento de grande relaxamento, mas não é para isso, não. Eu tô fugindo para coisa muito pequenininha ainda. A fuga da moto foi uma delas”, respondeu. Dilma lembrou o episódio em que saiu na garupa de uma motocicleta pelas ruas de Brasília. Ela afirmou que a atividade dá uma “grande sensação de liberdade” e que tiraria licença para pilotar se tivesse mais tempo. Também disse que, em recente visita a Belo Horizonte, conseguiu convencer o chefe da segurança a permitir uma caminhada pela cidade, que acabou interrompida quando jornalistas a descobriram. “Uma pessoa que foge não conta que foge”, justificou.
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