domingo, 10 de novembro de 2013

Após desativação, área de Lixão do DF levará 30 anos para ser recuperada

Durante esse período, local não poderá receber atividades humanas, diz especialista


Área ocupada por Lixão da Estrutural pode demorar 30 anos para ser recuperada, após construção de aterro sanitário que receberá o lixo do DFPedro Ventura / GDF
Após o encerramento do Lixão da Estrutural, a área de 174 hectares que ele ocupa pode levar até 30 anos para ser recuperada, de acordo com a Semarh (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal). No entanto, para encerrar as atividades, é necessária a criação de um aterro sanitário no DF, que ainda não saiu do papel.  
O subsecretário de políticas de resíduos sólidos da Semarh, Paulo Celso dos Reis,  diz que há duas possibilidades de recuperação e aproveitamento do espaço onde funciona o lixão após a desativação.    
Uma delas, mais convencional, é parar de despejar o lixo no local e continuar a coletar gases e chorume, que é o resíduo da decomposição de lixo enterrado, até 30 anos após a desativação.  Pela legislação brasileira, após esse período, o local poderá ser utilizado somente para a construção de um parque. A lei proíbe qualquer tipo de edificação em cima do antigo lixão.  
Outro processo de recuperação possível é o de mineração, isto é, a retirada de todo o material descartado do local e reaproveitá-lo o máximo possível. Ao final, sobra cerca de 10% de rejeitos inutilizáveis que serão levados para o aterro sanitário.  
— A Secretaria de Meio ambiente defende a mineração, porque após passar por esse processo, a área pode ser utilizada para qualquer fim, inclusive para edificações.  
O professor do Núcleo de Estudos Ambientais da UnB (Universidade de Brasília), Gustavo Souto Maior, explica que durante os 30 anos de recuperação do lixão , o local não poderá receber atividades humanas, porque além do chorume há toneladas de gás metano infiltrado no solo.  
— Recentemente, em uma escola que foi construída pelo GDF (Governo do Distrito Federal) em cima de uma área que já foi do lixão, na Estrutural, as crianças começaram a sentir cheiro forte de gás e passaram mal. Então não pode ter ocupação humana em cima de uma área dessa.   
De acordo com o professor, outra questão importante após a desativação do lixão é garantir emprego para as pessoas que sobrevivem do lixo no local.  
— Quando o lixão for encerrado, surgirá um grande problema social, já que mais de 1,5 mil catadores que sobrevivem de catar o lixo reciclável. Esse pessoal vai fazer o que da vida?  
O subsecretário da Semarh diz que no aterro sanitário, que o GDF pretende construir em Samambaia (DF), não será permitida a entrada de catadores. Segundo ele, o governo planeja fazer a coleta seletiva do lixo e construir centros de triagem do material reciclável que empreguem os catadores.  
— Há um comitê intersetorial de inclusão socioprodutiva dos catadores para evitar que haja prejuízo a eles. Nossa expectativa é de que até o meio do ano que vem, pelo menos oito de 12 centros de triagem sejam construídos.  
O líder da Coorace (Cooperativa de Reciclagem Ambiental da Cidade Estrutural), Joel Carneiro, vê com certa desconfiança algumas promessas do governo, mas está otimista em relação aos centros triagem que, segundo ele, são reivindicação antiga dos catadores.   
— É comum que eles nos enrolem, fazendo promessas de campanha política, mas acho que os catadores serão empregados, sim.   
Carneiro, que trabalha no local há 20 anos, diz que as condições de trabalho dos catadores no lixão são péssimas, já que passam grande parte do tempo exposto ao sol, chuva e lama.  
— Às vezes as pessoas passam mal, tem problemas nos olhos, na coluna, de respiração. Ainda não sabemos os efeitos que teremos a longo prazo por trabalhar desse jeito.
FONTE: R7 DF

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