Jornal Central Brasil DF

No Lugar Errado

Servidor do GDF participa de manifestação no Rio de Janeiro contra o leilão do pré-sal

Dezenas de manifestantes entraram em confronto com as Forças Armadas, a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Militar durante o leilão do pré-sal sob o regime de partilha, em que parte do petróleo extraído fica com a União, e teve como vencedor o consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC, realizado nesta segunda-feira (21), em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Mas a imagem de um dos supostos arruaceiros ou de um homem que estava “na hora errada, no lugar errado” chamou a atenção.

Ele é Marcelo Alves Eneas Dantas (foto ao lado), 40 anos, conhecido como Marcelo Tigre, funcionário do Governo do Distrito Federal (GDF), lotado na Administração Regional do Jardim Botânico com CNE-7. Mas não é o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, mas em Brasília. O servidor estava participando do protesto na Barra da Tijuca? Como assim? Esta de férias, de licença ou simplesmente faltou ao trabalho e viajou ao Rio de Janeiro para se juntar aos baderneiros? ...

A imagem de Marcelo ferido, mostrada pelo Jornal Hoje da TV Globo, foi o assunto comentado o restante do dia na Administração do Jardim Botânico, na Câmara Legislativa e entre jornalistas que o conhecem. Afinal, ele foi candidato a deputado distrital pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), na última eleição, mas não conseguiu se eleger. Além disso, como o próprio apelido diz “Marcelo Tigre” é conhecido no meio de lutadores de artes marciais por suposto envolvimento em brigas de rua.

Antes da viagem Marcelo Tigre postou mensagem em sua página no facebook dizendo que “estava descendo para o Rio de Janeiro, com a equipe Campanella para salvar o Brasil”. Pela frase suspeita-se que outros servidores do GDF também estariam na Cidade Maravilhosa, no horário de trabalho, destruindo o patrimônio público e recebendo salário do Estado.

 

Marcelo Alves Eneas Dantas, 40 anos, conhecido como Marcelo Tigre, ferido na manifestação no Rio de Janeiro contra o leilão do pré-sal

No início deste mês, Marcelo Tigre filiou-se ao Partido Pátria Livre (PPL), presidido por Marco Antônio Campanella, diretor-geral do (DFTrans), investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pelo Tribunal de Contas após denúncia de uso da máquina pública para aparelhamento partidário, em que supostamente um terço dos 261 comissionados nomeados pela pasta estaria também supostamente filiado ao partido. A denúncia foi revelada no cruzamento de dados da Associação de Auditores Fiscal de Transporte (Assefit).

Ainda de acordo com a Assefit, as datas entre a nomeação dos servidores e a filiação ao PPL chamam a atenção. Em pelo menos 90 casos de filiados, a diferença entre as datas são de poucos dias. Além disso, a maioria dos nomeados veio do Sistema de Bilhetagem Fácil. Os servidores são operadores de bilhetagem terceirizados, responsáveis por inserir créditos nos cartões dos usuários. Os auditores acusam Campanella de usar o DFTrans para fortalecer o partido. A denúncia é assinada por Luciane Mesquita, presidente da Assefit. Ela cobra o indiciamento do diretor-geral da pasta no crime de improbidade administrativa.

Um fato degradante do servidor do GDF no confronto com as Forças Armadas e as polícias é que as imagens foram divulgadas em dezenas de países para denegrir o Brasil. A presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV comemorando a importância do leilão, em que a União vai receber R$ 15 bilhões. A presidente garantiu que há “equilíbrio justo” entre os interesses do Estado e das empresas que vão explorar e produzir o petróleo. “Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização”, afirmou.

No entanto, a presidente se esqueceu de dizer que teve de lançar as Forças Armadas nas principais ruas da Barra da Tijuca para dar segurança à organização do pregão. Também fica o questionamento. Se o governo federal é do Partido dos Trabalhadores (PT) e Marcelo Tigre trabalha no governo Agnelo Queiroz (PT), por que estava protestando durante o horário de trabalho contra uma decisão da presidente Dilma Rousseff?

Fonte: BLOG DO SOMBRA