terça-feira, 29 de outubro de 2013

Fora da Ordem

Entidades criticam agressões a jornalistas


Líderes partidários também condenam depredações feitas por black blocs durante manifestações.


De 11 de junho até ontem, 102 jornalistas foram agredidos em protestos no Brasil, de acordo com novo levantamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Desse total, 77 foram vítimas da polícia, e 25, de manifestantes. ...

No estado de São Paulo foi contabilizado o maior número de agressões: 39 casos de violência contra profissionais da imprensa. No Rio de Janeiro, foram 23, oito a mais do que em Brasília.

— Nos últimos três anos, observamos um aumento nos casos de agressão contra jornalistas — disse Guilherme Alpendre, diretor executivo da Abraji, informando que, em média, entre cinco e oito jornalistas são assassinados anualmente no Brasil no exercício da profissão.

Neste ano, o crescimento da violência teve uma proporção inédita, segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP), Guto Camargo.

— Desde a ditadura não acontecem tantos atos de violência. E a pesquisa mostra que, em quase 80% dos casos, a agressão parte da PM. Portanto, trata-se de um problema político. Em última instância, o estado é responsável por essa agressão.

A situação tem repercussão internacional, completa o dirigente sindical. Para ele, é fundamental divulgar qualquer ato de agressão, porque o silêncio retroalimenta a violência.

— A denúncia é necessária para terminar a escalada de violência. A sociedade precisa se mobilizar para superar esse estado de coisas no qual o jornalista não se sente seguro no exercício da profissão — declarou Camargo, ponderando que agressões contra jornalistas ferem a liberdade de expressão e atentam contra a democracia.

"Nós temos sido vítimas e alvos"

Uma das vítimas mais graves das recentes agressões sofridas por jornalistas é o fotógrafo freelancer Sérgio Silva. Numa manifestação na noite de 13 de junho, ele foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha e, como resultado, ficou cego daquele olho. Para ele, há abuso de autoridade.

— Não vimos posição da Secretaria de Segurança Pública. Nós, profissionais de imprensa, temos sido vítimas e alvos.

Ontem entidades da categoria organizaram um ato na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo, em repúdio à violência contra jornalistas.

Líderes partidários do Congresso condenaram a ação de grupos que têm agido com violência e depredado bens públicos e privados nas manifestações de rua, entre eles, os chamados black blocs. Para os líderes políticos ouvidas pelo GLOBO, é preciso endurecer, identificando e punindo severamente os que estão agindo com violência e desvirtuando manifestações pacíficas. Para eles, os atos de vandalismo estão, inclusive, inibindo a participação dos que querem protestar de forma pacífica.

Para o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), o Congresso pode endurecer mais as leis, e os estados, que têm a responsabilidade constitucional pela segurança pública, devem dialogar com a União para tentar encontrar uma solução para o problema. Guimarães disse que a polícia também tem que ser orientada para agir, porque muitas vezes ou assiste ao problema ou parte para agredir manifestantes que reivindicam legitimamente. No caso dos black blocs, Guimarães defendeu rigor na punição.

— O Estado democrático de Direito pressupõe respeito e ordem, ação de diálogo, mas, em determinado momento, até de força, para garantir a ordem. Tem os que vão se manifestar legitimamente, mas aí aparecem os outros com outras intenções. A polícia precisa estar preparada para isso. É chocante ver as cenas de badema. Está se constituindo um amplo sentimento da população contra isso, o quebra-quebra. É preciso fazer um pacto a partir da iniciativa dos estados. A União pode ajudar com a Força de Segurança Nacional.

Senador vê "ovo da serpente do Fascismo"

Para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a população vem sofrendo tanto com as depredações de patrimônio quanto com o deslocamento de policiais de algumas áreas para as manifestações:

— A atuação dos black blocs já ofuscou as manifestações, o que prevalece é a violência, e isso tem que ser combatido com rigor. Está mascarado, prende, identifica. É difícil para a polícia aguentar a provocação deles. Com black blocs, não tem diálogo, tem rigor.

O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), ressalta que a violência está inibindo a participação da sociedade:

— Esse pessoal passou de todos os limites. Isso não é manifestação, é bandalheira e está inibindo a participação da sociedade. De forma oportunista, sempre ao final de manifestações legítimas, aparecem os vândalos. Os estados têm que cumprir a lei, e está mais do que na hora de a polícia surpreender, agir com inteligência. Muitas vezes, temos a impressão de que a polícia está assistindo. A rua é do povo e não de criminosos e vândalos. No caso do coronel de São Paulo, é preciso identificar os responsáveis, faltou pouco para matar.

Líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) lembrou que, no início, muitos até defenderam esse tipo de atitude, mas, segundo ele, a ficha caiu, e hoje a maioria defende punição rigorosa para os envolvidos:

— Vejo o ovo da serpente do fascismo. Não tem diálogo, não tem conversa: é identificar, processar e punir severamente. Houve, durante certo tempo, uma glamourização dessa pessoa, inclusive por parte da mídia, mas agora só alguns intelectuais ainda flertam com esse tipo de barbárie. Tem que ter resposta à altura, desmantelar os grupos. Cabe à polícia fazer, já há legislação para isso. Não é cercear as manifestações. Depredação, agressão às pessoas não se confundem com manifestação. Estamos vendo que o Movimento Passe Livre tem íntima ligação com grupos violentos.

Fonte: BLOG DO SOMBRA

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