Editorial do 'NYT' destaca obstáculos de Dilma para Brasil voltar a crescer

Editorial publicado pelo New York Times nesta quarta-feira, 9, destaca os atuais desafios a serem enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para retomar o caminho do ritmo acelerado de crescimento econômico.
"Após uma década de rápido crescimento e aumento da renda, o Brasil atingiu uma fase difícil, que testa a capacidade de seu governo administrar a economia e satisfazer as crescentes aspirações de seu povo. A presidente Dilma Rousseff, que enfrenta eleições no próximo ano, precisa ir adiante com as reformas políticas e com projetos de investimento público para retomar o crescimento e manter a inflação sob controle", diz a abertura do artigo, sob o título Próximas etapas do Brasil.
O baixo investimento privado em é um dos obstáculos a serem ultrapassados pelo governo, opina o NYT. O crescimento de 0,9% em 2012 resultaria, portanto, do fraco ímpeto do empresariado - a ausência do tal "espírito animal" tão falado pela presidente Dilma. Para este ano e 2014, o FMI projeta crescimento de 2,5% para o País.
Os protestos de junho são lembrados pelo jornal como reflexo dos gargalos a serem resolvidos. Embora tenham tido início por causa do aumento das tarifas - "não é só pelos R$ 0,2o", tanto se ouviu à época -, aumento do custo de vida; infraestrutura deficiente; corrupção política; e os gastos com a Copa, lembra o jornal, tomaram lugar da primeira reclamação.
"Em resposta aos protestos, Dilma disse que iria pressionar por reformas políticas e investimentos em infraestrutura, mas seu governo ainda não cumpriu essas promessas", opina o NYT.
Mas não há apenas críticas. A publicação reconhece os avanços feitos seja pelo ex-presidente Lula ou por Dilma em questões sociais.
"Programas como o Bolsa Família, que fornece dinheiro para as famílias para cuidar de seus filhos e levá-los para a escola, têm reforçado a renda dos pobres e melhorado a saúde pública. Cerca de 8% dos brasileiros viviam com menos de US$ 2 por dia no ano passado, abaixo dos 20% de 10 anos antes. E a mortalidade infantil caiu em quase 50%", é destacado no texto.
Ainda há diferenças sociais gritantes, no entanto. Como diz o NYT, a renda dos mais pobres tem crescido, sim. Mas o alto nível da inflação de preços corrói fortemente essa conquista.
Medida em 12 meses, a alta de preços está na casa dos 5,86%, divulgou o IBGE nesta quarta. O índice segue bem acima da atual meta do Banco Central do Brasil, de 4,5% ao ano.
Mais uma vez o NYT criticou a falta de investimento no País, mas, no caso da inflação, citou o baixo investimento público.
"Um grande motivo para a alta dos preços é que o governo não construiu estradas suficientes, ferrovias, portos e outras obras de infraestrutura para acompanhar o crescimento da economia. O Brasil também impõe altas taxas de importação e impostos, que inflacionam o preço de muitos bens e serviços", escreveu o jornal, que também apontou o dedo para a carga tributária nacional.
O sistema educacional é outro fator na mira do NYT, por diminuir a capacidade produtiva em vários setores. O programa Mais Médicos também não escapou da análise:
"Isso (importar profissionais de saúde) pode ser uma solução temporária, tudo bem. Mas o governo precisa construir mais universidades e melhorar o ensino nas escolas primárias e secundárias para certificar-se de que mais alunos poderão cursar o ensino superior."
O NYT encerra seu editorial reconhecendo as rápidas conquistas obtidas em curto espaço de tempo pelo governo. Mas pondera que, agora, o eleitor quer mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário