terça-feira, 8 de outubro de 2013

Com suspeita de morte por gás, dono de imóvel onde morreu família em Ferraz será ouvido mais uma vez

Delegado responsável pelo caso aguarda chegada da documentação para encerrar o inquérito


Antônio Aparecido das Neves Júnior, dono do apartamento em que uma família inteira morreu de maneira suspeita no mês passado, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, deverá ser chamado para depor mais uma vez. A informação é do delegado Itagiba Vieira Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pelas investigações.
A possibilidade foi reforçada pela divulgação de que o IC (Instituto de Criminalística) constatou, em seu laudo, que havia uma concentração de monóxido de carbono acima do normal nos corpos das cinco vítimas – a enfermeira Dina Vieira da Silva, de 42 anos, e os filhos dela: Karina Rosa da Silva Lopes, de 16 anos, Carlos Daniel da Silva Lopes, de 12 anos, e Caroline Laura da Silva Lopes, de 11, e Vitoria Cristina Vieira da Silva, de 7.
Em entrevista ao R7 na manhã desta terça-feira (8), Itagiba Vieira Franco disse que ainda aguarda a chegada do laudo do IC para ser analisado pelos investigadores. Entretanto, ficando comprovado por parte da polícia de que foi mesmo um vazamento de gás que matou as cinco pessoas no dia 17 de setembro, pouco restará a ser feito. Outros laudos periciais devem ajudar os policiais na definição das responsabilidades.
— Provavelmente vamos ouvir novamente o dono do apartamento, tão logo seja feita a análise dos laudos.
A suspeita sobre o vazamento de gás ter sido a causa das mortes ficou mais clara no dia 24 de setembro, uma semana após a tragédia, quando laudos do IC descartaram que a família pudesse ter sido envenenada. Tal possibilidade foi a que fez o DHPP pedir na ocasião a prisão do boliviano Alex Quiñones Pedraza, de 33 anos, namorado de Dina.
Ele já havia sido acusado de supostas agressões contra a enfermeira, com quem tinha uma filha. Contudo, com a tese de envenenamento descartada, ele foi libertado e, a princípio, descartou processar o Estado, segundo informou ao R7o seu advogado, Marcos Wilson Ferreira.
A suspeita sobre o vazamento de gás cresceu com uma nova perícia no imóvel, que constatou existir o problema, e a informação de que um ex-morador do local, Lucas Nascimento, de 23 anos, foi encontrado morto no apartamento no dia 3 de junho, e a causa da morte foi tida como indefinida.
Em depoimento no fim do mês passado, o dono do apartamento disse à polícia que o aquecedor comprado por ele para o imóvel era de um modelo errado. O aparelho que está no imóvel é para gás de tubulação de rua, uma vez que existe um cano dentro do local, porém o correto seria um equipamento de gás GLP, abastecido por botijão do condomínio, de acordo com a investigação policial.
Apesar dos indícios, o delegado do DHPP disse que é prematuro falar no indiciamento de Antônio Aparecido das Neves Júnior, já que outras diligências e depoimentos podem ser necessários.
— Vamos aguardar. Se os laudos apontarem as mortes por inalação de gás, vamos avaliar os próximos passos antes da conclusão do inquérito.
O caso
Os corpos das cinco pessoas foram encontrados na madrugada do dia 17 de setembro, dentro do apartamento alugado pela família, em Ferraz de Vasconcelos. O namorado dela, Alex Quiñones Pedraza, foi quem encontrou a família morta e chamou a polícia.
Em depoimento, ele afirmou que, depois de passar o fim de semana com a namorada e os filhos dela em Ferraz de Vasconcelos e ir para São Paulo, ele não conseguiu mais contato com a companheira. Ele então resolveu voltar ao prédio. O apartamento, que fica no térreo, estava trancado.
Pela janela, o boliviano viu os corpos de duas crianças. Ele chamou o síndico e a porta foi arrombada. Vitória Cristina Vieira da Silva, de sete anos, estava no chão da sala. Caroline Laura da Silva Lopes, de 11 anos, estava no sofá. Carlos Daniel da Silva Lopes, de 12, estava na cama e Dina Vieira da Silva, de 42 anos, estava deitada em outra. A filha mais velha, Karina Rosa da Silva Lopes, de 16, foi encontrada no box do banheiro. Os corpos não tinham sinais de violência.
A perícia recolheu restos de um bolo, de uma sopa e de um suco, além de outros alimentos. A suspeita era que a família tivesse sido envenenada, o que poderia ter sido feito por uma das próprias vítimas ou por outra pessoa.
A mãe e os filhos tinham se mudado para o condomínio havia poucos dias e não tinha conhecimento de outras mortes no imóvel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário