sábado, 27 de março de 2021

Live do TSE discute preconceito de gênero e avanços femininos

 


No evento que encerrou a série “Mulheres Debatem”, ministro Barroso, Jaqueline de Jesus, Djamila Ribeiro e Petria Chaves ressaltaram a necessidade de maior reflexão social sobre o tema

Mulheres Debatem: Gênero - com Djamila Ribeiro e Jaqueline de Jesus - 26.03.2021

Ao abrir a quarta e última live da série “Mulheres Debatem”, nesta sexta-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, destacou as conquistas sociais das mulheres nas últimas décadas, a importância da discussão sobre gênero bem como o combate à violência sexual e doméstica e à cultura machista que ainda prevalece na América Latina.

Barroso afirmou que a Justiça Eleitoral continuará lutando para ampliar a inclusão feminina na vida pública e que combaterá, com veemência, a violência de gênero na política. O ministro ressaltou as inúmeras denúncias recebidas pelo TSE de mulheres que foram agredidas física, moral e psicologicamente durante o processo eleitoral. “Uma atitude lamentável que precisamos enfrentar no mundo das ideias, reagindo e tentando criar uma cultura igualitária e de respeito mútuo”, disse o ministro.

Segundo o presidente do TSE, é preciso aumentar a participação feminina na esfera política em nome da igualdade de gênero e do interesse da sociedade. “É esse equilíbrio, com características e virtudes masculinas e femininas, que faz o mundo ter a sua melhor versão”, acrescentou Barroso.

live final da série teve como tema “Gênero” e reuniu a filósofa Djamila Ribeiro, a professora Jaqueline de Jesus e a jornalista Petria Chaves, que mediou o debate. A série fez parte das ações promovidas pelo TSE em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

A jornalista Petria Chaves iniciou a discussão, destacando os desafios da mulher no mundo moderno. Segundo ela, é preciso combater a realidade do feminicídio e do racismo, entre outras, e mudar esse chamado “normal” em algo transformador e muito mais humano.

Opressão

Djamila Ribeiro ressaltou que a questão de gênero passa pela reflexão de temas sociais como raça, classe e sexualidade. “Precisamos pensar um projeto de sociedade que combata essas opressões estruturais”, afirmou a filósofa, salientando o papel da educação e do empoderamento das mulheres negras nesse processo.

Ela lembrou que não só as mulheres negras como também os homens negros são discriminados na sociedade brasileira. “Quando falamos que os homens são maioria no poder, precisamos marcar que essa maioria é constituída de homens brancos, heterossexuais e ricos. Não são os homens negros”. 

Atitude

Sobre novas mensagens e atitudes para a inclusão feminina na política, a professora Jaqueline de Jesus afirmou que não basta apenas lutar pelo voto feminino, mas também lutar pelo não voto no candidato homem, branco e rico. “Por que não pensar isso como a desnaturalização da ideia do homem branco como único representante político?”, indagou.

Jaqueline também assinalou que “pensar estratégias de visibilidade que nos traga segurança também é um grande desafio para novas conquistas”.

“Mulheres Debatem”

A série “Mulheres Debatem” discutiu em lives transmitidas todas as sextas-feiras deste mês os seguintes temas “Igualdade” (5/3), “Violência” (12/3), “Liderança” (19/3) e, por último, “Gênero” (26/3) com importantes personalidades femininas do Brasil. Os diálogos virtuais foram organizados pela Comissão TSE Mulheres com o objetivo de incentivar a participação feminina na política e na Justiça Eleitoral.

Confira o primeiro debate da série.

Confira o segundo debate da série

Confira o terceiro debate da série

MC/EM, DM

Ministro Barroso destaca que urna eletrônica é motivo de orgulho para os brasileiros

 


Evento virtual realizado pelo TRE-SP lembra os 25 anos de utilização do equipamento que aprimorou o processo eleitoral no país

Evento 25 anos da Urna Eletrônica - 26.03.2021

Durante o webinário “25 anos da Urna Eletrônica – Uma história de sucesso”, promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), nesta sexta-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso ressaltou a importância e a confiabilidade do equipamento que transformou e trouxe agilidade no processo eleitoral brasileiro.

No encontro virtual, foram apresentados painéis sobre a história da urna, o desenvolvimento do sistema de votação e questões de segurança envolvendo o equipamento. Para o presidente do TSE, a urna eletrônica veio para acabar com as adulterações eleitorais existentes desde o início do período republicano.

“Vivemos com a ditadura e o tormento das fraudes eleitorais. E a Justiça Eleitoral sempre buscou elaborar mecanismos e modelos ideais para legitimar o voto. As pessoas têm que compreender que a urna eletrônica veio para acabar com fraudes. A urna tem um sistema auditável do início ao fim. É um equipamento à prova de hackers. O processo eleitoral e a urna eletrônica são coisas que estão dando certo no nosso país, e são um motivo de orgulho para todos”, afirmou.

O evento teve o apoio da Escola Judiciária Eleitoral Paulista (Ejep) em parceria com a seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), e contou com a exposição dos ex-ministros do TSE, Carlos Velloso e Torquato Jardim, bem como do secretário de Tecnologia da Informação do TSE Giuseppe Janino, entre outras autoridades.

Importância da urna eletrônica

Durante o webinário, o desembargador do TRE-SP, Waldir Nuevo Campos, salientou a relevância do encontro virtual com vários atores do Direito e da sociedade, justificando que a urna eletrônica é um dos sustentáculos da democracia e do processo eleitoral brasileiro.

O doutor em Direito Constitucional e fundador do Instituto Liberdade Digital, Diogo Rais, que estuda o fenômeno da desinformação online e das fake news, aproveitou o diálogo para reforçar a segurança do equipamento de votação. Segundo ele, desde 2018 a Justiça Eleitoral e a urna eletrônica se tornaram alvo de pessoas que, mesmo com as várias evidências de segurança do equipamento de votação, querem impor suas opiniões sobre algo que é não é verdadeiro.

“Quanto mais garantia [de segurança na votação], como a urna eletrônica oferece, é cada vez mais difícil fraudar. Já num voto em papel, basta contar errado. As pessoas desconfiam por uma única razão: parece que algo que é tão difícil fraudar concretamente e faz surgir a fraude imaginária. Essa acaba prevalecendo e se expandindo muito mais. E toda a tecnologia envolvida na urna fica para trás e fica valendo a opinião de uma pessoa que quer manifestar sua vontade de que aquilo não fosse seguro”, destacou.

Saiba mais sobre a urna eletrônica brasileira.

Leia mais:

21.11.2020 - Urna eletrônica: segurança, integridade e transparência nas eleições

Pista para caminhar no Núcleo Rural Jardim II do Paranoá

 


Espaço destinado ao lazer dos pedestres complementa melhoria realizada no local, que recebeu, em 2020, 1,5 km de asfalto

Caminhadas seguras para os cerca de mil moradores do Núcleo Rural Jardim II, no Paranoá | Foto: Divulgação/DER-DF

A comunidade do Núcleo Rural Jardim II, na VC-461 no Paranoá, recebeu mais uma melhoria viária realizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF).

O órgão concluiu e liberou para a população, de aproximadamente mil moradores, uma pista de caminhada com extensão de 1 km. O espaço exclusivo para pedestre foi construído paralelamente à  pista de 1,5 km de asfalto, também executada pelo DER em setembro de 2020.

A obra realizada por administração direta, com maquinário e mão de obra do órgão teve início na última quinzena de janeiro e contou com a força de trabalho de 20 operários que realizaram a implantação de asfalto fresado.

“Agora vou poder fazer minhas caminhadas no local apropriado para isso, e não na pista. Antes eu caminhava na via mesmo, mas dá medo, né?Abadia Santana, dona de casa

Uma das beneficiadas com a conclusão do serviço é a dona de casa Abadia Santana, de 63 anos. Segundo ela, as caminhadas matinais serão mais constantes com a pavimentação do local, que garante mais segurança.

“Agora vou poder fazer minhas caminhadas no local apropriado para isso, e não na pista. Antes eu caminhava na via mesmo, mas dá medo, né? Agora vai ser tranquilo”, concluiu satisfeita.

Para o chefe do 4º Distrito Rodoviário, Cyrino Flavio Ferreira, a pista de caminhada vai proporcionar mais conforto e segurança para os moradores da região.

“Esta obra vai permitir que a comunidade aqui do Jardim II possa praticar atividade física e assim cuidar da saúde de forma confortável e segura”, finalizou.

“Essas obras são muito importantes para a comunidade do Jardim Rural II porque além de proporcionar conforto aos moradores locais, preserva o meio ambiente da região”Fauzi Nacfur Júnior, diretor-geral do DER

Melhorias na região

Em setembro de 2020 o DER-DF entregou à população do Núcleo Rural Jardim II a pavimentação asfáltica de 1,5 km de extensão. A obra passou pelas etapas terraplenagem, base e sub-base, pavimentação, e por fim, recebeu sinalização horizontal e vertical.

O trabalho foi realizado com o objetivo de dar mais segurança e conforto às crianças que vão à escola Núcleo Rural Jardim II e aos moradores dos arredores do colégio. Por ali os estudantes enfrentavam lama na época da chuva e muita poeira no tempo seco.

Responsabilidade ambiental

Ao longo do trajeto foram plantados 6.200 metros quadrados de grama e trezentas mudas de ipê que protegerão as margens da via de uma possível erosão e vão revestir as valas do sistema de drenagem.

“Essas obras são muito importantes para a comunidade do Jardim Rural II porque além de proporcionar conforto aos moradores locais, preserva o meio ambiente da região”, concluiu o diretor-geral do DER, Fauzi Nacfur Junior.

*Com informações do DER-DF


AGÊNCIA BRASÍLIA

Cai o estoque de leite materno no Hospital de Santa Maria

 


Por causa da pandemia, a coleta diminuiu, e a quantidade armazenada está 22% abaixo do necessário para atender os bebês

O estoque diminui ainda mais depois do processo de pasteurização do leite | Foto: Davidyson Damasceno/Iges-DF

Com os estoques do leite materno em 22% abaixo do recomendado, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), se esforça para atender a média diária de 30 bebês internados na Unidade de Neonatologia. O principal desafio tem sido conscientizar as doadoras contra o medo e a insegurança diante da segunda onda do coronavírus.

“Hoje contamos com 142 litros disponíveis, sendo que, para manter os estoques estáveis, deveríamos dispor de 180 litros”, relata a nutricionista Luhana Roque, do Banco de Leite Humano do HRSM. O cálculo é feito de acordo com a demanda média dos recém-nascidos que recebem leitos no hospital.

Toda mulher saudável e em período de amamentação é uma potencial doadora de leite materno, independentemente da idade da criança

Outro indicador de queda está no comparativo entre o primeiro trimestre de 2020 com o deste ano. Os números de janeiro a 23 de março mostram uma baixa de 8% de leite nos estoques (de 328 litros em 2020 para 304 litros em 2021). Essa quantidade diminui ainda mais após a pasteurização do leite — processo de limpeza para retirada de elementos como cabelo, detritos e odores do líquido. Dos 304 litros coletados neste ano, por exemplo, 246 litros foram realmente aproveitados para a amamentação dos bebês.

Apesar da redução nos estoques, a equipe do HRSM percebeu uma maior confiança das mães no processo de doação, já que o número de doadoras ativas se manteve estável, na faixa de 90 mulheres. Isso se deve ao processo de conscientização e prevenção contra a covid-19, acreditam os profissionais da unidade de saúde.

“Tivemos uma perda menor de mães doadoras devido ao trabalho desempenhado pelo Banco de Leite Humano do HRSM por meio de educação sobre a importância da coleta adequada, o uso de toucas e máscaras no momento da ordenha e o local apropriado para retirar e armazenar”, avalia Luhana. “Mesmo assim, é necessária a ajuda de mais pessoas para atingirmos nossa meta mensal.”

Suporte para quem precisa

Toda mulher saudável e em período de amamentação é uma potencial doadora de leite materno, independentemente da idade da criança. Quem quiser doar deve ligar para o telefone 160, opção 4, ou acessar o site Amamenta Brasília e se inscrever.

O banco de leite do hospital também oferece apoio para quem tem dificuldades para amamentar

Depois disso, as equipes do Banco de Leite Humano do Hospital de Santa Maria recebem o cadastro de moradoras da região e entram em contato para agendar a visita de funcionários do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), responsáveis pela coleta.

Um kit com máscara, gorro, panfleto e frasco com etiquetas chega à casa da doadora cadastrada. “A coleta é feita na própria residência, em recipientes de vidro com tampas de plástico de enroscar e devidamente higienizados”, informa a nutricionista Luhana Roque. A cada semana, os militares fazem uma visita para pegar o leite das doadoras e o transportam ao HRSM.

O alimento atende bebês prematuros ou de baixo peso, que não conseguem sugar o peito das mães, além daqueles recém-nascidos com imunodeficiência ou com alergia a proteínas, com enteroinfecções (um tipo de infecção intestinal) ou com deficiências nutritivas. “A quantidade de leite necessária depende do tempo de vida, levando em consideração a capacidade gástrica da criança, bem como as condições clínicas dela”, explica Luhana.

O banco de leite do hospital também oferece apoio para quem tem dificuldades para amamentar. “Esse suporte é feito pela equipe multiprofissional da Neonatologia, que ensina às puérperas técnicas para estímulo de produção, ordenha e amamentação”, esclarece a nutricionista.

Para doar leite:

• Ligar para 160, opção 4, ou se cadastrar no site Amamenta Brasília.
• Após receber as fichas cadastrais de moradoras da região, o Hospital de Santa Maria entra em contato com elas para agendar a visita dos bombeiros, que busca o material na casa de cada uma.
• Depois de cadastrada, a doadora recebe em casa um kit com máscara, gorro, panfleto e frasco com etiquetas.
• A retirada do leite é feita em data e horário agendados.

*Com informações do Iges-DF

AGÊNCIA BRASÍLIA

Repentistas transformam Ceilândia em musa apaixonada

 


Poetas da maior cidade do DF, que aniversaria neste sábado (27), celebram a veia nordestina que enriquece a cultura local

Cordelteca abriga manifestações artísticas da região | Foto: Ludmila Barbosa/Secretaria de Turismo

Ceilândia é musa inspiradora de poetas apaixonados que se debruçam sobre suas belezas e contradições para enamorá-la. A cidade de 50 anos, comemorados neste sábado (27), surge pujante diante dos versos de Chico Repentista:

Ceilândia é delta imponente
Desse Planalto Central,
Ninho de grandes artistas,
Um caldeirão cultural
Que efervesce a cultura
Do Distrito Federal.
Aos seus 50 anos
Faço com todo fervor
Minha homenagem em versos
De poeta cantador
E orgulhoso de ser
Da mesma seu morador”.

O poema ecoa como uma declaração de pertencimento à cidade. E é da Casa do Cantador, equipamento cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), que o poeta tocador de 58 anos levanta seu canto.

Natural de Alexandria (RN), Chico se mostra completamente apaixonado pela cultura praticada pelos nordestinos e difundida pela Casa do Cantador. “Considero este lugar de um acolhimento único”, diz. “Ceilândia certamente é o coração do Nordeste no Distrito Federal. Local de história, boa música, gastronomia e pessoas generosas. Viva aos seus 50 anos de pura cultura!”, diz.

Chico Repentista: “Ceilândia certamente é o coração do Nordeste no Distrito Federal” | Foto: Acervo pessoal

Ceilandestinos

Ceilândia é mote de repentes para violeiros da cidade. Gerente da Casa do Cantador, Manoel de Sousa Rodrigues, 56 anos, cordelista e radialista conhecido como Zé do Cerrado, é um desses admiradores da cultura da região. Dele são esses versos que homenageiam a data:

“Meus parabéns para Ceilândia,
lugar de cabra da peste;
Pelo jeito que ela fala,
pela roupa que ela veste;
Tinha que ter um pedaço
da história do Nordeste”

Casa do Cantador: marca inequívoca da cidade que tem alma nordestina | Foto: Júnior Aragão/Secec

Sabiá Canuto é o nome artístico do poeta e professor Alex Canuto de Melo. Com pais e avós nordestinos, ele nasceu em Ceilândia em 13 de dezembro de 1986, mesmo ano da inauguração da Casa do Cantador e Dia Nacional do Forró, além de aniversário de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Assim ele saúda a cidade:

 

“Meu nome é Ceilândia
Do rap e repente
Da rima que pulsa
Da boca da gente
Da feira lotada
Da massa fervente.

(…)

Eu sou resistência
No verso rimado
Seja no repente
No rap afiado
E o teu desaforo
Não tem meu gingado”.

As datas coincidentes formaram parte da identidade de Canuto, criando raízes profundas com o Nordeste, moldando seu jeito próprio de pensar e de se expressar no mundo. É assim que o poeta se vê como um cidadão “ceilandestino”, neologismo criado para abarcar essa identidade de quem nasce no DF e possui a ancestralidade da gente oriunda do Nordeste.

“Um ceilandestino, filho de avô sanfoneiro e de avó rezadeira, que cresceu ao som do forró, do rap e do rock brasiliense”, define-se. “Um ceilandestino que vibra com a história de resistência das origens de sua cidade. A história dos primeiros moradores pelo direito à moradia, a famosa campanha de erradicações, tudo que constitui a história dessa que é hoje a maior cidade do DF e que abriga também o maior São João do cerrado, referência para o Brasil inteiro.”

Palácio da Poesia

“A Casa do Cantador é onde pulsa o coração do nordestino no Distrito Federal”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa

Provenientes de um povo festeiro, caloroso e cheio de tradições, as cantorias realizadas nas praças e calçadas de Ceilândia chamaram a atenção do poder público para a necessidade de um espaço que abrigasse todas as manifestações artísticas existentes na região.

Os cantadores, repentistas e poetas da época, que ocupavam a famosa Caixa d’Água e a Feira Central de Ceilândia, clamavam por um lugar de cultura. Em 9 de novembro de 1986, o sonho foi realizado, com a inauguração da Casa do Cantador.

Conhecida como “Palácio da Poesia”, a Casa do Cantador foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com inspiração na canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Presente para os imigrantes nordestinos, o monumento entra para a história por ser o único projeto de Niemeyer no DF executado fora do Plano Piloto.

“A Casa do Cantador é onde pulsa o coração do nordestino no Distrito Federal”, endossa o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. “[É] um ponto de encontro cultural de todas essas manifestações populares, sobretudo aquelas de raízes nordestinas, embora esteja sempre aberta para acolher outras vertentes.”

De casa nova, a cidade enalteceu raízes, dizeres, expressões artísticas e movimentos diversos do povo nordestino. O ponto de cultura gerenciado pela Secec se tornou símbolo histórico e cultural de Ceilândia e do Brasil, com um papel significativo na difusão, acessibilidade e capacitação cultural, promovendo a democratização da arte à sua população.

A história

Uma das características marcantes de Ceilândia e de seus habitantes é a concentração de grande número de imigrantes do Nordeste. Tal situação é que transforma a cidade em um caldeirão cultural de expressões, cores, sabores, música, poesia e todos os tipos de manifestações que remetem ao modo simples de viver do homem esperançoso do sertão.

A partir da Campanha de Erradicação das Invasões (CEI), o então governador Hélio Prates usou a sigla e o sufixo “lândia”, que significa terra, para oficializar, em 1971, a nova morada para mais de 80 mil habitantes irregulares na época. As comunidades que seguiam para a nova Ceilândia vieram das vilas Bernardo Sayão, Colombo, IAPI, Esperança, Morro do Querosene e Tenório.

Após a fundação da cidade, o crescimento populacional foi motivado pelo acolhimento de mais pessoas vindas de outros estados em busca de trabalho e novas oportunidades. De acordo com levantamento realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a população de Ceilândia hoje é de 432.927 pessoas.

Nascido em Morada Nova, no Vale do Jaguaribe (CE), Marques Célio Rodrigues, 57 anos, chegou a Ceilândia em 1995 e lá construiu sua trajetória de vida e profissional por meio da cultura. Presidente da Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal (Asforró), fundada na cidade, ele demonstra satisfação em poder manter seus costumes, partilhando-os com os conterrâneos.

“Sou muito grato a esta querida cidade, por ter conseguido trabalhar, educar e formar meus filhos morando em Ceilândia de forma honesta e promissora”, comemora. “Ceilândia é uma cidade hospitaleira.”

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa


AGÊNCIA BRASÍLIA