domingo, 21 de março de 2021

Bacias do DF têm destaque em pesquisa ambiental

 


Estudos de sustentabilidade serão apresentados nesta segunda (22), Dia Mundial da Água

Arte: Sema
“O trabalho será uma alavanca para as ações que a Sema e outros órgãos do governo já estão executando com o objetivo de proteger e recuperar o solo em áreas de nascentes”Sarney Filho, secretário do Meio Ambiente

A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Projeto Citinova lançam nesta segunda-feira (22), Dia Mundial da Água, os resultados da pesquisa Riscos e Sustentabilidade Hídrica no Distrito Federal: Uma visão do presente e do futuro. Elaborado pelo professor Henrique Marinho Leite Chaves, o trabalho abrange as bacias do Rio Paranoá (1.056 km2 ), a bacia do Rio Descoberto no DF (801 km2) e o Ribeirão Rodeador (113 km2), que é uma sub-bacia do Descoberto. Somente as duas primeiras são reguladas por reservatórios.

“Nossa pesquisa se baseou na análise de três itens: sustentabilidade hídrica, sustentabilidade integrada e risco hídrico”, explica o professor. O objetivo é apontar os gargalos existentes que precisam ser sanados para a construção de políticas públicas que garantam a segurança hídrica do DF, aumentando também sua sustentabilidade no futuro.

O secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, lembra que, além da radiografia obtida com o projeto, o mesmo poderá ser replicado em outras bacias do DF,  propondo ações de sustentabilidade. “O trabalho, com certeza, será uma alavanca para as ações que a Sema e outros órgãos do governo já  estão executando com o objetivo de proteger e recuperar o solo em áreas de nascentes, mananciais, reflorestamento de bacias, além da criação e proteção de áreas verdes, entre outras iniciativas”, destaca.

Para levantar a situação atual das bacias analisadas, o estudo aplicou modelos de sustentabilidade e de risco hídrico, tomando como base as vazões médias anuais no período de 1979 a 2017.

“Os cenários futuros do clima no Distrito Federal para os próximos 50 anos, resultantes de diferentes cenários de emissão de gases estufa, apontam para uma piora da disponibilidade hídrica regional”Henrique Chaves, coordenador dos estudos

“Com projeções a partir de modelos que o estudo propõe, acredito que a tomada de decisões para enfrentar eventuais crises hídricas, como a que atingiu o DF entre 2016/ 2017, seria facilitada”, avalia o professor Henrique Chaves, contratado pelo Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat) para coordenar os estudos.  Para ele, é fundamental que os órgãos de governo trabalhem junto aos comitês de bacia e a sociedade civil.

No mesmo estudo é feita uma projeção da sustentabilidade e do risco hídrico nessas bacias nos anos de 2040 e 2070, levando em conta dados sobre as mudanças do clima no DF, como temperatura e precipitação. A sub-bacia do Rodeador tem destaque como projeto-piloto nesse estudo.

“Os cenários futuros do clima no Distrito Federal para os próximos 50 anos, resultantes de diferentes cenários de emissão de gases estufa, apontam para uma piora da disponibilidade hídrica regional, ameaçando a segurança e a sustentabilidade das suas principais bacias e requerendo medidas efetivas de prevenção e adaptação”, ressalta o coordenador da pesquisa.

Ele alerta que não é apenas a quantidade de água que limita o equilíbrio das bacias, mas também a qualidade, bem como dimensões ambientais, humanas e de governança. “Nesse sentido, buscamos levantar as vulnerabilidades, as pressões e ameaças”, pontua.

Sustentabilidade integrada

No cenário atual (análise do período de 2015 a 2018), as bacias do Descoberto e do Paranoá apresentaram um nível médio de sustentabilidade integrada (0,66 e 0,68, respectivamente). Os fatores que limitaram a sustentabilidade nessas bacias foram a baixa disponibilidade per capita de água e a limitada capacidade de resposta às ameaças presentes.

O índice atual de sustentabilidade do Rodeador também é médio (0,58), mas, com as projeções utilizadas no estudo de precipitação e temperatura em 2040 e 2070, a capacidade de resposta às ameaças presentes cairia para valores inferiores a 0,2 (baixa) quanto ao clima e demanda de água.

O risco hídrico da Bacia do Ribeirão Rodeador passaria de 15,3%, no cenário atual, para valores entre 25% e 100% em 2040 e 2070, principalmente em função da redução das vazões na bacia, decorrente da diminuição da precipitação anual e do aumento da temperatura.

Variações no clima

A pesquisa cita ainda que, em função da impossibilidade de regularização de vazões, outras bacias de rios não regulados seriam mais afetadas pela variabilidade climática e pela demanda crescente de água do que as bacias reguladas, requerendo marcos regulatórios efetivos.

Uma dessas bacias é a do Ribeirão Pipiripau, que praticamente todo ano atinge uma situação de emergência hídrica durante o período de estiagem. Pipirirau já conta com projeto de recuperação do solo desenvolvido pela Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) com apoio de outros órgãos do DF, da Universidade de Brasília (UnB) e de outras instituições federais e distritais.

 

AGÊNCIA BRASÍLIA

Quer saber mais sobre a história de Brasília? A live do Planetário te conta

 


Astrônomo vai falar sobre a Missão Cruls, a demarcação do território para a escolha da nova capital e as curiosidades sobre a Pedra Fundamental

Ele chefiou a comissão que em 1892 demarcou o quadrilátero de 14,4 mil quilômetros quadrados considerado adequado para a construção da nova capital do Brasil. Belga e astrônomo, Luís Cruls deu nome à missão e corpo à construção da cidade que quase 100 anos depois foi tombada como patrimônio histórico e cultural da humanidade.

Para quem não sabe como tudo aconteceu até chegar em 21 de abril de 1960, a atração Missão Cruls: Astronomia e História de Brasília é um prato cheio

E é caracterizado desse personagem que o astrônomo e doutor em física Paulo Brito aparece nesta segunda-feira (22), às 19h, em uma live promovida pelo Planetário de Brasília para contar essas e outras histórias do nosso Quadradinho. Para quem não sabe como tudo aconteceu até chegar em 21 de abril de 1960, a atração Missão Cruls: Astronomia e História de Brasília é um prato cheio.

Na pele do astrônomo belga, o professor da Universidade de Brasília (UnB) irá dizer quem é ele, sua ligação com o Imperador D. Pedro II e como veio parar no Brasil até se tornar o diretor do Observatório Nacional. “Em 2019 visitei os quatro versas (NE, SE, NW e SW) do Quadrilátero Cruls e em um deles, em Poços de Abadia, estive caracterizado em pontos onde ele visitou. Foi muito interessante”, conta Brito.

Interação

Durante a live, “Cruls” irá conversar com algumas pessoas, responderá perguntas e contará fatos sobre a Pedra Fundamental que foi colocada em Planaltina em 7 de setembro de 1922. Lá foi inicialmente pensada a construção do Plano Piloto. As características de Brasília do ponto de vista astronômico e científico também farão parte dessa exposição. E não se acanhe se você não sabe nada do tema.

“A proposta é fazer uma apresentação da história para leigos, de forma leve e descontraída”, adianta o integrante da equipe científico-pedagógica do Planetário de Brasília João Kerginaldo. A transmissão da live será feita pelo Instagram @planetariodebrasilia.

 

AGÊNCIA BRASÍLIA

Comissão de Energia Nuclear avalia processo do PET-CT

 


O Núcleo de Medicina Nuclear do Hospital de Base vai usar o aparelho para melhorar o atendimento a pacientes oncológicos

O aparelho permitirá a realização de exames de imagens de alta definição para diagnósticos oncológicos | Foto: Davidyson Damasceno/Iges-DF

O presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Gilberto Occhi, assinou, nesta quinta-feira (18), toda a documentação para que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) libere o início das atividades do equipamento PET-CT do Hospital de Base. Essa é a última etapa até que o aparelho possa ser utilizado por pacientes em tratamento de câncer na rede pública de saúde do Distrito Federal.

“O início da operação desse aparelho será um avanço no tratamento do câncer na rede pública”Gilberto Occhi, presidente do Iges-DF

A decisão de buscar acelerar o processo de aprovação do PET-CT é parte da missão recebida por Occhi do governador Ibaneis Rocha de trabalhar para que o Hospital de Base, que já é referência em saúde pública do DF, seja também referência para o Brasil. “O início da operação desse aparelho será um avanço no tratamento do câncer na rede pública”, avaliou o presidente do Iges-DF.

O aparelho permitirá a realização de exames de imagens de alta definição para diagnósticos oncológicos. A gerente de Engenharia Clínica do Iges-DF, Lívia Oliveira, esclareceu que, até entrar em operação, o aparelho terá que passar por três calibrações. A primeira já ocorreu. “As últimas duas calibrações precisam ser feitas com a anuência da Cnen, que é a etapa a ser cumprida agora”, explica.

Lívia Oliveira informou ainda que, posteriormente, serão usados materiais radioativos (radioisótopos) para abastecer o equipamento. Essa fase depende também de autorização da Cnen. “A equipe está trabalhando para que essa autorização saia o quanto antes”, reitera a gerente.

Medicina nuclear

O PET-CT será operado pelo Núcleo de Medicina Nuclear do Hospital de Base. Quando estiver em funcionamento, será o primeiro e único da rede pública de saúde do DF. O aparelho terá capacidade para processar diariamente entre 12 e 15 exames com qualidade, segundo o médico Rodrigo Guimarães Furtado, chefe do setor. “Mas isso sempre depende da disponibilidade de recursos humanos, insumos radioativos, materiais e manutenção de equipamentos”, ressalta.

Uma vantagem do PET-CT diz respeito à economia de recursos públicos. “A utilização do aparelho significa maior precisão no diagnóstico e na escolha das terapias a serem aplicadas”, destaca Guimarães. “Isso impacta diretamente os custos dos tratamentos.”

*Com informações do Iges-DF

AGÊNCIA BRASÍLIA

Em se plantando, tudo dá; GDF em defesa do meio ambiente

 


Com políticas públicas de conscientização e plantio de mudas típicas do cerrado, o GDF trabalha em prol da preservação da flora nativa local

Nas 84 unidades de conservação administradas pelo Instituto Brasília Ambiental, a vegetação nativa ganha tratamento especial, garantindo assim sua conservação | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Mesmo com uma área pequena para um país de dimensão continental como o Brasil, o Distrito Federal abriga uma vegetação muito diversificada em seus 5,8 mil quilômetros quadrados de extensão territorial. Aproximadamente 4,2 mil espécies de plantas terrestres, algas e fungos compõem a flora nativa local, riqueza protegida pelo GDF por políticas públicas ambientais.

A preservação da vegetação local passa por três órgãos do governo: o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), que realizam um trabalho que envolve conhecimento e conscientização sobre as espécies nativas, além do plantio e replantio de mudas que compõem a flora do DF.

Educação ambiental como ferramenta

Nas 84 unidades de conservação administradas pelo Instituto Brasília Ambiental, a vegetação nativa ganha tratamento especial, garantindo assim sua conservação. Das matas de galeria às árvores retorcidas, passando pelas espécies arbustivas e de menor porte, os parques são um espelho da riqueza da flora do cerrado tipicamente candanga.

“Através das unidades de conservação, aproveitamos o máximo de cerrado possível e, assim, conseguimos proteger essas espécies”, explica Ana Paula de Morais Lira Gouvêa, engenheira florestal do Brasília Ambiental e mestre em Botânica pela Universidade de Brasília (UnB).

“Através das unidades de conservação, aproveitamos o máximo de cerrado possível e, assim, conseguimos proteger essas espécies”, explica Ana Paula de Morais Lira Gouvêa, engenheira florestal do Brasília Ambiental

Além disso, o instituto exalta a vegetação nativa por meio de ações de conscientização, trazendo informação aliada à preservação ambiental. Uma delas foi a campanha Flores do Cerrado, que retratou 120 espécies protegidas em unidades de conservação e parques do DF, divididas pelas cores das pétalas.

Em seu perfil no Instagram, todas as quartas o Brasília Ambiental também leva um pouco da vegetação nativa para as pessoas de maneira digital. A última postagem falou da Cambessedesia espora, um pequeno arbusto com flores amarelas típico do cerrado e que pode ser encontrado em locais como os parques Copaíbas (Lago Sul) e Boca da Mata (Taguatinga), além dos Monumentos Naturais Dom Bosco e do Descoberto.

No Parque Olhos d’Água, uma das unidades de conservação do instituto, os visitantes que caminham pelas trilhas encontram placas de identificação ao lado de diversas árvores e arbustos, contendo informações como nome científico e período de floração e frutificação | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

No Parque Olhos d’Água, uma das unidades de conservação do instituto, os visitantes que caminham pelas trilhas encontram placas de identificação ao lado de diversas árvores e arbustos, contendo informações como nome científico e período de floração e frutificação.

“É um trabalho de conscientização dos frequentadores muito importante, sendo feita essa conexão com a vegetação”, ressalta Ana Paula.

Em se plantando, tudo dá

Outra maneira que o governo atua para preservar as espécies nativas é com o plantio e replantio em diversas áreas do Distrito Federal. Em seus dois viveiros, a Novacap produz, anualmente, cerca de 2,3 milhões de mudas de flores e 200 mil mudas de árvores nativas do cerrado para atender às demandas das secretarias e administrações regionais.

O plano de arborização da companhia é, entre o ano passado e este, plantar 100.000 mudas. “Os viveiros são os principais gestores de toda arborização do DF, pois de lá saem todas as mudas de árvores plantadas aqui desde a inauguração de Brasília”, explica o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva.

Por sua vez, a Sema executa três projetos para revitalizar áreas degradadas no DF, tendo como foco a recuperação de danos em áreas de preservação permanente (APPs) na orla do Lago Paranoá e a restauração de áreas de nascentes nas bacias dos rios Descoberto e Paranoá. Ao todo, nos 195 hectares cobertos pelas três iniciativas, a pasta pretende plantar cerca de 104 mil mudas de árvores e 300 mil semestres de espécies nativas do cerrado.

A subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema, Márcia Coura, explica o impacto ambiental que o plantio significa para o DF: “Preservamos a biodiversidade, tanto da flora quanto da fauna, protegemos as margens do Lago e realizamos a manutenção e recuperação dos aquíferos, protegendo as nascentes”.

AGÊNCIA BRASÍLIA

População denuncia quase três crimes por hora

 


Em 2021, já foram 4.555 casos registrados. Tráfico de drogas e maus-tratos a animais lideram ranking

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O canal preferido da população é o telefone 197, com quase metade dos registros (45,75%). O WhatsApp é a segunda forma mais utilizada pela população. Corresponde a 23,42% | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Diariamente a população do Distrito Federal denuncia pelo menos 68 supostos crimes à Polícia Civil (PCDF). Números que fazem com que esse contato popular seja considerado “olhos da polícia” para a elucidação de casos importantes. São denúncias que vão desde maus-tratos a animais até tráfico de drogas e infrações de medidas sanitárias.

Até o dia 8 deste mês, 4.555 casos foram registrados junto aos canais da corporação, uma média de quase três registros (2,83) por hora. O tráfico de drogas lidera o ranking de denúncias em 2021, com 1.514 casos. Em seguida, vêm os de maus-tratos a animais (1.121); violência doméstica (505); infrações de medidas sanitárias (442) – entre elas denúncias de descumprimento de decretos – ; violência contra idosos (386); maus-tratos a crianças (188) e foragidos e procurados (185).

“A população acaba sendo os olhos da polícia, já que não podemos estar em todos os lugares. Eles visualizam o crime e nos encaminham muitas fotos e vídeos de casos de tráfico de drogas, por exemplo. Eles também ajudam quando o rosto de um foragido é divulgado”Josafá Leite Ribeiro, diretor da Divisão de Controle de Denúncias, do Departamento de Inteligência e Gestão da

Ceilândia lidera os registros, com 16,22%, seguida por Samambaia (8,61%) e Taguatinga (7,71%). O canal preferido da população é o telefone 197, com quase metade dos registros (45,75%). O WhatsApp é a segunda forma mais utilizada pela população. Corresponde a 23,42%. No ano passado foram feitas 23.450 denúncias à PCDF, uma média de 64 registros por dia. Dados que a Polícia Civil considera essenciais para prender os criminosos e encaminhar os casos à Justiça.

“A população acaba sendo os olhos da polícia, já que não podemos estar em todos os lugares. Eles visualizam o crime e nos encaminham muitas fotos e vídeos de casos de tráfico de drogas, por exemplo. Eles também ajudam quando o rosto de um foragido é divulgado”, assegura Josafá Leite Ribeiro, diretor da Divisão de Controle de Denúncias, do Departamento de Inteligência e Gestão da Informação (DGI).

As denúncias recebidas pela PCDF são registradas em um sistema on-line. Em seguida, os policiais fazem um resumo detalhado de tudo o que foi passado pelo denunciante e dão prosseguimento à investigação.

Como denunciar

A PCDF dispõe de quatro canais para recebimento de denúncias: além do 197 Denúncia On-line, o telefone 197 opção 0 (zero), o e-mail e o WhatsApp (61) 98626-1197. Além desses canais, a PCDF também acolhe as denúncias feitas pelo Disque 180 (Canal de Atendimento à Mulher) e Disque 100 (Direitos Humanos), ambos do governo federal.

Por esses canais é possível manifestar situações de foragidos da justiça e crimes que já ocorreram, que estão em andamento ou que se saiba que o planejamento. Não é necessário se identificar e o sigilo é absoluto.

Para facilitar as investigações, a PCDF pede que o denunciante forneça o maior número possível de informações, como: endereço completo, ponto de referência, nomes, apelidos, características físicas, placas de veículos, vídeos, fotos, etc. É possível até anexar fotos ou vídeos no caso das denúncias on-line. Na ficha de descrição do site, o denunciante deve colocar o local/endereço onde ocorreu o crime, estado, cidade, bairro, o tipo de crime e se o autor é menor de idade ou não.

AGÊNCIA BRASÍLIA


Alerta vermelho: aumento de jovens em UTIs traz preocupação

 


Variantes do vírus criam perfil epidemiológico entre os mais novos no DF; com mais de 80 mil casos, faixa etária até 29 anos dispara no contágio

De acordo com a Secretaria de Saúde, houve um aumento de 2.800% de internados com menos de 24 anos – número que saltou de 1 em janeiro para 30 em março | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

O aumento do número de jovens infectados pelo novo coronavírus em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tem alarmado as autoridades de saúde do Distrito Federal. O registro de adolescentes e adultos contaminados com até 29 anos de idade ultrapassa 84,06 mil – e esbarra na faixa etária recordista de casos, de 30 a 39 anos, que tem 84,05 infectados.

Os efeitos da covid-19, que vinham sendo destemidos por essa parcela jovem da população, têm causado efeitos mais graves e contabilizando a superlotação dos hospitais no tratamento da doença. Até a última atualização do Painel Covi-19 desse sábado (20), o número de jovens entre 20 e 24 anos contaminados pelo novo coronavírus (53,13 mil) é superior ao de cidadãos entre 50 e 59 anos (47,03) e o de idosos com 60 anos ou mais (42,26 mil).

De acordo com a Secretaria de Saúde, houve um aumento de 2.800% de internados com menos de 24 anos – número que saltou de 1 em janeiro para 30 em março. A doença que antes assustava mais a terceira idade, vem reduzindo cada vez mais na faixa etária de alta complexidade. No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no tratamento da covid no DF, a média de idade de pacientes internados já é de 47 anos.

Só nas UTIs públicas do Distrito Federal neste domingo (21) haviam 16 jovens com menos de 29 anos internados: dois com 23 anos, um com 24, dois com 25, dois com 26 anos, três com 27, quatro com 28, e um com 29 anos. Já na faixa etária entre 30 e 35 anos são mais 17 pessoas. Vale lembrar que, apesar de ter alguns leitos do Estado em unidades particulares, esse recorte não inclui as internações da rede privada.

Mesmo apresentando menos risco de desenvolverem doenças graves do que os idosos, os jovens têm sido acometidos pelas variações das novas cepas do vírus – e os casos, que antes eram poucos, se acumulam em volume e complicações. Nos Estados Unidos, esse grupo representa 20% da covid-19 com alta complexidade.

Novos hábitos

“Quando o vírus vai passando por mutações, ele reage de maneiras também variadas, de acordo com as características genéticas de cada um. A agressividade das cepas é grande”, explica a médica infectologista do Controle de Infecção Hospitalar do Hran Joana D’Arc Gonçalves

Especialistas alertam que a mudança de comportamento é fundamental na contenção do contágio. Não aglomerar é a principal delas, fazer a frequente assepsia das mãos e usar corretamente a máscara. Deixá-las em cima da mesa, do banco do carro ou no pescoço para comer, por exemplo, e depois voltar a colocá-la na boca, ajuda o vírus a proliferar.

“Quando o vírus vai passando por mutações, ele reage de maneiras também variadas, de acordo com as características genéticas de cada um. A agressividade das cepas é grande”, explica a médica infectologista do Controle de Infecção Hospitalar do Hran Joana D’Arc Gonçalves. “Além da agressão ao sistema imunológico, temos observado que essas pessoas com menos idade ficam ainda mais tempo internadas, o que faz com que mais leitos fiquem indisponíveis.”

Secretário-adjunto de assistência à Saúde do DF, Petrus Sanchez reforça que a presença de uma nova cepa variante nesta segunda onda da pandemia no Brasil tem afetado mais os jovens e os levando à intubação nas UTIs. “Temos aí um perfil epidemiológico distinto em um momento em que o idosos se recolhem em casa e os mais novos circulam, muitas vezes até de maneira ilegal, em horários proibidos, sem medo da doença.”

Desobediência às regras

A multa para o dono do estabelecimento ou promotor de festa clandestina é de R$ 10 mil, enquanto cada participante paga R$ 2 mil pelo não uso de máscara e R$ 1 mil por aglomerar

Com bares fechados e festas proibidas, muitos adolescentes têm se reunido em parques, campos de futebol e quadras esportivas para se socializar após o toque de recolher, o que é proibido. Além do decreto restringindo a livre circulação de pessoas nas ruas das 22h às 5h, a venda de bebidas alcóolicas após as 20h e o funcionamento do comércio e de serviços não essenciais, o GDF reforçou a fiscalização a partir desta semana.

Por determinação do governador Ibaneis Rocha, 110 agentes da Secretaria de Transporte e Mobilidade, da Vigilância Sanitária, do Procon e do Brasília Ambiental (Ibram) se somam à equipe de 625 fiscais da Secretaria DF Legal.

Com o apoio da Polícia Militar, a pasta tem autuado estabelecimentos comerciais e festas que promovem aglomerações, principalmente de jovens. Na noite de sexta-feira (19), uma distribuidora de bebidas no Sol Nascente foi interditada com mais de 50 pessoas.

A multa para o dono do estabelecimento ou promotor de festa clandestina é de R$ 10 mil, enquanto cada participante paga R$ 2 mil pelo não uso de máscara e R$ 1 mil por aglomerar. Talonários eletrônicos, que emitem os autos de infração em menos de dois minutos, acompanham as operações. “Na verdade, essa força tarefa é uma ação salva vidas e a gente vai endurecer as fiscalizações”, avisa o secretário da DF Legal, Cristiano Mangueira.


 AGÊNCIA BRASÍLIA