quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Diretor da Anvisa virá ao Senado para debater imunização e aprovação de vacinas

 


Iara Farias Borges | 11/02/2021, 19h13

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, participará de sessão temática no Senado para prestar esclarecimentos sobre a imunização da população brasileira contra a covid-19 e o processo de aprovação de vacinas para essa doença. A data dessa sessão temática ainda será definida. O requerimento para a realização desse debate foi apresentado pela senadora Rose de Freitas (MDB-ES). A reportagem é de Iara Farias Borges, da Rádio Senado.

Fonte: Agência Senado

Questionado por senadores, Pazuello garante 100% vacinados até o fim do ano

 


Pedro Pincer | 11/02/2021, 19h38

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantiu nesta quinta-feira (11), em sessão no Senado, que espera imunizar 50% da população "vacinável" (apenas o público que inclui estudos conclusivos sobre os efeitos do imunizante) até junho, e 100%, até o final do ano. Ele disse ainda que os institutos Butantan e Fiocruz podem produzir 200 milhões de doses de vacinas ainda em 2021.

Fonte: Agência Senado

Pazuello afirma que não foi avisado sobre falta de oxigênio em Manaus

 


Guilherme Oliveira | 11/02/2021, 19h43

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ao Senado nesta quinta-feira (11) que não foi avisado sobre um eventual colapso no fornecimento de oxigênio aos hospitais de Manaus (AM). Segundo ele, as informações que chegaram ao ministério diziam respeito a “dificuldades técnicas” na distribuição do produto, área que não seria de competência da União.

A afirmação, no entanto, não condiz com manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro, segundo a qual o Ministério da Saúde teve ciência do problema no dia 8 do mesmo mês. O documento atesta que a pasta foi informada da “crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus” por meio de e-mails enviados pela empresa fabricante.

Pazuello citou um relatório da Força Nacional do SUS [Sistema Único de Saúde], entregue no dia 9 de janeiro, que mencionava problemas na “pressurização” do oxigênio para os hospitais.

— Os fatos relatados, puros e secos, indicam deficiência na gestão dos hospitais por dificuldades técnicas em redes de gases. Em momento algum fala-se sobre falta de oxigênio, colapso de oxigênio ou previsão de falta de oxigênio. Rede de gases são os tubos, e não o oxigênio que vai dentro. Pressurização entre o município e o estado é [questão de] regulação entre um e outro. O Ministério da Saúde não tem qualquer competência para fabricação, transporte e distribuição e oxigênio — disse.

Além disso, Pazuello afirmou que a fabricante de oxigênio apresentou essas “dificuldades logísticas” apenas no dia 11, quando o ministro já estava em Manaus.

A explicação desta quinta também vai de encontro a declarações anteriores feitas por Pazuello, em entrevista coletiva concedida no dia 18 de janeiro. Na ocasião, ele havia informado que um comunicado da empresa fabricante de oxigênio para Manaus, feito no dia 8 daquele mês, alertara para a possibilidade de falta do insumo nos hospitais do Amazonas.

Ação

Apesar de entender que o Ministério da Saúde não teria responsabilidade imediata de agir sobre a crise de abastecimento de oxigênio no Amazonas (ou em qualquer outra unidade da federação), Pazuello declarou que o fez porque o estado é “a sua casa”.

— É muito estranho quando ouvimos a possibilidade de nós não tomarmos atitudes imediatamente com relação à nossa cidade, com relação à nossa família. A minha ação é porque era Manaus, está bem? Faço aqui a mea-culpa — resumiu o ministro, que foi comandante da 12ª Região Militar, sediada na cidade, e tem familiares que moram lá.

Ele afirmou que foram conversas com esses familiares que o alertaram para o agravamento da situação amazonense, e por isso ele começou a articular uma reação. O ministro relatou que promove reuniões com sua equipe sobre o assunto desde o final de 2020. A primeira, de acordo com ele, teria ocorrido no dia 28 de dezembro, com todos os secretários do ministério. Essa reunião não consta da agenda oficial do ministro para a data. Nesse encontro, Pazuello teria iniciado uma articulação para enviar equipes ao Amazonas.

No dia 6 de janeiro, Pazuello relatou ter se reunido com o governador do Amazonas, Wilson Martins. Também teria ocorrido, no dia seguinte, uma conversa por telefone entre os dois. Segundo Pazuello, em nenhuma dessas ocasiões houve menção à situação dos hospitais, mas a Secretaria de Saúde do estado pediu auxílio no transporte de oxigênio de Belém (PA) para Manaus.

Outra reunião com todo o secretariado teria ocorrido no dia 8 de janeiro, ocasião em que Pazuello afirma ter ordenado aos secretários que embarcassem com ele para Manaus. Essa reunião também não está registrada na agenda do ministro.

Números

O Amazonas enfrenta a maior letalidade da covid-19 no Brasil. O estado tem uma taxa de 224,64 mortes pela doença a cada 100 mil habitantes, a mais alta do país. Ela é cerca de 26% maior do que a do Rio de Janeiro, segundo colocado, e cerca de 50% maior do que os índices registrados em todos os outros estados.

Mesmo assim, Pazuello disse que o Ministério da Saúde começou “a ganhar a guerra” quando assumiu a articulação das ações de saúde no estado no final de janeiro. No entanto, o ministro alertou para a disseminação da nova cepa do coronavírus identificada na região Norte. Segundo ele, essa nova versão do vírus já está nos estados do Amapá e do Pará, e a cidade de Belém segue “o caminho do ano passado”.

Para Pazuello, a disparada nos casos de covid-19 no Amazonas entre o fim de 2020 e o início de 2021 foi imprevista. O estado mostrava taxas de contágio abaixo da média semestral na última semana de avaliação epidemiológica do ano passado, mas registrou um aumento “vertical” nos primeiros dias deste ano.

— Esperava-se que houvesse um novo aumento dessa contaminação neste momento, e nós estávamos preparados para isso, mas não para o tamanho do impacto e da curva que aconteceu. Ninguém estava.

Contradição

As afirmações do ministro foram rebatidas pelo líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), que relatou ter antecipado os problemas ao ministro.

— Eu estive com Vossa Excelência, no seu gabinete, em dezembro. Eu já dizia que nós iríamos enfrentar uma onda no Amazonas muito grave. Sugeri, inclusive, que assumisse uma unidade hospitalar no Amazonas, diante da comprovação da ineficiência do governo do meu estado. Eu dizia a Vossa Excelência que, se não tomasse providências para assumir a execução, não seria executado. Isso nós já sabíamos quando da primeira onda — declarou o senador.

Eduardo Braga também rejeitou a versão do ministro para as comunicações sobre os problemas de oxigênio do Amazonas. Segundo o parlamentar, a rede de pressurização de oxigênio entre estado e municípios, apontada por Pazuello como a causa do problema, não existe, e o desabastecimento de oxigênio é real.

— Não é possível dizer que a falta de oxigênio no Amazonas foi em função de falta de pressão entre redes inexistentes. Isso não é verdade. A capacidade de geração de oxigênio no meu estado é em torno de 30 mil toneladas, e o consumo explodiu para 70 mil toneladas.

Outra crítica do senador se referiu à declaração de que o Ministério da Saúde havia controlado a situação. Eduardo Braga explicou que os registros de óbitos no estado estão defasados, e que doentes que morrem em suas casas, por impossibilidade de atendimento hospitalar, não são contabilizados nas estatísticas da covid-19.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) também questionou o ministro sobre a efetividade das ações de sua pasta.

— Está caindo um boeing por dia no meu estado. Morrem 200 pessoas por dia. Em qualquer lugar do mundo, isso é notícia. Se cair um boeing hoje numa república pequena, em qualquer lugar do mundo, isso vira manchete em qualquer jornal do país. Isso está acontecendo diariamente no estado do Amazonas.

Pazuello não contestou as afirmações dos senadores.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Pazuello: falta de oxigênio em Manaus foi causada por problemas na rede de gás

 


Regina Pinheiro | 11/02/2021, 20h10

Em audiência no Senado, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a crise da falta de oxigênio em Manaus foi provocada por problemas na rede de abastecimento de gás. A declaração do ministro foi contestada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). A reportagem é de Regina Pinheiro, da Rádio Senado.

Fonte: Agência Senado

Girão lamenta aprovação do aborto pelo parlamento argentino

 


Da Rádio Senado | 11/02/2021, 20h43

Em pronunciamento nesta quinta-feira (11), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) lamentou a aprovação do aborto pelos parlamentares da Argentina, na última semana de 2020. Segundo ele, nenhuma proposta favorável à prática de aborto será aprovada pelo Congresso Nacional.

Segundo Girão, a postura existente no Brasil contrária a esse tema se deve à atuação dos grupos pró-vida, movimento Brasil sem aborto, movimentos de evangélicos, católicos e espíritas.

Na opinião do senador, o PL 5.435/2020, de autoria dele, também pode ajudar a pôr um ponto final na discussão sobre o assunto no país, ao criar o Estatuto da Gestante e resguardar os direitos da gestante e a vida da criança.

— O nosso problema aqui no Brasil é no Supremo Tribunal Federal. E isso a gente precisa resolver com muita pressão, porque ministros do STF querem legislar, com ativismo judicial, sobre esse tema e também sobre drogas.

Girão lembrou ainda que um bebê com onze semanas de gestação já tem os rins e o fígado constituídos, sendo que o tempo é a única diferença entre ele e um adulto. Por isso, o aborto feito nesse período, de acordo com o senador "é o assassinato dessa criança", alertou.

— Não é só a vida dela que é devastada. A saúde da mãe fica comprometida por toda a vida. Uma pesquisa do The British Journal of Psychiatry, de 2011, mostra que uma mulher que faz aborto, em relação a uma mulher que não faz aborto, tem uma propensão muito maior, de 34%, de ter ansiedade e depressão; 110% a mais de chance de desenvolver o problema de alcoolismo; e 155% a mais de chance de cometer suicídio.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Ministro da Saúde diz que segurou testes porque estados não pediram

 


Guilherme Oliveira | 11/02/2021, 21h23

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou ao Senado nesta quinta-feira (11) que o governo federal acumula testes para covid-19 não usados porque não houve demanda dos estados por eles.

A declaração foi dada por Pazzuelo em Plenário, ao responder a senadores que perguntaram sobre a existência de testes para covid-19 ainda em armazenamento que correm o risco de perderem o seu prazo de validade. Até o início deste ano, eram cerca de 5 milhões de unidades que não haviam sido distribuídas pelo Ministério da Saúde.

— Se eu tenho testes ainda estocados, com validade suficiente para trabalhar, isso é porque o estado ou o município, apesar das conversas, não me demandam. Eu não vou passar o problema para ninguém. Se, ao fim das contas, não me for demandado, tudo o que eu comprei estará comigo ainda. Eu não vou empurrar para ninguém.

Os senadores Major Olimpio (PSL-SP) e Izalci Lucas (PSDB-DF) levantaram a questão, destacando também que o país estuda enviar 1 milhão de testes para uso no Haiti.

— O ministério nunca implantou de fato nenhum programa de testagem em massa. Por incompetência, estão mofando mais de 5 milhões de testes. Eu quero saber se, verdadeiramente, vai ser transferido para o Haiti mais de 1 milhão desses testes, quando só três estados no Brasil tiveram um milhão de testes do Ministério da Saúde – questionou Olimpio.

Já Izalci perguntou ao ministro sobre os custos dos testes “encalhados” e se a pasta havia tomado alguma providência para evitar o desperdício. Pazuello reiterou que a expedição de verbas e insumos contra a covid-19 para unidades da Federação é pactuada com as secretarias de Saúde e depende de requisições oficiais.

— Eu só posso mandar o que é pedido — disse ele, sem comentar o envio de testes para outro país.

“Tratamento precoce”

Senadores também inquiriram o ministro a respeito das recomendações da pasta quanto ao chamado “tratamento precoce” para a covid-19 — um conjunto de remédios que circulam como soluções para a doença, mas que não têm eficácia comprovada.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) observou que o governo federal pode estar sujeito a repercussões jurídicas devido à sua postura em relação ao “tratamento precoce”.

— Eu queria saber se o Ministério da Saúde respalda isso e se está preparado para as consequências penais desse respaldo. É o único governo nacional a recomendar e distribuir esses remédios como alternativa à vacina, sendo que eles já foram rejeitados pelos médicos e cientistas internacionais e descredenciados pelo próprio fabricante — observou.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que tanto o ministério quanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, estimularam o uso desses remédios, inclusive direcionando gastos públicos para promovê-los.

— O Ministério da Saúde utilizou a Fundação Oswaldo Cruz para a produção de cloroquina. Quanto foi gasto pelo governo federal na produção, armazenamento e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada?— quis saber.

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lembrou que o Ministério da Saúde manteve no ar uma plataforma virtual — TrateCov — destinada a médicos que recomendava tratamentos com esses remédios. O senador destacou que, além de ineficazes, eles podem ter consequências negativas para os pacientes.

Eduardo Pazuello afirmou que o ministério nunca recomendou remédios específicos, e que as referências ao “tratamento precoce” eram recomendações para que os cidadãos não esperassem a piora dos sintomas antes de irem a um hospital. Ele se referiu à prática como “atendimento precoce”.

— O que nós queremos dizer e sempre dissemos é: procure imediatamente o médico. O médico é que vai fazer o seu diagnóstico, o médico é que vai fazer a prescrição dos seus medicamentos, sejam eles quais forem.

Quanto à plataforma TrateCov, Pazuello afirmou que ela deveria servir para auxiliar os médicos sem direcionar um tratamento específico. O erro na execução técnica, segundo ele, foi responsabilidade de um servidor isolado.

— As orientações que o Ministério deu têm a ver com ao uso dos medicamentos, caso o médico prescreva: atenção para as doses ideais, para não ter excesso. A plataforma tinha o objetivo de auxiliar o diagnóstico. Observamos que ela estava induzindo a medicamentos. Nós mandamos tirar do ar imediatamente, mandei abrir um processo sobre o servidor e [ele] foi afastado.

“Negacionismo”

Pazuello também foi alvo de críticas dos parlamentares pela postura de negacionismo do governo federal frente à pandemia, que, segundo eles, atrasou uma reação firme à covid-19 no país.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o presidente Jair Bolsonaro foi “o principal agente propagador” da doença, e agora o país colhe o que o chefe do Executivo semeou.

— Ele banalizou a doença, disse que era uma “gripezinha”. Estimulou aglomerações. Negou o uso de máscara como recurso para proteger quem não tinha a doença e evitar que quem a tinha fizesse a transmissão – enumerou.

Em função disso, a relação de Pazuello com o presidente foi considerada de passividade. A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) lembrou que o ministro voltou atrás em uma afirmação de que compraria as doses da vacina chinesa CoronaVac ainda em outubro. Na ocasião, Pazuello afirmou que estava obedecendo Bolsonaro.

— Estávamos em uma situação difícil, porque o ministro da Saúde do Estado brasileiro obedeceu ao presidente da República que não reconhecia a gravidade da doença, ou seja, negava a ciência.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também mencionou o acontecimento e pediu uma correção de rumos na atuação do Ministério.

— É preciso reconhecer os erros do passado com um pouquinho de humildade. Tudo aconteceu errado, as declarações, os estímulos. Vossa Excelência se desdisse várias vezes. Vai continuar obedecendo ao presidente, dentro dessa linha de pensamento dele?

Pazuello respondeu que é necessário não abrir uma “frente política” no combate à pandemia. Ele afirmou que está disposto a trabalhar junto com o Congresso e pediu que o país possa se unir contra o “inimigo comum”, que é o vírus.

— Nós temos uma guerra contra a covid-19. Ela é técnica, de saúde. Ela não é política. Se nós abrirmos uma nova frente política, a gente vai dificultar, e o resultado disso é óbvio, é perder mais gente — declarou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Rodrigo Pacheco: instauração de CPI da Covid-19 será discutida com senadores

 


Da Redação | 11/02/2021, 23h02

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciou nesta quinta-feira (11) que vai discutir com os senadores se há necessidade ou não de apurar, por meio de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), as ações do governo federal no combate à pandemia.

— Essa questão da comissão parlamentar de inquérito, que foi requerida pelo senador Randolfe Rodrigues [Rede-AP], com a assinatura de outros senadores, deve ser avaliada agora à luz de todas essas explicações que foram dadas pelo ministro [Eduardo Pazuello, da Saúde]. Eu vou conversar com todos os líderes partidários e com outros senadores para avaliarmos sobre a conveniência e a pertinência de se instalar a CPI ou não neste momento — afirmou.

Pacheco destacou a importância do debate que ocorreu nesta quinta-feira (11) com o ministro da Saúde.

— Eu considero que foi uma reunião satisfatória, proveitosa. Nós temos que, a partir dela, conversar com os senadores para identificar como o Congresso Nacional, como o Senado Federal, pode contribuir, não só aprovando o orçamento necessário para o enfrentamento da pandemia, mas como pode contribuir com a formatação da legislação cabível para que a concretização da imunização do povo brasileiro aconteça no ano de 2021. 

O presidente do Senado disse ter convicção de que Pazuello possa cumprir a meta anunciada pelo ministro durante a sessão — de vacinar toda a população até o final do ano. Pacheco também declarou que não pode “haver descaso, desleixo, falta de estratégia”.

— Eu preciso confiar no ministro da Saúde quando ele faz essas afirmações, à luz de critérios técnicos, de informações que ele possui no dia a dia do enfrentamento da pandemia, das negociações que têm sido feitas pelo governo federal com os laboratórios que fabricam as vacinas. Eu preciso confiar na informação de que haverá por parte do governo federal a realização dessa imunização, metade até o meio do ano e a segunda metade até o final do ano.

Pacheco afirmou que identificou, por parte do ministro da saúde, Eduardo Pazuello, comprometimento para que se concretize a imunização da população brasileira até o final do ano, para que seja possível a retomada da atividade econômica no país.

— O que não pode haver, que foi a mensagem do ministro da Saúde, é uma politização com fins eleitorais. Isso definitivamente não podemos permitir que exista no Brasil neste momento — disse. ​

O presidente do Senado confirmou que a próxima reunião de líderes da Casa está marcada para a próxima quinta-feira, às 10h.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Senadores cobram de Pazuello meta de vacinar toda a população em 2021

 


Da Redação | 11/02/2021, 22h52

Em sessão temática realizada nesta quinta-feira (11), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cobrou, junto aos demais senadores, do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a promessa de que toda a população brasileira será imunizada até o final deste ano contra a covid-19, segundo garantiu o ministro. Pazuello foi convidado a prestar esclarecimentos no Senado sobre as medidas tomadas pelo governo no enfrentamento da pandemia de coronavírus.

— Nós vamos vacinar o país em 2021, 50% da população vacinável até junho; 50%, até dezembro. Esse é o nosso desafio e é o que nós estamos buscando e vamos fazer — afirmou o ministro ao ser questionado pelos parlamentares.

Ao final da sessão, após manifestações dos demais senadores e dos esclarecimentos feitos por Pazuello, o presidente do Senado perguntou se a fala do ministro poderia ser tomada pelo Senado como um compromisso.

— É possível depreender que esse seja um compromisso e a expectativa do povo brasileiro possa se cumprir no sentido de que teremos a vacinação completa e plena no Brasil no ano de 2021? — questionou Pacheco, após perguntar se a previsão é real, factível, e se será cumprida pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde.

O ministro afirmou que, no que depender do ministério, sim, a promessa será cumprida. Ele lembrou que alguns fatores são externos, como a liberação de insumos para a fabricação da vacina vindos de outros países, mas garantiu que o ministério trabalha para ter reservas e que a parte que depende do seu esforço pode ser tida como um compromisso.

A sessão de debates foi feita por requerimento da senadora Rose de Freitas (MDB-ES). O pedido inicial feito pela senadora previa a convocação de Pazuello, o que obrigaria a participação do ministro, mas foi modificado após um apelo do líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e transformado em convite. Para a senadora, o governo demorou muito para transformar a intenção de comprar vacina em algo concreto.

— Faltou, no Brasil, a iniciativa de organizar os estados, uma ação coordenada para atender a defesa da vida e o número de vacinas necessário para o povo brasileiro. Eu queria saber qual é o sentimento de Vossa Excelência, sobretudo em relação ao não atendimento dessa finalidade precípua, que é colocar o ministério para salvar as vidas que estão hoje perdidas em inúmeros hospitais espalhados pelo Brasil — questionou a senadora.

Atraso

Para a maior parte dos parlamentares que se manifestaram, houve demora do governo para garantir as doses necessárias. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou erros na estratégia de imunização. Para ela, se o Brasil conseguir avançar no ranking da vacinação não será graças ao governo, mas sim em razão da estrutura e das políticas de imunização já existentes.

Na mesma linha, Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que o Brasil tem 37 mil pontos de vacinação e disse que se o país tivesse vacinas suficientes, poderia imunizar, em 30 dias, mais de 70% da população. Para ele, o risco da demora é de que haja o desenvolvimento de uma cepa não suscetível e que todo o esforço já feito seja perdido.

— Pelo amor de Deus, eu clamo que este governo se empenhe ao máximo e compre vacina. Vamos desideologizar, mas vamos botar vacina dentro do Brasil e vacinar todas as pessoas que precisam dela, sob pena de jogarmos tudo o que fizemos até agora no lixo, e, em vez de 400 mil mortos, termos um 1 milhão de mortos, 1,5 milhão de mortos de entes queridos e famílias destruídas.

O senador Reguffe (Podemos-DF) disse que houve atraso do Ministério da Saúde para tomar as providências necessárias para a imunização. Ele lembrou que, apesar de o ministro ter assumido em maio, somente em dezembro foi editada uma medida provisória para viabilizar a compra de imunizantes.

Se a única coisa que salva vidas para valer é a vacina, a vacina tinha que ser a prioridade absoluta, não ser contestada como o foi por parte do governo.

Demanda

O senador Major Olimpio (PSL-SP) citou declarações antigas do ministro de que se houvesse demanda e preço adequado as vacinas seriam compradas. Ele questionou se Pazuello realmente acreditava que poderia não haver demanda e quis saber se a declaração foi fruto de desconhecimento ou obediência hierárquica.

— O presidente Bolsonaro afirmou que fabricantes de vacinas é que devem procurar o Brasil, e não o contrário. O senhor concorda com essa afirmação? Não é de interesse da população brasileira a maior quantidade de vacinas para que ocorra o quanto antes a vacinação em massa? — questionou o senador, que, depois apontou a falta de resposta por parte do ministro.

Também foram alvo de questionamentos dos senadores as declarações do chefe da pasta de que as negociações da compra de vacinas com a fabricante Pfizer não deram certo porque as cláusulas eram abusivas. Entre os problemas, ele citou a dificuldade logística, já que as vacinas precisariam ficar a 80 graus negativos, e o fato de a empresa não fornecer diluentes, que teriam que ser comprados pelo Brasil. Segundo o ministro, o país não precisa se submeter a isso. 

Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que as chamadas cláusulas leoninas (abusivas) não deveriam ter sido levadas em conta quando vidas estavam em risco. Na opinião do senador, primeiro é preciso salvar vidas e depois contestar as cláusulas do contrato.

— Deixe isso para o jurídico, mas vamos preservar o principal bem jurídico que é a vida humana, o respeito à integridade física e a saúde de todo brasileiro e brasileira.

Alessandro Vieira (Cidadania-SE) concordou com o posicionamento de Contarato e questionou também a diferença de tratamento dada ao Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, à União Farmacêutica, que negocia a produção da vacina russa Sputnik V no país.

— A União Farmacêutica, até onde eu tenho conhecimento, é uma empresa de grande porte, capacidade reconhecida, mas que jamais produziu vacinas. Existe um descompasso, existe uma diferença de tratamento muito marcante no tocante ao que foi feito na contratação com o Butantan, que, por outro lado, produz vacinas há cem anos — apontou o senador.

A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), por sua vez, questionou o motivo da demora do governo em negociar com outros laboratórios, como Johnson & Johnson e Sinopharm. Em resposta aos senadores, o ministro disse que o governo está negociando com todos os laboratórios possíveis, mas que muitas vezes as quantidades disponíveis são baixas.

Pazuello também respondeu a uma pergunta do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que apontou lentidão na chegada de novas doses. Segundo o ministro, nos próximos 12 dias, o ministério deve distribuir 4,8 milhões doses da vacina. Ele também afirmou que os estoques de seringas estão completos e que o Ministério da Saúde tem condições de fornecer em caso de falta.

Amazonas

Senadores do Amazonas fizeram um apelo ao ministro para que a vacinação do estado se desse de forma mais rápida em razão do agravamento da situação da pandemia e do surgimento de uma nova cepa, muito mais transmissível.

— Eu não sei, ministro, quantas vacinas virão. Ou nós imunizamos 70% dos amazonenses ou haverá uma terceira onda. Esse é um apelo que nós amazonenses fazemos ao senhor e ao presidente Jair Bolsonaro — disse Omar Aziz (PSD-AM).

Eduardo Braga (MDB-AM) sugeriu uma força-tarefa do Ministério da Saúde, das Forças Armadas, do estado do Amazonas e do município de Manaus para que se consiga vacinar um milhão de amazonenses a mais do que o previsto já nos próximos dias.

— Eu espero, sinceramente, que Vossa Excelência possa fazer, porque o nosso povo está chorando pela morte dos amigos, dos parentes e compatriotas — lamentou.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) alertou para a repetição das dificuldades do Amazonas em outros estados da região Norte, como Roraima, Rondônia e Pará.

— O apelo que faço, ministro: o cerco de imunização, em especial na Região Amazônica, não seria uma medida necessária, urgente para ser tomada, neste instante, avançando com a imunização na Amazônia, o que, inclusive, protegeria o restante do país, já que lá é que está ocorrendo concretamente a disseminação da nova cepa?

Em resposta, Pazuello afirmou que está encarando o problema de forma muito séria e que a vacinação será acelerada em Manaus, em parceria com o Ministério da Defesa. Segundo o ministro, a intenção é, num primeiro momento, vacinar todas as pessoas acima de 50 anos.  

— Nós vamos fazer um grande plano de vacinação, está desenhado. Ela vai ser up down. A gente vai pegar todo o entorno de Manaus e depois a gente pega os polos — garantiu.

Lobby

Para o senador Esperidião Amin (PP-SC), o ritmo da vacinação é insatisfatório, mas a responsabilidade não é somente do ministério porque quem vacina são os municípios. O senador afirmou que há um grande lobby dos laboratórios, que dificulta o acesso aos imunizantes. Para ele, é preciso fortalecer a fabricação de vacinas no Brasil.

— Nós podemos, sim, prestigiar tudo aquilo que outros países já desenvolveram em termos de ciência e técnica e apressar e fortalecer, ministro, a fabricação de vacinas no Brasil. O papa sabe disso. Até o papa sabe que, se deixar correr livre mercado, só vai vacinar quem pagar mais ou quem sedia o fabricante — disse o senador.

Nelsinho Trad (PSD-MS), por sua vez, apontou um retrocesso da área imunobiológica brasileira nas últimas três décadas. Para ele, o Brasil precisa de investimentos constantes nessa área se quiser ter capacidade para produzir os insumos necessários para fazer vacinas. O senador disse que o Congresso está disposto a contribuir no que for preciso para enfrentar a pandemia.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

PGR questiona criação de cargo comissionado de capelão na área de segurança pública no Maranhão

 


Segundo Augusto Aras, os cargos devem ser preenchidos por pessoas previamente aprovadas em concurso público.

11/02/2021 15h47 - Atualizado há

O procurador-geral da República, Augusto Aras, ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6669, contra a criação, no Maranhão, de cargos em comissão de capelão religioso nos quadros da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar, da Polícia Civil e das Secretarias Estaduais de Administração Penitenciária e de Segurança Pública. O relator da ação é o ministro Nunes Marques.

As normas questionadas são as Leis estaduais 8.449/2006, 8.950/2009, 10.654/2017 e 10.824/2018. Na avaliação de Aras, elas violam o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, que prevê a aprovação prévia em concurso para investidura em cargo ou emprego público. Segundo ele, a possibilidade de investidura em cargos em comissão, de livre nomeação e exoneração, é admitida nos casos em que as funções a serem desempenhadas estejam voltadas à direção, à chefia ou ao assessoramento e, por isso, pressuponham um vínculo especial de confiança com a autoridade nomeante.

No caso, porém, as normas não se destinam a essas funções, pois as atribuições exercidas pelo capelão referem-se à prestação de assistência religiosa e espiritual aos integrantes dos órgãos de segurança pública, aos presos e aos egressos do sistema penitenciário. A seu ver, essas atividades não pressupõem nenhum vínculo de confiança com o governador ou com qualquer outra autoridade e, portanto, devem ser preenchidos por pessoas previamente aprovadas em concurso público.

RP/AS//CF

STF

STF invalida regras que previam isenções de cobrança por uso de recursos hídricos em MS

 


A norma estadual contrariou a Constituição e a legislação federal ao criar isenção da cobrança pelo uso da água em atividades agropecuárias e agroindustriais.

11/02/2021 15h50 - Atualizado há

Na sessão virtual encerrada em 5/2, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) declararam inconstitucionais dispositivos da Lei estadual 2.406/2002 de Mato Grosso do Sul que tratam sobre as hipóteses de isenção de cobrança pelo direito de uso dos recursos hídricos no estado. Seguindo o voto do ministro Dias Toffoli, a Corte, por maioria, julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5025.

Entre outros pontos, a norma prevê a isenção da cobrança pelo direito de uso da água no processo produtivo agropecuário mediante as condições nela definidas. A ação foi ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontava ofensa ao pacto federativo, por contrariedade à legislação federal que rege a matéria. Segundo a PGR, a Constituição autoriza os estados a disciplinar a gestão dos recursos hídricos, mas as leis não podem contrariar as diretrizes e as normas fixadas pela legislação federal, especialmente as afetas ao Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos.

Competência privativa

Em seu voto, o ministro Dias Toffoli afirmou que o artigo 22, inciso IV, da Constituição, que fixa a competência privativa da União para dispor sobre águas, deve ser interpretado à luz do artigo 21, inciso XIX, que reserva ao ente federal a instituição do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e a definição dos critérios de outorga dos direitos de uso desses recursos. Esses critérios estão fixados na Lei federal 9.433/1997.

Segundo Toffoli, além de tratar de matéria da competência privativa da União, a lei estadual contraria o disposto na lei federal, pois isenta de cobrança o uso da água em atividades agropecuárias, agroindustriais e rurais, sob as condições que define. Ao assim dispor, a norma também subverte um dos objetivos do regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, que é o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água, tendo em vista que a expressiva atividade agropecuária em Mato Grosso do Sul demanda grande volume de recursos hídricos.

Ficou vencido, no julgamento, o relator da ação, ministro Marco Aurélio, que entendia que o estado atuou no campo da competência concorrente para legislar sobre a matéria.

SP/AD//CF

STF

Brumadinho: acordo entre Vale e Minas Gerais para reparar danos do desastre é questionado no STF

 


Duas entidades ligadas às pessoas atingidas, juntamente com o PSOL e o PT, sustentam que o processo de negociação descumpriu direitos fundamentais previstos na Constituição.

11/02/2021 16h26 - Atualizado há

A Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (Anab) e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), juntamente com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Partido dos Trabalhadores (PT), ajuizaram a Arguição de Descumprimento Fundamental (ADPF) 790, pedindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) garanta aos atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, a participação “prévia, livre e informada” na negociação entre a Vale S.A e o Estado de Minas Gerais para acordo de reparação dos danos causados pelo desastre.

Liminarmente, eles pedem que seja suspensa a homologação do acordo de indenização pactuado entre a empresa e o estado, por ter sido conduzido, segundo eles, de forma inadequada, inclusive com o intermédio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e o aval das instituições de justiça do estado. “A intenção de colocar um fim prematuro no processo de negociação com a empresa para reparação dos danos causados à sociedade tem colocado em xeque preceitos fundamentais do Estado Democrático de Direito”, afirmam.

Acordo inadequado

Para as entidades e os partidos, o acordo anunciado é “rebaixado e insuficiente” para assegurar o financiamento de medidas de reparação integral dos danos socioambientais e socioeconômicos decorrentes do rompimento das barragens de rejeito de minério da mina do Córrego do Feijão. Isso porque o valor de R$ 37,68 bilhões fechado pela mineradora para indenizar o governo do estado pela tragédia é bem inferior aos R$ 54,6 bilhões previstos inicialmente para financiar as medidas de reparação. “Percebe-se, então, que o impedimento da participação das pessoas atingidas tinha o objetivo de impedir qualquer impugnação a um acordo que, evidentemente, não é adequado para assegurar a reparação integral dos danos”, argumentam.

No mérito, pedem que, além da garantia de participação dos atingidos no processo de negociação, na decisão final sobre os termos do acordo e na assinatura, o Supremo determine que todos os at, judiciais e administrativos sejam públicos, com o levantamento da cláusula de confidencialidade imposta pelo Judiciário de Minas Gerais. Defendem, também, que é indispensável a prévia autorização da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais para a validade do acordo, por meio da aprovação de lei que autorize sua celebração em respeito às legislações aplicáveis ao orçamento público. Solicitam, por fim, que seja mantido o pagamento do auxílio emergencial às famílias de forma cautelar, enquanto durar o procedimento de consulta prévia das comunidades.

RR/AS//CF

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