segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Segundo dia de Enem tem abstenção de 55,3%

 


Candidatos resolveram questões de matemática e ciências da natureza

Publicado em 24/01/2021 - 20:05 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro 
Atualizado em 24/01/2021 - 21:51

O segundo dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 teve 55,3% de faltas, abstenção recorde no exame, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Do total de 5.523.029 inscritos no exame, menos da metade, 2.470.396, compareceu aos locais de prova. O índice foi maior que no primeiro dia, quando 51,5% dos inscritos não compareceram às provas. 

A média histórica de abstenção no Enem, segundo o Inep, é de cerca de 27%. O recorde anterior havia sido registrado em 2009, com 37,7% de abstenção. Foram eliminados no segundo dia 1.274 participantes por descumprirem as regras do exame, além de 14 emergências médicas. No primeiro dia, 2.967 candidatos foram eliminados.   

De acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes, o número de faltosos foi maior do que o esperado, mesmo assim, a realização do exame foi vitoriosa. “Têm vários motivos que podem levar as pessoas a fazerem ou não a prova do Enem, é uma decisão individual e eu respeito a decisão individual das pessoas. O que é importante é o Inep assegurar a oportunidade e isso nós fizemos. Estamos dando a oportunidade de quem quer fazer o Enem poder fazer”, diz. "Conseguimos assegurar, no meio da pandemia, que 5,6 milhões pudessem fazer a prova e que 2,5 milhões fizessem as provas. Acho que isso é uma vitória", acrescenta.

Segundo Lopes, o segundo dia transcorreu com tranquilidade. Não houve, até o momento, notificações de pessoas que foram impedidas de realizar o exame por conta da lotação das salas, como ocorreu no primeiro dia de aplicação. O Inep atualizou os números divulgados no último domingo. Até o momento, foi confirmado que isso ocorreu em 11 cidades, em 37 escolas.

Tanto esses estudantes quanto os participantes que foram prejudicados por questões logísticas, como falta de luz no local de prova, e aqueles que não fizeram o exame por apresentarem sintomas de covid-19 ou outra doença infectocontagiosa terão direito a fazer o exame na data da reaplicação, nos dias 23 e 24 de fevereiro. 

O pedido para participar da reaplicação deve ser feito na Página do Participante. O sistema estará aberto, segundo Lopes, a partir das 12h desta segunda-feira (25). O prazo vai até o dia 29. Os resultados serão divulgados no dia 12 de fevereiro, quando os estudantes saberão se os pedidos foram aceitos ou não.

Segundo o Inep, até o momento, 18.210 candidatos solicitaram a reaplicação por conta de doenças infectocontagiosas. Desses pedidos, o Inep aceitou 13.716. “Nesses casos não é preciso pedir a reaplicação porque o pedido foi feito no sistema, já foi deferido. Para essas pessoas, já estamos trabalhando na elaboração da prova. 

Enem 2021

Lopes confirmou a realização este ano do Enem 2021. Segundo ele, a prova deverá ocorrer no final do ano, entre novembro e dezembro. A autarquia se prepara para realizar o exame novamente em um ambiente de pandemia. “Vamos fazer o Enem no final do ano, também no ambiente de pandemia. Entendemos que a aplicação do Enem em novembro, dezembro será sob a cortina da pandemia. Em breve, soltaremos o edital do Enem 2021. Precisamos começar agora a preparar a aplicação do Enem”, diz. 

De acordo com Lopes, é importante que o Inep mantenha o calendário das avaliações para que a sociedade não seja prejudicada e para que os estudantes não interrompam a trajetória de estudos. 

Gabaritos

O Enem 2020 tem uma versão impressa, que começou a ser aplicada no último domingo (17) e terminou neste domingo, e uma digital, [LINK: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-01/presidente-do-inep-explica-como-sera-primeira-edicao-do-enem-digital] realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As notas do Enem podem ser usadas para acessar o ensino superior e participar de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Programa Universidade para Todos (ProUni). O gabarito das provas da edição impressa será divulgado na quarta-feira (27).

Confira na íntegra a coletiva de imprensa com balanço do Enem:

Edição: Paula Laboissière


Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro 
Atualizado em 24/01/2021 - 21:51

Estudantes comentam segundo dia de provas do Enem

 


Candidatos fizeram hoje provas de matemática e de ciências da natureza

Publicado em 24/01/2021 - 20:20 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro

Sem aulas presenciais em 2020, estudantes relatam que se sentiram prejudicados no segundo dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste domingo (24), os participantes fizeram as provas de matemática e de ciências da natureza. Com isso, encerrou-se a aplicação da versão impressa do Enem, que começou no último domingo (17), com as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Os gabaritos serão divulgados na quarta-feira (27). 

“O Enem não é difícil, é uma prova fácil, mas, se não tem acesso à educação básica, qualquer prova que vá fazer vai achar difícil”, diz a estudante Suelem Carvalho, 22 anos. Moradora da Maré, o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro, ela relata que teve problemas com a conexão da internet e não conseguiu acompanhar as aulas online. “Temos problemas de sinal da Maré e o pacote de internet não sustentava as aulas online. Ficamos muito despreparados”. 

A estudante, que pretende cursar biologia, diz que só compareceu ao exame para não perder a isenção da inscrição. Os participantes isentos de pagar a inscrição do Enem perdem a isenção na aplicação seguinte caso não justifiquem a falta. O valor cobrado é de R$ 85. 

Além de se sentir despreparada, o fato de fazer o exame em meio a pandemia também deixou Suelem ansiosa. “Fazendo a prova, você toca na mesa, não sabe se a limparam, toca no olho, tira a máscara para comer. Isso já pode fazer com que pegue o vírus. E, se você mesma está assintomática, pode passar para alguém”, diz. 

O estudante Samuel Serra da Silva, 19 anos, também se sentiu prejudicado. Ele conta que faltou um espaço adequado em casa para estudar e que não conseguiu se adaptar ao ensino a distância. Ele pretende cursar novamente o 3º ano do ensino médio este ano, possibilidade oferecida na escola pública onde estuda no Rio de Janeiro. Ele pretende cursar psicologia. 

Sobre as medidas de segurança, ele conta que o espaçamento entre os estudantes aumentou em relação ao primeiro dia de aplicação. “Colocaram uma cadeira vazia entre os participantes, tinha um distanciamento maior. Sobre a máscara, achei um pouco ruim para respirar, mas é normal, é assim que saímos na rua e é assim que devemos também fazer a prova. Foi tranquilo”. 

Em Piracuruca (PI), o estudante Edilton Brandão de Sousa, 18 anos, diz que, em exatas, se sentiu mais prejudicado por conta da falta de aulas presenciais que em humanas. "Porque exatas exigem mais as demonstrações de cálculos. E os professores precisam do quadro para mostrar para os alunos. E nossas aulas online foram todas pelo WhatsApp", diz.

Mesmo assim, ele reconhece o esforço dos professores e diz que, de forma geral, achou "boas as questões. Havia poucas difíceis". Sousa quer cursar arquitetura. 

Comentários dos professores

Segundo a professora de química do ProEnem, que fez o exame, Caroline Azevedo, as provas estavam mais fáceis que em anos anteriores. "Achei mais fácil que nos últimos cinco anos. Achei a prova com muita teoria e pouco cálculo. Senti falta de alguns assuntos recorrentes, como eletroquímica. Alguns assuntos voltaram a aparecer, como radioatividade. Havia também muitas questões interdisciplinares [que envolvem mais de uma disciplina], com biologia e química”. 

Segundo a professora, no local onde fez prova, havia menos participantes que no primeiro dia de aplicação. “Muitos alunos faltosos, mais de 20”. No primeiro dia de aplicação, o exame teve uma abstenção recorde de 51,5%. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas. 

"Sobre a prova de ciências da natureza, a gente pode dizer que foi do mesmo nível que em anos anteriores. Porém, o que chamou atenção foi a prova de biologia. Talvez tenha sido considerada a mais difícil das provas do Enem. Não no sentido do conteúdo, mas porque o aluno precisava ler muitas vezes para chegar a resolução dela", diz o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação.

Segundo o professor, a prova de matemática teve uma boa distribuição dos assuntos, cobrando também conteúdos do ensino fundamental. "Porcentagem, regra de três, média, geometria. Mantendo um padrão, a prova trouxe também 14 questões de diversos assuntos em que eram abordados gráficos e tabelas", diz.

Enem 2020 

O Enem 2020 tem uma versão impressa, que começou a ser aplicada no último domingo (17) e terminou neste domingo, e uma digital realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.  

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus são as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Candidatos com sintomas de covid-19 ou outra doença infectocontagiosa foram orientados a não comparecerem ao exame. Eles devem notificar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pela Página no Participante e terão direito a fazer o exame na data da reaplicação, nos dias nos dias 23 e 24 de fevereiro. 

O exame foi suspenso no estado do Amazonas, onde 160.548 estudantes estão inscritos para as provas; em Rolim de Moura (RO), onde há 2.863 inscritos; e, em Espigão D'Oeste (RO), com 969 inscritos, devido aos impactos da pandemia nessas localidades. Esses estudantes poderão fazer as provas também na reaplicação. Segundo o Ministério da Educação, foram cerca de 20 ações judiciais em todo o país contrárias à realização do exame.

Edição: Paula Laboissière


Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro

Estudantes podem pedir reaplicação do Enem a partir de hoje

 


Inep recomenda que pedido seja feito pela internet

Publicado em 25/01/2021 - 05:45 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Candidatos que não puderam participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por estarem com sintomas de covid-19 ou de outra doença infectocontagiosa e aqueles que não conseguiram fazer as provas por problemas logísticos podem, a partir de hoje (25), pedir para participar da reaplicação do Enem na Página do Participante. O sistema ficará aberto até o dia 29. 

As provas do Enem impresso foram aplicadas nos dias 17 e 24 de janeiro. Nas semanas que antecederam cada uma das aplicações, os candidatos puderam enviar exames e laudos médicos ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Aqueles que ainda não o fizeram poderão, agora, acessar o sistema online. As provas da reaplicação serão nos dias 23 e 24 de fevereiro. 

Além da covid-19, podem solicitar a reaplicação participantes com coqueluche, difteria, doença invasiva por Haemophilus influenza, doença meningocócica e outras meningites, varíola, Influenza humana A e B, poliomielite por poliovírus selvagem, sarampo, rubéola, varicela.

Segundo o Inep, para a análise da possibilidade de reaplicação, a pessoa deverá inserir, obrigatoriamente, no momento da solicitação, documento legível que comprove a doença. Na documentação, deve constar o nome completo do participante, o diagnóstico com a descrição da condição, o código correspondente à Classificação Internacional de Doença (CID 10), além da assinatura e da identificação do profissional competente, com o respectivo registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), do Ministério da Saúde (RMS) ou de órgão competente, assim como a data do atendimento. O documento deve ser anexado em formato PDF, PNG ou JPG, no tamanho máximo de 2 MB. 

Problemas logísticos

Também poderão pedir a reaplicação estudantes que tenham sido prejudicados por problemas logísticos. De acordo com o edital do Enem, são considerados problemas logísticos, por exemplo, desastres naturais que prejudiquem a aplicação do exame devido ao comprometimento da infraestrutura do local, falta de energia elétrica, falha no dispositivo eletrônico fornecido ao participante que solicitou uso de leitor de tela ou erro de execução de procedimento de aplicação que incorra em comprovado prejuízo ao participante.

No primeiro dia de aplicação, participantes foram impedidos de fazer o exame por causa da lotação dos locais de prova. Devido à pandemia do novo coronavírus, as salas deveriam ter até metade da lotação máxima. Em alguns locais, não foi possível acomodar os inscritos. De acordo com o Inep, esses casos foram relatados em pelo menos 11 locais de prova em Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Londrina (PR), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS) e Canoas (RS). 

Também terão direito à reaplicação os 160.548 estudantes que fariam a prova no estado do Amazonas, 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D'Oeste (RO). O exame foi suspenso por causa dos impactos da pandemia nessas localidades. Ao todo, segundo o Ministério da Educação, foram quase 20 ações judiciais em todo o país contrárias à realização do Enem.  

Os pedidos de reaplicação serão analisados pelo Inep. A aprovação ou a reprovação do pedido de reaplicação deverá ser consultada também na Página do Participante. Os participantes também podem entrar em contato com o Inep pelo telefone 0800 616161. O Inep recomenda, no entanto, que os candidatos façam a solicitação pela internet. 

Enem 2020

O Enem 2020 tem uma versão impressa, que foi aplicada nos dois últimos domingos, 17 e 24, e uma digital, que será realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. 

O Inep divulgará, até quarta-feira (27) os gabaritos das questões objetivas do Enem. Mesmo com o gabarito em mãos não é possível saber quanto se tirou no exame. Isso porque as provas são corrigidas com base na teoria de resposta ao item (TRI). A pontuação de cada estudante varia, entre outros fatores, de acordo com o desempenho do próprio candidato no exame. 

O resultado final será divulgado no dia 29 de março. Os candidatos podem usar as notas para concorrer a vagas no ensino superior, por meio de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em instituições públicas de ensino superior, e o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas de estudo em instituições privadas. 

Edição: Graça Adjuto


Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Confaz divulga nova tabela de preços médios de combustíveis

 


Decisão está publicada no Diário Oficial da União

Publicado em 25/01/2021 - 10:08 Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) divulgou hoje (25) a nova tabela de Preços Médios Ponderados ao Consumidor Final (PMPF) de combustíveis em todo o país.

A tabela traz o preço de 11 produtos nas 27 unidades da federação e foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU).

Os novos valores passam a valer dia 1º de fevereiro. O PMPF é usado pelos estados como base para calcular o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas não define os preços na bomba de combustível dos postos.

Além da gasolina, a tabela do Confaz traz os preços de referência do diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP), querosene da aviação, etanol, gás natural veicular (GNV), gás natural industrial e óleo combustível.

Edição: Kleber Sampaio


Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Brasileiros acreditam que inflação será de 5,2% nos próximos 12 meses

 


Pesquisa foi feita em sete capitais do país

Publicado em 25/01/2021 - 09:36 Por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Os brasileiros acreditam que a inflação acumulada nos próximos 12 meses no país será de 5,2%, de acordo com pesquisa de opinião feita em janeiro deste ano pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A taxa é a mesma observada na pesquisa de dezembro de 2020, mas superior aos 5% do levantamento de janeiro do ano passado.

A pesquisa é feita mensalmente com base em entrevistas com 2.100 consumidores em sete das principais capitais - Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Eles dão respostas para a seguinte pergunta: “na sua opinião, de quanto será a inflação brasileira nos próximos 12 meses?”

Em janeiro, 14,2% dos consumidores projetaram valores abaixo do limite inferior da meta de inflação para 2021 (3,75%), a menor parcela nos últimos seis meses. Por outro lado, a proporção de consumidores estimando acima do limite superior da meta de inflação para 2021 (5,25%) ficou em 39,7%, a maior parcela dos últimos seis meses.

Edição: Kleber Sampaio


Por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Nascidos em novembro podem sacar auxílio emergencial a partir de hoje

 


Serão beneficiadas 3,3 milhões de pessoas

Publicado em 25/01/2021 - 05:30 Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Cerca de 3,3 milhões de beneficiários do auxílio emergencial e do auxílio emergencial extensão nascidos em outubro poderão sacar a última parcela do benefício a partir desta segunda-feira (25). Eles poderão sacar ou transferir os recursos da conta poupança social digital. Foram creditados cerca de R$ 2,2 bilhões para esses públicos nos ciclos 5 e 6 de pagamentos.

Desse total, cerca R$ 2 bilhões são referentes às parcelas do auxílio emergencial extensão e o restante, cerca de R$ 200 milhões, às parcelas do auxílio emergencial.

O dinheiro havia sido depositado na conta poupança digital em 11 de dezembro para os beneficiários do ciclo 5 e em 28 de dezembro para os beneficiários do ciclo 6. Até agora, os recursos podiam ser movimentados apenas por meio do aplicativo Caixa Tem, que permite o pagamento de boletos, de contas de água, luz e telefone), compras com o cartão virtual de débito pela internet e compras em estabelecimentos parceiros por meio de maquininhas com código QR (versão avançada do código de barras).

Para realizar o saque em espécie, é necessário fazer o login no Caixa Tem, selecionar a opção “saque sem cartão” e “gerar código de saque”. Depois, o trabalhador deve inserir a senha para visualizar o código de saque na tela do celular, com validade de uma hora. O código deve ser utilizado nos caixas eletrônicos da Caixa, nas unidades lotéricas ou nos correspondentes Caixa Aqui.

Os saques em dinheiro podem ser feitos nas lotéricas, correspondentes Caixa Aqui ou nas agências.

Edição: Graça Adjuto


Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Agência Brasil explica: como contribuir para o INSS por conta própria

 


Alíquotas variam de 5% e 20%, conforme o perfil do segurado

Publicado em 25/01/2021 - 06:30 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Os segurados que recolhem para a Previdência Social por conta própria precisam prestar atenção. Com o novo salário mínimo de R$ 1,1 mil em vigor a partir do pagamento do próximo mês, os valores das contribuições foram reajustados. Agora, segurado terá de pagar R$ 55, R$ 121 ou R$ 220 por mês, dependendo do perfil de contribuição.

Os contribuintes individuais ou facultativos abrangem trabalhadores autônomos, microempreendedores individuais, donas de casa que querem receber aposentadoria no futuro. Os valores são aplicados conforme as alíquotas de contribuição: 5%, 11% ou 20% sobre o salário de contribuição. Quem contribui pelo salário mínimo, a maioria dos segurados individuais, paga o percentual sobre R$ 1,1 mil.

Com a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro reajustar o salário mínimo para R$ 1.102, o segurado recolherá um pouco mais a partir de fevereiro. O reajuste ocorre porque o mínimo de 2021 foi reajustado em 5,26%, contra inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 5,45%. Como a Constituição determina a reposição do poder de compra, o salário mínimo precisará seguir o INPC.

O contribuinte pode recolher sobre R$ 1.102 a partir de janeiro, se quiser. A partir de fevereiro, após a assinatura do decreto, a contribuição sobre esse valor será obrigatória. Isso porque a contribuição mínima considerada para a contagem de tempo e de valor para a aposentadoria equivale às aplicadas sobre o salário mínimo.

Datas

Os pagamentos da competência de janeiro podem ser feitos até 15 de fevereiro, para quem optou pelo recolhimento mensal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No caso dos microempreendedores individuais, o vencimento ocorre no dia 20 do mês seguinte, sendo transferido para o dia 21 ou 22, caso o dia 20 não caia em dia útil.

Para quem escolheu contribuir trimestralmente, o valor a ser recolhido só deve ser pago entre o dia 1º e o dia 15 do trimestre seguinte. Dessa forma, as contribuições do primeiro trimestre devem ser pagas apenas entre 1º e 15 de abril. O valor recolhido corresponde à contribuição mensal multiplicada por 3.

Agência Brasil explica: como contribuir para o INSS por conta própria.
Agência Brasil explica: como contribuir para o INSS por conta própria. - Arte/Agência Brasil

Perfis

A alíquota de 5% sobre o salário mínimo é cobrada para segurados de baixa renda, sem atividade remunerada, sem fonte de renda e de família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Essa modalidade permite apenas a aposentadoria por idade mínima, sem direito à aposentadoria por tempo de contribuição nem à inclusão do tempo na contagem para outros regimes de Previdência Social.

A alíquota de 11% é aplicada a segurados sem relação de emprego, que não presta serviço e não exerce atividade remunerada. Esse plano não permite a contagem do tempo para outros regimes de previdência, mas permite aposentadorias acima do salário mínimo e por tempo de contribuição por meio de uma complementação do recolhimento mensal. Dessa forma, quem pagar mais que os 11% mínimos poderá conquistar esses direitos.

A alíquota de 20% permite a aposentadoria por tempo de contribuição ou aposentadoria por idade com benefício maior que o salário mínimo. Essa modalidade é a mais recomendada a trabalhadores autônomos que exercem atividade remunerada.

Edição: Maria Claudia


Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Prefeitura de Brumadinho vive boa situação econômica, mas teme futuro

 


Tragédia impactou arrecadação e modificou economia do município

Publicado em 25/01/2021 - 06:03 Por Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Passados dois anos do rompimento da barragem da Vale, Brumadinho (MG) experimenta uma situação econômica confortável. Na análise da prefeitura, três fatores contribuem para esse cenário: um acordo feito com a Vale para compensar a queda de arrecadação, os auxílios emergenciais pagos pela mineradora à população e a chegada de empresas para as ações de reparação. No entanto, todos esses incrementos na economia do município são temporários. Por esta razão, há uma preocupação com o futuro, pois dificilmente a Vale retomará o patamar de produção que tinha anteriormente na cidade.

"Há uma preocupação do município pelos próximos anos", admite o prefeito Avimar Barcelos. Reeleito no ano passado, ele reivindica novos valores indenizatórios para que possa investir em um distrito industrial e reduzir a dependência da mineração. Para o prefeito, as ações da Vale com foco no município ainda estão aquém da dimensão da tragédia.

O acordo citado pelo município foi costurado no início de 2019 e permitiu a compensação de valores correspondentes à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) por 18 meses. Ainda que cinco mineradoras pequenas tenham continuado a operar normalmente em Brumadinho, a paralisação das atividades da Vale levaria a uma queda significativa da arrecadação com o principal tributo decorrente da exploração do minério de ferro. O acordo assegurou que tal situação não ocorresse. A Vale concordou em pagar um total R$ 80 milhões, sendo R$ 20 milhões em março de 2019 e o restante dividido em 18 vezes. Os pagamentos foram concluídos em agosto de 2020.

A economia do município contou ainda com o incremento das doações e, sobretudo, do auxílio emergencial: todos os moradores da cidade receberam, pelo período de um ano após a tragédia, um repasse mensal da Vale no valor de um salário mínimo no caso dos adultos, a metade dessa quantia para adolescentes e um quarto para cada criança. Esse benefício contribuiu para o aumento do consumo e, consequentemente, para uma alta na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em janeiro de 2020, os critérios envolvendo o auxílio emergencial foram alterados , diminuindo a quantidade de beneficiados. Os valores também foram reduzidos em determinados casos.

Já as empresas que chegaram para atuar na reparação propiciaram um aumento no recolhimento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Elas também contribuíram para um segundo fenômeno observado pela prefeitura: um repentino aumento populacional. Ele vem sendo notado por meio de dados secundários. Chega a ser um paradoxo, considerando que a maioria dos 270 mortos na tragédia moravam na cidade e não integram mais a base de cálculo populacional. 

"Esse crescimento foi registrado a partir dos cadastros das pessoas que passaram a utilizar a rede municipal de saúde pública. Tivemos um registro de pelo menos 5 mil pessoas. Isso se deve principalmente pela chegada de pessoas que vieram trabalhar em Brumadinho, trazidas pelas empresas que hoje atuam nas obras de reparação, coordenadas pela Vale", diz o prefeito. Dados eleitorais também dão uma perspectiva dessa mudança demográfica. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o eleitorado de Brumadinho subiu 8,9% de 2018 para 2020, índice bem superior à média nacional de 0,4%.

Mariana

A experiência de Brumadinho é bem diversa da que foi vivida por Mariana (MG), cidade onde uma tragédia similar ocorreu em novembro de 2015. Na ocasião, 19 pessoas morreram e comunidades ficaram destruídas no rompimento de uma barragem da Samarco, que tem a Vale como uma de suas duas controladoras. Durante três anos, o município lidou com a queda de arrecadação e com o aumento do desemprego, uma vez que as terceirizadas e os fornecedores que atendiam à mineradora deixaram a cidade. As obras mais intensas e com mais capacidade para gerar postos de trabalho na cidade, principalmente a reconstrução dos distritos destruídos, demoraram a sair do papel.

Mariana só voltou a ver indícios de uma melhora econômica  há dois anos. Isso ocorreu depois que a Vale anunciou a interrupção das operações da barragem da Mina de Alegria, também localizada no município. Em reação, a prefeitura decretou estado de calamidade. Em setembro de 2019, após a instalação de uma mesa de negociação, a Vale concordou em assinar um acordo que permitiu compensar os prejuízos.

Para o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), a diferença entre as duas situações não é casual. A entidade avalia que a experiência de Mariana serviu como referência para uma maior organização dos atingidos e para uma cobrança mais forte por parte da sociedade, pressionando a Justiça e a Vale por respostas mais rápidas. "O rompimento em Brumadinho chamou a atenção da opinião pública toda pelo número de mortes, pelo caos e pela reincidência. As instituições de Justiça e os movimentos estavam mais preparados. A Vale foi rapidamente intimada a fazer os pagamentos emergenciais", diz Joceli Andrioli, membro da coordenação do MAB.


 Instituto Inhotim, Brumadinho, MG, Brasil, 
TV Brasil/ Instituto Inhotim/ Divulgação
Instituto Inhotim é um das principais atrações turísticas de Brumadinho - TV Brasil/ Instituto Inhotim/ Divulgação

Turismo

Mas nem todos os setores de Brumadinho usufruem do conforto econômico. O turismo ainda não se recuperou plenamente, sobretudo porque sofre também com as consequências da pandemia de covid-19. Brumadinho é um destino atraente por suas cachoeiras e atrações ecológicas, além de sediar o Instituto Inhotim, que reúne um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil. Apesar de não ter sido diretamente atingido pela onda de lama, o espaço ficou fechado por boa parte de 2019, enquanto a cidade buscava se recuperar dos primeiros impactos e, no ano passado, novamente suspendeu as atividades por um período de oito meses em decorrência da pandemia.

O Brumadinho Hostel, situado no centro da cidade, experimentava uma crescente movimentação de hóspedes quando aconteceu o rompimento da barragem. Responsável pelo negócio, Ana Carolina Costa Mendes conta que a queda foi acentuada devido ao estigma. “O centro fica bem distante do local da tragédia. Mas mesmo em Belo Horizonte, que é vizinha a Brumadinho, as pessoas achavam que a cidade ficou destruída. Imagina a percepção do resto do Brasil”, pontua. Hoje, com o turismo em baixa, os principais clientes do Brumadinho Hostel são trabalhadores a serviço das empresas terceirizadas que estão atuando nas ações de reparação. Mas essa intensa movimentação também traz um efeito colateral.

"Há uma forte especulação imobiliária na cidade porque essas empresas também alugam muitos imóveis pros seus empregados. Então quem tem comércio e paga aluguel, está sendo afetado. O imóvel onde eu montei o hostel é alugado e o preço subiu muito. Mesmo tendo esse fluxo de hóspedes, o retorno financeiro não é grande. Muitas hospedagens fecharam, possivelmente porque a situação agravou com a pandemia. Hoje eu trabalho em um restaurante para complementar a renda, mas estou insistindo no hostel acreditando que o cenário vai melhorar após a pandemia", acrescenta Ana Carolina. Ela aposta que o Inhotim poderá ajudar a reaquecer o turismo, mas também defende que a cidade invista em melhor estrutura para o ecoturismo, tornando mais conhecidas e acessíveis as cachoeiras da região.

Brumadinho, Minas Gerais
Brumadinho, Minas Gerais - Arte/Agência Brasil

Alternativas

Os planos do município para diversificar sua economia estão na criação distrito industrial, capaz de atrair empresas para a cidades. Para tanto, a prefeitura cobra uma fatia dos recursos financeiros do acordo de indenização que está sendo negociado entre a Vale, o governo de Minas, a União e o Ministério Público. 

Avimar Barcelos diz que Brumadinho foi excluído das discussões. "A tragédia foi aqui, as pessoas que morreram moravam aqui, as famílias desamparadas estão aqui e um acordo prevê indenização só para o estado? Vão construir estrada, presídio e investir os recursos em outros municípios, deixando Brumadinho de fora?", questiona.

A prefeitura afirma que as obras em Brumadinho realizadas pela Vale se resumem à reforma de cemitérios, de quadras esportivas e do teatro municipal e à construção de quatro creches, uma unidade básica de saúde e de um centro de atendimento educacional para crianças com transtornos diversos. Além disso, há ações de recuperação ambiental e de tratamento de água na área afetada pela tragédia. "A Vale não contribui em nada para além dessas obras. Estamos tentando, independente do processo de indenização citado acima, um acordo para que ela invista R$ 2 bilhões", acrescenta Avimar.

Em nota, a mineradora afirma que, entre as ações de reparação, busca contribuir para o fortalecimento da economia nos municípios impactados "A Vale entende como necessário criar oportunidades para a diversificação das realidades locais, ampliando a geração de emprego e renda para as populações atingidas. O foco deste trabalho é assegurar a sustentabilidade social, econômica e ambiental dos territórios afetados, através do apoio a iniciativas do poder público que visam ao desenvolvimento de vocações locais, como investimentos nas áreas de agricultura, turismo, sustentabilidade e meio ambiente", diz o texto. Um exemplo citado é o programa de apoio aos agricultores de Brumadinho e Mário Campos.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou hoje (19) que encontrou o corpo de mais uma vítima do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais continua a busca pelos corpos de toda as vítimas da tragédia - Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

Memorial

A comunidade de Córrego do Feijão, a mais próxima da barragem, vive uma realidade diferente do centro da cidade, com menos movimento e com muitos negócios encerrados. "Diversos moradores optaram por se mudar. Córrego do Feijão é hoje muito diferente do que era. As pessoas se reuniam no final da tarde, essa coisa pacata de interior. Não tem mais isso", conta a engenheira civil Josiane Melo, que perdeu sua irmã e é atualmente presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum).

Em dezembro de 2019, a Vale apresentou uma proposta de redesenho urbano. Trata-se de um projeto de requalificação do local, intitulado território-parque, que prevê diversas ações de melhoria da infraestrutura, tais como pavimentação e urbanização de ruas e reformas de casas e estruturas. De acordo com a mineradora, os primeiros equipamentos públicos serão entregues ainda no primeiro semestre deste ano.

Paralelamente, está em andamento o projeto de construção de um memorial em homenagem às 272 vidas perdidas conforme os cálculos Avabrum. A entidade leva em conta que duas mulheres estavam grávidas, o que inclui entre as vítimas dois bebês que foram impedidos de nascer. Para a obra do memorial, houve um processo seletivo e os atingidos escolheram o projeto em março do ano passado: entre os quatro apresentados, saiu-se vencedor o do arquiteto Gustavo Penna. Serão 1,5 mil metros quadrados de área construída, integrado a um amplo jardim, em um terreno de 9 hectares próximo à comunidade de Córrego do Feijão. O início das obras depende da conclusão do licenciamento ambiental.

"É um memorial pensado e planejado pelas famílias. Não terá nenhuma logomarca da Vale, afinal ela é a causadora dessas perdas. Caberá à mineradora apenas entregar a obra e também defendemos que ela arque com a manutenção, o que está em discussão", diz Josiane.

Um outro memorial, chamado Minas de Esperança, será o campanário do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, no centro de Brumadinho. Ofertado pela Arquidiocese de Belo Horizonte, sua pedra fundamental foi lançada no início do ano passado. Trata-se de um monumento de 20 metros de altura e cinco sinos, que tocarão diariamente às 12h28, horário que a barragem se rompeu. Também serão inscritas em suas colunas os nomes de todas as vítimas.

Edição: Fábio Massalli


Por Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Tüv Süd reservou 28,5 mi de euros para lidar com processos de tragédia

 


Empresa assinou laudo de estabilidade da barragem de Brumadinho

Publicado em 25/01/2021 - 06:02 Por Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

A Tüv Süd, empresa alemã que assinou o laudo de estabilidade da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG), reservou 28,5 milhões de euros em provisões para custos de defesa e consultorias judiciais em processos envolvendo a tragédia. Esse é um dos poucos dados sobre o episódio que constam em seu último balanço financeiro, publicado em inglês e alemão. Diferente da Vale, a Tüv Süd não tem divulgado relatórios sobre indenizações e gastos com a reparação e não se sabe qual a fatia de sua contribuição no processo de reparação.

Questionada sobre essas informações, a empresa se nega a dar detalhes. "A Tüv Süd continua oferecendo sua cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento. Enquanto os processos legais e oficiais ainda estiverem em curso, a Tüv Süd não poderá fornecer mais informações sobre o caso”, diz em nota.

O rompimento da barragem, que deixou 270 mortos e causou impactos em diversos municípios, completa hoje (25) dois anos. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sustenta que a Tüv Süd é corresponsável pela tragédia. A denúncia apresentada à Justiça mineira apontou um conluio entre a Vale e a Tüv Süd. Ambas as empresas foram acusadas de assumirem os riscos de rompimento porque teriam conhecimento da situação crítica da barragem, mas não compartilharam as informações com o poder público e com a sociedade.

denúncia foi aceita pela Justiça mineira em fevereiro de 2020, transformando 16 pessoas em réus: 11 funcionários da Vale e cinco da Tüv Süd. Entre eles, está o executivo alemão Chris-Peter Meier. Ele trabalha na Alemanha e já informou que não pretende vir ao Brasil para prestar depoimento. De acordo com a denúncia do MPMG, Meier desempenhou papel importante na decisão de assinar o laudo de estabilidade que dava respaldo para a operação da barragem que se rompeu. Sem esse documento, a Vale seria obrigada a paralisar a estrutura.

Após tragédia, não apenas a Tüv Süd como outras empresas de consultoria contratadas pela Vale passaram a revisar seus estudos e colocaram em dúvida a estabilidade de outras barragens no estado de Minas Gerais. Em algumas cidades, essa reavaliação constatou a existência de riscos de ruptura em algumas estruturas, tornando necessária a realização de evacuações preventivas. Em maio de 2019, a Tüv Süd foi proibida pela Justiça de emitir novos laudos.

O próximo balanço da empresa deve ser publicado em março e trazer os dados referente ao ano de 2020. No último relatório, publicado no ano passado, a Tüv Süd informa sobre a existência de processos judiciais pleiteando perdas e danos e diz ser provável que novas ações sejam movidas. A empresa comunica também estar realizando uma investigação interna e avalia que "os fatores de influência a serem considerados em uma disputa legal são multifacetados".

O relatório coloca em dúvida a capacidade da subsidiária brasileira de continuar operando na hipótese de ser responsabilizada pelo rompimento. "Caso o resultado dos processos judiciais seja prejudicial à Tüv Süd, isso pode resultar em danos substanciais e outros pagamentos que podem ter um impacto negativo significativo sobre o desempenho e a posição financeira do grupo", registra o documento.

Brumadinho, Minas Gerais.
Brumadinho, Minas Gerais. - Arte/Agência Brasil

Ação na Alemanha

Além de responder pela tragédia nos tribunais brasileiros, a Tüv Süd também é alvo de uma ação judicial na Alemanha. Dois escritórios estão à frente desse processo: o anglo-americano PGMBM Law e o alemão Manner Spangenberg. Eles representam mais de 1,1 mil clientes, incluindo familiares de alguns mortos e sobreviventes da tragédia. Além das pessoas físicas, os municípios mineiros de Brumadinho e Mario Campos também aderiram à ação, buscando indenização por danos ambientais e econômicos. 

O valor da causa ainda será estimado e deverá cobrir tanto danos morais como materiais. O processo tramita desde outubro de 2019 no Tribunal Regional de Munique, cidade onde está sediada a Tüv Süd. Está em curso uma análise que deverá indicar se a Tüv Süd teve responsabilidade na tragédia, pré-requisito para que a tramitação possa continuar.

O PGMBM Law, um dos dois escritórios envolvidos no processo, é o mesmo que está à frente de uma ação no Reino Unido envolvendo a tragédia de Mariana (MG). No episódio, ocorrido em novembro de 2015, 19 pessoas morreram e dezenas de cidades na bacia do Rio Doce foram impactadas após o rompimento de uma barragem da Samarco. Nesta ação, os atingidos cobram indenização da empresa anglo-australiana BHP Billiton, que tem uma de suas sedes internacionais em Londres. Ela é, ao lado da Vale, controladora da Samarco.

Além de enfrentar um processo na esfera cível, a Tüv Süd também foi alvo de uma queixa criminal apresentada na Alemanha em outubro de 2019 por integrantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). A medida foi apoiada por uma coalizão de entidades nacionais e internacionais. Entre elas, estão a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, a Associação Comunitária da Jangada, o Centro Europeu para os Direitos Humanos e Constitucionais (ECCHR) e a Misereor, uma organização dos bispos católicos alemães.

Edição: Fábio Massalli


Por Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro