segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Pará já recebe pacientes do Amazonas para tratamento de Covid-19

 


Duas mulheres oriundas de Parintins já estão na UTI do Hospital de Campanha, no Hangar. A unidade deve receber mais seis pacientes nesta terça-feira.

18/01/2021 19h26 - Atualizada hoje 20h12
Por Carol Menezes (SECOM)

As duas primeiras pacientes chegaram a Belém e foram direto para o Hospital de CampanhaFoto: Alex Ribeiro - Ag. ParáDos oito pacientes com a Covid-19 em estado grave transferidos para Belém pelo Governo do Estado do Amazonas, que enfrenta problemas no abastecimento de oxigênio na rede hospitalar, dois já ocupam leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital de Campanha, instalado no Hangar, em Belém. Duas mulheres, com uma acompanhante de cada família, chegaram à capital paraense no final da tarde desta segunda-feira (18), vindas do município de Parintins, no leste amazonense, em voo providenciado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Outros seis pacientes devem chegar a Belém na manhã desta terça-feira (19), para serem tratados na mesma unidade.Chegada das pacientes do Amazonas ao Hospital de Campanha, no Hangar, na capital paraenseFoto: Alex Ribeiro - Ag. Pará

Sipriano Ferraz, secretário adjunto de Estado de Saúde Pública, informa que, de acordo com o monitoramento diário de casos e internações, a situação da pandemia na Região Metropolitana de Belém (RMB) é confortável, e a retaguarda de leitos no Hangar permitiu o auxílio aos doentes do Estado vizinho.

Solidariedade - Atualmente, o Pará oferece 20 leitos clínicos e dez de terapia intensiva no Hospital de Campanha, e outros dez de Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) Neonatal na Santa Casa do Pará. Havendo necessidade, o Governo do Pará pode avaliar a possibilidade de ampliar essa oferta.O voo que transferiu as pacientes foi providenciado pela Força Aérea BrasileiraFoto: Alex Ribeiro - Ag. Pará

"O governo do Estado se solidariza com o Amazonas, a fim de prestar socorro e auxiliar para que possam sair dessa grave crise assistencial. As oito transferências solicitadas até agora se destinam ao Hangar, onde há uma ala criada para esses pacientes que vêm de lá", explica Sipriano Ferraz.

No último dia 14 de janeiro, em redes sociais, o governador Helder Barbalho anunciou ter feito contato com o governador do Amazonas, Wilson Lima, para oferecer ajuda diante do colapso no sistema de saúde devido ao crescimento de casos da Covid-19. Naquele dia, a média móvel de mortes havia aumentado em 187%. Por conta disso, os hospitais de Manaus estão lotados e sem oxigênio para todos os pacientes internados com a doença.

agência pará 

Autorização para construções na rota do aeroporto

 


Restabelecimento da medida viabiliza aprovação de projetos, principalmente em regiões como Samambaia

Lotes na rota de aproximação e decolagem do Aeroporto Internacional de Brasília poderão ser regularizados | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Boas notícias para aqueles que querem edificar em Samambaia, Riacho Fundo, Taguatinga e outras regiões administrativas: lotes que tiveram novas construções impedidas por estarem situados na rota de aproximação e decolagem do Aeroporto Internacional de Brasília, principalmente em Samambaia, poderão voltar a ter projetos aprovados.

Graças a um requerimento de interesse público enviado pelo GDF, o Comando da Aeronáutica coordena um processo, com a participação da Administração Aeroportuária, empresas aéreas e GDF, que resultou na Portaria Gabaer nº 9/GC3. Publicado nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União (DOU), o documento administrativo entra em vigor a partir de 1° de fevereiro.

Espaço aéreo

A normativa passa a autorizar a implantação do chamado Objeto Projetado no Espaço Aéreo (Opea) localizado em áreas que impactam as superfícies limitadoras de obstáculos das áreas de aproximação e decolagem do Aeroporto Internacional de Brasília.

Isso significa um caminho para a autorização de novos empreendimentos e construções dentro da altura permitida na legislação urbanística do DF. “A nova portaria possibilita a autorização de construções inviabilizadas pelo último plano básico do aeródromo de Brasília, que não considerou, por exemplo, os gabaritos já definidos em lei para os lotes situados em Samambaia, criados há décadas, dos quais muitos ainda não foram edificados”, resume o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Mateus Oliveira.

Nesse processo, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) foi a responsável por expor as informações técnicas e legais sobre a situação, além de apresentar o requerimento de interesse público, assinado pelo governador Ibaneis Rocha.

Solicitações

Segundo a Subsecretaria de Desenvolvimento das Cidades da Seduh, a partir de 1° de fevereiro, as solicitações enviadas ao Comando da Aeronáutica serão avaliadas conforme a nova portaria. Agora simplificado, esse processo é aguardado por muitas pessoas interessadas em dar andamento a suas construções.

Os projetos de edificações que tiveram parecer desfavorável do Comando da Aeronáutica já poderão entrar com recurso administrativo próprio, caso apresentem como única condicionante a violação da superfície do espaço aéreo. Caso se adequem à portaria, obterão manifestação favorável.

Para mais informações, os interessados poderão consultar a cartilha elaborada pela Central de Aprovação de Projetos (CAP) da Seduh. Em caso de dúvidas relacionadas ao procedimento, também é possível procurar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

 

AGÊNCIA BRASÍLIA

Surto de covid-19 obriga Cabo Verde a desistir de Mundial de Handebol

 


Com seis casos, seleção não tem atletas suficientes para competir

Publicado em 18/01/2021 - 16:16 Por Lincoln Chaves - Repórter da Tv Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo - São Paulo

A Federação Internacional de Handebol (IHF, sigla em inglês) anunciou nesta segunda-feira (18) a desistência da seleção de Cabo Verde do Campeonato Mundial masculino da modalidade, no Egito. A equipe africana vive um surto de casos do novo coronavírus (covid-19) que a deixou com apenas nove atletas à disposição no elenco. O regulamento prevê um mínimo de dez jogadores aptos para jogar.

O grupo cabo-verdiano viajou com 15 atletas. Quatro deles, porém, foram diagnosticados com a covid-19 ao chegarem no Egito. Com 11 jogadores disponíveis, a seleção estreou com derrota por 34 a 27 para a Hungria. Em nova bateria de testes, antes do segundo jogo, contra a Alemanha, mais dois casos do novo coronavírus foram confirmados, o que impossibilitou a realização da partida, válida pelo Grupo A. Os alemães ganharam por W.O., o equivalente a uma vitória por 10 a 0.

O último compromisso de Cabo Verde pela primeira fase seria nesta terça-feira (19), diante do Uruguai. Segundo a nota divulgada pela IHF, "como a seleção encontrava dificuldades para reunir ao menos dez jogadores aptos para competir, conforme o regulamento, a decisão foi por deixar o campeonato". Ainda de acordo com a federação, o time africano será considerado derrotado por W.O. nos jogos que faria pela Copa Presidente, que reunirá as equipes que não passassem à segunda fase.

Com a desistência, Hungria, Alemanha e Uruguai, demais participantes do Grupo A, estão automaticamente classificados à sequência do Mundial. Os três melhores de cada um dos oito grupos irão à segunda fase, em que as seleções serão divididos em quatro chaves de seis times. As duas melhores equipes de cada grupo prosseguirão às quartas de final.

Futuro brasileiro

Após empates com Espanha e Tunísia, o Brasil decide o futuro no Mundial do Egito nesta terça, às 16h30 (horário de Brasília), contra a Polônia. Os espanhóis lideram o Grupo B com três pontos, acumulando uma vitória (que vale dois pontos) e um empate (um ponto), seguidos por poloneses (uma vitória e uma derrota) e brasileiros, com dois pontos. Os tunisianos estão em último, com um ponto (um empate e uma derrota). Na segunda fase, os times que avançarem dos grupos B e A estarão na mesma chave.

Edição: Marcio Parente


Por Lincoln Chaves - Repórter da Tv Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo - São Paulo

Internacional vence sexta seguida e fica a um ponto do líder São Paulo

 


Colorado bate Fortaleza, enquanto Bragantino supera Ceará

Publicado em 17/01/2021 - 23:04 Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo

O Internacional chegou à sexta vitória consecutiva pela Série A do Campeonato Brasileiro e diminuiu para somente um ponto a diferença para o líder São Paulo. Neste domingo (17), o Colorado derrotou o Fortaleza por 4 a 2 no Beira-Rio, em Porto Alegre, pela 30ª rodada da competição.

O resultado levou os gaúchos aos 56 pontos, na vice-liderança. Na próxima quarta-feira (20), a equipe comandada por Abel Braga visita justamente o Tricolor paulista no Morumbi, às 21h30 (horário de Brasília). O time de Fernando Diniz não vence há três jogos (duas derrotas e um empate) e permitiu que o Inter reduzisse a diferença, que era de nove pontos antes da sequência. Se ganhar em São Paulo, o Colorado assume o primeiro lugar.

Já o Leão do Pici vive um jejum de oito jogos sem vencer e ocupa o 16º lugar, com 32 pontos. Se considerar as últimas 15 partidas, o Tricolor cearense tem apenas uma vitória (contra o lanterna Botafogo). A vantagem para o Bahia, 17º colocado e primeiro time na zona de rebaixamento, é de três pontos. O time de Enderson Moreira tenta a reabilitação na quinta-feira (21), às 19h, diante do Santos, na Arena Castelão, em Fortaleza.

Vitória colorada em jogo movimentado

A partida começou animada no Beira-Rio. Em 12 minutos, foram três gols. O Inter abriu 2 a 0 na bola aérea. Aos três minutos, Praxedes recebeu na esquerda do também meia Patrick e cruzou para Yuri Alberto cabecear. O goleiro Felipe Alves fez boa defesa, mas o rebote foi nos pés do atacante colorado, que empurrou para as redes.

Seis minutos depois, o lateral Moisés cobrou falta na área, pela esquerda, e o volante Rodrigo Dourado ampliou de cabeça. Mas a resposta do Fortaleza foi imediata. Aos 11 minutos, o lateral Carlinhos recebeu na esquerda e foi derrubado pelo meia Caio Vidal na área. O atacante Wellington Paulista cobrou o pênalti e diminuiu o prejuízo.

O Fortaleza passou a ficar mais com a bola, mas, além de não encontrar espaços na marcação colorada, cedeu contra-ataques perigosos. Em um deles, aos 28 minutos, Lucas Ribeiro foi derrubado próximo à grande área. O também zagueiro Victor Cuesta cobrou falta com categoria e acertou o travessão. Na sequência, após troca de passes, Praxedes finalizou perto da marca do pênalti e, não fosse uma cabeçada providencial do lateral Tinga, teria aumentado a vantagem gaúcha.

Na etapa final, o Inter teve a primeira chance no minuto inicial. Primeiro, Caio Vidal acertou a trave. No rebote, Yuri Alberto carimbou o zagueiro Paulão, que salvou o Fortaleza. A equipe cearense subiu a marcação e deu certo: aos dez minutos, Cuesta afastou mal de cabeça e o atacante Romarinho, de voleio, deixou tudo igual. Animado, o Leão do Pici quase virou aos 19 minutos com David. O atacante foi lançado à esquerda e bateu na saída do goleiro Marcelo Lomba, rente à trave.

Mas quando o Tricolor do Pici era melhor, o Inter liquidou o jogo. Aos 25 minutos, Patrick fez grande jogada pela esquerda e cruzou para o atacante Peglow, que tinha acabado de entrar, escorregar para mandar a bola nas redes. No lance seguinte, aos 31 minutos, Felipe Alves defendeu a batida cruzada de Moisés, mas o rebote explodiu em Carlinhos e foi para o gol, murchando as esperança de reação dos cearenses, que seguem em situação delicada.

Pênaltis decidem vitória do Bragantino

Maior rival do Fortaleza, o Ceará recebeu o Red Bull Bragantino na Arena Castelão e foi superado por 2 a 1, nos acréscimos. A vitória levou o Massa Bruta aos 38 pontos, abrindo nove pontos de vantagem para o Z-4 e assumindo a 12ª colocação. O Vozão, com 39 pontos, está uma posição à frente, mas perdeu a chance de encostar no G-6, zona de classificação à próxima Libertadores. Os alvinegros estão nove pontos atrás do Palmeiras, que é o sexto.

No primeiro tempo, o principal lance foi uma cabeçada do zagueiro Tiago, do Ceará, aos 23 minutos, que parou no travessão. Na etapa final, o atacante Artur sofreu pênalti do lateral Bruno Pacheco. O meia Claudinho bateu e colocou o Bragantino na frente, aos 10 minutos. Cinco minutos depois, o árbitro de vídeo (VAR) alertou para um puxão de Ricardo Ryller no também zagueiro Luiz Otávio, na grande área. A penalidade foi marcada e o atacante Lima igualou para o Vozão.

O duelo caminhava para o empate, quando, nos acréscimos, o VAR identificou toque de braço do volante William Oliveira na área. Mais um pênalti foi assinalado. Claudinho, novamente, foi para a bola e fez o gol da vitória dos paulistas, que voltam a campo na próxima quarta-feira, às 21h30, diante do Vasco, no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP). O Ceará terá que buscar a reabilitação na quinta, às 19h, contra o Goiás, no estádio da Serrinha, em Goiânia.

Veja a tabela da Série A do Brasileiro.

Edição: Fábio Lisboa



Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo

Grand Slam desagrada australianos retidos no exterior devido ao vírus

 


Enquanto milhares não podem voltar, estrelas do tênis chegam ao país

Publicado em 18/01/2021 - 15:55 Por Swati Pandey - Sidney (Austrália)

Reuters

Enquanto as principais estrelas do tênis chegam a Melbourne para o Grand Slam que se aproxima, muitos australianos questionam a decisão de sediar o torneio de tênis no momento em que milhares de cidadãos estão confinados no exterior devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19).

A Austrália reduziu pela metade o número de pessoas que pode retornar ao país a cada semana, à medida que os casos positivos de covid-19 na quarentena em hotéis aumentam, levando a companhia aérea Emirates a suspender indefinidamente os voos para Sydney, Melbourne e Brisbane.

Os australianos têm questionado como o governo pode abrir espaço para 1.200 jogadores de tênis e seus acompanhantes para o Aberto da Austrália do próximo mês, mas não para seus próprios cidadãos.

“Se você quiser vir para a Austrália durante uma pandemia, você precisa ser uma estrela do esporte, celebridade do cinema ou um magnata da mídia”, disse o usuário Daniel Bleakley no Twitter. "A cidadania e um passaporte australiano por si só não são suficientes."

Outros afirmaram que os recursos usados para sediar o torneio poderiam ter sido alocados para aumentar as instalações de quarentena e sistemas de saúde para ajudar a trazer de volta os australianos retidos.

As tensões destacam os desafios para o anfitrião dos Jogos Olímpicos, o Japão, com a opinião pública amplamente contra o evento agendado para 23 de julho a 8 de agosto em Tóquio (Japão).



Por Swati Pandey - Sidney (Austrália)

Coluna - A última dança

 


Ícone do paradesporto nacional, Daniel Dias se despede em Tóquio

Publicado em 18/01/2021 - 14:37 Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e Rádio Nacional - São Paulo

O documentário "A Última Dança", disponível na plataforma Netflix, conta os bastidores da temporada final de Michael Jordan no Chicago Bulls e a busca pelo sexto título da NBA, a liga norte-americana de basquete. Para Daniel Dias, a Paralimpíada de Tóquio (Japão) deste ano tem um quê de última dança - ou, no caso dele, de última braçada. Principal nome da história do paradesporto brasileiro, o nadador de 32 anos anunciou que encerrará a carreira após os Jogos na capital japonesa.

Os números evidenciam a história que Daniel escreveu em piscinas do Brasil e do exterior. São 24 medalhas paralímpicas, sendo 14 de ouro. Na Rio 2016, ele se tornou o homem com mais pódios na história da modalidade nos Jogos. São, também, 40 medalhas em Mundiais (31 de ouro) e 33 em Jogos Parapan-Americanos, todas douradas. O paulista de Campinas (SP), porém, entende que seu maior feito esteja fora d'água.

"Acredito que o legado eu deixo é mostrar o valor da pessoa, do ser humano. A ferramenta esporte possibilitou que crianças e pessoas sem deficiência me vissem como exemplo. Esse é um legado intangível. As pessoas entenderam que a deficiência não nos define e que somos capazes de alcançar nossos sonhos e objetivos", disse o nadador, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, após decidir por um ponto final na carreira para estar mais próximo dos filhos Asaph, Daniel e Hadassa.

15.09.2019 - Mundial de Paranatação de Londres 2019 -
Além de 24 medalhas olímpicas, Daniel Dias coleciona ainda 40 medalhas em Mundiais (31 de ouro) - acima foto no Mundial de Londres (Inglaterra) em 2019 - e 33 em Jogos Parapan-Americanos, todas douradas - ALE CABRAL/CPB

"A família é a base de tudo para mim. Tive que abdicar de algumas coisas, inclusive de estar mais perto deles, para me dedicar e treinar. Em nenhum momento me arrependo disso. Sou muito grato a Deus pela minha esposa [Raquel], que ficou na retaguarda e cuidou de todos os detalhes. Eu precisava, hoje, curti-los mais. Eles estão chegando a uma fase importante da vida, quero estar presente em questões que, enquanto atleta, eu não conseguia. Isso pesou bastante", explica.

A despedida das piscinas após Tóquio não significa a saída do movimento paralímpico. Pelo contrário.

"Não me vejo na borda da piscina [como técnico], mas, sem dúvida, nos bastidores eu me imagino, sim, ajudando de alguma maneira. Eu gostaria de me dedicar mais ao Instituto Daniel Dias [projeto de fomento ao esporte, criado por ele em 2014, voltado a crianças e adolescentes com deficiência]. Agora, será uma dedicação maior, para que, como eu, que conheci o esporte com 16 anos, outros jovens de várias idades também possam conhecê-lo. A gente acha que só a criança é transformada [pelo esporte], mas a família que tem uma criança com deficiência também é transformada", destaca.

Luta futura

Membro do Conselho Nacional de Atletas e da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Daniel também pretende atuar próximo ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). Um tema que o nadador quer discutir após Tóquio é o dos critérios da classificação funcional, processo de análise pelo qual os atletas paralímpicos passam para saber em qual classe estão e se estão aptos a competir no movimento.

Rio de Janeiro,16 de setembro de 2016. - JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016 - Natação - 50m costas masculino S5 - Daniel Dias - Medalha de ouro
Na Paralimpíada Rio 2016, Dias se tornou o homem com mais pódios na história da modalidade nos Jogos, após conquistar 24 medalhas, 14 delas de ouro - Fernando Maia/MPIX/CPB/Direitos reservados

Para entender: a natação paralímpica tem 14 divisões. A S14 é de competidores com deficiência intelectual. As categorias S11 a 13 reúnem atletas com deficiência visual. Já as classes S1 a S10 são voltadas a nadadores com deficiências físico-motoras, nas quais quanto maior o número, menor é o grau de comprometimento. Daniel, que nasceu com má formação nos membros superiores e na perna direita, é da S5. É nesta classe que ele conquistou as inúmeras medalhas e estabeleceu vários recordes mundiais.

Após a Paralimpíada do Rio, porém, o sistema de classificação funcional sofreu mudanças. Atletas que nadavam em categorias acima (portanto, com menor comprometimento físico-motor que Daniel) foram transferidos para a do brasileiro. Caso do italiano Francesco Bocciardo, campeão paralímpico da classe S6 nos 400 metros nado medley. Em contrapartida, o carioca André Brasil, que competia na classe S10, pela qual foi medalhista de ouro paralímpico e mundial, foi considerado inelegível, exceto nas disputas do nado peito - que não é sua especialidade.

"A minha decisão [da aposentadoria após Tóquio] foi tomada sem pensar na questão da classificação. Mas, sendo bem sincero, quero falar disso, porque me chateia. Enquanto atleta, dediquei minha vida à natação pela credibilidade que a gente veio ganhando. A verdade é: como explicar que o Daniel era recordista e agora não é mais, mesmo fazendo os melhores tempos da vida? Como explicar que o meu adversário foi campeão no Rio em uma classe acima? São coisas difíceis", argumenta o nadador. E acrescenta: "Eles [IPC] precisam ouvir os atletas. A gente entende a importância da classificação, ela define a vida do atleta. Precisamos que seja o mais claro e justo possível, coerente. Não é algo que a gente vê hoje. Espero que, após Tóquio, como ex-atleta, eu possa contribuir mais. Quero brigar por isso". 

Inspirações

A temporada que marca a aposentadoria de Daniel é também a 17ª de uma carreira que, ele próprio admite, iniciou "tarde", aos 16 anos. A inspiração foi outro nadador. Na Paralimpíada de 2004, Clodoaldo Silva brilhou nas piscinas de Atenas (Grécia) com seis medalhas de ouro. Curioso é que o único esporte que o paulista não praticou na infância, até se encantar com os feitos de Clodoaldo, era justamente aquele que o consagrou.

08/08/2015 - Canadá, Toronto, CIBC Aquatics Centre - Finais de natacao no CIBC em Toronto. Na foto Daniel Dias e Clodoaldo Silva durante cerimonia de medalha dos 100m live
Daniel Dias ao lado de Clodoaldo Silva, que foi sua inspiração na adolescência para começar a nadar. Ambos conquistaram medalhas no Parapan de Toronto (Canadá), em 2015  - Jonne Roriz/MPIX/CPB

"Eu jogava futebol, basquete, disputava campeonatos. Cheguei até a fazer handebol e vôlei. Consegui fazer alguns esportes. Mas natação eu não fiz [risos]. Não tinha em Camanducaia [cidade do interior mineiro onde Daniel morou na infância]. Eu não conhecia o paradesporto. Mas, ali, a ferramenta esporte já estava sendo importante. Lembro dos grandes desafios que tive quando criança, passar por preconceito, momentos difíceis que a gente enfrenta. O esporte foi fundamental para me ajudar a entender que, ali no futebol, assim como meus amigos chutavam e brincavam, eu também fazia. Não era a deficiência que me impedia", conta.

O contato com o movimento paralímpico veio e, com ele, a aproximação com atletas não só das piscinas, mas de outras modalidades, durante as várias participações em Paralimpíadas e Jogos Parapan-Americanos. Além do próprio Clodoaldo, com quem esteve lado a lado a partir dos Jogos de 2008, em Pequim (China), Daniel cita outras inspirações.

"O Yohansson [Nascimento, campeão paralímpico no atletismo e atual vice-presidente do CPB] é excepcional como atleta e pessoa. A gente via o peso e a referência dele no atletismo e junto à seleção. O Renato [Leite, da seleção de vôlei sentado] é outro líder nato, ficava feliz quando a gente se reunia e conversava. O Clodoaldo, claro, a gente via o quanto ele cativava a quem estava com ele e a liderança junto à delegação. Outro que é uma grande referência é o Antônio Tenório [tetracampeão paralímpico no judô]. A carreira que ele construiu é para deixar qualquer um de queixo caído. Toda Paralimpíada que vai, ganha medalha", descreve.

Partiu, Tóquio

A Paralimpíada de Tóquio será entre 24 de agosto e 5 de setembro deste ano. Para finalizar a carreira com chave (e mais medalhas) de ouro, Daniel treina forte em Bragança Paulista (SP), onde mora. São cinco a sete treinos semanais em piscina, mais duas a três vezes de preparação física. O cronograma de competições, porém, ainda é uma incógnita. O calendário de competições nacionais foi suspenso até junho, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O circuito mundial foi confirmado pelo IPC, começa em abril e vai ate junho, mas, sem a etapa brasileira. As disputas serão em Sheffield (Reino Unido), Indianapolis (Estados Unidos), Lignano Sabbiadoro (Itália), Austrália (cidade não definida) e Berlim (Alemanha).

"Competição faz muita falta. Há mais de um ano e alguns meses que a gente não compete. Teve [a etapa do circuito mundial em] Berlim no ano passado, mas não fomos. Poucos atletas estiveram lá. A retomada [dos eventos] é fundamental na preparação. Só treinar não te dá um parâmetro. Mas a gente não quer deixar isso afetar e tenta simular, por meio das tomadas de tempo, para poder avaliar o trabalho. A gente sabe que não é a mesma coisa, mas já faz uma avaliação", analisa. "Os treinos estão a todo vapor. Quero chegar em Tóquio na minha melhor versão e melhorar minhas marcas. Que seja uma temporada de muitas realizações e conquistas", conclui.

A última dança - ou braçada - de Daniel Dias já começou.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues


Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e Rádio Nacional - São Paulo

Tema da redação segue linha adotada em edições anteriores do Enem

 


Neste domingo os candidatos fizeram a primeira prova do Enem 2020

Publicado em 17/01/2021 - 18:52 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro

Professores elogiaram o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 e dizem que a escolha manteve a linha adotada pela prova ao longo dos anos, abordando questões sociais. O tema desta edição é O Estigma Associado às Doenças Mentais na Sociedade Brasileira. 

Para a professora de língua portuguesa e produção textual do Colégio Mopi, do Rio de Janeiro, Tatiana Nunes Camara, trata-se de um tema necessário para o momento que estamos vivendo. “Eu achei uma escolha delicada, porque vai exigir do candidato uma recepção muito profunda e muito consciente da realidade e traz ã tona aquela eterna questão que é questão da empatia. Fala-se tanto em empatia e solidariedade, mas hoje no Brasil é uma coisa que se pratica e se vê pouco. Acho que é uma espetada na sociedade, uma espetada necessária”, diz.  

Segundo a professora, para tirar uma boa nota, o estudante precisará ter um bom repertório. “Vai exigir do aluno um nível de repertório muito alto, senão ele vai ficar em um nível muito clichê [ao falar de preconceitos] e isso nunca é bom em provas como esta”, diz. De acordo com Tatiana, por conta da pandemia, candidatos podem sair prejudicados. “Como a gente viveu um 2020 extremamente desigual, com alunos com acesso a aula online e outros não, pode ser que tenha grupo bastante relevante de alunos que tenha dificuldade na redação sim”.  

De acordo com o professor de produção textual e coordenador do cursinho UniFavela, Laerte Breno, o tema seguiu a linha de edições anteriores da prova. "Diferente do tema do ano passado que surpreendeu todo mundo, esse ano, achei justo”, diz. O tema da redação do Enem 2019 foi Democratização do acesso ao cinema no Brasil

O professor conta que inclusive trabalhou o tema com os alunos. “A gente conseguiu acertar o tema. A gente trabalhou bastante a saúde mental, não só a depressão, mas a loucura, insanidade, a ideia de manicômio. A gente levou alguns repertórios para os estudantes”. 

Breno acrescenta que, por outro lado, “é um tema meio irônico, por estarmos em meio a pandemia” e muitos estudantes estarem eles mesmos lidando com doenças mentais. Ele esteve hoje (17) em locais de prova para levar lanches e dar apoio aos alunos do cursinho, que é voltado para moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Segundo o professor, eles estavam nervosos e com baixa autoestima. “É injusto estar fazendo uma prova escolhendo entre ter cuidado com a vida ou com o seu futuro”. 

O professor e fundador do Laboratório de Redação, de São Paulo, Adriano Chan, alerta que os estudantes precisam tomar alguns cuidados para não perder pontos na redação. Um deles é não focar apenas nas doenças em si, mas abordar, como o tema sugere, a estigmatização delas na sociedade. “O estudante não pode trabalhar apenas com a questão da saúde, de depressão, de covid-19, como é algo que deve acontecer muito. Deve falar do preconceito e da forma como a sociedade lida com a doença, precisa falar do estigma das doenças mentais e não apenas delas”, diz. 

Outra dica é estar atento aos textos de apoio. Pelas regras da redação, eles não podem ser copiados, mas o conteúdo que trazer poderá servir de apoio para a elaboração de um texto próprio

“Achei o tema genial. O Enem sempre vai evitar trabalhar com temas que sejam esperados. Sempre vai tentar trazer uma coisa nova, até porque é uma preocupação, senão, dá a sensação que alguém já sabia do tema. É um tema específico, mas é de fácil manuseio pelos alunos”, diz, Chan. 

Veja os temas das redações de anos anteriores: 

Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional

Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana

Enem 2011:  Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado

Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI

Enem 2013:  Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil - Neste ano houve duas aplicações regulares do exame.

Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil

Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

Enem 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil

Enem 2020 

O Enem começou a ser aplicado hoje (17) na versão impressa. Os estudantes fazem as provas de linguagens, ciências humanas e de redação. A prova segue no próximo domingo (24), quando serão aplicadas as provas de matemática e ciências da natureza. Este ano, o exame terá também uma versão online, que será aplicada nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança  adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Quem for diagnosticado com covid-19, ou apresentar sintomas dessa ou de outras doenças infectocontagiosas até a data do exame, não deverá comparecer ao local de prova e sim entrar em contato com o Inep pela Página do Participante, ou pelo telefone 0800-616161, e terá direito a fazer a prova na data de reaplicação do Enem, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Assista às 19h30 a correção das provas na TV Brasil.

Teste os seus conhecimentos no QuestõesEnem, da Agência Brasil:


Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro

Enem 2020: 51,5% dos inscritos no Enem não comparecem ao exame

 


Do total de 5.523.029 inscritos, 2.842.332 faltaram às provas

Publicado em 17/01/2021 - 20:05 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Atualizado em 17/01/2021 - 22:47

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 tem abstenção de 51,5% dos candidatos inscritos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, que começou a ser aplicada hoje (17), 2.842.332 faltaram às provas.

Segundo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, a abstenção recorde se deve principalmente ao medo da pandemia e a campanhas contrárias à realização do exame. Apesar disso, considera a aplicação vitoriosa. No ano passado, a abstenção no primeiro dia do Enem foi 23%. “Fico satisfeito com o que fizemos no meio de uma pandemia”, diz, “[Quero] qualificar o Enem no meio de uma pandemia como algo vitorioso para não atrasar mais a vida de milhões de estudantes”.  Em 2009, o segundo ano de aplicação do Enem com a maior abstenção, a porcentagem de inscritos que não compareceram foi de 37%.

Foram eliminados do exame 2.967 candidatos por não respeitarem as regras do Enem, entre elas, não cumprirem as medidas de segurança para evitar o contágio pelo novo coronavírus, como usar máscara cobrindo a boca e o nariz durante toda a aplicação. Ao todo, 69 participantes foram afetados por questões logísticas, como emergências médicas, falta de energia elétrica, entre outros. Os dados tanto de presença, quanto das eliminações, segundo o presidente do Inep, são preliminares.  

Sintomas 

Nesta edição, por conta da pandemia do novo coronavírus, participantes que apresentassem sintomas da covid-19 ou de outras doenças infectocontagiosas não deveriam comparecer ao exame. Esses participantes podem acionar o Inep e solicitar a reaplicação, que será nos dias 23 e 24 de fevereiro. Até o momento, 10.171 participantes pediram reaplicação. Desse total, o Inep aceitou o pedido de 8.180.

Quem apresentou sintomas hoje (17) ou ontem (16), pode solicitar a reaplicação, mediante a apresentação de laudo médico e documentos comprobatórios entre os dias 25 e 29 de janeiro.

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, explica que a partir de amanhã (18), os participantes que apresentarem sintomas devem notificar o Inep e, mesmo que tenham feito a prova no primeiro dia, não devem comparecer ao segundo dia de aplicação, que será no próximo domingo (24). Eles terão direito a reaplicação. 

Reaplicação  

Estudantes relataram neste domingo que foram impedidos de entrar nos locais de aplicação porque as salas estavam cheias e seria preciso respeitar o distanciamento entre os participantes. Questionado, Lopes diz que a situação está sendo apurada. Esses participantes também terão direito a fazer a prova na data da reaplicação. Segundo o presidente, esse casos foram relatados em 11 locais de prova em Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Londrina (PR), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS) e Canoas (RS). 

Também terão direito a reaplicação os 160.548 estudantes que fariam a prova no estado do Amazonas, 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D'Oeste (RO), por conta dos impactos da pandemia nessas localidades. Ao todo, segundo o ministro da Educação, foram quase 20 ações judiciais em todo o país contrárias à realização do Enem.  

O Enem começa a ser aplicado hoje (17) na versão impressa. Os estudantes fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e de redação. A prova segue no próximo domingo (24), quando serão aplicadas as provas de matemática e ciências da natureza. Este ano, o exame terá também uma versão online, que será aplicada nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

Acompanhe a entrevista completa:

matéria atualizada às 22h49 para complemento de informação

O presidente do Inep, Alexandre Lopes e o  ministro da Educação, Milton Ribeiro, participam da entrevista coletiva sobre o primeiro dia de provas do Enem
O presidente do Inep, Alexandre Lopes e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, participam da entrevista coletiva sobre o primeiro dia de provas do Enem - Marcello Casal JrAgência Brasil

Edição: Aline Leal



Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Atualizado em 17/01/2021 - 22:47