segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Congresso analisa vetos a pacote anticrime, uso de máscaras, auxílio emergencial e ajuda a indígenas

 


Da Redação | 17/08/2020, 11h57

O Congresso Nacional deve se reunir, na próxima quarta-feira (19), segundo agenda divulgada pela Presidência do Senado Federal, para analisar alguns vetos, como o imposto pelo presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei (PL 873/2020), que ampliou o rol de beneficiários do auxílio emergencial e originou a Lei 13.998, de 2020 (VET 13/2020).

A sessão será dividida em três horários: às 10h com deputados, às 16h com senadores e, às 19h novamente com deputados. A terceira sessão servirá para que a Câmara delibere sobre vetos a projetos iniciados no Senado. Para que um veto do presidente da República seja derrubado é necessário o apoio mínimo de 257 votos na Câmara e 41 no Senado. Se os deputados decidem pela manutenção de um veto, a decisão é final, ou seja, a análise nem chega ao Senado. O mesmo ocorre quando os senadores mantêm um veto a projeto iniciado na Casa. Nesse caso, a Câmara não se pronuncia.

Foram 12 trechos vetados no projeto, entre eles o que listava profissões aptas a receber o auxílio, como pescadores profissionais artesanais e aquicultores; agricultores familiares; arrendatários, extrativistas, silvicultores, beneficiários dos programas de crédito fundiário, assentados da reforma agrária, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais; e a possibilidade de pescadores artesanais receberem o auxílio quando não estivessem cobertos pelo seguro-defeso.

Segundo a justificativa do Planalto, ao especificar determinadas categorias para o recebimento do auxílio em detrimento de outras, a proposta ofende o princípio da isonomia ou igualdade material.

Nesse projeto, o Executivo também vetou a possibilidade de homens solteiros chefes de família receberem em dobro o benefício emergencial. Pelas regras vigentes, apenas mães chefes de família podem ter direito a duas cotas do auxílio emergencial (R$ 1.200) por mês. Segundo o governo, a medida colocaria em risco o recebimento do benefício por mães solteiras, pois o projeto não estabeleceu mecanismos para impedir que pais ausentes se colocassem como chefes de família de forma fraudulenta.

Pacote anticrime

O último veto do ano passado a ser analisado pelos parlamentares é o Veto 56/2019 , que barrou 24 dispositivos do Pacote Anticrime. Sancionada em dezembro pelo presidente Jair Bolsonaro, a Lei 13.964, de 2019, tem por objetivo aperfeiçoar a legislação penal e processual penal. 

Um dos itens vetados foi a pena de 12 a 30 anos de prisão para crimes como homicídio cometido com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. O presidente da República entendeu que a medida “viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada”. Além disso, segundo o Palácio do Planalto, o dispositivo poderia “gerar insegurança jurídica” aos agentes de segurança pública.

Outro artigo vetado determinava a apresentação do preso ao juiz de garantias em um prazo de 24 horas. A ideia era aplicar a medida em caso de prisões em flagrante ou por mandado de prisão provisória. O texto aprovado pelo Congresso previa a realização de audiência com a presença do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de advogado, vedado o emprego de videoconferência.

Para o presidente da República, “suprimir a possibilidade da realização da audiência por videoconferência gera insegurança jurídica”. Além disso, de acordo com o Planalto, “o dispositivo pode acarretar em aumento de despesa, notadamente nos casos de juiz em vara única, com apenas um magistrado, seja pela necessidade de pagamento de diárias e passagens a outros magistrados para a realização de uma única audiência, seja pela necessidade premente de realização de concurso para a contratação de novos magistrados”.

Máscaras

Outro veto em pauta é o aposto pelo Planalto ao PL 1.562/2020, que originou a Lei 14.019, de 2020, e determinava o uso obrigatório de máscaras pela população (VET 25/2020). Foram 23 itens vetados, como ao dispositivo que obrigava o uso de máscara em estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, estabelecimentos de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Segundo o Executivo, o dispositivo pode ser interpretado como violação de domicílio por abarcar conceito abrangente de locais não abertos ao público.

Também foi vetado trecho que previa multa no caso do descumprimento do uso de máscaras, com agravantes na gradação da penalidade para os casos de reincidência, infração em local fechado e capacidade econômica do infrator.

Outro dispositivo vetado determinava a aplicação de multa por estados e municípios ao estabelecimento autorizado a funcionar durante a pandemia da covid-19 que deixar de disponibilizar álcool em gel em entradas, elevadores e escadas rolantes.

Nas razões dos vetos, o governo alega que embora haja prerrogativa para a elaboração de normas gerais pela União em relação à matéria, a não imposição de balizas para a gradação da sanção imposta gera insegurança jurídica. Além disso, aponta a existência de normas que já disciplinam a possibilidade de multas por infração sanitária com parâmetros a serem observados (Lei 6.437, de 1977).

O projeto de lei obrigava o Poder Público a fornecer gratuitamente máscaras de proteção individual às populações mais pobres nos estabelecimentos credenciados ao Programa Farmácia Popular do Brasil, entre outros. A justificativa para o veto foi que o dispositivo cria obrigação aos entes federados, em violação ao princípio do pacto federativo e à autonomia dos estados, Distrito Federal e municípios.

Indígenas

O Planalto também vetou parcialmente o projeto (PL 1.142/2020) com medidas de proteção social para prevenção do contágio e da disseminação da covid-19 nos territórios indígenas. O texto originou a Lei 14.021, de 2020, e teve 22 trechos vetados (VET 27/2020).

Entre eles, o que previa o acesso das comunidades a uma lista de serviços a serem prestados “com urgência e de forma gratuita e periódica” pelo poder público: acesso universal a água potável; distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e desinfecção de superfícies; oferta emergencial de leitos hospitalares e de unidade de terapia intensiva (UTI); aquisição de ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea; distribuição de materiais informativos sobre a covid-19; e pontos de internet nas aldeias.

A lei traz um capítulo específico sobre segurança alimentar e nutricional para aldeias indígenas, comunidades quilombolas, pescadores artesanais e demais povos tradicionais durante a pandemia. O governo federal vetou o parágrafo que obrigava a União a distribuir alimentos diretamente às famílias “na forma de cestas básicas, sementes e ferramentas agrícolas”.

Foram vetados ainda dois dispositivos que davam prazo de dez dias para a elaboração de um plano de contingência para cada situação de contato com povos isolados. O Palácio do Planalto também barrou a elaboração de um plano de contingência para lidar com surtos e epidemias nessas áreas.

O projeto aprovado pelo Congresso estendia a quilombolas, pescadores artesanais e demais povos tradicionais todas as medidas previstas para as comunidades indígenas no Plano Emergencial. Esse dispositivo foi mais um vetado pelo presidente Jair Bolsonaro.

O presidente da República vetou também a criação de um programa específico de crédito para os povos indígenas e a inclusão de comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares no Programa Nacional de Reforma Agrária. A medida visava beneficiar indígenas que não possuem a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com a possibilidade de apresentar documentos simplificados emitidos pelo órgão indigenista oficial.

Crédito

Na pauta estão ainda dois projetos de lei de crédito suplementar ao Orçamento. O PLN 11/2020 abre crédito de R$ 36,7 milhões em favor das Justiças Federal, do Trabalho e do Distrito Federal e Territórios para a conclusão de obras.

Já o PLN 23/2020 abre crédito de R$ 166,8 milhões para o Ministério Público Federal investir na construção dos edifícios-sede da Procuradoria da República em Boa Vista, Belém, e Vitória; e cobrir gastos com assistência médica e odontológica de servidores civis e com pessoal e encargos sociais. No âmbito do Ministério Público Militar, do Distrito Federal e do Trabalho, os recursos são destinados a despesas com a assistência médica e odontológica de servidores civis, com pessoal e encargos sociais, e com a defesa do interesse público no processo judiciário.

Outros vetos a serem analisados na sessão do Congresso:

Veto

Tipo

Proposta

11/2020

Total

Inclusão de trecho rodoviário em Roraima no Anexo do Plano Nacional de Viação

12/2020

Parcial

Cessão de servidores da Polícia Civil do Distrito Federal aos Estados da Federação para exercer cargo de Secretário de Estado

14/2020

Parcial

Carência de oito meses para que os empresários começassem a quitar o empréstimo obtido pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe)

15/2020

Parcial

Redução da alíquota do imposto de renda incidente sobre valores remetidos ao exterior e nova Embratur

16/2020

Parcial

Transferência ao domínio dos Estados de Roraima e do Amapá de terras da União na Faixa de Fronteira

17/2020

Parcial

Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus para estados, Distrito Federal e municípios

18/2020

Parcial

Prazo para a Anvisa autorizar excepcional e temporariamente a importação de produtos sem registro

19/2020

Parcial

Destina recursos oriundos da extinção do Fundo de Reserva Monetária aos Estados, Distrito Federal e Municípios para enfrentamento da pandemia

20/2020

Parcial

Regime Jurídico Emergencial e Transitório no período da pandemia do coronavírus

21/2020

Parcial

Altera procedimentos de gestão e alienação dos imóveis da União

22/2020

Parcial

Ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia

23/2020

Parcial

Auxílio financeiro às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em razão da pandemia

24/2020

Total

Suspensão das inscrições nos cadastros de empresas de análises e informações de crédito durante a pandemia

26/2020

Parcial

Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda durante a pandemia

28/2020

Parcial

Ampliação do rol de cursos incluídos no FIES

56/2019

Parcial

Pacote anticrime

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Parlamentares defendem mobilização por projeto que fortalece fundo científico

 


Rodrigo Baptista | 17/08/2020, 12h00 - ATUALIZADO EM 17/08/2020, 14h00

A defesa da comunidade científica do descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) nesta segunda-feria (17) reforça, na avaliação de parlamentares, a aprovação no Congresso do projeto de lei complementar que proíbe que os recursos desse fundo sejam bloqueados pelo governo no Orçamento da União. Aprovado pelo Senado na quinta-feira (13), o  PLP 135/2020, que também transforma o FNDCT em um fundo financeiro, depende de aprovação da Câmara dos Deputados.

Durante reunião da comissão mista que acompanha  ações do governo federal no enfrentamento à covid-19, senadores e deputados favoráveis ao projeto pediram que a comunidade científica continue se mobilizando para ajudar na aprovação da proposta. Autor do projeto, o senador Izaci Lucas (PSDB-DF) disse que tem conversado com deputados para convencê-los sobre a importância do projeto.

— Eu estou tentando falar agora com o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia. Ainda não marquei com ele, mas, como ele é meu vizinho aqui, já, já eu vou marcar um plantão na casa dele, porque é fundamental que esse projeto seja aprovado na Câmara e, inclusive, sem alteração, porque, se tiver que mudar alguma coisa, a gente muda depois, em outro projeto, para evitar que tenha que voltar para o Senado. Então, eu gostaria de pedir a vocês para continuar mobilizando — disse Izalci.

Segundo o senador, a maior oposição ao projeto vem da equipe econômica do governo. 

— O Governo vai trabalhar contra isso na Câmara. Eu tenho já informações de que ele já admite o não contingenciamento, mas o não contingenciamento, para nós, não é suficiente, porque não adianta liberar também todo o recurso dia 31 de dezembro, não dá para você executar. Então, é inadmissível mexer na questão do fundo financeiro — avaliou. 

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) destacou o congelamento de recursos para a área de ciência e tecnologia e disse que o governo deve demonstrar que considera o setor estratégico. 

— A gente teve uma redução orçamentária drástica, e a gente não pode pensar em nada que não seja prioritário. Então, não se pode dizer que é prioridade ciência e tecnologia, se eu não coloco "prioridade" na peça orçamentária. Portanto, eu só devo dizer que é prioridade quando eu também tenho isso na peça orçamentária. Eu acho que o Izalci apresenta uma alternativa para resolver isso de fato, proibindo o contingenciamento orçamentário — argumentou. 

 Esperidião Amim (PP-SC) defendeu que cabe ao Congresso decidir sobre possíveis contingenciamentos orçamentários. 

— Eu vejo que o Congresso, através da comissão mista, deveria inclusive colocar um gráfico de contingenciamento. Caso o arrecadado não fosse o esperado, deveria o próprio Congresso já dizer quais áreas deveriam ser contingenciadas — assinalou. 

O deputado Felício Laterça (PSL-RJ) também defendeu o descontingenciamento do Fundo:

— Aqui na Câmara dos Deputados eu pego essa bandeira de ciência e tecnologia. Precisamos investir em ciência e tecnologia e entendo a necessidade de não haver recursos contingenciados — frisou. 

Presidente da comissão mista, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) sugeriu que os integrantes do colegiado façam um levantamento de outros projetos que possam contribuir com o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Presidente da CRE quer acordo do Mercosul com o Líbano

 


Da Redação | 17/08/2020, 12h16

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), senador Nelsinho Trad (PSD-MS), irá atuar junto ao governo federal para acelerar o fechamento de um acordo de livre comércio do Mercosul com o Líbano. Trad fez parte da comitiva brasileira oficial que, na semana passada, visitou o país asiático, cuja capital, Beirute foi devastada por uma forte explosão em 4 de agosto.

A comitiva nacional, chefiada pelo ex-presidente da República, Michel Temer, se reuniu com o presidente libanês, Michel Aoun, e com o primeiro-ministro interino, Hassan Diab. O senador revelou que a principal pauta apresentada pelo governo do Líbano é fechar, o mais rápido possível, um acordo com o Mercosul.

— As mais altas autoridades daquele país neste momento nos pediram, a mim, na condição de presidente da CRE, para que atuemos junto a nosso governo, dinamizando as negociações tentando fechar o acordo. Eu inclusive já tinha abordado esse tema numa reunião recente que tive com o ministro [das Relações Exteriores] Ernesto Araujo. Quero me encontrar novamente com ele e levar o pleito do governo libanês, e também falar sobre isso com o presidente Jair Bolsonaro — afirmou Trad à Agência Senado.

Crise no Líbano

Assim como Temer, Trad é descendente de libaneses. Por isso, segundo ele, ter feito parte da delegação oficial brasileira que levou ajuda humanitária ao país foi "um momento especial". Além de se reunir com autoridades, o senador fez questão de sair às ruas de Beirute e falar com cidadãos comuns, e também fez filmagens da devastação causada pela explosão de um estoque de nitrato de amônio no porto da cidade. As filmagens foram postadas no Twitter pelo senador.

— O Líbano já passava por muitos protestos sociais e descontentamento com a classe política, antes da pandemia. A pandemia arrefeceu os protestos, mas eles voltaram ainda mais fortes após a tragédia de 4 de agosto. O atual gabinete, incluindo o primeiro-ministro, teve que renunciar. Uma parcela expressiva da sociedade libanesa se organiza e visa derrubar todo o governo. Entende que não tem mais credibilidade para governar. Com o sangue libanês que corre em minhas veias, só desejo paz e que eventuais novos líderes se estabeleçam no país por eleições livres e democráticas — ressalta.

Dados divulgados pelo governador de Beirute, Marwan Abboud, dão conta que a explosão no porto matou ao menos 220 pessoas. Outras 110 estão desaparecidas e mais de 7 mil foram feridas. Na entrevista à Agência Senado, Trad ainda falou sobre outras consequências da catástrofe, e do que ouviu dos libaneses.

— Passando à noite por toda a região do porto, vemos que toda ela está às escuras, a rede elétrica foi destruída e não existe mais energia elétrica pra quem mora naqueles bairros. Apesar de vários prédios terem perdido janelas e até paredes, muitas pessoas continuam morando ali, porque não têm outra opção. Uma das regiões mais lindas de Beirute, a beira-mar onde havia muitos bares, restaurantes e locais para entretenimento, hoje se encontra nesse estado. O que nos enche de esperança é ver a quantidade de voluntários que aparecem a todo momento querendo reconstruir a região — detalhou.

A missão humanitária brasileira entregou seis toneladas de medicamentos, equipamentos de saúde e alimentos ao Líbano. Outras quatro toneladas de arroz estão sendo enviadas por via marítima. A comitiva ainda informou que a comunidade libanesa no Brasil já arrecadou outras 20 toneladas de medicamentos e alimentos, que também serão enviados o mais rapidamente possível.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado


Perde eficácia MP que obrigava operadoras a compartilhar dados com o IBGE

 


Da Redação | 17/08/2020, 13h39

A medida provisória que obrigava as operadoras de telefonia a repassarem dados de clientes para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fazer pesquisas domiciliares por telefone perdeu a validade na sexta-feira (14). 

Conforme MP 954/2020, as empresas deveriam repassar relações de nomes, números de telefone e endereços de seus consumidores. Segundo o Executivo, o pedido foi feito pelo próprio IBGE para manter a continuidade de pesquisas antes feitas em visitas domiciliares e agora suspensas em razão da pandemia de covid-19.

O IBGE se comprometeu com o sigilo dos dados recebidos. Todavia, partidos de oposição ingressaram com ações diretas de inconstitucionalidade, alegando que o repasse dessas informações viola o direito à privacidade. Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender a eficácia da medida, que continuou em tramitação no Congresso. 

Houve apenas um voto contrário à suspensão, do ministro Marco Aurélio, que preferiu deixar o Congresso Nacional deliberar sobre o mérito da proposição.

A MP já estava tramitando em caráter de urgência, depois de ter tido seu prazo prorrogado. Por conta da pandemia, não tramitou em comissão mista, como de praxe, e seria votada diretamente nos plenários da Câmara e do Senado. 

Com a perda de eficácia, o Congresso Nacional detém agora a prerrogativa de disciplinar, por decreto legislativo no prazo de 60 dias, as relações jurídicas decorrentes de sua edição. 

Entenda a tramitação de uma medida provisória. 

 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Codevasf poderá atuar em Roraima e na totalidade de Minas Gerais, prevê projeto

 


17/08/2020, 14h20

A área de atuação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) pode ser ampliada e incluir a totalidade da área de Minas Gerais e o estado de Roraima. Projeto com esse objetivo (PL 4.203/2020) foi apresentado pelos senadores Mecias de Jesus (PRB-RR) e Carlos Viana (PSD-MG). Viana lembra que a área de atuação da Codevasf já foi ampliada diversas vezes nas últimas décadas.  Mais informações com o repórter Rodrigo Resende, da Rádio Senado.

Fonte: Agência Senado

Estratégia de privatizar estatais sem aval do Congresso é questionada no STF

 


Guilherme Oliveira | 17/08/2020, 14h45

As Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados encaminharam um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte intervenha na criação e venda de subsidiárias de empresas estatais. A prática é questionada como uma “estratégia” do governo federal para privatizar partes dessas empresas sem a participação do Congresso Nacional.

O pedido partiu de um questionamento feito pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Para o senador, esses procedimentos não são apenas decisões de gestão que a diretoria da estatal possa tomar sozinha.

— A missão da Petrobras sempre foi abastecer o país de derivados de petróleo. Quando muda a missão da empresa, se ela é estatal, precisa haver a participação dos representantes do povo. É um aspecto de decisão nacional — disse Jean Paul. 

O Senado e a Câmara pedem para ser incluídos como partes interessadas na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.624, que questiona vários pontos da Lei de Responsabilidade das Estatais (Lei 13.303, de 2016). Em 2019, o STF decidiu cautelarmente, no âmbito do julgamento da ação, que a venda de subsidiárias de empresas estatais não depende de autorização do Congresso. No entanto, a criação de subsidiárias precisa ser chancelada pelo Congresso.

A Petrobras tem autorização legislativa para estabelecer subsidiárias desde 1997, com a lei que revogou o monopólio estatal sobre o petróleo brasileiro (Lei 9.478, de 1997). A partir disso, desde o ano passado a empresa trabalha com o plano de criar novas subsidiárias para as quais seriam transferidas oito refinarias. Na sequência, essas subsidiárias seriam vendidas. Todas essas etapas poderiam ser cumpridas, segundo a Petrobras, sem a necessidade de consulta ao Congresso.

No entanto, o Senado e Câmara argumentam que a lei de 1997 abriu caminho apenas para subsidiárias que visem cumprir o objeto social da Petrobras, orientadas pela exploração de novas oportunidades de negócios. A ramificação “artificial” da matriz, com o propósito único de alienar ativos, não estaria respaldada. As Mesas Diretoras pedem ao STF que explicite que o Congresso precisa ser consultado nesses casos.

Jean Paul acrescenta que mesmo a cautelar do STF que deu aval à venda de subsidiárias sem supervisão do Congresso é uma decisão questionável, pois nem todas são alheias à atividade principal da estatal matriz. Ele cita como exemplo a BR Distribuidora, empresa que compete em um mercado sobre o qual a Petrobras não tem o monopólio.

— Até concordo que, quanto a atividades ancilares [subsidiárias] da empresa, ela possa se desfazer do negócio, desde que a atividade principal da holding não esteja comprometida. Mas algumas subsidiárias da Petrobras fazem atividade principal. São subsidiárias por alguma razão específica, comercial ou regulatória, mas ainda fazem parte da empresa integrada, do poço ao posto.

O senador se preocupa que, sem uma abordagem legal ou judicial clara, a prática de desestatização através de subsidiárias possa se tornar rotineira. Na semana passada, o governo federal encaminhou ao Congresso a MP 995/2020, que contém a previsão legal para que subsidiárias da Caixa Econômica Federal criem suas próprias subsidiárias. Na sua justificativa, o Executivo afirma que a intenção da MP é possibilitar a alienação de ativos.

— Se não houver quem grite que o rei está nu, essa estratégia vai se espalhar para outras estatais — alerta Jean Paul.

A Caixa, como matriz, já tem crivo legal para criar subsidiárias (Lei 11.908, de 2009). A justificativa da MP 995 lembra que estatais como a Eletrobras, os Correios e a Infraero também estão autorizadas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado


Após 20 anos e R$ 22,6 bi arrecadados, Fust falha em ampliar acesso à internet

 


Dante Accioly | 17/08/2020, 17h54

O Brasil tem 14,9 milhões de lares sem acesso à internet. São quase 46 milhões de pessoas desconectadas — um quarto da população com mais de 10 anos de idade. Desse contingente de excluídos digitais, 7,5% não têm sinal disponível, 25,4% não podem pagar pelo serviço e 24,3% não sabem usar a rede mundial de computadores. Os dados são da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-Contínua), divulgada em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O cenário poderia ser outro.

OBJETIVOS ATUAIS DO FUST
Atender localidades com menos de cem habitantes e comunidades de baixo poder aquisitivo
Implantar acessos individuais para prestação de serviço telefônico e internet em estabelecimentos de ensino, bibliotecas e instituições de saúde
Reduzir valor da conta dos serviços de telecomunicações em escolas e bibliotecas públicas para beneficiar população carente
Instalar redes de alta velocidade para serviços de teleconferência entre escolas e bibliotecas
Atender áreas remotas e de fronteira de interesse estratégico
Implantar acessos individuais para órgãos de segurança pública
Implantar serviços de telecomunicações em unidades do serviço público situadas em pontos remotos
Fornecer acesso individual e equipamentos a instituições de assistência a deficientes carentes
Implantar telefonia rural

Há exatos 20 anos, no dia 17 de agosto de 2000, era sancionada uma lei que prometia revolucionar o acesso à informação no Brasil. A Lei 9.998, de 2000, cria o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e obriga todas as empresas do setor a destinar 1% da receita operacional bruta à expansão do serviço — especialmente, nas regiões consideradas não-lucrativas. Passadas duas décadas, o Fust arrecadou mais de R$ 22,6 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mas apenas uma parcela irrisória do dinheiro foi aplicada para atenuar o abismo digital que isola parte da população.

A lei nasceu de um projeto (PLC 60/1999) apresentado pelo então deputado federal e ex-senador José Pimentel. Ele sugeria que a contribuição das empresas ao Fust fosse maior: 10% do valor da outorga paga à União e 2% da receita operacional bruta. “É de vital importância que o fundo faça aplicações na área da educação nacional. Interligar os estabelecimentos de ensino à internet é apenas um exemplo do grande salto de qualidade que as escolas podem dar utilizando as telecomunicações”, justificava Pimentel.

O projeto aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional e sancionado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso excluiu da conta o percentual de outorga e fixou a contribuição das empresas em 1%, mais um repasse de até R$ 700 mil por ano do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Do total arrecadado, 30% deveriam ir para as regiões de abrangência das Superintendências de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene). Outros 18%, para os estabelecimentos públicos de educação.

Na época, a norma foi considerada um avanço. Ela previa como objetivos do Fust atender comunidades pequenas e com baixo poder aquisitivo, garantir a cobertura em áreas remotas e de fronteira, ampliar a telefonia rural e assegurar acesso a telefone e internet de alta velocidade em escolas, bibliotecas, hospitais, delegacias e outros órgãos públicos. Mas isso ficou no papel.

“Descompasso”

De acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), 4,1 bilhões de pessoas utilizam a rede mundial de computadores. Isso corresponde a 53,6% da população do planeta. A UIT alerta, em contrapartida, que expressivos 3,6 bilhões de pessoas permanecem off-line — a maior parte em países considerados menos desenvolvidos, onde em média apenas 20% dos cidadãos estão conectados.

No Brasil, o acesso à internet cresce a cada ano. Segundo a PNAD-Contínua, o celular está presente em 99,2% dos domicílios ligados à web; o computador, em 48,1%; e a smart TV, em 23,3%. Há conexão por banda larga móvel em 80,2% das casas. O percentual de pessoas que fazem chamadas de voz via internet bate os 88,1%, e 81,8% dos brasileiros usam a rede para assistir vídeos.

Os números são respeitáveis. Porém, alguns indicadores sugerem que muito pouco ou quase nada do que ocorre no cenário nacional se deve ao Fust. O primeiro indicador tem relação com a distribuição geográfica dos acessos. De acordo com o IBGE, enquanto a utilização da internet em áreas urbanas atinge 83,8% dos lares, menos da metade dos domicílios rurais (49,2%) está “logada”. A mesma disparidade se verifica quando se comparam as regiões do país. De acordo com a média nacional, 75,9% dos lares com internet utilizam banda larga fixa. Na região Norte, são apenas 53,4%.

A pesquisa TIC Domicílios 2019, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, reforça a percepção de que o Fust não foi capaz de conectar as camadas mais pobres da sociedade. Nas classes A e B, mais de 90% da população com mais de 10 anos de idade acessa a rede mundial de computadores. Nas classes D e E, a proporção é de 57%. Enquanto as classes A (87%) e B (73%) conectam-se à internet simultaneamente por computadores e celulares, apenas 38% da classe C e 14% da D e da E utilizam ambos os dispositivos.

Outro indicador que evidencia a baixa eficácia do fundo é a própria execução dos recursos. O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu em 2016 uma fiscalização sobre a infraestrutura de telecomunicações do Brasil. Um dos pontos mais explorados pelo relator, ministro Bruno Dantas, foi justamente a utilização do dinheiro do Fust e do Fistel. Dantas alertou para “o descompasso entre o volume arrecadado e a aplicação dos recursos nos objetivos que motivaram a criação” dos dois fundos.

Os dados são alarmantes. De acordo com o TCU, dos R$ 16,05 bilhões amealhados pelo Fust entre 2001 e 2015, apenas 1,2% foi utilizado na universalização dos serviços de telecomunicações. Nada menos que 69,39% da arrecadação foi empregada “em outros fins”, como remuneração de instituições financeiras, auxílio-transporte para servidores do Ministério das Comunicações e assistência médica, odontológica e pré-escolar para dependentes.

ARRECADAÇÃO DO FUST


* Até julho

Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

Apesar do aporte de R$ 22,6 bilhões ao longo dos últimos 20 anos, os saques na conta do Fust para outras finalidades reduziram o superavit financeiro do fundo a R$ 5,6 bilhões em 2019. “As barreiras que impediam a aplicação dos recursos do Fust não estavam relacionadas à eventual impropriedade na legislação que rege o fundo. A paralisia devia-se antes à falta de articulação e de prioridade no âmbito do Poder Executivo em relação ao assunto”, concluiu o ministro Bruno Dantas.

O portal Siga Brasil, mantido pelo Senado, agrega informações sobre a execução do Fust nos últimos seis anos. Embora os dados relativos à arrecadação do fundo divirjam dos números apresentados pela Anatel (veja quadro), o levantamento expõe uma realidade desoladora: de R$ 9,1 bilhões autorizados entre janeiro de 2015 e julho de 2020, só foram efetivamente pagos R$ 573,2 mil — o equivalente a 0,006%.


DESPESAS DO FUST
ANO PLANEJADO PAGO PERCENTUAL
2015 R$ 3,9 bilhões R$ 193,2 mil 0,0049%
2016 R$ 1,7 bilhão R$ 193,2 mil 0,0113%
2017 R$ 1,3 bilhão R$ 111,5 mil 0,0085%
2018 R$ 322,3 milhões R$ 64,9 mil 0,0201%
2019 R$ 1,2 bilhão R$ 10,4 mil 0,0008%
2020* R$ 758,4 milhões
TOTAL R$ 9,1 bilhões R$ 573,2 mil 0,0062%

* Até julho. Valores corrigidos pelo IPCA

Fonte: Portal Siga Brasil

Nota: A Agência Nacional de Telecomunicações e o portal Siga Brasil apresentam números diferentes para a arrecadação do Fust entre 2015 e 2020 — R$ 6,5 bilhões e R$ 9,1 bilhões, respectivamente. Em 2016, uma fiscalização do Tribunal de Contas da União encontrou “uma divergência considerável” nas contas apresentadas pela Anatel e determinou a revisão dos dados. A autarquia recalculou para baixo os saldos excedentes de 2008, 2009, 2011 e 2012, o que foi efetivado em 2016 e 2017.

Isso significa que, mesmo dispondo de um fundo bilionário para alavancar as telecomunicações no país, os presidentes Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro desembolsaram em média R$ 8,5 mil por mês no período, em valores corrigidos pela inflação (IPCA). Para se ter ideia da insignificância da cifra, o dinheiro seria suficiente para adquirir apenas dois laptops a cada 30 dias para todo o Brasil, segundo as mais recentes atas de preço registradas no Portal de Compras do governo federal.

A presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), alerta, entretanto, que a ineficiência na administração dos recursos do Fust não é algo recente, mas um problema que se arrasta pelas últimas duas décadas. Para ela, o fundo “nunca contribuiu efetivamente para a universalização das telecomunicações”.

— Durante 20 anos, o Fust, com uma reserva de R$ 20 bilhões, foi utilizado apenas uma vez para destinar cerca de R$ 500 mil para um programa de acessibilidade. O percentual de utilização é muito baixo e nunca foi efetivamente voltado para fins tecnológicos. Neste período, os recursos do Fust ajudaram a manter o superavit primário e a pagar as dívidas do governo — pontua.

Mudanças na legislação

O Congresso analisa mais de 40 proposições para garantir efetividade ao Fust — 18 delas no Senado. As propostas preveem desde novos objetivos para o fundo até a proibição de contingenciamento de recursos para a realização de superavit primário. Outra parcela de projetos estabelece regras para o uso emergencial do dinheiro durante a pandemia de coronavírus.

PROJETOS NO SENADO CRIAM NOVOS USOS PARA RECURSOS DO FUST

PLS 433/2018

Otto Alencar (PSD‑BA)
Prevê pagamento de despesas de telecomunicações do Programa Antártico Brasileiro.

PLS 222/2017

Jader Barbalho (PMDB‑PA)
Promove massificação de serviços de telecomunicações prestados em regime privado (acesso a internet e telefonia móvel, por exemplo).

PLS 125/2017

Otto Alencar (PSD‑BA)
Proíbe contingenciamento de recursos do Fust e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) a partir de 2020.

PLS 163/2016

Randolfe Rodrigues (Rede‑AP)
Estimula massificação do acesso a banda larga móvel, banda larga fixa, telefonia móvel e interiorização das redes por pequenos provedores de internet.

PLP 197/2020

Dário Berger (MDB‑SC)
Custeia medidas emergenciais de estímulo e manutenção da educação básica, superior e técnica privadas durante a pandemia de coronavírus.

PLC 142/2018

Poder Executivo
Custeia Política de Inovação Educação Conectada, ferramenta pedagógica para escolas públicas de educação básica.

PL 2.775/2020

Dário Berger (MDB‑SC)
Concede desconto nas contribuições do Fust para operadoras de banda larga que não cobram pelos dados consumidos pelos usuários de sistemas de ensino à distância.

PL 2.599/2020

Confúcio Moura (MDB‑RO)
Desenvolve educação à distância no ensino básico público durante a pandemia de coronavírus.

PL 2.388/2020

Daniella Ribeiro (PP‑PB)
Transfere renda às famílias cadastradas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal durante a pandemia de coronavírus.

PL 2.305/2020

Luiz do Carmo (MDB‑GO)
Assegura gratuidade do acesso à internet pelos beneficiários do programa Bolsa Família.

PL 172/2020 (Substitutivo‑CD)

Aloizio Mercadante (ex‑senador)
Prioriza aplicação do Fust em áreas de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde as operadoras têm menos interesse em investir.

PL 6.194/2019

Flávio Arns (Rede‑PR)
Destina 25% dos recursos do Fust para que escolas e bibliotecas públicas promovam inclusão digital.

PL 5.175/2019

Confúcio Moura (MDB‑RO)
Promove inclusão digital e expansão das redes de telecomunicações de interesse coletivo.

PL 3.950/2019

José Serra (PSDB‑SP)
Autoriza concessão de empréstimos e apoio à constituição de garantia de risco nas operações de financiamento.

PL 3.883/2019

Comissão Senado do Futuro
Financia políticas públicas de inclusão digital e massificação do acesso aos serviços de interesse coletivo prestados em regime privado.

PL 3.161/2019

Confúcio Moura (MDB‑RO)
Incentiva conexões à internet em hospitais, escolas, bibliotecas, órgãos de segurança e unidades do serviço público em pontos remotos.

PL 3.072/2019

Jorginho Mello (PL‑SC)
Garante cobertura celular em rodovias federais e estaduais.

Emenda da Câmara (ECD 6/2015) ao PLS 238/2008

Flávio Arns (Rede‑PR)
Promove redução de tarifas cobradas em planos oferecidos a usuários com deficiência auditiva ou de fala.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) é autor de duas propostas que alteram a Lei do Fust. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 433/2018 prevê a utilização dos recursos para pagar as despesas de telecomunicações do Programa Antártico Brasileiro. Já o PLS 125/2017 veda o contingenciamento de recursos do Fust e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) a partir de 2020.

Otto destaca que, entre 2001 e 2016, R$ 15,2 bilhões foram desvinculados do Fust e utilizados em outras despesas, como o pagamento da dívida pública e de benefícios previdenciários. Outro problema, segundo ele, é que a Lei 9.998, de 2000, traz uma “distorção”. “Não é permitido o uso dos recursos em serviços prestados no regime privado, como o provimento de conexões à banda larga, fixa ou móvel, ou mesmo a telefonia móvel. A destinação está restrita à universalização da telefonia fixa, único serviço de telecomunicações prestado sob a égide do regime público”, argumenta.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) é autor do PLS 163/2016, que pretende usar o Fust para estimular pequenos provedores de internet e interiorizar o acesso à banda larga e à telefonia móvel. “Entendemos ser uma atualização capaz de enfrentar o problema das desigualdades regionais. Com essas medidas de aperfeiçoamento, o Brasil poderá trilhar o caminho da inclusão social por meio da inclusão digital, o que afetará diretamente seus níveis de desenvolvimento e competitividade”, avalia.

O senador Flávio Arns (Rede-PR) é autor de outros dois projetos. O PL 6.194/2019 destina 25% dos recursos do Fust para que escolas e bibliotecas públicas promovam inclusão digital. Já o PLS 238/2008 recebeu uma emenda da Câmara (ECD 6/2015) para que o fundo seja usado para promover a redução de tarifas cobradas em planos oferecidos a usuários com deficiência auditiva ou de fala.

O PL 3.072/2019, do senador Jorginho Mello (PL-SC), prevê o uso do Fust para garantir cobertura celular em rodovias federais e estaduais. O PL 2.305/2020, do senador Luiz do Carmo (MDB-GO), assegura gratuidade no acesso à internet aos beneficiários do programa Bolsa Família.

O senador José Serra (PSDB-SP) sugere que o Fust seja usado para concessão de empréstimos e garantia de risco em operações de financiamento (PL 3.950/2019). Já o senador Dário Berger (MDB-SC) defende um desconto na contribuição de 1% da receita operacional para as operadoras de banda larga que deixarem de cobrar pelos dados consumidos por usuários de sistemas de ensino a distância (PL 2.775/2020).

Fust e pandemia

Das 18 propostas no Senado que tentam aperfeiçoar o Fust, três preveem o uso do dinheiro para o enfrentamento emergencial do coronavírus. É o caso do Projeto de Lei Complementar (PLP) 197/2020, do senador Dário Berger, que destina até metade do saldo do fundo a ações contra a covid-19. Levando em conta os dados da Anatel, que apontou um saldo financeiro de R$ 5,6 bilhões em 2019, o projeto de Berger garantiria R$ 2,8 bilhões a mais para combater a pandemia em 2020.

O PL 2.599/2020, do senador Confúcio Moura (MDB-RO), autoriza o uso do Fust para desenvolver a educação à distância enquanto durar o período de emergência em saúde pública. De acordo com o texto, o fundo deve cobrir a compra de equipamentos e a prestação do ensino remoto na rede pública de educação básica.

A senadora Daniella Ribeiro é autora do PL 2.388/2020. O texto libera dinheiro do Fust para famílias cadastradas em programas sociais do governo federal durante a pandemia. Na prática, o projeto repassa R$ 100 para que os beneficiários possam pagar a conta de serviços de telecomunicação, como telefone e internet.

A presidente da CCT também relata o PL 172/2020, do ex-senador Aloizio Mercadante. O texto (PLS 103/2007 quando foi apresentado) prioriza a aplicação do Fust em áreas de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde as operadoras têm menos interesse em investir.

— Os recursos do Fust serão utilizados para viabilizar a implantação de novas tecnologias que podem proporcionar a conectividade no campo. Além disso, a previsão é até 2024 investir em maior conectividade nas escolas públicas, principalmente fora das áreas urbanas — destaca Daniella. O projeto foi aprovado pelo Senado e enviado à Câmara que aprovou, em dezembro de 2019, um substitutivo que, agora, está em análise pela senadora.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Economia: IFI mantém previsão de recessão, mas aponta sinais de melhora

 


Da Redação | 17/08/2020, 18h45

Apesar de continuar projetando uma queda de mais de 8% na atividade econômica no segundo trimestre de 2020, o Instituto Fiscal Independente (IFI) estima que o mercado está se recuperando das expressivas baixas verificadas no início da crise da covid-19 e calcula que a redução no Produto Interno Bruto (PIB) no período será menor que a inicialmente prevista.

As expectativas do mercado para o PIB de 2020, porém, seguem estáveis em -6,5% segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) divulgado nesta segunda-feira (17). O estudo destaca o efeito dos gastos com a pandemia no aumento da despesa primária total, que cresceu mais de 40% no primeiro semestre deste ano, e a expressiva queda no número de pessoas ocupadas.

Queda do PIB

Em relação ao RAF de julho, baseado em expectativas do mercado, a previsão de queda do PIB no segundo trimestre passou de -10,6% para -8,8%. A projeção mais favorável se baseia na recuperação dos índices de crescimento da produção industrial (8,9% entre maio e junho) e de serviços (5% no período), mas a recuperação se verifica de forma heterogênea entre os setores econômicos e os índices de atividade seguem notavelmente abaixo dos níveis pré-pandemia. 

Contribuem para a incerteza a piora nas condições do mercado de trabalho e as dúvidas sobre o comportamento da renda disponível diante da retirada de estímulos fiscais. No trimestre finalizado em junho, a população ocupada diminuiu 10,7% em relação ao mesmo período de 2019 — o número total baixou de 93,3 milhões para 83,3, milhões no período, atingindo todas as categorias de trabalhadores do setor privado e com efeitos mais graves sobre o emprego informal.

Equilíbrio fiscal

De acordo com a análise do IFI, o combate aos efeitos da covid-19 seguirá pressionando as contas públicas. A crise provocou um aumento real de 40,3% da despesa primária total no primeiro semestre de 2020: a rubrica “enfrentamento da emergência de saúde pública” subiu de 32,9% para 50,6% desde o RAF de julho. E somente com o auxílio emergencial a despesa já chega a R$ 168 bilhões. No lado da receita, verificou-se uma perda líquida correspondente a 2,5 pontos percentuais do PIB.

“Para os próximos meses, o déficit primário do setor público deve continuar a piorar, embora a uma velocidade inferior à dos últimos meses. Isto porque, apesar das incertezas associadas à recuperação da economia, os números de atividade econômica evidenciam uma melhora no terceiro trimestre do ano, o que tende a favorecer a arrecadação de tributos. A continuidade dessa trajetória, de todo modo, vai depender de como a economia reagirá à retirada gradual dos estímulos governamentais concedidos durante a fase mais aguda da pandemia”, aponta o relatório.

O RAF salienta que a piora fiscal não é um risco em si, mas há uma preocupação com a condução do cenário posterior à crise e aumenta a cobrança por sinais claros do governo em relação às condições de sustentabilidade da dívida pública.

Taxa de juros

Os analistas reconhecem que o déficit nominal será amenizado pela redução dos juros básicos, que, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foram reduzidos em 0,25%, atingindo 2,0% ao ano. O texto salienta que a Selic de fevereiro, antes da pandemia, estava em 4,25%.

“O contexto de juros historicamente reduzidos para os padrões brasileiros reduz os juros devidos. Por outro lado, em um cenário de incertezas como o atual, os agentes tendem a preferir ativos com maior liquidez. Por essa razão, tem ocorrido encurtamento do prazo de vencimento da dívida pública”, ressalva o IFI.

Apesar das incertezas sobre a duração dos efeitos da pandemia, afetando a recuperação da atividade econômica, a taxa de juros deverá ser mantida em níveis relativamente baixos ao menos até 2021, segundo a previsão. No entanto, mantida a inflação baixa — em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 2,3% no acumulado de 12 meses — a taxa de juros real permanece um pouco mais alta que a do período pré-pandemia.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado