Ao todo, 165 propriedades serão beneficiadas. Equipamentos previnem contaminação de alimentos e garantem saúde de consumidores e camponeses
AGÊNCIA BRASÍLIA * | EDIÇÃO: RENATO FERRAZ
Propriedades de agricultores familiares do assentamento Betinho, em Brazlândia, estão sendo beneficiadas com a instalação de sistemas de fossas sépticas pelo programa de saneamento rural da Emater-DF. A primeira etapa de instalação vai beneficiar cerca de 850 pessoas de 165 propriedades rurais. Numa segunda etapa, os sistemas devem alcançar todas as 250 chácaras do assentamento, onde moram 1,2 mil pessoas.
Até esta sexta-feira (14), dez sistemas sanitários já haviam sido instalados. A empresa contratada para a execução dos trabalhos tem concluído em média três unidades por dia. Com as obras, seis empregos diretos foram criados. A instalação foi possível graças à emenda parlamentar destinada pelo deputado distrital Leandro Grass (Rede), que totalizou R$ 742 mil, dos quais R$ 594 mil já foram liberados para as obras das 165 primeiras unidades.
Foto: Emater-DF/Divulgação
Durante visita às obras no assentamento Betinho nesta quinta-feira (13) com extensionistas da Emater-DF e o deputado, a presidente da empresa, Denise Fonseca, lembrou que o saneamento rural é compatível com quase todos os objetivos do Milênio, da ONU. “Não existe segurança alimentar sem saneamento rural”, afirmou.
“Além de garantir a sustentabilidade ambiental, é um projeto que efetiva também um direito básico das pessoas: o saneamento, o acesso à água potável, ao tratamento adequado dos seus resíduos”, ressaltou o deputado Leandro Grass.
O agricultor Jozias dos Santos Neves Souza, que recebeu um sistema sanitário, declarou que agora produz sem medo de contaminação. Com 25 mil pés de morango plantados, ele afirma que a água usada na irrigação agora é segura. Antes, sem o tratamento sanitário, ele não tinha certeza se havia infiltração no sistema de captação de água. “Era o que eu tinha medo. Agora ficou muito mais limpo”, disse.
Na propriedade da agricultora Noilde Maria de Jesus, o sistema vai garantir mais segurança na produção dos alimentos. Com 12 mil pés de morango plantados, Noilde se preocupa com boas práticas agrícolas. “Vai melhorar tudo”, disse.
Noilde declarou que quer aprimorar ainda mais sua produção, para tornar os alimentos que produz mais seguros para o consumidor e para os trabalhadores da chácara, que é tocada pela família. Seu plano é adotar um sistema de produção orgânica. “Hoje eu só uso produto químico quando não tem jeito”, afirmou.
Saneamento rural O programa de saneamento rural da Emater-DF foi concebido para levar sistema de tratamento da chamada “água negra” (resíduos de banheiros) para o campo – evitando que a água contaminada fosse despejada diretamente no solo. O descarte inadequado dos resíduos contamina o solo, as águas subterrâneas, os alimentos produzidos no campo e os trabalhadores rurais.
A assessora de direção Laurinda Nogueira, que coordena o projeto de Saneamento Rural da Emater-DF, aponta as vantagens dos sistemas. “É fundamental a preservação do meio ambiente, do lençol freático, dos alimentos produzidos”, disse.
Secretário de Educação contabiliza reformas de escolas, fala das visitas às regionais e comenta sobre o cronograma de retorno às aulas presenciais
AGÊNCIA BRASÍLIA * | EDIÇÃO: RENATO FERRAZ
Há dois meses no comando de uma das mais importantes pastas do Governo do Distrito Federal, o secretário de Educação, Leandro Cruz, percorre com frequência as regionais de ensino para verificar quais as demandas da comunidade escolar. Isso permite a ampliação do diálogo – que, para ele, é fundamental para compreender e superar as necessidades que a educação pública precisa em busca de mais qualidade. Em entrevista à Agência Brasília, o gestor contabiliza mais de R$ 87 milhões em investimentos diretos para reforma de escolas de 33 regiões administrativas. “Com isto, 204 unidades já foram reformadas ou passam por melhorias”, detalha. Segundo Cruz, além da recuperação das instalações, o governo investe na construção de novas unidades e ainda em recursos para viabilizar as aulas remotas, como a compra de equipamentos de proteção individual relacionados à Covid. Quanto a temas mais imediatos, como o cronograma para a retomada das atividades presenciais nas salas de aula, ele garante: está mantido. No entanto, alerta: “Só retomaremos as aulas presenciais se tivermos todas as condições de segurança de saúde e controle da curva da pandemia”.
Como está o andamento das obras para melhorar a infraestrutura das escolas? São muitos os investimentos. Só no segundo semestre, já são R$ 59 milhões do PDAF, o programa de descentralização administrativa e financeira – incluindo recursos da Secretaria e emendas parlamentares. Além disso, para este ano, nosso contrato de manutenção das escolas chega a R$ 28 milhões. Com isso, 204 unidades já foram reformadas ou estão passando por melhorias. E isso é de grande importância para as escolas, que não precisam ficar em total dependência da Secretaria. É um dinheiro que pode ser usado para reformas de redes elétrica e hidráulica, pintura, coberturas, pisos, reparos e compra de equipamentos – além de material pedagógico, equipamentos de proteção individual relacionados à Covid-19, por exemplo.
E as obras deste ano? É um dos compromissos assumidos pelo governador Ibaneis Rocha com a Educação. A nossa pasta já entregou à comunidade 6 Cepis, os centros de educação da primeira infância, em Samambaia, Ceilândia e Lago Norte. Ainda no primeiro semestre, inauguramos a Escola Classe Juscelino Kubitschek, em Ceilândia, e já está concluída a obra do CEPI Parque dos Ipês, em São Sebastião. Estamos concluindo a Escola Técnica de Brazlândia. Em 45 dias, vamos entregar o Centro de Ensino Fundamental 01, da Vila Planalto. Para o primeiro semestre de 2021, temos previsão de conclusão das obras do Cepi no Pôr do Sol e da reconstrução da Escola Classe 52, de Taguatinga.
Há mais licitações em andamento? Estamos com sete em processo: para a construção das escolas técnicas de Santa Maria e do Paranoá; para três Cepis, no Recanto das Emas, Vila Telebrasília e Planaltina. Também estão em licitação as reconstruções da EC 59, de Ceilândia, e do Caic Carlos Castelo Branco, no Gama. Também esamos em fase de ajustes finais para licitarmos a construção de mais 13 Cepis e quatro escolas. Além disto, vamos reformar o Centro de Ensino Médio (CEM) 10 de Ceilândia e a reconstruir as escolas classe 410 e 415, de Samambaia.
Como está o relacionamento da Secretaria com os gestores escolares? Estou finalizando uma rodada importante de reuniões virtuais com os gestores de todas as regionais de ensino. Assumi a Secretaria há pouco e fiz questão de conhecer todos – e de ouvir suas demandas. Pude apresentar nossos planos e dar esclarecimentos. É uma experiência extraordinária, porque quem sabe o que realmente acontece na escola é quem está dentro dela, no dia a dia. E é preciso dar atenção a cada um. A realidade de uma regional não é a mesma da outra. Até escolas próximas geograficamente podem ter perfis diferentes.
Foto: Secretaria de Educação/DF
Mesmo durante esse período, está sendo possível ir às escolas, ver suas realidades de perto? Sim. Começamos este trabalho e pretendemos percorrer todas as regionais. Vamos conversar com os coordenadores, gestores e professores. Já visitamos escolas de Brazlândia e de Santa Maria, nas áreas rural e urbana. É outra experiência incrível. Vimos de perto exemplos de engajamento, o esforço que escolas e professores fazem para que as coisas deem certo. Foi também uma oportunidade de ver a boa aplicação dos recursos públicos do PDAF.
E quanto ao reforço de pessoal? A Secretaria permanece empenhada na melhoria da qualidade do ensino no Distrito Federal, conforme orientado pelo governador Ibaneis Rocha. Neste mês, demos posse a 800 professores. Eles serão fundamentais para garantir o fortalecimento do ensino público, gratuito, democrático e de qualidade para todos. Gostaria de registrar também o meu agradecimento a cada professor e a cada professora, gestores e gestoras, demais servidores e servidoras, que estão lá na ponta, em contato direto com nossos estudantes, engajados e empenhados em levar a eles o melhor conteúdo, da melhor maneira possível, neste momento.
Como está o projeto do Novo Ensino Médio no contexto de suspensão das aulas? É uma das principais ações pedagógicas da Secretaria de Educação em 2020. É uma proposta inovadora, focada nos anseios dos estudantes que, até então, viam o Ensino Médio apenas como uma etapa para chegar ao ensino superior. No Distrito Federal, implementamos o projeto em 12 escolas piloto. A organização é semestral e a matrícula por componente curricular.
A Secretaria, além do ensino regular, também promove um trabalho reconhecido na área de idiomas… Sim, em nossos centros interescolares de línguas. Hoje, são 50 mil estudantes, em 17 CILs, contemplando todas as regionais de ensino. É um sistema de muito êxito, onde os estudantes têm a opção de inglês, espanhol, francês, japonês e alemão, no contra-turno, e que também beneficia a comunidade, que fica com as vagas remanescentes. No dia 6, entregamos as novas instalações do CIL de Planaltina, que vai aumentar a capacidade de atendimento dos atuais 700 estudantes para 3.500 vagas.
Como está sendo o desafio de manter o ano letivo neste momento de pandemia? Nosso compromisso, em primeiro lugar, é preservar vidas. Venho acompanhando a curva da pandemia e tenho um painel sobre isto no meu gabinete, que está sempre atualizado. Este acompanhamento vai prosseguir, conforme os estudantes forem retornando às atividades, para verificar o comportamento da pandemia no Distrito Federal diante do aumento da circulação de pessoas. É um momento desafiador, complexo, causado por uma pandemia inesperada, que exige uma série de adaptações. O órgão está fazendo tudo para que sejam minimizados os impactos disso no ano letivo. A Secretaria está empenhada em garantir que o conteúdo pedagógico chegue a todos os estudantes da rede pública. Estamos atentos também ao possível prejuízo no aprendizado de nossos estudantes por causa da pandemia. Vamos acompanhar o desempenho deles e providenciar o reforço escolar, caso seja necessário.
Qual a sua avaliação do ensino remoto? Positiva. Desde 13 de julho, as atividades pela plataforma Google Sala de Aula passaram a contar presença. Temos 470 mil estudantes e 72 mil profissionais da educação cadastrados na plataforma. De lá até dia 12 de agosto já tivemos 3.913.290 acessos de estudantes e 708.116 de professores. Diante das circunstâncias, por ser algo totalmente novo no País inteiro, que precisou ser planejado e implementado rapidamente, é um resultado muito bom. Em breve, estudantes e professores que tiverem um dispositivo com chip ativo terão o gasto com internet para acesso à plataforma pago pela Secretaria de Educação. Já publicamos o edital de chamamento público para que as operadoras de internet móvel se cadastrem. Assim que o cadastramento ocorrer, o serviço poderá ser disponibilizado.
O cronograma de retomada das aulas presenciais está mantido? Até agora, sim. Mas só retomaremos as aulas presenciais se tivermos todas as condições de segurança de saúde e controle da curva da pandemia. Nenhuma decisão será tomada de forma que coloque em risco a saúde de estudantes, de professores, dos demais servidores que atuam nas escolas e das pessoas que precisam ir às unidades de ensino, como os pais e responsáveis. A retomada, que será gradual, está programada para iniciar dia 31 de agosto, com a Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional. A cada semana voltará um grupo de estudantes. A Educação Infantil, por exemplo, voltará apenas em 28 de setembro. Tudo foi planejado com base em critérios científicos. Haverá protocolos rigorosos, como distanciamento mínimo, fornecimento de álcool em gel, uso de máscaras de proteção facial e aferição de temperatura, entre outros. Já foi feita a desinfecção e a higienização em quase 100% das escolas, em parceria com o programa Sanear DF, que vai seguir até o fim do ano letivo. Todos os gestores, professores e servidores que atuam nas escolas passarão pela testagem da covid-19 antes do retorno presencial.
De acordo com Pedro Estevão da Abimaq, se no fim do ano as vendas forem 5% maiores que 2019, isso resultaria em um crescimento de 22% nos últimos 4 anos
As receitas com vendas de máquinas de janeiro a junho deste ano cresceu 6,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e atingiu R$ 8,221 bilhões. Nos primeiros 6 meses de 2019, as vendas foram de R$ 7,719 bilhões. De acordo com as expectativas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as vendas deste ano devem ser 5% superiores em relação ao ano passado.
Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, comentou a respeito do aumento das vendas e sobre o impacto da pandemia no setor.
“Neste ano vimos um recorde para a produção de grãos e exportações. Estes fatores são positivos e atraem novos investidores. Se as vendas de máquinas agrícolas forem 5% maiores do que 2019, isso resultaria em um crescimento real de 22% nos últimos 4 anos. Assim como o agronegócio, as vendas de máquinas seguem no mesmo ritmo de crescimento”, diz Estevão.
O principal “motor” para essa alta nas vendas, de acordo com o Estevão, é o aumento da capitalização dos produtores brasileiros, que a partir da boa rentabilidade, investe em novas máquinas que por sua vez oferecem uma maior produtividade ao profissional e fortalece agronegócio brasileiro.
Segundo Estevão, os cancelamentos das feiras por conta da pandemia da Covid-19 não afetou as vendas de máquinas agrícolas. “As feiras são interessantes as fábricas e ao agricultor para fazer um planejamento das compras, e nessa questão, elas fizeram falta neste ano, mas por um outro lado, as vendas não foram afetadas”.
No entanto, Pedro ressalva que novos investimentos devem ser feitos para o ano que vem por conta do pouco tempo para contratar e treinar trabalhadores, e acredita que o crescimento do setor incentiva as produções. “Qualquer investimento neste momento, deve ser projetado para o próximo ano. Nos últimos 4 anos, há um aumento nas vendas, são crescimentos consistentes que fazem com que as fábricas aumentem a produção de forma gradual e suficiente para atender o mercado”, finaliza Estevão.
Segundo analista, dólar perto de R$ 5,40 e oferta escassa motivam a valorização do produto. Ritmo de exportações definirá o restante do ano
O preço do milho em Campinas (SP) bateu R$ 60 por saca nesta quinta-feira, 13, de acordo com a consultoria Safras & Mercado. Esse é o maior valor registrado nos últimos quatro meses e muito próximo do recorde de R$ 63 por saca, alcançado em março de 2020.
O analista de mercado da AgRural Fernando Muraro afirma que o primeiro motivo para as altas das cotações do cereal em plena colheita da segunda safra, que já chegou a 80% da produção colhida, é o câmbio. Segundo ele, o dólar ao redor de R$ 5,40 joga os preços para patamares próximos a R$ 60 por saca.
No entanto, conforme explica Muraro, a razão principal da escalada dos preços é o fato de que alguns clientes de médio porte têm encontrado dificuldade de abastecimento, gerando um fluxo de comercialização não tão veloz. Localidades como Paraná e Mato Grosso do Sul, onde os preços estão subindo muito, têm um ritmo mais fraco de comercialização, com os produtores retraídos. “Esse choque de escassez ou falta de liquidez na ponta vendedora com um interesse muito grande do mercado spot faz com que os preços subam”, diz.
O analista destaca que a tendência dos preços do milho está em parte atrelada ao comportamento do câmbio, que é bastante difícil de ser previstos. Porém, o que vai ditar o ritmo até o fim do ano são as exportações. Caso o Brasil consiga exportar mais de 32 milhões de toneladas até o fim do ano, as cotações devem seguir em alta, sobretudo pelo apetite do setor de proteína animal, que vai muito bem.
Para Rogério Vian, o maior desafio da agricultura brasileira é mostrar ao mundo que o setor preserva o meio ambiente, ao contrário da imagem criada no exterior
Em Mineiros, interior de Goiás, um produtor rural virou exemplo de produção sustentável. Na fazendo, o uso de bioinsumos, que são produtos de origem vegetal, animal ou microbiana, reduziu o custo de produção em 50%.
Rogério Vian faz parte de uma família gaúcha de agricultores. No final da década os anos 90, com apenas quatro anos de idade, se mudou com os pais para o interior de Goiás. Atualmente, agrônomo formado, administra a propriedade de 990 hectares, onde planta soja, milho, cana e eucalipto, além de preservar 36% da área. O fato de ser vizinho do Parque das Emas, ajudou na opção por uma produção sustentável.
“Hoje a gente aborda basicamente um tripé, mas que hoje já virou mais de três pernas que seria o uso de pó de rocha, então a gente substituiu praticamente todo o adubo químico por estes pós de rocha, a gente usa muito os estercos de gado, peru, de frango. Usamos bastante plantas de cobertura também, braquiária no meio do milho safrinha , a gente inunda o sistema com biológico tanto fungos como bactérias no manejo e também usamos homeopatia. Além disso, utilizamos um pouco de biodinâmica, um pouco de sintropia, a gente traz um pouco de cada agricultura existente para esse modelo que a gente chama de sustentável que é mais regenerativo e que usa o meio ambiente ao nosso favor”, explica ele.
Para Rogério Vian, o maior desafio da agricultura brasileira é mostrar ao mundo que o produtor brasileiro preserva o meio ambiente, ao contrário da imagem que foi criada no exterior.