De acordo com Valdecir Folador, suspensão das plantas processadoras de carne suína podem trazer consequências não só para a exportação, mas para preços internos
A Administração Geral de Alfândega da China (GACC, na sigla em inglês) suspendeu temporariamente neste sábado (4) a importação de carne suína de duas plantas no Rio Grande do Sul: a BRF em Lajeado e a JBS em Três Passos. Além de poder afetar as exportações, o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, afirma que a medida pode trazer consequências para o mercado interno, e é "um balde de água fria" para o setor.
As fábricas no Rio Grande do Sul se somam a outras duas processadoras de aves e duas de carne bovina já suspensas pela GACC nas últimas semanas. Extraoficialmente, a razão seria uma preocupação com a China de uma segunda onda da Covid-19, e o temor de que produtos importados possam conter o coronavírus. Em comum, as plantas embargadas têm histórico de surtos da doença entre funcionários.
Folador afirma que a suspensão, se for duradoura ou ampliada para outras unidades, pode fazer com que mais produto fique no mercado interno, pressionando preços.
"Essa notícia impacta o mercado como um todo, logo agora em que os preços estão reagindo positivamente. Não sabemos o que vai acontecer, mas ao menos para essa semana, os preços estão firmados, mas se isso se alongar e mais carne suína ficar no mercado interno, os preços em toda a cadeia serão afetados", disse.
Segundo ele, a unidade da JBS embargada tem capacidade de abate de 2.500 suínos/dia, enquanto a da BRF, de 4 mil animais/dia. Entretanto, há alternativas como, além de abastecer o mercado interno, embarcar maiores volumes para outros países importadores, ou até direcionar a demanda da China para outras plantas das companhias habilitadas pelo país asiático.
"O que é curioso é que a China foi o principal vetor do coronavírus, e agora cria mecanismos, dificuldades e exigências de que o produto esteja livre de contaminação. Historicamente, tomando por base o que houve entre Brasil e a Rússia, a gente sabe que muitas vezes se usa uma barreira sanitária para pressionar preços, buscar novos acordos comerciais, e essa hipótese não pode ser descartada neste caso", afirmou.
É possível fazer o parcelamento do débito em até 12 vezes no cartão ou retirar o boleto atualizado, tudo pela internet
AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: FREDDY CHARLSON
Do total de veículos com placa de Brasília, 491.444 não estão com o IPVA em dia, segundo levantamento da Secretaria de Economia de 3 de julho. Foto: Divulgação
Do total de veículos com placa de Brasília, 491.444 não estão com o IPVA em dia, segundo levantamento da Secretaria de Economia de 3 de julho. Ainda deviam pelo menos uma das parcelas 409.277 contribuintes. As guias do IPVA 2020 somaram R$ 1.433.272.132,00 — até agora, foram arrecadados em torno de R$ 900 milhões.
Segundo a Secretaria de Economia do DF, o contribuinte que optar pelo pagamento em cartão deve fazer simulações nos sites das empresas credenciadas, uma vez que as taxas cobradas variam. São três: Datalink, Vamos Parcelar e Zapay.
Feita a negociação de parcelamento pelo contribuinte, a empresa escolhida tem até 48 horas para repassar, integralmente, o valor dos tributos aos cofres públicos. Após esse prazo, a Secretaria de Economia recomenda que o proprietário do veículo acesse o site ou o aplicativo para confirmar a quitação do imposto.
Alíquotas
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores é um tributo estadual previsto na Constituição (artigo 155). No Distrito Federal, a alíquota é de 1% para caminhões com capacidade de mais de duas toneladas e veículos de aluguel, de 2% para veículos ciclomotores, motocicletas, triciclos e quadriciclos e de 3% para carros de passeio, caminhonetes, caminhonetas e utilitários. As alíquotas foram reduzidas no ano passado.
Neste ano, a cota única do IPVA venceu em fevereiro. Os pagamentos a partir de R$ 100 puderam ser divididos em três parcelas (fevereiro, março e abril). O calendário das datas de vencimento das parcelas do IPVA foi definido de acordo com o algarismo final da placa do veículo. Os recursos arrecadados com esse imposto vão para o Tesouro do DF e são usados em diversas áreas, pois não são vinculados.
Banco passa a valer R$ 6 bilhões, quantia registrada após anúncio da parceria com o Flamengo para a criação de um novo banco digital
AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: FREDDY CHARLSON
Acordo vai permitir ao BRB avançar no segmento digital e está alinhado ao planejamento estratégico de expansão da instituição. Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília
O valor de mercado do BRB aumentou 400%, e saltou de R$ 1,2 bilhão para R$ 6 bilhões. O crescimento mais significativo – de R$ 2,5 bilhões para a marca atual – foi registrado depois do anúncio da parceria negocial do BRB com o Flamengo para a criação de um novo Banco Digital.
O projeto entre o Banco e o Flamengo é inovador e prevê a abertura de conta digital, comercialização de cartões e seguros e uma série de benefícios desenhados especialmente para os cerca de 40 milhões de torcedores do time.
O acordo vai permitir ao BRB avançar no segmento digital e está alinhado ao planejamento estratégico de expansão da instituição. Marca ainda um novo posicionamento do banco, fundamental para a diversificação dos seus negócios e para o posicionamento digital, visando garantir a sustentabilidade e a capacidade de competir da instituição.
“A escolha do parceiro foi estratégica e permitirá ao BRB diversificar seus negócios, aumentar a sua base de clientes e valorizar ainda mais os seus ativos. O crescimento do valor de mercado do banco nas últimas semanas reforça a expectativa de crescimento e de avanço do BRB no mundo digital”, afirma o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.
Modelo de negócio
O modelo de negócio firmado com o Flamengo não é semelhante a nenhum outro existente no mercado. O contrato entre o banco e o clube carioca tem três anos de duração, renováveis por mais dois. Permite, ainda, a criação de uma nova empresa no futuro.
Com a parceria, o BRB vai oferecer atendimento bancário em plataforma digital com produtos de identidade personalizada, programa de relacionamento e de experiências exclusivas, além de atendimento nos canais físicos. Por isso, a parceria também prevê a instalação de uma unidade do BRB nas dependências do Clube para atendimento a atletas, torcedores e empregados do Flamengo.
O banco terá também direito exclusivo de pagamento da folha salarial do clube e preferência na contratação, por parte do Flamengo, de produtos e serviços bancários como empréstimos, cartões e seguros. Em contrapartida, o clube terá participação nos resultados alcançados com a comercialização de produtos e serviços, o que vai gerar aumento de receita à instituição.
O contrato estabelece um valor mínimo garantido por ano de R$ 32 milhões ao Flamengo pelo direito de exclusividade de exploração dos negócios previstos na parceria envolvendo torcedores, imagem e negócios corporativos com o clube.
O Grupo Josapar, uma das principais indústrias de alimentos do Brasil, traz uma embalagem temporária com o personagem Tio João usando uma máscara de proteção. Essa foi uma das iniciativas da marca para apoiar e demonstrar sua empatia pelos consumidores e pelo momento que vivenciam, decorrente da pandemia mundial do novo coronavírus.
A produção de um quilo e cinco quilos de arroz branco e parboilizado receberam essas embalagens especiais, que passam a ter na frente e no verso o Tio João usando máscara. “Essa ação é um reflexo de todas as medidas preventivas que estão sendo adotadas em nossas unidades. Por intermédio do nosso icônico Tio João, buscamos colaborar para a conscientização das pessoas sobre a importância do uso desse item de proteção individual, para evitar a disseminação do vírus”, afirma Janaína Coelho da Silva Paiva, Coordenadora de Comunicação e Marketing.
Uma doença letal aparece do nada. Sua transmissão é silenciosa, espalhando-se antes que os sintomas apareçam. Uma vez contraída, já é tarde demais para detê-la — não há cura. A vida nunca mais será a mesma. Soa familiar?
Não se trata da covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A Tropical Race 4 (TR4) afeta bananas. Também conhecida como mal-do-Panamá, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum, que vem destruindo as fazendas de banana nos últimos 30 anos.
Seria apenas mais uma doença a afetar plantas se não fosse o fato de que, na última década, a epidemia se acelerou repentinamente, espalhando-se da Ásia para Austrália, Oriente Médio, África e, mais recentemente, América Latina, de onde vem a maioria das bananas enviadas para supermercados no Hemisfério Norte.
Atualmente, o mal-do-Panamá está presente em mais de 20 países, provocando temores de uma “pandemia da banana” e uma escassez da fruta mais consumida do mundo.
Cientistas de todo o mundo estão trabalhando contra o relógio para tentar encontrar uma solução, incluindo a criação de bananas geneticamente modificadas (GM) e uma vacina.
‘Novo normal’?
Mas, assim como a covid-19, a questão não é apenas se podemos encontrar uma cura, mas também como viveremos com um “novo normal” que mudará as bananas para sempre?
O primeiro lugar para procurar pistas é na origem da banana moderna que todos conhecemos. Sua história mostra exatamente o que acontece se essa doença for ignorada.
Não é a primeira vez que as bananas enfrentam uma ameaça, explica Fernando García-Bastidas, pesquisador em saúde vegetal que estudou TR4 na Universidade de Wageningen, na Holanda, antes de trabalhar em uma empresa holandesa de genética vegetal que tenta combater a doença.
Na década de 1950, a indústria foi dizimada pelo que ele descreve como “uma das piores epidemias botânicas da história”, quando o mal-do-Panamá ocorreu pela primeira vez.
Origem
A doença fúngica surgiu na Ásia, onde evoluiu com as bananas, antes de se espalhar para as vastas plantações da América Central.
A razão pela qual foi tão devastadora, diz García-Bastidas, é o fato de que as bananas eram todas de apenas uma variedade, a Gros Michel ou ‘Big Mike’.
Essa espécie havia sido escolhida para cultivo pelos produtores porque produz frutos grandes e saborosos que podem ser cortados da árvore ainda verdes, possibilitando o transporte de alimentos exóticos altamente perecíveis por longas distâncias, enquanto continuam amadurecendo.
Cada planta era um clone de aproximadamente mesmo tamanho e formato, produzido a partir de rebentos laterais que se desenvolvem a partir do caule das raízes, facilitando a produção em massa.
Isso significa que cada bananeira é geneticamente quase idêntica, produzindo frutas consistentemente, sem imprevistos. Do ponto de vista comercial era excelente, mas, do ponto de vista epidemiológico, era um surto à espera de acontecer.
O sistema de produção de bananas se baseou fragilmente na diversidade genética limitada de uma variedade, tornando-as suscetíveis a doenças, diz García-Bastidas.
Foto: Síglia Regina dos Santos/Embrapa
Lição aprendida?
Mas engana-se quem pensa que a indústria aprendeu a lição.
Foi iniciada, então, a busca por uma variedade para substituir a Gros Michel que poderia ser resistente ao mal-do-Panamá. Na década de 1960, uma espécie, a Cavendish, chamada no Brasil de banana nanica, mostrava sinais de resistência que poderiam salvar a indústria da banana.
Batizada em homenagem ao 7º duque de Devonshire, William Cavendish, por ele ter cultivado a planta em sua estufa em sua residência oficial, a Chatsworth House, a banana também poderia ser transportada verde — embora tivesse um sabor mais suave do que a Gros Michel.
Dentro de algumas décadas, ela tornou-se a nova referência para a indústria da banana e continua sendo até hoje. Mas para os cientistas que observavam com nervosismo as vastas plantações em expansão, era apenas uma questão de tempo até que houvesse outro surto.
Na década de 1990 uma nova cepa do mal-do-Panamá, conhecida como TR4, surgiu, novamente na Ásia, que era letal para as bananas Cavendish.
Desta vez, com uma economia globalizada em que pesquisadores, agricultores e outros visitantes das plantações de banana circulam livremente pelo mundo, ela se espalhou ainda mais rapidamente.
García-Bastidas, que completou seu doutorado em TR4 na Universidade de Wageningen, descreve a doença da banana moderna, que ataca o sistema vascular das plantas fazendo-as murchar e morrer, como uma “pandemia”.
“As bananas estão inegavelmente entre as frutas mais importantes do mundo e são um alimento básico importante para milhões de pessoas”, diz ele. “Não podemos subestimar o impacto que a atual pandemia do TR4 pode causar na segurança alimentar.”
García-Bastidas foi quem viu pela primeira vez o TR4 fora da Ásia, na Jordânia, em 2013.
Desde então ele tem “cruzado os dedos” para que a doença não afete os países em desenvolvimento, onde as bananas são um alimento básico.
Mas registros da doença já foram observados na África, particularmente em Moçambique.
A razão pela qual o TR4 é tão mortal é porque, assim como a covid-19, ela se espalha por “transmissão furtiva”, embora em diferentes escalas de tempo.
Uma planta doente ficará saudável por até um ano antes de mostrar os sintomas da doença: manchas amarelas e folhas murchas. Em outras palavras, quando a TR4 é identificada, já é tarde demais e ela terá se espalhado por esporos no solo em botas, plantas, máquinas ou animais.
García-Bastidas, que é natural da Colômbia, sabia que o TR4 chegaria ao centro da produção de banana na América do Sul.
Foto: Lea Cunha/Embrapa
‘Pior pesadelo’
Em 2019, seu pior pesadelo se tornou realidade — o telefonema veio de uma fazenda na Colômbia. As bananeiras tinham folhas amarelas e murchas. E o produtor queria lhe enviar amostras.
“Foi como um pesadelo”, diz ele. “Num minuto estou na fazenda, no próximo no laboratório, no outro explicando para o ministro do governo colombiano que o pior já aconteceu. Durante muito tempo, não consegui dormir bem. Foi de partir o coração”, lembra.
Como todos os outros países com TR4, a Colômbia está agora tentando retardar o surto enquanto o mundo observa com ansiedade os sinais da doença no restante da América Latina e no Caribe.
Como não há cura, tudo o que pode ser feito é colocar as fazendas infectadas em quarentena e aplicar medidas de biossegurança, como desinfetar botas e impedir o movimento de plantas entre fazendas. Em outras palavras, fazer o equivalente a lavar as mãos e manter o distanciamento social.
Paralelamente, a corrida para encontrar uma solução está a pleno vapor.
Na Austrália, cientistas desenvolveram uma banana Cavendish geneticamente modificada (GM) que é resistente ao TR4. A fundação Bill e Melinda Gates também está financiando pesquisas na área.
No entanto, apesar das fortes evidências científicas de que os alimentos geneticamente modificados são seguros, é improvável que a banana esteja na prateleira de um supermercado perto de você enquanto os órgãos reguladores e o público permanecerem desconfiados.
Para García-Bastidas, que agora trabalha na empresa de pesquisa KeyGene em colaboração com a Universidade de Wagegingen, na Holanda, a banana transgênica é uma “solução fácil” que pode resolver o dilema da indústria por cinco a dez anos, mas não por completo.
Ao fim e ao cabo, diz ele, o maior obstáculo é ter uma indústria inteira baseada em uma única variedade clonada de outras plantas.
Os testes estão sendo desenvolvidos apenas para rastrear o TR4, já que as bananas têm sofrido por receber menos recursos com pesquisa do que outras culturas básicas.
Foto: Ana Paula Lopes/Embrapa
Mais diversidade
Em vez disso, García-Bastidas quer introduzir mais diversidade na cultura da banana, para que ela seja mais resistente a surtos de doenças como o TR4. Ele ressalta que existem centenas de bananas com potencial para cultivo em todo o mundo. Por que não usá-las?
Já em países como Índia, Indonésia e Filipinas, as pessoas comem dezenas de variedades diferentes de bananas, com sabores, cheiros e tamanhos diferentes. Mas elas são difíceis de cultivar e exportar na escala da Cavendish, que foi criada para suportar o transporte através dos oceanos.
Em seu laboratório na Holanda, García-Bastidas e seus colegas estão usando as mais recentes técnicas de sequenciamento de DNA para identificar genes resistentes ao TR4 e produzir bananas que podem suportar a doença e ser comercialmente viáveis.
“Temos centenas de variedades de maçãs”, ressalta. “Por que não começar a oferecer diferentes variedades de bananas?”
A melhor esperança é que uma banana resistente à exportação surja nos próximos cinco a 10 anos. Mas essa não é uma bala de prata. Depois de enfrentar não uma, mas duas pandemias no século passado, dessa vez a indústria da banana terá que buscar mais do que apenas introduzir outro clone no mercado.
Dan Bebber, professor associado de ecologia da Universidade de Exeter, no Reino Unido, passou os últimos três anos estudando os desafios ao sistema para manter o suprimento de bananas como parte de um projeto financiado pelo governo britânico, o BananEx.
Segundo ele, a melhor maneira para a indústria de banana sobreviver ao TR4 é mudar a forma como essa fruta é cultivada.
No momento, as bananas Cavendish são cultivadas em uma vasta monocultura, o que significa que não apenas o TR4, mas todas as doenças se espalham rapidamente. Durante o período de crescimento, as bananas podem ser pulverizadas com fungicidas de 40 a 80 vezes.
“Isso pode ter grandes impactos na microbiota do solo”, diz Bebber. “Para cuidar das bananas, é preciso cuidar do solo.”
Bebber aponta para relatos das Filipinas de que as fazendas orgânicas se saíram melhor contra o TR4 porque a microbiota no solo é capaz de combater a infecção.
Ele diz que as fazendas de bananas devem procurar adicionar matéria orgânica e talvez implantar um sistema de rotação de culturas para aumentar a proteção e a fertilidade, usando micróbios e insetos em vez de produtos químicos como “defensivos agrícolas”, além de deixar mais espaços livres no terreno para incentivar a vida selvagem.
Isso pode significar um aumento no preço das bananas, mas a longo prazo elas seriam mais sustentáveis.
Segundo Bebber, as bananas são muito baratas hoje. Não apenas porque o custo ambiental de uma monocultura com produtos químicos pesados não foi levado em consideração, mas principalmente o custo social de empregar pessoas com salários muito baixos.
A ONG Banana Link, que faz campanhas sobre o assunto, culpa os supermercados por forçar preços cada vez mais baixos, comprometendo o meio ambiente, a saúde dos trabalhadores e, por fim, a vitalidade da safra de banana.
As bananas produzidas para o comércio popular garantem de alguma maneira que os agricultores recebam um preço justo por elas, mas Bebber diz que trabalhadores de todo o setor estão começando a exigir melhores salários.
Mais uma vez, ele diz que isso alimenta o TR4, já que eles precisam ser pagos de maneira justa para garantir que as fazendas sejam mais bem gerenciadas para a prevenção de doenças.
“Durante anos, falhamos em levar em consideração o custo social e ambiental das bananas”, diz ele. “É hora de começar a pagar um preço justo, não apenas pelos trabalhadores e pelo meio ambiente, mas pela saúde das próprias bananas.”
Foto: Lea Cunha/Embrapa
‘Bananageddon’
Jackie Turner, uma cineasta americana que questiona como as bananas são cultivadas desde que trabalhou em uma plantação como estudante, concorda que a solução está na justiça e na diversidade.
Em seu filme Bananageddon (uma combinação das palavras banana e armageddon), ela conversa com cientistas que tentam impedir a disseminação do TR4, especialistas em segurança alimentar que alertam sobre a escassez e trabalhadores nas plantações preocupados com seus meios de subsistência.
“O TR4 é muito parecido com a covid-19, pois não tem tratamento”, diz ela. “É um cenário de ‘dia do juízo final’ para as bananas”, afirmou.
Depois de viajar pelo mundo por dois anos para observar o impacto que o TR4 já está causando, Turner está convencida de que as bananas precisam ser cultivadas de uma maneira diferente, o que significa introduzir novas variedades.
Ela diz que isso não só será melhor para o meio ambiente e para a proteção contra doenças, mas também para o consumidor.
Para tentar incentivar o público a apoiar pequenos agricultores que cultivam variedades diferentes, ela criou a The Banana List (A Lista das Bananas, em tradução livre).
A compilação reúne as lojas que vendem diferentes variedades de bananas, para que consumidores possam experimentá-las e uma nova demanda surgir.
Por exemplo, a nanica vermelha, que tem um sabor que lembra framboesas, a dedo de moça, menor e mais doce que a Cavendish, ou a Blue Java, com gosto de sorvete de baunilha. As bananas não são apenas deliciosas, mas ajudarão a criar um tipo diversificado de agricultura, mais resistente a doenças.
Para Turner, a pandemia da banana pode ter resultados positivos se nos forçar a cultivar bananas de maneira mais ecológica e a comer uma variedade maior de frutas.
“Talvez a gente coma menos bananas e pague mais por elas”, admite. “Mas sabemos que serão bananas melhores.”