Rodoviários contaminados com o novo vírus relataram ao Metrópoles o medo de voltar a enfrentar jornadas de trabalho em ônibus lotados
RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
Em meio à pandemia de Sars-Cov-2 no Distrito Federal, uma classe de trabalhadores que presta serviço essencial à população está com medo. Motoristas e cobradores de ônibus já somam seis mortes e 27 casos de contaminação pelo novo micro-organismo, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre do DF (Sittraer-DF).
A cobradora Jaciara da Silva, 50 anos, por exemplo, entra em pânico só de pensar na doença. Com sintomas da Covid-19, ela se recupera em casa e, apesar de avaliar que a pior fase já passou, ainda sente dores na garganta e nas costas.
O atestado médico vai até 5 de junho e ela se angustia com o breve regresso ao ofício. “Eu nem ligo a TV mais, pois fico toda tremendo. Nem sei como vou conseguir voltar ao normal”, afirma.
Segundo Jaciara, ela sempre utilizou equipamento de segurança, desde o início da pandemia, até mesmo touca na cabeça. “Vi que o vírus podia ficar no cabelo e resolvi me precaver, né? Mesmo assim fui contaminada. Creio que deve ter sido com dinheiro”, lamenta.
Para ela, a solução mais inteligente neste momento seria encerrar as atividades no transporte público. “O contágio para rodoviário é muito maior. Eu fico encabulada com o tanto de gente no ônibus”, conta.
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Willame Morais, 30, é cobrador e também está infectado com o coronavírus. Apesar de ter poucos sintomas, ele se preocupa não apenas com o que sofreu, mas com o efeito da Covid-19 em outros colegas e nos passageiros. “Faço a primeira linha que passa na Estrutural. Lá está sempre lotado. Infelizmente, a tendência é que cada vez mais gente pegue a doença”, analisa.
Uma vez que só sai de casa para trabalhar, ele não vê outra forma de ter contraído o vírus que não seja no exercício da profissão. “Se não foi assim, foi a caminho do terminal”, analisa.
O diretor do Sittraer-DF, João Osório, confirma o temor instalado entre os trabalhadores do setor. “Alguns cuidados estão sendo tomados, como uso de máscara e álcool em gel, mas isso não é capaz de trazer tranquilidade. O trabalho dos profissionais rodoviários tem sido encarado como um grande desafio”, salientou.
O que diz o GDF
Procurada, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) informou que, desde o início de março, “todas as empresas que operam no sistema de transporte público do DF passaram a realizar a higienização dos veículos, antes das viagens, com desinfetante de hipoclorito de sódio”.
A pasta ainda diz ter determinado a todas as empresas que disponibilizem máscaras faciais para motoristas e cobradores dos ônibus do sistema de transporte público coletivo. Os empregados das concessionárias que operam no DF também são orientados a informar aos passageiros sobre a obrigatoriedade e a importância do uso do acessório protetivo.
Nas redes sociais da Semob e nas televisões dos ônibus e do metrô, há campanhas educativas sobre o tema. Além disso, a pasta diz ter distribuído cartazes nos coletivos.
Em nota, a Viação Marechal disse ter registrado entre seus colaboradores seis casos. A Expresso São José reportou um caso, sendo que o rodoviário está assintomático. Já a Viação Pioneira não teve nenhum caso confirmado até o momento.
POLÍTICA Mensalidade é de R$ 744; parte será custeada com recurso público. Veja como cada parlamentar votou.
Fachada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) — Foto: Marília Marques/G1
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, nesta quarta-feira (20), um projeto de resolução que inclui ex-deputados distritais e seus dependentes no plano de saúde da Casa de forma vitalícia. Até então, eles só eram cobertos pelo convênio por dois anos após o fim do mandato.
A atualização das regras do plano vale a partir da publicação da norma, que não havia sido divulgada até a publicação desta reportagem. A medida recebeu voto favorável de 16 dos 24 deputados. Após a sessão, alguns distritais afirmaram que a emenda não foi disponibilizada a todos antes da votação. Há pedido de revisão do resultado (saiba mais abaixo).
O Fundo de Assistência à Saúde da CLDF (Fascal) tem hoje cerca de 5,3 mil beneficiários. São deputados, servidores e ex-funcionários comissionados. Eles pagam cota mensal de R$ 38 a R$744 a depender da idade e remuneração. Já os ex-distritais, vão pagar obrigatoriamente o valor máximo.
O custo do plano de saúde é complementado com recursos públicos. Desde 2018, sem o alcance aos ex-deputados, a Câmara Legislativa gastou R$ 34 milhões com o benefício.
De acordo com o texto aprovado, para ter acesso ao plano de saúde após o desligamento da CLDF, os beneficiários devem ter, no mínimo, dois anos de contribuição, além de solicitar a permanência no convênio em até 30 dias após a exoneração. Ex-comissionados poderão ficar no plano por um ano.
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Deputados aprovam plano de saúde da Câmara vitalício para ex-distritais e familiares
Projeto altera custeio
A emenda faz parte de projeto que atualiza o custeio do plano de saúde. O texto amplia os percentuais de contribuição dos beneficiários, que varia de 10% a 50% a depender do serviço. Além disso, cria a possibilidade de protesto das dívidas dos beneficiários. A justificativa apresentada no texto original foi "a necessidade de equilíbrio financeiro do Fundo".
Ao ser questionada sobre a proposta, a CLDF informou que "as novas regras contribuirão para a redução de custos" (veja nota na íntegra ao final da reportagem).
Os ex-deputados distritais não poderão cadastrar pai e mãe como dependentes, ao contrário dos parlamentares em exercício. As demais regras são iguais. Incluindo:
cônjuge ou companheiro (a) com união estável por, pelo menos, seis meses.
irmão, se portador de invalidez, sob responsabilidade judicial do beneficiário titular do plano
filhos e enteados, nos seguintes termos:
- Até 21 anos de idade são considerados dependentes - Até 39 anos incompletos podem ser inclusos se estiverem solteiros e com renda de até cinco salários mínimos - Com mais de 21 anos se foram portadores de invalidez, constatada por perícia - Na faixa de 21 a 24 anos se não tiverem renda e estarem matriculados em cursos regulares reconhecidos pelo Ministério da Educação
Votos
Transmissão da sessão remota da Câmara Legislativa do DF — Foto: Reprodução
Na votação desta quarta, a emenda não estava na pauta prévia, contudo, foi incluída para deliberação. No mesmo dia, os parlamentares aprovaram o texto em primeiro e segundo turno. Não houve votos contrários.
Entre os 22 distritais presentes na votação, 16 aprovaram a alteração:
Claudio Abrantes (PDT)
Daniel Donizet (PSDB)
Delegado Fernando Fernandes (Pros)
Delmasso (Republicanos)
Eduardo Pedrosa (PTC)
Hermeto (MDB)
Iolando (PSC)
Jaqueline Silva (PTB)
José Gomes (PSB)
Júlia Lucy (Novo)
Martins Machado (Republicanos)
Rafael Prudente (MDB)
Reginaldo Sardinha (Avante)
Robério Negreiros (PSD)
Roosevelt Vilela (PSB)
Valdelino Barcelos (PP)
Houve seis abstenções, dos deputados:
Reginaldo Veras (PDT)
Leandro Grass (Rede)
Chico Vigilante (PT)
Arlete Sampaio (PT)
João Cardoso (Avante)
Fábio Felix (Psol)
Outros dois distritais não estavam presentes: Jorge Vianna (Podemos) e Agaciel Maia (PL).
Reação
Uma das deputadas que votou pelo sim, Júlia Lucy, divulgou uma nota nesta quinta-feira (21) afirmando que vai pedir a alteração do seu voto, pois "a votação ocorreu em total desconformidade com o regimento", sem respeitar prazos para apresentação de emendas.
"O objetivo do projeto original era reajustar o valor das mensalidades para que o plano não tenha déficit. A deputada é favorável a esse ponto. A emenda que incluiu ex-parlamentares no plano não estava no projeto original e sequer constava no sistema para visualização dos parlamentares", informou a equipe de comunicação da distrital.
Júlia Lucy anunciou que, caso a Mesa Diretora não reveja a votação, entrará, ainda hoje, com mandado de segurança na Justiça com o objetivo de anular a deliberação.
O que diz a CLDF?
O G1 questionou a CLDF especificamente sobre os procedimentos da votação da emenda que incluiu distritais, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A Casa informou à reportagem que as atualizações do plano de saúde trazem "reequilíbrio financeiro". Veja a íntegra na nota:
"O novo regulamento aprovado para o Fascal visa modernizar o modelo de gestão administrativa e atualizar a política de assistência à saúde dos servidores e Deputados.
As novas regras contribuirão para a redução de custos,dos aportes pelo Poder Público, aumento das receitas e trazendo reequilíbrio financeiro ao Plano."