segunda-feira, 18 de maio de 2020

Xi Jinping promete vacina e US$ 2 bilhões contra o coronavírus

MUNDO
A China, o primeiro país a declarar casos da Covid-19 no final do ano passado, é acusada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demorar a avisar a comunidade internacional e tomar medidas.

Presidente chinês, Xi Jinping, fala em frente uma placa com um coração e o slogan ‘Corrida contra o tempo, combate ao vírus’ em entro de controle de doenças e prevenção de Chaoyang, em Pequim. Imagem divulgada em 10 de março de 2020 — Foto: Liu Bin/Xinhua via AP
Presidente chinês, Xi Jinping, fala em frente uma placa com um coração e o slogan ‘Corrida contra o tempo, combate ao vírus’ em entro de controle de doenças e prevenção de Chaoyang, em Pequim. Imagem divulgada em 10 de março de 2020 — Foto: Liu Bin/Xinhua via AP

Acusada pelo governo americano de Donald Trump de ter demorado a reagir, a China prometeu, nesta segunda-feira (18), por meio do seu presidente Xi Jinping, compartilhar uma eventual vacina e alocar 2 bilhões de dólares para a luta global contra a Covid-19.
Em uma mensagem de vídeo transmitida em Genebra por ocasião da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, o homem forte de Pequim garantiu que é a favor de uma "avaliação completa" e "imparcial" da resposta global ao novo coronavírus, uma vez que que a epidemia for interrompida.
A assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada on-line pela primeira vez na história, deve discutir uma resolução promovida pela União Europeia (UE) exigindo uma "avaliação imparcial, independente e abrangente" da resposta internacional à crise do coronavírus.
O ministério das Relações Exteriores da China deixou claro nesta segunda-feira que os diplomatas chineses votariam o texto.
A China, o primeiro país a declarar casos da Covid-19 no final do ano passado, é acusada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demorar a avisar a comunidade internacional e tomar medidas.
Refutando as acusações, Xi assegurou que seu país "sempre" mostrou "transparência" e "responsabilidade" diante da pandemia, compartilhando informações com a OMS e outros países em tempo hábil.
Os Estados Unidos e a Austrália pediram uma investigação internacional sobre a origem do vírus. Pequim denuncia uma "politização" dessa questão, enfatizando regularmente que o "paciente zero" da Covid-19 não foi encontrado e que "não é necessariamente" chinês.

Corrida pela vacina

Ansioso para proteger os chineses e silenciar os críticos ocidentais quanto à gestão da pandemia, Pequim também se posiciona como um participante chave na corrida por uma possível vacina.
O país incentiva institutos públicos e empresas privadas a acelerar suas pesquisas. E a China garantiu na sexta-feira que cinco vacinas experimentais já começaram a ser testadas em seres humanos.
Qualquer eventual vacina desenvolvida pela China se tornará um "bem público global", acessível e disponível nos países em desenvolvimento, prometeu Xi.
Segundo a maioria dos especialistas, uma vacina contra a Covid-19 só deverá ser finalizada em entre 12 ou 18 meses.
O presidente chinês também disse que seu país contribuirá com US$ 2 bilhões (R$ 11,52 bilhões) para a luta global contra a Covid-19, especialmente nos países em desenvolvimento.
"A China trabalhará com os membros do G20 para implementar a iniciativa de alívio da dívida para os países mais pobres", explicou.
Por fim, ele propôs tornar seu país, em colaboração com a ONU, uma "plataforma logística e um armazém" humanitário de emergência, com o objetivo de facilitar o fornecimento de equipamentos contra o coronavírus em todo o mundo.
A pandemia de Covid-19 já matou mais de 315 mil pessoas em todo o mundo, com sérias consequências para a economia global.

FONTE:  AFP





Presidente chinês, Xi Jinping, fala em frente uma placa com um coração e o slogan ‘Corrida contra o tempo, combate ao vírus’ em entro de controle de doenças e prevenção de Chaoyang, em Pequim. Imagem divulgada em 10 de março de 2020 — Foto: Liu Bin/Xinhua via AP
Acusada pelo governo americano de Donald Trump de ter demorado a reagir, a China prometeu, nesta segunda-feira (18), por meio do seu presidente Xi Jinping, compartilhar uma eventual vacina e alocar 2 bilhões de dólares para a luta global contra a Covid-19.
Em uma mensagem de vídeo transmitida em Genebra por ocasião da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, o homem forte de Pequim garantiu que é a favor de uma "avaliação completa" e "imparcial" da resposta global ao novo coronavírus, uma vez que que a epidemia for interrompida.
Preocupado com a pandemia, presidente da China Xi Jinping liga para Donald Trump

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Preocupado com a pandemia, presidente da China Xi Jinping liga para Donald Trump
A assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada on-line pela primeira vez na história, deve discutir uma resolução promovida pela União Europeia (UE) exigindo uma "avaliação imparcial, independente e abrangente" da resposta internacional à crise do coronavírus.
O ministério das Relações Exteriores da China deixou claro nesta segunda-feira que os diplomatas chineses votariam o texto.
A China, o primeiro país a declarar casos da Covid-19 no final do ano passado, é acusada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demorar a avisar a comunidade internacional e tomar medidas.
Refutando as acusações, Xi assegurou que seu país "sempre" mostrou "transparência" e "responsabilidade" diante da pandemia, compartilhando informações com a OMS e outros países em tempo hábil.
Os Estados Unidos e a Austrália pediram uma investigação internacional sobre a origem do vírus. Pequim denuncia uma "politização" dessa questão, enfatizando regularmente que o "paciente zero" da Covid-19 não foi encontrado e que "não é necessariamente" chinês.

Corrida pela vacina

Ansioso para proteger os chineses e silenciar os críticos ocidentais quanto à gestão da pandemia, Pequim também se posiciona como um participante chave na corrida por uma possível vacina.
O país incentiva institutos públicos e empresas privadas a acelerar suas pesquisas. E a China garantiu na sexta-feira que cinco vacinas experimentais já começaram a ser testadas em seres humanos.
Qualquer eventual vacina desenvolvida pela China se tornará um "bem público global", acessível e disponível nos países em desenvolvimento, prometeu Xi.
Segundo a maioria dos especialistas, uma vacina contra a Covid-19 só deverá ser finalizada em entre 12 ou 18 meses.
O presidente chinês também disse que seu país contribuirá com US$ 2 bilhões (R$ 11,52 bilhões) para a luta global contra a Covid-19, especialmente nos países em desenvolvimento.
"A China trabalhará com os membros do G20 para implementar a iniciativa de alívio da dívida para os países mais pobres", explicou.
Por fim, ele propôs tornar seu país, em colaboração com a ONU, uma "plataforma logística e um armazém" humanitário de emergência, com o objetivo de facilitar o fornecimento de equipamentos contra o coronavírus em todo o mundo.
A pandemia de Covid-19 já matou mais de 315 mil pessoas em todo o mundo, com sérias consequências para a economia global.

Covid-19: Guterres diz que o mundo está a pagar o preço da falta de unidade

MUNDO

Português falou na abertura da 73ª Assembleia Mundial da Saúde

FOTO: REPRODUÇÃO

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou esta segunda-feira que o mundo está a pagar o preço da falta de unidade na resposta à pandemia de Covid-19 por causa dos países que ignoraram as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

António Guterres falava na abertura da 73.ª Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza virtualmente até terça-feira com a participação dos 194 estados-membros da agência da ONU para a saúde.

Temos visto expressões de solidariedade, mas não de unidade na resposta à covid-19, com países a seguirem estratégias diferentes, por vezes contraditórias e estamos a pagar o preço”, afirmou, salientando que “muitos países ignoraram as recomendações da Organização Mundial da Saúde”.

Por causa disso, referiu, “o vírus espalhou-se pelo mundo e pelos países em desenvolvimento, onde poderá ter efeitos ainda mais devastadores, com o risco de novos picos e vagas” pandémicas.

António Guterres defendeu o papel da OMS no combate à pandemia, considerando que é insubstituível e que são precisos mais recursos para enfrentar a crise que se adivinha nos países em desenvolvimento, cujos sistemas de saúde não têm capacidade para lidar com um grande número de pessoas doentes.

Não se trata de caridade ou generosidade, mas de um interesse comum”, declarou, indicando que o resto do mundo não conseguirá vencer o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, se os países em desenvolvimento não tiverem recursos para o conseguir.

O secretário-geral da ONU afirmou que não se pode pensar que existe “uma escolha entre a economia e a saúde”, destacando que “a economia nunca recuperará” se não se enfrentar a crise de saúde pública.

A pandemia tem que fazer acordar a comunidade internacional, afirmou, considerando que da impotência visível dos seres humanos perante a doença – sem vacina e sem tratamento eficaz – deve vir um sentimento de humildade e “uma nova união e solidariedade”.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) comprometeu-se hoje a lançar o mais brevemente possível uma avaliação independente à resposta à pandemia da covid-19.

Falando na abertura da 73.ª Assembleia Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus saudou a resolução que está posta à aprovação dos 194 estados-membros daquela agência das Nações Unidas reunidos virtualmente, em que se propõe uma avaliação “imparcial, independente e completa”.

Para ser verdadeiramente completa, essa avaliação deve incluir a resposta de todos os atores, de boa fé. Iniciarei uma avaliação independente, o mais brevemente possível, para analisar a experiência que se ganhou, as lições aprendidas e para fazer recomendações para melhorar a preparação e a resposta nacional e global à pandemia”, afirmou.

OMS vai lançar avaliação à resposta à pandemia

O diretor-geral da OMS comprometeu-se a lançar o mais brevemente possível uma avaliação independente à resposta à pandemia.

Falando na abertura da 73.ª Assembleia Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus saudou a resolução que está posta à aprovação dos 194 estados-membros daquela agência das Nações Unidas reunidos virtualmente, em que se propõe uma avaliação “imparcial, independente e completa”.

Para ser verdadeiramente completa, essa avaliação deve incluir a resposta de todos os atores, de boa fé. Iniciarei uma avaliação independente, o mais brevemente possível, para analisar a experiência que se ganhou, as lições aprendidas e para fazer recomendações para melhorar a preparação e a resposta nacional e global à pandemia”, afirmou.

Tedros Ghebreyesus defendeu que “todos os países e organizações devem examinar a sua resposta e aprender com o que fizeram”, salientando que a OMS está também disponível para aprender e mudar o que for necessário e que os seus mecanismos de avaliação independente estão a funcionar desde o início da pandemia.

Agora, mais do que nunca, é precisa uma OMS mais forte”, afirmou, declarando que o mundo está “a aprender da maneira mais difícil que a saúde não é um luxo, mas uma necessidade”.

Ghebreyesus apelou a todos os países para investirem e fortalecerem o tratado global que coordena a segurança sanitária global – os Regulamentos Sanitários Internacionais –, apoiando uma proposta já feita o ano passado pelo grupo dos países africanos na OMS para haver “revisões periódicas à preparação de cada nação”.

“O mundo não tem falta de ferramentas, conhecimento científico ou recursos para ser mais seguro face às pandemias, mas tem falta de compromisso para os usar”, considerou, apelando a cada país para “fazer tudo o que é possível para garantir que a pandemia do coronavírus de 2020 nunca mais se repete”, algo que não precisa de nenhuma avaliação para se tornar evidente.

“O mundo não precisa de mais um plano, mais um sistema, mais um mecanismo, mais um comité ou mais uma organização. Precisa de fortalecer, aplicar e financiar os mecanismos e organizações que já existem, incluindo a OMS”, defendeu.

Apesar de “todo o poder económico, militar e tecnológico das nações”, o novo coronavírus veio evidenciar que o efeito de uma pandemia nos sistemas de saúde ameaça as “décadas de progresso” já conseguido em saúde a nível mundial contra outras ameaças, como a malária, mortalidade infantil e maternal ou o VIH.

“Mas isto é muito mais do que uma crise sanitária, com vidas e modos de vida perdidos, centenas de milhões de pessoas desempregadas e a economia global rumo à maior contração desde a Grande Depressão” da década de 1930.

O diretor-geral da OMS salientou que “ a maioria da população mundial continua vulnerável a este vírus”, referindo que os estudos preliminares de imunidade indicam que “mesmo nas regiões mais afetadas, a proporção da população com anticorpos não é superior a 20 por cento e, na maioria dos territórios, é inferior a 10%”.

Por isso, a OMS recomenda cautela aos países no levantamento das medidas de restrição de movimentos que permitam “a recuperação económica global mais rápida possível”.

Os países que o façam demasiado depressa, sem erguer a arquitetura de saúde pública que permita detetar e conter a transmissão, correm o grande risco de estar a prejudicar a sua própria recuperação”, afirmou.

Salientou que o novo coronavírus é “um inimigo perigoso, com uma combinação perigosa de características: eficiência, rapidez e letalidade”.

“Pode espalhar-se silenciosamente se não prestamos atenção, explodir repentinamente se não estivermos preparados e propagar-se como um incêndio”, um padrão que se tem repetido em países e cidades por todo o mundo.

Temos de tratar este vírus com o respeito e a atenção que merece”, salientou, referindo que “mais de 4,5 milhões de casos foram comunicados à OMS e mais de 300.000 pessoas morreram”.

O foco no combate ao novo coronavírus não deve desviar a atenção de outros objetivos, como os definidos há três anos no programa da OMS de alargar a assistência e a proteção a mais mil milhões de pessoas até 2023, e a vacinação de mais 300 milhões de crianças para 18 doenças até 2025, destacou.

Em todo o mundo já morreram mais de 315 mil pessoas, estando ainda confirmados mais de 4,7 milhões de casos de infeção.

Em Portugal, morreram 1.231 pessoas das 29.209 confirmadas como infetadas, e há 6.430 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.



LUSA/ AG


domingo, 17 de maio de 2020

Brasil tem a maior incidência de raios no mundo; trabalhador rural é a principal vítima

METEOROLOGIA
Foto: Reprodução 

Pessoas realizando atividades no campo são as principais vítimas das descargas elétricas atmosféricas no Brasil. Os dados são de um estudo feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica, do Inpe – o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O levantamento utilizou dados dos anos de 2000 até 2019.

São registrados no Brasil cerca de 77,8 milhões descargas elétricas por ano. Número que coloca o país na liderança de incidência de raios no mundo. Nesse período, são registradas em média 110 mortes no país.

De acordo com os dados analisados na pesquisa, entre as principais circunstâncias de fatalidades com raios se destacam atividades de agropecuária; estar dentro de casa, próximo a rede elétrica ou hidráulica; e atividades na água ou próximo a praias, rios, piscinas ou embaixo de árvores.

Os raios podem ocorrer pouco antes da chuva começar ou no estágio final da tempestade. A recomendação é buscar abrigo tão logo apareçam nuvens carregadas no céu ou comece a trovejar.


Fonte: RadioAgência/ 

Sâmia Mendes

Estudo inédito em SP encontra anticorpos da covid-19 em 5% da população

COVID-19
Testes sorológicos ajudam a avaliar o quão próximos estamos da "imunidade de rebanho". Segundo levantamento, 91,6% dos casos ficam fora dos dados oficias
Pesquisa inédita nos seis distritos com maior incidência de covid-19 na cidade de São Paulomostra que até o início desta semana 5,19% dos moradores dessas localidades desenvolveram anticorpos ao vírus, destaca o Estadão. O levantamento aponta também que 91,6% dos casos de infecção estão fora das estatísticas oficiais.
O estudo, comandado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com apoio do Instituto Semeia e participação de profissionais do Laboratório Fleury e Ibope Inteligência, fez exames sorológicos em 520 pessoas com mais de 18 anos nesses seis distritos. E 27 apresentaram anticorpos. Estudos com testes sorológicos são importantes porque ajudam a avaliar se uma determinada população está próxima ou distante da chamada “imunidade de rebanho” – momento em que o vírus passa a ter poucas rotas de contágio, pois a maioria das pessoas apresenta anticorpos por já ter sido contaminada. Com isso, autoridades planejam com mais precisão estratégias de flexibilização das medidas restritivas.
Na quarta-feira, o governo do Rio Grande do Sul divulgou os resultados de estudo segundo o qual apenas 0,2% dos gaúchos já foram contaminados com o novo coronavírus. O levantamento, coordenado pela Universidade Federal de Pelotas, também estimou alta subnotificação: haveria nove casos para cada um dos notificados até o momento pelo sistema de saúde.

Também na quarta-feira, o governo da Espanha anunciou dados de uma pesquisa em que cerca de 61 mil pessoas foram testadas em todo o país. O resultado decepcionou os que esperavam estar próximos da imunidade. Na média nacional, 5% dos espanhóis já foram contaminados pelo novo coronavírus – ou seja, 95% da população ainda é suscetível. Outro estudo, feito pelo Instituto Pasteur, na França, chegou a resultado parecido: 4,4% de contaminados na média do país.
Não se sabe com segurança qual é o porcentual de habitantes que precisam desenvolver anticorpos até que se atinja a imunidade de rebanho. No caso do novo coronavírus, há estimativas que variam de 70% a 90%.

Segundo o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Fleury e um dos responsáveis pelo projeto, o número inicial reforça a necessidade das medidas de isolamento.
“A Espanha teve três meses de lockdown. Nós estamos em plena fase de subida da curva e já temos mais de 5%”, disse ele.
Os cientistas planejam refazer os exames pelo menos uma vez por mês. No primeiro teste foram escolhidos os três distritos com maior registro de contaminação (Morumbi, Bela Vista e Jardim Paulista) e os três com maior número de óbitos (Pari, Belém e Água Rasa), segundo a Prefeitura.
Equipes formadas por técnicos do Fleury e pesquisadores do Ibope foram de casa em casa para coletar amostras de sangue venoso dos moradores escolhidos por critérios exclusivamente estatísticos, inclusive os que não apresentaram sintoma.

Próximo passo

O próximo levantamento, marcado para começar no dia 10 de junho, vai incluir toda a cidade. “São Paulo é o epicentro da pandemia no Brasil. Nós queríamos o epicentro do epicentro. Agora vamos fazer em toda a cidade”, disse o biólogo Fernando Reinach, colunista do Estadão, responsável por aglutinar os diversos agentes envolvidos no levantamento.
A partir dos números coletados na próxima pesquisa será possível calcular a velocidade com que a doença está se espalhando na cidade. “Os dados divulgados hoje são o ponto zero. Na próxima etapa vamos saber qual a velocidade”, disse a CEO do Ibope Inteligência, Marcia Nunes Cavallari.
A pesquisa ajuda a dimensionar o alto índice de subnotificação. Segundo o levantamento, 91,6% dos casos estão fora dos números oficiais. O motivo é a falta de testes.
Com poucos recursos, apenas os casos mais graves, de pessoas que chegam a ir aos hospitais, são testados e contabilizados. Os pacientes assintomáticos ou com sintomas leves dificilmente chegam a ser testados. Estima-se que, entre os infectados, 80% desenvolvam sinais leves da doença como cansaço, febre ou dor de garganta.
Já a nova pesquisa fez exames sorológicos com precisão de até 99 5% em pessoas escolhidas de acordo com critérios estatísticos, desconsiderando se os examinados desenvolveram ou não sintomas da doença. “Até agora essas pessoas eram invisíveis nas estatísticas oficiais”, disse Reinach.
Outro número revelador é a taxa de letalidade de 0,95% do vírus, bem inferior à média nacional de 6,9% do Ministério da Saúde. O motivo da diferença, mais uma vez, são pessoas assintomáticas ou com sintomas leves. “O índice de letalidade logicamente é mais alto entre as pessoas que tiveram sintomas graves, foram ao hospital ou morreram”, disse o biólogo.
Em artigo publicado nesta sexta-feira, a revista científica britânica The Lancet destaca a importância dos testes sorológicos para detectar indivíduos que desenvolveram anticorpos na formulação de políticas pós-pandemia.
“A discussão atual, por exemplo, aborda a noção de que a ampliação do teste de anticorpos determinará quem é imune, fornecendo assim uma indicação da extensão da imunidade do rebanho e confirmando quem poderia entrar novamente na força de trabalho”, diz o artigo.
“Mas quanto tempo dura a imunidade? A melhor estimativa vem dos coronavírus intimamente relacionados e sugere que, em pessoas que tiveram uma resposta de anticorpos, a imunidade pode diminuir, mas é detectável além de um ano após a hospitalização. Obviamente, estudos longitudinais com duração de pouco mais de um ano são pouco tranquilizantes, dada a possibilidade de outra onda de casos de covid-19 em 3 ou 4 anos.”


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisadores da UFMG desenvolvem 2 das vacinas que o mundo busca

CORONAVÍRUS
  • Os trabalhos em curso nos laboratórios da Federal de Minas estão à frente das iniciativas para imunização consideradas mais promissoras contra a COVID-19
  • Coordenador do CTVacinas, o virologista Flávio Fonseca destaca o esforço dos cientistas, apesar da escassez de recursos (foto: Jorge Lopes/EM/D.a press)


    As duas vacinas desenvolvidas no Brasil incluídas no rol de substâncias que a Organização Mundial da Saúde (OMS) listou como mais promissoras em todo o mundo estão nas mãos de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há 120 vacinas estudadas em países diversos, e, conforme o Estado de Minas antecipou a partir de levantamento exclusivo, oito delas estão em estágio de testes clínicos. As brasileiras estão na fase de desenvolvimento em bancada e a previsão para que sejam testadas clinicamente é o fim de 2021.
    “É uma previsão, mas na ciência é difícil prever. Se der certo, anda tudo rápido. Se as coisas começarem a dar errado no meio do caminho, e elas dão errado com frequência, esses prazos ficam estendidos”, ressalva o virologista Flávio Fonseca, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e coordenador do CTVacinas. As fórmulas gestadas nas mentes de pesquisadores em Minas são a esperança para proteger milhões de pessoas da doença, que já causou mais de 300 mil mortes em todo o mundo.

    Centro de pesquisa em biotecnologia, o CTVacinas participa das duas iniciativas mais promissoras no Brasil – uma desenvolvida no laboratório da UFMG, em Belo Horizonte, e a outra no Instituto do Coração, em São Paulo. A pergunta que todo o planeta se faz com o avanço da pandemia que resultou em crises sanitária, de saúde e econômica é: “Quando teremos a vacina?”. Por essa razão, internacionalmente, os olhos se voltaram para o câmpus da Pampulha e os esforços dos pesquisadores da Federal mineira foram destaque no The New York Times, jornal de maior circulação internacional.

    O que muitos não sabem é que as pesquisas seguem firmes graças ao compromisso dos cientistas de que, mesmo diante da carência de recursos, mantêm o trabalho. O CTVacinas integra a Rede Vírus, vinculada ao Ministério de Tecnologia, Inovações e Comunicações. Por essa associação, o centro teria de receber R$ 2 milhões para o desenvolvimento conjunto da vacina com a Fiocruz. No entanto, o recurso ainda não chegou. “Tudo o que estamos fazendo é com recursos próprios”, afirma Flávio. 

    As vacinas concebidas por pesquisadores em Minas estão na etapa de desenvolvimento ou seja, a elaboração do conceito do produto, para posteriormente seguir para o teste pré-clínico, realizado em animais, e para o clínico, quando é testada em humanos. Na fase atual, é feita a “montagem” da fórmula na bancada do laboratório. 

    Os pesquisadores trabalham com um horizonte de dois a três anos para que a vacina brasileira esteja disponível. Mesmo que, em outros países, a descoberta chegue antes desse prazo, é fundamental que o Brasil mantenha o esforço para ter a própria substância. No contexto de pandemia, em que a COVID-19 acomete mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo, haverá disputa pela oferta da imunização.

    “Temos que desenvolver uma vacina nacional. Imagine uma fórmula desenvolvida nos Estados Unidos... Onde vão aplicar primeiro? Nos EUA. Depois, nos maiores parceiros deles: Europa, Ásia. Vamos ficar no final da fila de prioridades de uma fórmula que precisa ser produzida para bilhões de pessoas. Isso  deixa ainda mais patente a importância de desenvolver um produto com disponibilidade nacional”, explica Flávio Fonseca.


    Reforço para as tropas do sistema imunológico


    Os vírus são organismos que invadem e controlam células humanas para que possam se reproduzir. O sistema imunológico é o exército que as defende dos invasores. Mas, em algumas batalhas, essas tropas precisam de um reforço prévio. É aí que entram as vacinas. Elas agem produzindo uma resposta preventiva, para impedir que os vírus se reproduzam. As duas fórmulas em desenvolvimento no  Brasil terão bases completamente diferentes, embora tenham o mesmo fim. Uma, chamada vacina inerte, é feita com partículas do vírus. 

    Com estratégias diferentes, a vacina em desenvolvimento no Instituto do Coração, em São Paulo, usa  partículas semelhantes ao vírus, são do tipo VLP (acrônimo para virus like particles). Semelhantes ao invasor, as partículas são apenas cascas. “Gosto de fazer uma analogia à casquinha de cigarra presa nas árvores na primavera. É aquilo. Não tem o recheio, não tem o genoma. Consequentemente, a partícula não se replica e não age como vírus. É só uma casquinha, que tem a função de ser reconhecida pelo sistema imunológico, que gera anticorpos e células de defesa quando a pessoa é imunizada”, explica o pesquisador.

    Na vacina viva, elaborada no CTVacinas, a estratégia é usar o vírus atenuado, constituído por um vetor viral. Está sendo usada como base a vacina para a gripe. “Usamos a vacina para gripe H1N1, uma vacina viva atenuada que é utilizada comumente no mundo inteiro. Por meio de engenharia genética, estamos inserindo no genoma do vírus vacinal, seguro por ser atenuado, um gene que codifica uma proteína importante do novo coronavírus”, diz o coordenador do CTVacinas. 

    Segundo o conceito aplicado nesse caso, quando o vírus atenuado entra na célula da pessoa vacinada, o organismo responde produzindo anticorpos e células de defesa contra o invasor. Mas, como ele foi modificado geneticamente para produzir proteína do novo coronavírus, o objetivo é que o sistema imune crie defesas contra o causador da pandemia. “O corpo não quer saber se é proteína do H1N1 ou do Sars-CoV-2: identifica-a como antígeno e produz anticorpos contra a proteína do coronavírus.” 

    Quando o imunizante estiver na fase de teste clínico, os pesquisadores precisam convocar voluntários. “A legislação brasileira não permite que o laboratório recompense financeiramente pessoas que participam do estudo. São pessoas que se voluntariam”, explica Flávio Fonseca. A legislação brasileira é bem diferente, por exemplo, da adotada nos Estados Unidos, que permite compensar financeiramente quem participa de estudos clínicos. “No Brasil, não se permite, para que não haja viés de pessoas pobres mais dispostas a participar e, portanto, sendo mais permissivas em relação àquelas que não precisam de recursos”, esclarece o pesquisador. 

    Substâncias desenvolvidas em Minas atuam com conceitos diferentes (foto: Jorge Lopes/EM/D.a press)

    União de cérebros em busca de solução


    No CTVacinas, a vacina é desenvolvida graças ao consórcio formado entre a UFMG e a Fiocruz, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Instituto René Rachou). No centro mineiro trabalham seis pesquisadores – três da UFMG, dois da Fiocruz e um vinculado às duas instituições. O trabalho se completa com o esforço de dezenas de estudantes e bolsistas. Ao todo, 25 pessoas participam dos esforços em torno da fórmula.

    A fase de desenvolvimento leva de quatro a seis meses, o que é considerado relativamente rápido. São as análises da eficácia da vacina que fazem o tempo se estender. O pré-teste em animais leva, em média, um ano. Depois é realizada a fase clínica em seres humanos.

    A etapa humana se divide em três: a primeira é a segurança, que necessita de alguns meses. A segunda é imunogenicidade, capacidade de a vacina de gerar resposta imunológica na pessoa vacinada, que leva mais um ano de testes em grupo de 100 voluntários. A terceira fase é o “teste-drive” propriamente dito, quando é feita a vacinação em milhares de voluntários, o que pode durar até quatro anos.

    “Vacinamos uma multidão. Metade com a vacina propriamente dita e metade com um placebo, sem que a pessoa saiba. Depois, acompanhamos os que estão expostos ao meio ambiente, para observar se irão se infectar. É um estudo longo. Agora, estamos tentando abreviar. Depois ela é licenciada, transferida para a indústria, que tem capacidade de produzir em escala de bilhões para o mundo inteiro. Não é trivial”, antecipa o professor.


    CONTRA O TEMPO Com as mortes pela COVID-19 na escala de centenas de milhares em todo o planeta, há uma corrida contra o tempo para a descoberta da vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). Mas ela é desacelerada exatamente pelas exigências científicas e éticas do processo. “O desenvolvimento vacinal é muito lento. Mesmo os laboratórios que estão liderando essa corrida trabalham com o horizonte de um ano. Alguns projetaram resultado para o fim deste ano, mas há certo ceticismo em relação a essa possibilidade”, diz Flávio Fonseca.

    Na história da microbiologia, a vacina que levou menos tempo de desenvolvimento foi para o ebola: os pesquisadores conseguiram chegar à descoberta em cinco anos. Há razão para tanta cautela, pois não se pode correr o risco de um produto que não seja totalmente seguro. “Discussões sobre forma de produzir e regulação para produção estão ocorrendo em todo o mundo em razão da emergência”, afirma o coordenador do CTVacinas.

    Fonte: Estado de Minas