Os trabalhos em curso nos laboratórios da Federal de Minas estão à frente das iniciativas para imunização consideradas mais promissoras contra a COVID-19
Por Márcia Maria Cruz
Coordenador do CTVacinas, o virologista Flávio Fonseca destaca o esforço dos cientistas, apesar da escassez de recursos (foto: Jorge Lopes/EM/D.a press)
As duas vacinas desenvolvidas no Brasil incluídas no rol de substâncias que a Organização Mundial da Saúde (OMS) listou como mais promissoras em todo o mundo estão nas mãos de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há 120 vacinas estudadas em países diversos, e, conforme o Estado de Minas antecipou a partir de levantamento exclusivo, oito delas estão em estágio de testes clínicos. As brasileiras estão na fase de desenvolvimento em bancada e a previsão para que sejam testadas clinicamente é o fim de 2021.
“É uma previsão, mas na ciência é difícil prever. Se der certo, anda tudo rápido. Se as coisas começarem a dar errado no meio do caminho, e elas dão errado com frequência, esses prazos ficam estendidos”, ressalva o virologista Flávio Fonseca, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e coordenador do CTVacinas. As fórmulas gestadas nas mentes de pesquisadores em Minas são a esperança para proteger milhões de pessoas da doença, que já causou mais de 300 mil mortes em todo o mundo.
Centro de pesquisa em biotecnologia, o CTVacinas participa das duas iniciativas mais promissoras no Brasil – uma desenvolvida no laboratório da UFMG, em Belo Horizonte, e a outra no Instituto do Coração, em São Paulo. A pergunta que todo o planeta se faz com o avanço da pandemia que resultou em crises sanitária, de saúde e econômica é: “Quando teremos a vacina?”. Por essa razão, internacionalmente, os olhos se voltaram para o câmpus da Pampulha e os esforços dos pesquisadores da Federal mineira foram destaque no The New York Times, jornal de maior circulação internacional.
O que muitos não sabem é que as pesquisas seguem firmes graças ao compromisso dos cientistas de que, mesmo diante da carência de recursos, mantêm o trabalho. O CTVacinas integra a Rede Vírus, vinculada ao Ministério de Tecnologia, Inovações e Comunicações. Por essa associação, o centro teria de receber R$ 2 milhões para o desenvolvimento conjunto da vacina com a Fiocruz. No entanto, o recurso ainda não chegou. “Tudo o que estamos fazendo é com recursos próprios”, afirma Flávio.
As vacinas concebidas por pesquisadores em Minas estão na etapa de desenvolvimento ou seja, a elaboração do conceito do produto, para posteriormente seguir para o teste pré-clínico, realizado em animais, e para o clínico, quando é testada em humanos. Na fase atual, é feita a “montagem” da fórmula na bancada do laboratório.
Os pesquisadores trabalham com um horizonte de dois a três anos para que a vacina brasileira esteja disponível. Mesmo que, em outros países, a descoberta chegue antes desse prazo, é fundamental que o Brasil mantenha o esforço para ter a própria substância. No contexto de pandemia, em que a COVID-19 acomete mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo, haverá disputa pela oferta da imunização.
“Temos que desenvolver uma vacina nacional. Imagine uma fórmula desenvolvida nos Estados Unidos... Onde vão aplicar primeiro? Nos EUA. Depois, nos maiores parceiros deles: Europa, Ásia. Vamos ficar no final da fila de prioridades de uma fórmula que precisa ser produzida para bilhões de pessoas. Isso deixa ainda mais patente a importância de desenvolver um produto com disponibilidade nacional”, explica Flávio Fonseca.
Reforço para as tropas do sistema imunológico
Os vírus são organismos que invadem e controlam células humanas para que possam se reproduzir. O sistema imunológico é o exército que as defende dos invasores. Mas, em algumas batalhas, essas tropas precisam de um reforço prévio. É aí que entram as vacinas. Elas agem produzindo uma resposta preventiva, para impedir que os vírus se reproduzam. As duas fórmulas em desenvolvimento no Brasil terão bases completamente diferentes, embora tenham o mesmo fim. Uma, chamada vacina inerte, é feita com partículas do vírus.
Com estratégias diferentes, a vacina em desenvolvimento no Instituto do Coração, em São Paulo, usa partículas semelhantes ao vírus, são do tipo VLP (acrônimo para virus like particles). Semelhantes ao invasor, as partículas são apenas cascas. “Gosto de fazer uma analogia à casquinha de cigarra presa nas árvores na primavera. É aquilo. Não tem o recheio, não tem o genoma. Consequentemente, a partícula não se replica e não age como vírus. É só uma casquinha, que tem a função de ser reconhecida pelo sistema imunológico, que gera anticorpos e células de defesa quando a pessoa é imunizada”, explica o pesquisador.
Na vacina viva, elaborada no CTVacinas, a estratégia é usar o vírus atenuado, constituído por um vetor viral. Está sendo usada como base a vacina para a gripe. “Usamos a vacina para gripe H1N1, uma vacina viva atenuada que é utilizada comumente no mundo inteiro. Por meio de engenharia genética, estamos inserindo no genoma do vírus vacinal, seguro por ser atenuado, um gene que codifica uma proteína importante do novo coronavírus”, diz o coordenador do CTVacinas.
Segundo o conceito aplicado nesse caso, quando o vírus atenuado entra na célula da pessoa vacinada, o organismo responde produzindo anticorpos e células de defesa contra o invasor. Mas, como ele foi modificado geneticamente para produzir proteína do novo coronavírus, o objetivo é que o sistema imune crie defesas contra o causador da pandemia. “O corpo não quer saber se é proteína do H1N1 ou do Sars-CoV-2: identifica-a como antígeno e produz anticorpos contra a proteína do coronavírus.”
Quando o imunizante estiver na fase de teste clínico, os pesquisadores precisam convocar voluntários. “A legislação brasileira não permite que o laboratório recompense financeiramente pessoas que participam do estudo. São pessoas que se voluntariam”, explica Flávio Fonseca. A legislação brasileira é bem diferente, por exemplo, da adotada nos Estados Unidos, que permite compensar financeiramente quem participa de estudos clínicos. “No Brasil, não se permite, para que não haja viés de pessoas pobres mais dispostas a participar e, portanto, sendo mais permissivas em relação àquelas que não precisam de recursos”, esclarece o pesquisador.
Substâncias desenvolvidas em Minas atuam com conceitos diferentes (foto: Jorge Lopes/EM/D.a press)
União de cérebros em busca de solução
No CTVacinas, a vacina é desenvolvida graças ao consórcio formado entre a UFMG e a Fiocruz, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Instituto René Rachou). No centro mineiro trabalham seis pesquisadores – três da UFMG, dois da Fiocruz e um vinculado às duas instituições. O trabalho se completa com o esforço de dezenas de estudantes e bolsistas. Ao todo, 25 pessoas participam dos esforços em torno da fórmula.
A fase de desenvolvimento leva de quatro a seis meses, o que é considerado relativamente rápido. São as análises da eficácia da vacina que fazem o tempo se estender. O pré-teste em animais leva, em média, um ano. Depois é realizada a fase clínica em seres humanos.
A etapa humana se divide em três: a primeira é a segurança, que necessita de alguns meses. A segunda é imunogenicidade, capacidade de a vacina de gerar resposta imunológica na pessoa vacinada, que leva mais um ano de testes em grupo de 100 voluntários. A terceira fase é o “teste-drive” propriamente dito, quando é feita a vacinação em milhares de voluntários, o que pode durar até quatro anos.
“Vacinamos uma multidão. Metade com a vacina propriamente dita e metade com um placebo, sem que a pessoa saiba. Depois, acompanhamos os que estão expostos ao meio ambiente, para observar se irão se infectar. É um estudo longo. Agora, estamos tentando abreviar. Depois ela é licenciada, transferida para a indústria, que tem capacidade de produzir em escala de bilhões para o mundo inteiro. Não é trivial”, antecipa o professor.
CONTRA O TEMPO Com as mortes pela COVID-19 na escala de centenas de milhares em todo o planeta, há uma corrida contra o tempo para a descoberta da vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). Mas ela é desacelerada exatamente pelas exigências científicas e éticas do processo. “O desenvolvimento vacinal é muito lento. Mesmo os laboratórios que estão liderando essa corrida trabalham com o horizonte de um ano. Alguns projetaram resultado para o fim deste ano, mas há certo ceticismo em relação a essa possibilidade”, diz Flávio Fonseca.
Na história da microbiologia, a vacina que levou menos tempo de desenvolvimento foi para o ebola: os pesquisadores conseguiram chegar à descoberta em cinco anos. Há razão para tanta cautela, pois não se pode correr o risco de um produto que não seja totalmente seguro. “Discussões sobre forma de produzir e regulação para produção estão ocorrendo em todo o mundo em razão da emergência”, afirma o coordenador do CTVacinas.
País tem 816 novos óbitos em 24h, totalizando 15.633, segundo novo balanço do Ministério da Saúde divulgado na noite deste sábado
Leandro Prazeres e Adriana Mendes
Foto: Reprodução
BRASÍLIA - O Brasil superou a Itália e a Espanha neste sábado e se tornou o quarto país do mundo em número de casos confirmados da Covid-19 . De acordo com o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem agora 233.142 casos confirmados da doença e 15.633 mortes. A Itália, segundo dados do governo local, tem 224.760 e a Espanha tem 230.698.
Segundo o ranking da universidade americana Johns Hopkins, apenas Reino Unido (241.455), Rússia (272.043) e Estados Unidos (1.450.269) têm mais casos confirmados da doença qu
No ranking de mortes causadas por Covid-19, o Brasil continua na sexta posição, atrás da França (27.532), Espanha (27.563), Itália (31.610), Reino Unido (34.456) e Estados Unidos (87.841). De acordo com último o balanço do ministério, foram notificados 816 novos óbitos de sexta para sábado, sendo que 404 foram dos últimos três dias. Há outras 2.304 mortes em investigação.
Normalmente, os números registrados aos finais de semana são inferiores aos divulgados em dias úteis porque há menos equipes nos estados atualizando os dados.
Em uma semana, o Brasil subiu duas posições no ranking de casos confirmados da Covid-19. Na quarta-feira, oBrasil havia superado a Françaem número de casos.
No Brasil, a semana foi marcada por três dias de recordes consecutivos em número de casos. Na sexta-feira, o Brasil registrou o maior número de casos em apenas 24 horas desde o início da epidemia: 15.305.
Estados
São Paulo, que segue como o estado mais afetado pela doença, tem 61.183 casos confirmados e 4.688 mortes por Covid-19. O estado ultrapassou a China, que contabiliza 4.637 óbitos em decorrência de complicações causadas pela Covid-19.
Na sequência, em número de casos aparecem os estados do Ceará (23.795); Rio de Janeiro (21.601); Amazonas (19.677); Pernambuco (18.488); e o Pará (13.184).
Ainda segundo os dados no ministério, foram recuperadas 89.672 pessoas.
Balanço coronavírus no Brasil Foto: Ministério da Saúde
Exame de Caiado deu negativo para coronavírus. (Foto: Vinícius Schmidt)
O exame realizado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) para o novo coronavírus deu negativo. O resultado foi publicado na tarde deste sábado (16) e divulgado nas redes sociais do gestor.
No entanto, Caiado disse que o chefe de gabinete de Imprensa, Tony Carlo, que o acompanhou na cidade, teve confirmação do coronavírus. O exame dele deu positivo e ficará isolado pelos próximos dias. Caiado diz que toda a agenda dele, até quinta será por videoconferência.“Ontem, conforme anunciei, após ida a Luziânia, realizei exame do novo coronavírus. O exame deu negativo. Estou bem, sem sintomas. Mas o exame do meu chefe de gabinete de Imprensa, Tony Carlo, que me acompanhou na cidade, deu positivo. Ele está bem, sem sintomas, mas ficará isolado e, assim como eu, repetirá o exame daqui a 7 dias. Todos os protocolos serão seguidos. Minha agenda até quinta será toda por videoconferência”, afimou.
Ontem, conforme anunciei, após ida a Luziânia, realizei exame do novo coronavírus. O exame deu negativo. Estou bem, sem sintomas. Mas o exame do meu chefe de gabinete de Imprensa, Tony Carlo, que me acompanhou na cidade, deu positivo. Aqui os exames (segue o fio)
MUNDO EUA conseguiram que aliados no mundo todo evitassem os equipamentos desenvolvidos pela gigante chinesa Crédito: AFP A China pediu aos Estados Unidos que ponham um fim à "repressão irracional contra a Huawei e as empresas chinesas", depois que Washington anunciou novos controles de exportação para limitar o acesso da gigante chinesa à tecnologia de semicondutores.
"O governo chinês defenderá firmemente os direitos e os interesses legítimos e legais das empresas chinesas", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado divulgado neste sábado (16).
O Ministério afirmou ainda que as iniciativas do governo Donald Trump "estão destruindo as cadeias globais de fabricação, abastecimento e valor".
Na sexta-feira, Washington anunciou uma série de medidas que buscam tirar a Huawei do mercado global de semicondutores. O governo americano considera a empresa uma ameaça para a segurança nacional.
O Departamento de Comércio dos EUA disse que essas medidas bloqueiam "os esforços da Huawei para burlar os controles de exportação dos EUA".
De acordo com autoridades americanas, a gigante chinesa das telecomunicações conseguiu evitar sanções anteriores de Washington, recorrendo a fornecedores de chips e componentes em outras partes do mundo, mas que são fabricados com tecnologia americana.
A empresa chinesa está sob extrema pressão de Washington. Com seu lobby, os EUA conseguiram que aliados no mundo todo evitassem os equipamentos desenvolvidos pela Huawei em nome da segurança.
MEIO AMBIENTE A poluição por dióxido de nitrogênio vem dos gases produzidos por veículos, usinas e indústrias e, com a redução dessas atividades e o isolamento social, o mundo está respirando melhor
Crédito: Reprodução
Dois estudos publicados na revista acadêmica americana Geophysical Research Letters, mostram que a poluição por dióxido de nitrogênio no norte da China, na Europa Ocidental e nos Estados Unidos diminuiu em até 60% no começo do ano, em comparação com o mesmo período no ano passado.
A poluição por dióxido de nitrogênio vem dos gases produzidos por veículos, usinas e indústrias e, com a redução dessas atividades e o isolamento social, o mundo está respirando melhor.
O reflexo disso, é que a qualidade do ar melhorou não só nestes países como no resto do mundo.
No entanto, os pesquisadores alertam que não há como garantir que os baixos níveis serão mantidos depois que as medidas de distanciamento social e fechamento do comércio chegarem ao fim.
Inédito
A queda nas emissões não é vista desde que a qualidade do ar começou a ser monitorada, nos anos 90.
Segundo a cientista Jenny Stavrakou, coautora de um dos estudos, isso não acontecia desde os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim, na China, quando o país se comprometeu a reduzir a poluição a curto prazo.
Emissões mundiais
Stavrakou e seus colegas usaram medições de satélite da qualidade do ar para estimar as mudanças na poluição por dióxido de nitrogênio nos principais epicentros do surto: China, Coréia do Sul, Itália, Espanha, França, Alemanha, Irã e Estados Unidos.
Eles descobriram que a poluição por dióxido de nitrogênio diminuiu em média 40% nas cidades chinesas e 20 a 38% na Europa Ocidental e nos Estados Unidos durante o bloqueio de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.
No entanto, o estudo constatou que a poluição por dióxido de nitrogênio não diminuiu em relação ao Irã, um dos países mais antigos e mais atingidos.
Os autores suspeitam que isso ocorra porque os bloqueios completos não estavam em vigor até o final de março e, antes disso, os pedidos de permanência em casa eram amplamente ignorados.
Qualidade do ar na China
O segundo estudo analisou as mudanças na qualidade do ar no norte da China, onde o vírus foi relatado pela primeira vez e onde os bloqueios foram mais rigorosos.
Brasseur analisou os níveis de dióxido de nitrogênio e vários outros tipos de poluição do ar medidos por 800 estações de monitoramento da qualidade do ar no nível do solo no norte da China.
Brasseur e seu colega descobriram que a poluição por partículas diminuiu em média 35% e o dióxido de nitrogênio diminuiu em média 60% após o início dos bloqueios, em 23 de janeiro.
No entanto, eles descobriram que a concentração média de ozônio na superfície aumentou.
O ozônio se forma a partir de reações complexas envolvendo dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, gases emitidos por uma variedade de produtos domésticos e industriais.
Embora a qualidade do ar tenha melhorado bastante em muitas regiões, o ozônio de superfície ainda pode ser um problema, de acordo com Guy Brasseur, cientista atmosférico do Instituto de Meteorologia Max Planck em Hamburgo, Alemanha, e principal autor de um dos novos estudos.
“Isso significa que, apenas reduzindo o [dióxido de nitrogênio] e as partículas, você não resolverá o problema do ozônio”, disse Brasseur.
MUNDO Protestos contra o uso de máscaras ou contra as restrições de circulação aconteceram em diversas cidades pelo país. Governo teme nível de agressividade dos manifestantes. Manifestante protesta contra medidas de isolamento em Stuttgart, na Alemanha. — Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Milhares de pessoas, principalmente da extrema direita e da esquerda radical, manifestaram-se neste sábado (16) em várias cidades da Alemanha contra as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, um movimento que preocupa as autoridades.
Em Stuttgart, a prefeitura autorizou as manifestações com a condição de que não se reunissem mais de 5 mil pessoas. No entanto, um número muito maior participou do evento, o que levou a polícia a evacuar parte dos manifestantes para as ruas próximas.
Em Munique, sul do país, ocorreu algo semelhante. Mil manifestantes — o máximo autorizado — se reuniram no parque onde normalmente é realizada a Oktober Fest, festival da cerveja.
Policial detem manifestante durante protestos contra medidas restritivas do governo contra a Covid-19 em Berlim.
— Foto: Fabrizio Bensch/Reuters
"Inúmeras pessoas se concentraram" nos arredores, porém, sem respeitarem as distâncias de segurança, afirmaram agentes no local.
Segundo a polícia, os policiais "interviram contra aqueles que se recusavam a sair".
'Alto nível de agressividade'
No total, foram realizados protestos em mais de uma dúzia de cidades, e todas foram rigorosamente monitoradas pela polícia, devido às restrições de aglomeração.
Em Frankfurt (oeste), cerca de 1.500 manifestantes se reuniram, enquanto um número semelhante de pessoas contrárias a eles também saiu às ruas aos gritos de "fora, nazistas!".
Manifestações também ocorreram em Berlim, em Bremen (norte, 300 pessoas), Nuremberg (sul), Leipzig (leste), todas com um fluxo de várias centenas de manifestantes; e em Dortmund, no oeste.
"Estamos aqui, porque nos preocupamos com as liberdades políticas", afirmou Sabine, de 50 anos, em Dortmund.
Alemães protestam em Stuttgart contra restrições adotadas para combater a Covid-19 — Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Os manifestantes (militantes extremistas, defensores das liberdades civis, oponentes às vacinas e até antissemitas) protestam contra o uso de máscaras, ou contra as restrições de circulação que permanecem em vigor depois do início da abertura no país. Alguns reivindicam o direito de se contagiar.
Apesar dos protestos, o final de semana teve a retomada da Bundesliga, o campeonato alemão de futebol.
Na semana passada, a violência marcou algumas manifestações. Na sexta-feira, manifestantes depositaram em frente à sede local do partido da chanceler Angela Merkel uma réplica de uma lápide com rosas vermelhas, velas e a mensagem: "liberdade de imprensa, liberdade de opinião, movimento e reunião — DEMOCRACIA 1990-2020".
A equipe de Merkel não esconde sua preocupação com o "alto nível de agressividade" dos protestos, nas palavras do porta-voz do governo, Steffen Seibert.
Essas manifestações permitem "juntar antissemitas, conspiracionistas e negacionistas", adverte o comissário do governo no combate ao antissemitismo, Felix Klein.
Manifestante usa máscara com os dizeres 'Alemanha minha terra natal' durante protesto em Stuttgart, na Alemanha — Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Para Klein, "não é surpreendente que as teorias antissemitas voltem a florescer na crise atual".
"Os judeus foram culpados pelas epidemias da peste, acusados de envenenar os poços", lembrou ele, em entrevista ao jornal "Süddeutsche Zeitung".