quinta-feira, 16 de abril de 2020

MP que acabava com monopólio da Casa da Moeda sobre dinheiro perde a validade



Da Redação | 16/04/2020, 13h21
Perdeu a validade a medida provisória que acabava com a exclusividade da Casa da Moeda do Brasil na fabricação de papel-moeda, moedas metálicas, passaportes e impressão de selos postais e selos fiscais federais (que vão em produtos como cigarros e bebidas). O prazo de vigência da MP 902/2019 foi encerrado em 14 de abril, já incluídas as prorrogações.
Um ato declaratório com essa informação, assinado pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, foi publicado na edição desta quinta-feira (16) do Diário Oficial da União.
Segundo a Constituição, as medidas provisórias que não forem convertidas em lei no prazo estipulado perdem a eficácia desde a edição (no caso da MP 902, 6 de novembro de 2019), devendo o Congresso disciplinar por decreto legislativo, em até 60 dias, as relações jurídicas dela decorrentes. Sem o decreto, ficam convalidados os atos jurídicos que ocorreram na vigência da MP.
A Constituição também proíbe a edição, no mesmo ano legislativo, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou tenha perdido sua eficácia por encerramento de prazo. Como a MP 902 é de 2019, ela pode ser reapresentada neste ano.

Livre concorrência

Conforme o texto da MP, os serviços prestados atualmente pela Casa da Moeda seriam licitados, e a estatal poderia participar da licitação em igualdade de condições com os demais concorrentes.
À época, o Ministério da Economia alegou que o fim do monopólio contribuiria para reduzir os custos de fabricação do dinheiro brasileiro e de passaportes e garantir a transição para um modelo de livre concorrência na fabricação do dinheiro brasileiro.
Da Agência Câmara  
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Decisão do STF sobre isolamento de estados e municípios repercute no Senado



Anderson Vieira | 16/04/2020, 13h38
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante autonomia a prefeitos e governadores determinarem medidas para o enfrentamento ao coronavírus repercutiu entre os senadores. Os ministros chegaram à conclusão de que estados e municípios podem regulamentar medidas de isolamento social, fechamento de comércio e outras restrições, diferentemente do entendimento do presidente Jair Bolsonaro, segundo o qual cabe ao governo federal definir quais serviços devem ser mantidos ou não.
O posicionamento agradou principalmente senadores de oposição. O líder do PDT, senador Weverton (MA), por exemplo, disse que foi uma vitória dos entes federados, que precisam ter segurança jurídica para tomar as providências necessárias ao combate à pandemia.
— Havia um atrito de competências, que era muito ruim, porque nesse momento todas as forças têm que ser unificadas. O Supremo atendeu nossa ação, que foi proposta pelo PDT, e deu autoridade aos governadores, confirmando que eles têm, sim, plenas condições de tratar esse assunto como deve ser tratado. É uma crise na saúde pública e, como tal, precisa de todas as providências — afirmou.
Segundo o parlamentar, a Constituição é clara ao permitir que União, estados e municípios tratem de forma conjunta de assuntos relacionadas à saúde pública e, numa situação grave como essa, é preciso que todos se mobilizem.
— Quem está lá no dia a dia, como deputados estaduais, vereadores, governadores e prefeitos, é que conhece os problemas locais. Cada região tem sua especificidade, sua estratégia e a forma de lidar com a crise. Cabe à União convergir forças e criar condições, principalmente econômicas, para dar suporte aos estados enfrentarem de forma efetiva e eficaz essa crise — avaliou. 
Pelas redes sociais, o senador Humberto Costa (PT-PE) mostrou-se a favor da decisão do STF e destacou o fato de ter sido uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro:
— O Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, que estados e municípios têm autonomia para regulamentar as medidas de isolamento. Bolsonaro, que limpa o nariz e cumprimenta as pessoas nas ruas, sai derrotado. Ele não poderá acabar com a quarentena — publicou. 

Federação em risco

Senadores da base de apoio ao governo pensam de forma diferente. O senador Márcio Bittar (MDB-AC) considerou equivocada a decisão do Supremo. 
— Acho que o STF, mais uma vez, ajuda a passar a impressão de que não somos uma Federação. Governadores e prefeitos podem fechar suas atividades econômicas e depois pedir para o presidente Bolsonaro pagar a conta — avaliou.

Medida Provisória

O assunto foi parar na Suprema Corte depois que o PDT questionou a validade da Medida Provisória 926/2020, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6.341. Entre outras providências, a MP restringe a liberdade de prefeitos e governadores na tomada de ações contra a pandemia. 
Para os ministros do STF, o governo federal somente pode definir sobre serviços e atividades de interesse nacional. Fora disso, cabe aos prefeitos e governadores regulamentarem a situação em seus respectivos territórios.
A decisão foi tomada na quarta-feira (15), em sessão realizada por videoconferência. Em março, o ministro Marco Aurélio já tinha deferido uma medida cautelar, acolhendo o questionamento do PDT, com o argumento de que havia a violação da autonomia dos entes federados.
Outros pontos da medida provisória continuam valendo, visto que os ministros não viram irregularidade no restante do texto.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Senadores veem esperança em remédio que reduz carga viral da covid-19





Senadores se manifestaram favoravelmente aos testes com medicamento que reduz a carga viral da covid-19, medida que foi anunciada na quarta-feira (15) pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Segundo ele, cientistas brasileiros vão iniciar testes clínicos com um remédio que apresentou 94% de eficácia em ensaios de laboratório.
O senador Dário Berger (MDB-SC) classificou os testes como uma "uma dose de esperança para tempos tão difíceis".
— Vamos aguardar e torcer para que a eficácia dos testes em pacientes seja comprovada nas próximas semanas — disse ele no Twitter.
O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) comemorou o anúncio do ministério, que considerou uma "notícia esperançosa". Também os senadores Alvaro Dias (Podemos-PR), Lasier Martins (Podemos-RS) e Izalci Lucas (PSDB-DF) comentaram o assunto por meio das redes sociais.
— Os testes em laboratório já apresentaram uma eficácia de 94% na redução da carga viral em células infectadas com o vírus. O próximo passo é a testagem em pacientes. A notícia é animadora! — informou Izalci.
Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania–MA), se o remédio está sendo pesquisado sob padrões científicos altamente técnicos, as descobertas serão muito importantes para a sociedade e para a Ciência.
— Se o Ministério de Ciência e Tecnologia está envolvendo diversos cientistas qualificados nessa pesquisa e fazendo um controle atento da pesquisa, ficamos muito satisfeitos e esperançosos. Pesquisar é o papel da Ciência. Estamos sempre a favor da Ciência e contra o charlatanismo, pois não há milagre para isso — enfatizou.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que é médico, afirmou que, por enquanto, ainda é preciso cautela e a manutenção das medidas de redução de contato entre as pessoas.
— Não podemos comemorar com tanto entusiasmo porque os testes foram feitos 'in vitro', ou seja, realizados em laboratório, e por isso, existe a possibilidade de ao ser usado em humanos haver interferências. É claro, que nos representa um alento, uma esperança, mas precisamos manter a cautela e continuarmos o isolamento social até haver uma solução definitiva.
Testes
Os testes serão feitos em 500 pacientes internados com covid-19, em sete hospitais do país: cinco no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um em Brasília.
O medicamento vai ser ministrado por cinco dias nos pacientes, seguidos de nove dias para observação. Serão incluídos no estudo pessoas que chegarem aos hospitais com pneumonia e sintomas de covid-19: febre, tosse seca e opacidade de vidro fosco, revelada em tomografia.
O grupo de testagem será amplo, com qualquer pessoa maior de 18 anos, mas o fármaco não será ministrado a pacientes em estados muito graves. O paciente deverá assinar um termo de consentimento para participar do estudo, que consiste na administração aleatória do medicamento ou de placebo. A expectativa é que o estudo seja concluído em quatro semanas.
O nome do medicamento, desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas (SP), só será divulgado após o fim do protocolo de pesquisa clínica, até que seja demonstrada a sua eficácia e segurança em pacientes.


Com informações da Agência Brasil


Fonte: Agência Senado

Conab adia para a semana que vem compra de alimentos para cesta básica




Crédito: Arquivo/Agência Brasil




São Paulo, 16/04 – A compra de 7 mil toneladas de alimentos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que ocorreria hoje, foi adiada para o próximo dia 24. “O motivo é a necessidade de ajustes legais e adequações técnicas relativas às operações”, disse a estatal em nota. A ação tem como objetivo a formação de cestas básicas em apoio às populações em situação de vulnerabilidade, agravada pela pandemia causada pelo novo coronavírus.
Com a mudança na data, foram estabelecidos novos prazos para a entrega dos produtos. Para arrematantes das operações nos estados das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, o prazo será até 14 de maio. Para as entregas na Região Norte, a data limite será até o dia 29 do mesmo mês.

Estas operações contam com o aporte de R$ 35,7 milhões, que, conforme a Conab, permitirão produzir cerca de 323 mil cestas de alimentos em benefício de 160 mil famílias de comunidades especiais, como indígenas e quilombolas, em todo o País.

DINHEIRO RURAL 

Ivan Presença saiu da Rodoviária e ficou bestificado com a cidade



O ano era 1967 e o livreiro veio do Rio de Janeiro para Brasília com 17 anos. Arranjou emprego numa livraria do Hotel Nacional. O resto é história, muita história… que ele conta nessa carta de amor

5dias para os 60 anos de Brasília
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
Foto: Arquivo pessoal
Ivan ficou deslumbrado ao chegar em Brasília, especialmente com as obras da Catedral e do Teatro Nacional, além da Torre de TV. “Ponto de encontro aos sábados em suas barracas regionais e paqueras”, conta. Foto: Arquivo pessoal
“Cartas de amor para ela,
Quando eu te conheci você tinha sete anos, era uma criança e eu saboreava um pastel com caldo de cana na rodoviária ao amanhecer. Você era jovem e eu também. No meu primeiro dia na cidade estava chegando de uma viagem do Rio de Janeiro para atender um convite de trabalho em uma livraria que funcionava na galeria de lojas do principal hotel da cidade, o Hotel Nacional, que funcionava como um shopping naquela época.
Minha querida Brasília, este ano o seu aniversário vai ser diferente, não vai ser igual àqueles que se passaram, estamos de quarentena e vamos ficar em casa para não adoecer.
Subi a escada rolante para a parte superior da Rodoviária e era cedo, o sol iluminava a Esplanada. Bela paisagem, um gramado verde que parecia um tapete e o céu azul. Parecia que eu estava voando em um balão, sinais da lua e de algumas estrelas no céu, fiquei hipnotizado com o que via.
Apresentei-me ao meu novo endereço de trabalho e moradia: morava na sobreloja da livraria. Para chegar ao local fui a pé da Rodoviária admirando a paisagem, uma subida via rampa de terra vermelha (hoje o Conic) até a chegada ao Hotel Nacional com uma visão em 360 graus da cidade.
Fiquei deslumbrado. A estrutura em obras da Catedral e do Teatro Nacional e a Torre de TV, ponto de encontro aos sábados em suas barracas regionais e paqueras emocionantes.
O tempo passou e você foi crescendo. Fui conhecendo Planaltina (quantas histórias), Gama, Sobradinho, Guará, Morro do Urubu, Barracões da Asa Norte (W3 Norte), Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Cruzeiro Velho e Novo, Paranoá, São Sebastião, Jardim Botânico e Telebrasília…
Você cresceu e o relógio da vida não para. Sessentona necessitando de reparos em sua anatomia, suas curvas e tesouras precisando de retoque, suas retas e largas avenidas largas cederam espaço ao Metrô, o carnaval das escolas de samba cedeu espaço para os blocos de rua, e até às livrarias acabaram-se: agora é tudo on line.
Minha querida Brasília, este ano o seu aniversário vai ser diferente, não vai ser igual àqueles que se passaram, estamos de quarentena e vamos ficar em casa para não adoecer. O relógio não para, mas vamos lutar para que o ano que vem possamos  colocar a Bateria da Aruc na comemoração de seus 61 anos.
O sonho não acabou.” 
Ivan Presença, 70 anos, é livreiro e mora no Jardim Botânico
AGÊNCIA BRASÍLIA

Caesb envia fatura com quitação anual de débitos



Com o documento, cliente poderá se desfazer dos comprovantes de pagamento de 2019

Todos os clientes da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) que estejam com as contas em dia vão receber, neste mês de abril, a fatura com a declaração de quitação anual de débitos referente ao ano de 2019. Com a vigência da Lei nº 12.007/2009, todas as empresas públicas e privadas são obrigadas a deixar claro na fatura que o usuário está em dia com as contas.
Com a declaração, o cliente pode se desfazer de todos os comprovantes de pagamento de 2019. Basta guardar um só documento, reduzindo o volume de armazenamento. A Caesb está encaminhando a quitação pela décima primeira vez. A previsão é que cerca de 514 mil adimplentes recebam o documento com o nada-consta neste ano.
Somente terão direito à declaração de quitação anual os consumidores que quitaram seus débitos até o dia 31 de março. Caso o consumidor não tenha utilizado os serviços durante todos os meses do ano anterior, ele vai receber a declaração de quitação dos meses em que houve faturamento dos débitos.
As emissões anuais de quitação de débitos têm de ser feitas, no máximo, até o mês de maio. Para retirar a segunda via de faturas de água em aberto, clique aqui.
Aplicativos
Pelo aplicativo de autoatendimento, disponível para download nos sistemas Android e IOS, os usuários podem solicitar revisão ou segunda via de contas, alteração de titularidade e vencimento, além de informações sobre consumo de água, consulta de protocolos, entre outras opções.
O site oficial da companhia também oferece esses serviços e outros, como parcelamento de débitos, primeira ligação de água, autoleitura, ressarcimento de danos, alteração do titular da conta e da data de vencimento, religação de água e situação de débito.
Para baixar o aplicativo da Caesb no celular:
– IOS
– Android

* Com informações da CEB

AGÊNCIA BRASÍLIA *

Subir no foguete do Parque Ana Lídia, quem nunca?



O Parque da Cidade, cravado no coração de Brasília, participou da infância da maioria das crianças que aqui chegou ou nasceu nas décadas de 70 e 80

O parque é o Ana Lídia, que fica no estacionamento 12 do Parque da Cidade. Há 49 anos ele é garantia de diversão para diferentes gerações de brasilienses. Fotos: Arquivo Público do DF
No coração da capital do Brasil existe um parque, o maior espaço público de lazer da América do Sul. Em seu interior tem outro e dentro dele tem um foguete. No foguete, Silvana Seabra, então com 6 anos, viajou para a Lua muitas vezes. Lá de cima ela via meninas dentro de carruagens e meninos em cabanas de índio. Também observava a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional, os prédios mais altos da paisagem naquela época.
O parque é o Ana Lídia, que fica no estacionamento 12 do Parque da Cidade. Há 49 anos ele é garantia de diversão para diferentes gerações de brasilienses. É difícil encontrar um morador de Brasília que não tenha a lembrança de ter ido pelo menos uma vez ao parque de areia quando criança. E até hoje o espaço faz sucesso, ficando lotado aos finais de semana.
Inaugurado em 1971, o parque infantil foi uma das primeiras opções de lazer para as crianças da capital. “Naquela época, só tinha os parquinhos das quadras. Não tinha um espaço daquele, com grandes brinquedos. E ainda era de graça”, conta o o publicitário brasilense João Amador, 41 anos, que mantém um perfil nas redes sociais desde 2014 que conta histórias de Brasília.
Segundo ele, apesar de a abertura oficial ter sido em 1971, o espaço já era usado para as brincadeiras da meninada desde 1969. Na época, o local era chamado de parque da torre, inaugurada em 1967. “Só fizeram a inauguração oficial. Mas era a mesma coisa, a mesma área e os mesmos brinquedos”, diz.
Ocupando uma área na Asa Sul intocada até então, o parque trazia brinquedos temáticos divididos em três partes: a Ala das Meninas – com elementos de contos de fadas, como carruagem em forma de abóbora, como a carruagem da Cinderela, escorregador em forma de bota e animais gigantes; a Ala dos Meninos – relacionada aos filmes de aventura da época, com cabanas apaches, barco viking e caravanas do velho oeste; e a Ala Futurista – com um foguete espacial, trepa-trepa em forma de bolha, roda-roda no formato de cápsula lunar, entre outros.
Silvana Seabra, na foto com 6 anos, frequentava o parque antes mesmo dele ser oficialmente inaugurado. Foto: arquivo pessoal
O foguete era, e ainda é, o xodó dos frequentadores do local. Para a administradora Silvana Seabra, hoje com 55 anos, o espaço sempre será identificado como “Parquinho do Foguete”. Ela guarda fotos tiradas no local em 1970, quando o parque nem tinha sido inaugurado oficialmente.
“Sempre gostei de altura, lembro de observar lá de cima, de um lado, a vegetação da área que depois virou o parque da cidade, e, do outro, a Esplanada dos Ministérios, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados”, diz. “Brasília não tinha nada naquela época. Nenhum daqueles prédios altos ali em volta existia”, recorda-se.
Viagem
Silvana saía do Lago Sul, pelo menos duas vezes por mês, para brincar no parque. Foto: arquivo pessoal
A diversão da garotada era correr até o alto do foguete e escolher se a descida seria feita pelo escorregador, que não existe mais, ou pelas escadas. “A graça era escorregar até lá embaixo. O brinquedo era alto”, lembra Silvana.
Além do foguete, ela gostava de se equilibrar no trepa-trepa . Silvana morava com os pais e os dois irmãos no Lago Sul. Mesmo com a distância, ela ia com a irmã mais velha umas duas vezes por mês ao parque, “a única opção de lazer para a criançada na época”. “Meu irmão é cinco anos mais novo, não lembro dele ir com a gente, era muito novinho. Minha irmã que ia comigo, eu tinha 6 e ela 7/8”, conta.
O trajeto entre o Lago Sul e a área central de Brasília era uma viagem na década de 70. “Eu morava onde é hoje a QI 11. Não tinha nenhuma ponte e gente tinha que dar a volta pelo aeroporto para ir à cidade”, diz. As pontes só chegaram ao Lago Sul em 1974.
A primeira deveria ter sido a Costa e Silva, um projeto de Oscar Niemeyer feito em 1967. As obras, iniciadas em 1973, ficaram anos paralisadas e a ponte só foi inaugurada em fevereiro de 1976. A primeira a ser de fato utilizada foi a Ponte das Garças, conhecida como Ponte do Gilberto, cuja construção durou poucos meses e foi inaugurada em janeiro de 1974.
Para Rejane Marinho, 45 anos, o parque é mágico. O local é tão especial para ela que a família dela já está avisada: quando morrer, quer ser cremada e deseja que suas cinzas sejam jogadas no Ana Lídia.
“Eu e meus dois irmãos passamos pela separação dos nossos pais e sofremos muito. Mas no meio dos brinquedos esquecíamos das brigas deles. Era um lugar de paz, de brincarmos e sermos felizes”, diz.
Rejane se mudou de Brasília quando tinha 10 anos. Hoje a pedagoga e advogada mora em Campo Grande (MS), mas continua tendo uma relação forte com a capital. “Tenho tios aí, meu pai ainda mora em Brasília, sempre estou na cidade”, conta. O Parque da Cidade como um todo é especial para ela. Além de subir no foguete, “que era tão alto”, ela tem lembranças de piqueniques com a família e de soltar pipa com os irmãos.
“O Parque da Cidade todo é muito importante para quem morou em Brasília na década de 80”, diz. “A gente morava na Asa Sul, primeiro  na 412 e depois na 415, e íamos pra lá quase todo fim de semana”, completa. Mesmo não morando mais em Brasília, ela fez questão que as filhas, gêmeas hoje com 20 anos, conhecessem o lugar onde a mãe passou os melhores dias da infância. Elas moravam em Goiânia na época, as meninas tinham 3 anos e meio e vieram passar o dia no parque. Elas curtiram, mas acho que foi mais importante para mim”, conclui.
Mudança de nome  
O “espremedor de laranjas” era diversão garantida na época. Hoje não existe mais. Foto: Histórias de Brasília
João Amador lembra que, até meados dos anos 80, o parque de areia do Parque da Cidade era o grande parque infantil do Distrito Federal. “Tinha a Nicolândia, mas era pago e tinha outra pegada. Acredito que 100% das crianças de Brasília nas décadas de 70 e 80 tenham frequentado o parque”, afirma.
Segundo o publicitário, de 1971 para cá, o Ana Lídia não recebeu nenhum novo brinquedo significativo. Pelo contrário. Muitos foram retirados até para a segurança dos usuários. Como o escorregador que tinha no meio do foguete e um roda-roda que parecia um espremedor de laranja onde as crianças ficavam em pé. “Eram brinquedos bem assassinos”, diz.
Quando foi inaugurado, o parquinho de areia foi batizado de parque Yolanda Costa e Silva, nome da esposa do presidente Costa e Silva, falecido dois anos antes. Mas anos depois foi renomeado  ara homenagear uma de suas frequentadoras: a menina Ana Lídia, que fora assassinada em 1973, um dos crimes mais misteriosos da cidade, até hoje não solucionado.
Ana Lídia Braga tinha 7 anos e foi sequestrada depois de ser deixada na porta do colégio Madre Carmen Salles. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte em um matagal perto da Universidade de Brasília (UnB). A menina estava nua e o cadáver tinha sinais de violência sexual. O túmulo dela, no Cemitério Campo da Esperança, até hoje recebe visitas de pessoas que levam flores e brinquedos.
Antes do Parque da Cidade
O parque infantil é anterior ao Parque da Cidade, criado sete anos depois e que também já teve outro nome. Brasília tinha acabado de fazer 18 anos quando ganhou de presente uma imensa área verde no meio das asas do Plano Piloto. Ele ocupa uma área de 420 hectares (o equivalente a 4 milhões e 200 mil metros quadrados) e é maior que o famoso Central Park, em Nova York, que tem 320 hectares.
Originalmente, o espaço recebeu o nome de Rogério Pithon Farias, que era filho do então governador, Elmo Serejo, e que morreu em um acidente de carro. Foi renomeado para Parque Dona Sarah Kubitschek em 1997, mas, em 1986, já tinha ganhado fama nacional por meio da música Eduardo e Mônica do grupo brasiliense Legião Urbana. O local foi palco do primeiro encontro do futuro casal. A Mônica foi de moto e o Eduardo de camelo (bicicleta).
Além das imensas áreas verdes entre as superquadras, o plano piloto do urbanista Lucio Costa previa um jardim botânico, na Asa Sul, e um jardim zoológico, na Asa Norte. Mas, após uma série de modificações do projeto original, foi decidido que as duas áreas se somariam em um único parque, o Parque Zoobotânico de Brasília, na Asa Sul, cujo projeto seria desenvolvido por Roberto Burle Marx, em 1961.
Entretanto, foi somente na década de 1970, com o aumento da cidade, a necessidade de ocupação de seus limites para se proteger de invasões, somado à necessidade de criação de uma grande área pública de recreação, que o governador do Distrito Federal, Elmo Serejo Farias, determinou a implantação de um parque recreativo, sendo necessária a criação de um novo projeto.
Lucio Costa ficou responsável pelo planejamento urbanístico, os arquitetos Oscar Niemeyer e Glauco Campello incumbidos por alguns prédios a serem construídos e Burle Marx se dedicou ao projeto paisagístico. Os 16 banheiros do parque são revestidos por azulejos do artista plástico Athos Bulcão.
Atualmente, o Parque da Cidade tem atrativos para todas as idades. São quadras de futebol de campo, de futebol de areia, beach tênis, quadras poliesportivas, de vôlei de concreto, vôlei de praia, futevôlei, frescobol, de vôlei de saibro e tênis de concreto, além de 49 churrasqueiras, seis parques infantis, cinco pontos de encontros comunitários (PEC), uma ciclovia e pista de cooper com circuitos de 4 km, 6 km, e 10 km, e diversos quiosques para alimentação. Em média, entre 40 mil e 50 mil pessoas passam por lá aos fins de semana.

DA AGÊNCIA BRASÍLIA