segunda-feira, 13 de abril de 2020

Os setores que ainda estão contratando em meio à pandemia




Covid-19 deve causar a maior crise no mercado de trabalho desde a Segunda Guerra, mas ainda há oportunidades em alguns setores - não apenas na saúde

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Mesmo diante do cenário adverso, alguns setores seguem contratando - e não apenas o de saúde

Mesmo diante do cenário adverso, alguns setores seguem contratando - e não apenas o de saúde

BBC NEWS BRASIL
A pandemia de covid-19 deve desencadear a maior crise no mercado de trabalho desde a Segunda Guerra Mundial.
Quase 38% da força de trabalho no planeta, o equivalente a 1,25 bilhão de pessoas, está empregada em setores duramente afetados pela paralisação das atividades em diversos setores, segundo a estimativa mais recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e correm o risco de ficar sem trabalho nos próximos meses.
São funcionários de setores como turismo e hotelaria, varejo e indústria.
No Brasil, a economia já começa a sentir os efeitos colaterais das medidas de isolamento social — consideradas necessárias, entretanto, para evitar que o sistema de saúde entre em colapso e não consiga atender todos aqueles que serão infectados pelo novo coronavírus.
Mesmo no meio da crise, contudo, alguns setores seguem contratando — e não apenas o de saúde.
A BBC News Brasil conversou com recrutadores de vagas de diferentes perfis para entender onde há oportunidades.
Além do setor de saúde
Com tanta gente cozinhando em casa, o setor de supermercados tem assistido a um aumento significativo da demanda.
Há alguns dias, a rede Carrefour anunciou a abertura de 5 mil novas vagas para reforçar todas as operações: são operadores de loja, auxiliares de perecíveis, agentes de prevenção, recepcionistas de caixa, padeiros, peixeiros, técnicos em manutenção, açougueiros, operadores de centro de distribuição e vendedores de eletrodomésticos.
A maioria das vagas se distribui entre cidades de 8 Estados, entre elas Manaus, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo.
Setor de supermercados tem reforçado quadro de funcionários para fazer frente ao aumento da demanda

Setor de supermercados tem reforçado quadro de funcionários para fazer frente ao aumento da demanda

BBC NEWS BRASIL
Eduardo Migliano, cofundador da 99jobs, plataforma em que esse recrutamnento (totalmente online) está sendo realizado, conta que recebeu cerca de 150 mil currículos, uma concorrência de 30 candidatos por vaga.
Apesar de ter muita gente procurando emprego no momento, Augusto Schaffer, fundador do site RioVagas, aconselha os trabalhadores a continuarem buscando, já que o varejo de alimentos segue aquecido e, nos últimos dias, tem havido uma oferta consistente de novos postos.
No ar há mais de uma década, o site recebe cerca de 4 milhões de visitas por mês e anuncia principalmente vagas operacionais em pequenas e médias empresas no Estado. Recentemente, lançou uma plataforma batizada de Classirio para aqueles que estão buscando uma fonte alternativa de renda possam oferecer seus produtos e serviços.
Dentro da oferta de vagas tradicionais, Schaffer diz ter se surpreendido com o segmento de farmácias, que tem contratado tanto farmacêuticos quanto atendentes, e destaca ainda a área de logística — motoristas de caminhão e outras funções ligadas à movimentação de carga —, e as empresas de contabilidade e do setor financeiro, que podem atuar junto às empresas em um contexto de recessão.
A 'indústria da pandemia'
O aumento da demanda no setor de saúde, ele acrescenta, tem gerado ainda postos em áreas indiretamente ligadas à operação de clínicas e hospitais: manutenção predial, instalação de ar condicionado, vagas para cozinheiros e nutricionistas.
Há ainda parte da indústria que está produzindo mais durante a pandemia, como os fabricantes de materiais hospitalares e de produtos de higiene.
A Aeroflex, de Curitiba, que há 14 anos fabrica produtos em aerossol, resolveu em janeiro adaptar a linha de produção para lançar álcool em aerossol.
A decisão foi uma tentativa de driblar a falta de matéria-prima para produção de álcool gel, que a empresa importava de países como EUA, Índia e China.
Desde o lançamento do produto, há duas semanas, são fabricadas cerca de 150 mil unidades todos os dias. Márcio Miksza, diretor comercial da empresa, diz que a produção "dos próximos três ou quatro meses" já está vendida.
Como reflexo, a empresa aumentou em 30% o número de funcionários. Foram 60 contratações, elevando o total de empregados a 240.
As medidas de distanciamento social, por sua vez, alimentaram o mercado de delivery e acabam gerando uma demanda também na área de tecnologia, de programadores e designers de aplicativos, destaca Migliano.
Ele lembra, por outro lado, que muitos desses profissionais têm sido demitidos nas últimas semanas de startups de tecnologia. São empresas que normalmente dependem de captação de recursos de fundos para sobreviver, que não trabalham com muita folga de caixa e que, por isso, estão cortando onde podem para fazer frente à queda no faturamento.
Vendedores 'virtuais'
O empreendedor conta ainda que tem visto ainda uma busca por parte de empresas com pouca ou nenhuma presença na internet por vendedores que possam anunciar seus produtos nos chamados "market places", sites como Mercado Livre, que têm se mostrado uma alternativa àquelas que não estão conseguindo operar no "mundo físico".

Essa percepção aparece nos números levantados pelo site Infojobs para a BBC News Brasil.
As funções de consultor de vendas, vendedor e representante comercial estão entre as principais ofertas de vagas para home office — que, aliás, cresceram de forma geral 387% na comparação de março com janeiro.
São 2.517 posições para se trabalhar de casa, distribuídas, além do setor de vendas, nas áreas jurídica (conciliador extrajudicial), de telecomunicações (desenvolvedor java, programador), de marketing (analista, designer gráfico e divulgador) e de telemarketing.
Neste momento, a plataforma tem 287.695 vagas, sendo 74.421 novas.
A área com maior número é a de informática/TI, com 6.577 postos, seguida por saúde (5.114), logística (3.845), segurança (3.636), indústria (3.122) e transportes (1.453).
Os setores com maior crescimento proporcional de vagas na plataforma, na comparação entre março e janeiro, foram o de saúde (145%) e segurança (85%).
Entre os Estados, as maiores altas em termos percentuais foram observadas no Piauí (1.050%), Ceará (321%), Paraná (166%), Minas Gerais (136%), Goiás (110%) e Rio de Janeiro (102%).
Vagas operacionais x administrativas
Schaffer, da RioVagas, conta que, se de um lado ainda há uma oferta de vagas operacionais, ele tem observado um volume grande de demissões em áreas administrativas — em muitos casos, diante de uma queda forte de receitas, as empresas estão mantendo apenas o essencial para se manterem vivas.
De fato, a empresa de recrutamento Robert Half, concentrada no mercado de vagas com remuneração média entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, observou uma queda no volume de processos seletivos.
Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria, destaca, contudo, que após um primeiro momento em que a maioria das empresas decidiu congelar as contratações — o que aconteceu por volta da semana do dia 20 de março —, algumas têm retomado os processos.
Professor do Senai conserta respirador: vagas na saúde vão além de posições para médicos e enfermeiros

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BBC NEWS BRASIL
Nesta semana, o volume de vagas já se aproxima de 60% da média observada pela empresa antes do início da pandemia.
Os setores, segundo ele, são bastante pulverizados, vão de comércio eletrônico e agronegócio a indústria e serviços.
As contratações estão sendo feitas, em sua grande maioria, de forma totalmente remota.
"Tem gente que foi contratado, mandou os documentos digitalizados, recebeu o material pelo correio e já começou a trabalhar — sem nunca ter apertado a mão de ninguém na empresa."
A empresa tem um banco de cerca de 500 mil currículos no Brasil, e novas inscrições podem ser feitas no próprio site.
Em outras plataformas também há oportunidades para os jovens, grupo no qual a taxa de desemprego é estruturalmente mais elevada.
A startup Eureca, focada especificamente em vagas de estágio e trainee, tem processos abertos para a Klabin, empresa de papel e celulose, com 8 vagas para as áreas administrativa, financeira, produção industrial e manutenção em quatro Estados (São Paulo, Ceará, Paraná e Amazonas).
Já a Givaudan, de aromas e fragrâncias, tem outras 15 vagas abertas em São Paulo para universitários nas áreas administrativa, de vendas, jurídico, criação e avaliação de fragrâncias, produção, inovação e tecnologia.
Os processos também são todos feitos de maneira remota, conta Carolina Utimura, COO da plataforma.
Além dos sites geridos pela iniciativa privada, também há vagas anunciadas no Sistema Nacional de Emprego (Sine), que passou por reformulação recentemente e hoje funciona por meio de um aplicativo.
Em São Paulo, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico informou que, entre fevereiro e março, 20.247 vagas foram fornecidas no Estado através da plataforma, já que os Postos de Atendimento ao Trabalhador (PATs) não estão funcionando com atendimento presencial.
O choque no mercado de trabalho
Apesar de ainda haver setores contratando, a provável recessão decorrente da pandemia deve elevar o desemprego no Brasil, com impacto particularmente duro sobre os trabalhadores informais, que não estão assistidos pelo sistema de proteção social.
O último Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV), do fim de março, chama atenção para isso.
"Paralelamente, a crise afetará de forma desproporcional as micro, pequenas e médias empresas, que terão maior dificuldade de lidar com a dramática queda esperada de receitas. Essas são também as empresas que mais empregam, inclusive muitos trabalhadores sem carteira. Muitos trabalhadores terão uma brutal redução de sua renda mensal. E muitos serão demitidos", diz o relatório.
A equipe de economistas destaca ainda que, por isso, seriam necessárias medidas emergenciais para evitar que o desemprego subisse forte e rapidamente e que a crise tivesse um grande impacto sobre a população mais vulnerável.
O auxílio emergencial de R$ 600 que o governo pagará por três meses às famílias de baixa renda é uma iniciativa nesse sentido.
O mais recente boletim da OIT sobre o impacto da crise sobre o mercado de trabalho, de 7 de abril, também destaca a importância de medidas para proteger os informais, que correspondem a um percentual relevante da força de trabalho em países pobres e emergentes.
A organização propõe uma resposta em quatro pilares: estímulos à economia e ao emprego, apoio às empresas e à manutenção da renda, proteção dos trabalhadores nos locais de trabalho e a prática constante de diálogo com os diversos setores da sociedade para a busca e implementação de soluções.

Secretário Geral da CBF não prevê retorno 'total' do futebol em maio




Walter Feldman afirmou ao Fox Sports que o futebol deve voltar aos poucos e com jogos sem público, a partir que autoridades de saúde liberem 

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Wlater Feldmana acredita que futebol voltará sem público

Wlater Feldmana acredita que futebol voltará sem público

Lucas Figueredo/Divulgação CBF
O futebol brasileiro não deverá retomar suas atividades totais no mês de maio. A previsão é de Walter Feldman, secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em entrevista ao canal Fox Sports, no último domingo, o dirigente afirmou que a entidade prefere um "retorno progressivo" dos eventos por causa do efeitos da pandemia do coronavírus.
Feldman não descartou a retomada do futebol com portões fechados. "Eu diria que o pico da doença no eixo Rio-São Paulo provavelmente se dará no mês de abril, primeira quinzena de maio. Nós temos já uma franca elaboração de um protocolo que permita que, quando a autoridade pública de saúde diga que pode ter a chamada mini aglomeração, é possível nós retomarmos progressivamente, mas claro que de maneira parcial", disse Feldman.
"Eu acredito que a volta integral, que seria com as equipes treinando, já realizando seus jogos de portões abertos, me parece muito precoce dizer, mas muito improvável que isso aconteça. Eu acredito na retomada progressiva, e o presidente (da CBF) Rogério Caboclo tem insistido no seguinte: responsabilidade e segurança. Nós não vamos, em hipótese alguma, comprometer a saúde de nenhum elemento que faz parte do protagonismo do futebol", afirmou o secretário geral.
R7

Vettel gets a lot of compliments: ''He was so far ahead of the competition''



13-04-2020 13:26
 
by Editorial Team
GENERAL
Vettel gets a lot of compliments: ''He was so far ahead of the competition''

At the age of fourteen, Sebastian Vettel already pulled on BMW team boss Mario Theissen to tell him he would be driving for BMW next season. It marks the maturity of the German who was way ahead of his time.

Professional Vettel

That's what the former team boss of BMW in Formula 1, Mario Theissen, says. In conversation with Motorpsort-total.com he already looked back on the German's debut and his impressive performance in the youth categories, but also his adulthood at a young age is still remembered by the former team boss.
''He was so far ahead of the competition in terms of professionalism. He was awake four hours before a race, even though that race was already at eight in the morning. He did everything he could to appear as fit as possible for the day and his fitness programme was much better than the rest. He was interested in nothing but racing'', says Theissen.

Idol Schumacher

At the moment Vettel is in a more difficult period. Charles Leclerc puts the German in Ferrari's shoes and puts the contract situation of Vettel under pressure. The question is whether Vettel is still as motivated as he was when he made his debut. Theissen does not doubt the mentality of the Heppenheimer.
''Someone's character can't change and I don't believe his professional attitude has changed. He learned a lot from his idol Michael Schumacher, who also managed to get the most out of it'', concludes the former Formula 1 team boss.

Teleatendimento quase triplica capacidade nos centros de referência




Em apenas um dia foram feitas cerca de 1,4 mil solicitações

Os 27 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e os 11 Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Distrito Federal registraram uma média diária de 1,2 mil solicitações diversas. O número é quase três vezes mais que o registrado cotidianamente nos atendimentos presenciais nas unidades, cerca de 500.
O crescimento se deve à nova metodologia de trabalho, por meio do teleatendimento, e também em virtude da realocação de servidores para essas unidades.
O teleatendimento foi implantado na semana passada, a partir das determinações da Portaria nº 27, de 10 de março de 2020, como medida de prevenção à disseminação do novo coronavírus.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) sabe que muita gente ainda encontra dificuldade para conseguir falar nesses equipamentos, pois a grande demanda faz as linhas congestionarem. Nesse sentido, gradativamente, mais telefones são disponibilizados para fortalecer ainda mais o teleatendimento.
Seguindo determinação do governador Ibaneis Rocha, por meio do Decreto nº 40.509, de 11 de março de 2020, e posteriores, estão temporariamente suspensos os serviços capazes de gerar aglomeração de pessoas, como atividades de convivência, visitas domiciliares e atendimentos presenciais.
Reforço
Para fortalecer o trabalho, servidores das 23 unidades executoras dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Sedes foram realocados nos Cras, onde se revezam com as equipes dessas unidades para atender o máximo possível de ligações feitas pela população.
Serviços ofertados
O texto estabelece os teleatendimentos para as solicitações de cesta emergencial, Auxílio por Morte, informações e para questões emergenciais envolvendo violações de direitos. Outros serviços podem compor essa lista posteriormente.

* Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social
AGÊNCIA BRASÍLIA

Transmissão ao vivo explica programa de acolhimento temporário para crianças




Programa da Secretaria de Desenvolvimento Social permite que crianças em situação vulnerável tenham um lar temporário enquanto aguardam adoção ou reintegração familiar

Família Acolhedora foi instituído há cerca de um ano por meio de parceria entre a Sedes e o Grupo Aconchego | Foto: Secretaria de Desenvolvimento Social / Divulgação
Já pensou que, muitas vezes, para superar um período complicado, uma criança precisa somente de um lar com amor, carinho, proteção e segurança? É exatamente esse o local que o programa Família Acolhedora tenta promover por meio do acolhimento temporário. Sobre o tema, a psicóloga Julia Salvagni vai apresentar uma live (transmissão ao vivo), nesta segunda-feira (13), a partir das 19h.
A especialista vai explicar como ocorre o processo e vai responder questões do público. Julia é mestre em Direitos Humanos e Cidadania e trabalha há oito anos com acolhimento familiar no Distrito Federal.
Instituído há cerca de um ano por meio de parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e o Grupo Aconchego, o programa já conta com dez crianças acolhidas, das quais duas são irmãs que estão em uma mesma família.
O Família Acolhedora possibilita que casais cuidem temporariamente de crianças de zero a seis anos que estejam em situação vulnerável. Pioneiro no Distrito Federal, o projeto busca pessoas que tenham interesse em abraçar essa missão.
Nova família
O acolhimento familiar é uma das medidas de proteção previstas em caso de direitos violados ou ameaçados – seja por ação, seja por omissão do Estado, dos pais ou responsáveis ou pela própria conduta. A medida está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e difere da adoção por ser temporária. O objetivo é a reintegração familiar ou o encaminhamento para família substituta.
Após a apresentação, as famílias interessadas em receber os pequenos serão submetidas à avaliação de uma equipe técnica.
As famílias acolhedoras selecionadas passam a receber uma bolsa no valor de R$ 456,50, para ajudar nos custos com alimentação e outras despesas.
SERVIÇO:
Live conhecendo o Família Acolhedora: compromisso social a partir do afeto
Data: 13/4 (segunda-feira)
Horário: 19h
@aconchegodf
* Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social

AGÊNCIA BRASÍLIA

Gigantes da saúde: a luta dos profissionais contra o coronavírus




Servidores mantêm empenho na linha de frente da pandemia, mas não escondem medo com a nova rotina de atendimentos que assumiram

Ha sete anos no Samu e no Aeromédico, a médica Gabriela Botár vê a oportunidade de crescer pessoal, espiritual e profissionalmente diante da dificuldade: “É preciso apreender, desaprender, ressignificar. Acredito que depois do coronavírus seremos humanos e profissionais melhores” | Fotos: Breno Esaki e Geovana Albuquerque/ Secretaria de Saúde
Medo e saudade. Dois sentimentos que se misturam à força e à coragem de quem precisa lidar, diariamente, com pacientes diagnosticados ou com suspeita de infecção de coronavírus. Profissionais que precisaram abrir mão da família, de cuidados pessoais, da quarentena em favor da segurança daqueles que amam e em nome do atendimento rápido e eficaz a quem precisa ser tratado.
Força e coragem, aliás, são duas coisas que a médica Milene Dantas Diogo tenta repassar, diariamente, aos 64 médicos que ela coordena como chefe substituta do serviço de clínica médica do Hospital de Base, uma das unidades de referência para atendimento de pacientes com coronavírus.
“Montei um grupo no WhatsApp para tentar solucionar problemas que apareçam e atualizar os profissionais sobre mudanças operacionais e de logística. Quando quem está na ponta tem apoio imediato, as coisas ficam mais fáceis de serem carregadas”, observa.
À frente do serviço de clínica médica do Base, Milene Dantas desabafa: “Estou mais fragilizada como mãe do que como médica”
A médica fala com muita segurança sobre o processo de trabalho. Mas, ao comentar sobre as mudanças que precisou fazer no ciclo familiar, não consegue conter o choro. “Estou mais fragilizada como mãe do que como médica. Porque, no trabalho, a gente monta o cenário, traça as estratégias e vai para cima. Em casa, com filhos adolescentes sempre proativos, não sei como estão processando isso e me preocupo do ponto de vista emocional e psicológico”, desabafa.
Mãe de três filhos, com idades de 8, 13 e 16 anos, Milena conta que precisou reorganizar tudo em casa. Ficou com apenas uma das empregadas, a que cuida das crianças, já que o marido também é médico e atua no Hospital de Base. A saudade da mãe também aperta.
“Toda sexta-feira ela buscava meus filhos na escola e ia almoçar com a gente. Agora, só podemos nos ver pelas chamadas de vídeo”, conta, com a voz embargada.
Em casa, precisou desenvolver novas tarefas, como cuidar do jardim, da piscina e até mesmo cortar os cabelos dos filhos.

Longe de quem ama

A enfermeira Gabriela Alves Rodrigues tomou uma atitude ainda mais severa: está longe do marido e dos filhos há pouco mais de 20 dias. Ela está em casa, sozinha, enquanto o restante da família foi morar com a sogra. “Não tem sido fácil”, resume.
Ela conta que, no trabalho, muita coisa também mudou. Além dos treinamentos constantes, o medo e a angústia passaram a fazer parte da rotina. “Pensamos, o tempo todo, que nossos familiares e colegas de trabalho podem adoecer e até morrer por isso”, destaca, acrescentando que recebe apoio psicológico no Hospital de Base, onde trabalha.

Referência

Gerente de Assistência Clínica no Hospital Regional da Asa Norte, referência para atendimento da Covid-19, a médica Francielle Pulcinelli Martins conta que oscila os pensamentos entre a normalidade e o medo.
“A rotina no Hran sempre foi pesada, com muitos atendimentos. Mas, agora tem o medo como agravante, pois sabemos que o vírus é extremamente contagioso. Temos medo, mesmo tomando todos os cuidados”, observa.
Francielli Pulcinelli: “Tento relaxar fazendo brincadeiras com as crianças em casa”
Mesmo com esse sentimento, em casa ela tenta tranquilizar os dois filhos, de 4 e 6 anos de idade. “Tento relaxar fazendo brincadeiras com as crianças em casa”, conta a médica. Ela diz que sempre deu muito valor aos momentos em família e às reuniões com pais, irmãos, sobrinhos e amigos. “Hoje, vejo ainda mais o valor imenso que isso tem”, frisa.
Também na linha de frente no atendimento, a enfermeira Gabrielle Pessoa mostra as marcas que ficam no rosto ao fim de um plantão. “São horas e horas paramentada. Muitas vezes não vamos ao banheiro, não bebemos água, esquecemos de nós em prol dos outros”, destaca.
Para amenizar a carga, Gabrielle busca fazer coisas de que gosta para se desligar de tudo o que vê no hospital. “Amo minha profissão, estou empenhada e disposta para enfrentar tudo isso. Mas, de algum modo, toda essa instabilidade nos comove como ser humano”, destaca.
A enfermeira conta que anda mais sensível desde que começaram a surgir os primeiros casos no DF. “Choro com mais frequência, estou ansiosa. Querendo ou não temos sentimento de medo, incerteza, insegurança, por ser algo novo”, diz ela, que acrescenta: “Hoje, valorizo ainda mais o abraço, como demonstração de afeto. Sinto falta do contato com o outro, do aperto de mão, do beijo no rosto, das conversas mais próximas. Detalhes que antes passavam despercebidos.”
Apesar de todo esse sentimento misturado, Gabrielle diz se sentir lisonjeada em estar na linha de frente. “Isso irá me acrescentar muito profissionalmente. É um momento histórico, em que todos estão empenhados, desde serviços gerais até a alta complexidade”, destaca.

Atendimento remoto

A médica reguladora e intervencionista do Samu e do Aeromédico, Gabriela Botár atua no serviço há sete anos. Ela conta já ter vivido situações extremas no trabalho, com vários atendimentos seguidos durante o plantão, em locais de difícil acesso e que exigiam resiliência, mas nada comparado ao que tem vivido hoje.
Para ela, uma das grandes dificuldades é precisar se atualizar rapidamente para os atendimentos, pois a doença é nova. “E, por se tratar de um vírus altamente contagioso, precisamos tomar os cuidados especiais em relação ao uso de EPIs [equipamentos de proteção individual], higienização da viatura e de materiais.”
Doação e segurança: profissionais de saúde agem como verdadeiros anjos da guarda quando o assunto é preservar e salvar vidas
Ela conta que se distanciou de familiares e amigos. “Foi a decisão mais sensata, já que estou na linha de frente. Para amenizar essa situação, faço vídeo chamada para eles quando estou de folga. Não é a mesma coisa de tê-los pessoalmente, mas é o que tem me ajudado no quesito saudade”, conta.
Para diminuir a pressão, ela diz que tem buscado alívio na espiritualidade, contato com plantas e animais, lendo sobre assuntos diversos. “Faço terapia online, exercícios físicos em casa e tento refletir sobre o que tudo isso tem a nos ensinar. O momento é delicado e exige serenidade e equilíbrio dos profissionais de saúde. É preciso apreender, desaprender, construir, reconstruir, inventar, reinventar e, principalmente, ressignificar. Acredito que depois do coronavírus seremos humanos e profissionais melhores”, finaliza.
Também no Samu, o condutor de viaturas Cleiton Souza conta que a rotina de trabalho mudou com a chegada do novo vírus. “O núcleo de educação sempre abordou uso de equipamento de proteção individual, mas agora aumentou a preocupação no retorno à base, preocupando com a higienização de utensílios e móveis”, conta.
O retorno para casa, onde mora com esposa e uma filha, também passou a ter cuidados a mais. “Troco a roupa, ainda na base, ao fim do expediente e levo para casa, separada em uma sacola. E já coloco para lavar imediatamente”, detalha. Ele conta que também tem buscado coisas para aumentar a imunidade, como melhorar alimentação.

* Material originalmente publicado no site da Secretaria de Saúde
AGÊNCIA BRASÍLIA