segunda-feira, 6 de abril de 2020

PEC do 'Orçamento de Guerra' autoriza BC a comprar títulos privados para garantir liquidez




Da Redação | 06/04/2020, 19h52
O Senado vai receber nesta semana a Proposta de Emenda à Constituição que permite a elaboração de um “orçamento de guerra” separado para o combate à pandemia de coronavírus dentro do Orçamento Geral da União (PEC 10/2020).
O texto também contém autorizações para atuação do Banco Central na negociação de títulos privados — como debêntures, carteiras de créditos e certificados de depósitos bancários (CDBs). A medida tem o objetivo de aumentar a liquidez de empresas, mas podem deixar o Tesouro Nacional exposto a papéis com alto risco de inadimplência.
Atualmente, o BC não pode adquirir títulos privados. A PEC autoriza o Banco a entrar nesse mercado, mas apenas de forma secundária: ele não poderá adquirir títulos diretamente com as empresas que os emitem, mas poderá comprá-los de outros atores que já os tenham, como bancos e fundos de investimentos.

Garantia de liquidez

Segundo Ailton Braga, consultor legislativo do Senado especializado em política monetária, o objetivo da autorização é expandir o mercado de títulos e aumentar a disponibilidade de recursos para empresas e investidores num momento de aperto, como a crise atual.
— Esse é um recurso adicional para garantir liquidez. Em vez de entregar dinheiro aos bancos para eles fazerem empréstimos, o Banco Central vai poder ir às empresas, pelo mercado secundário — explicou.
O desenho atual da PEC, porém, não contém exigências de solidez para os títulos que o BC poderá adquirir, como notas de crédito (rating) mínimas. Outra vulnerabilidade é que o Tesouro Nacional terá que entrar em todas as compras, entrando com, no mínimo, 25% do valor dispendido. A participação do Tesouro serve para limitar o tamanho das operações, mas também significa que, em caso de prejuízo ou calote, o cofre da União fica exposto.
— Essas compras têm que ser bem planejadas para evitar o risco de inadimplência. Não ficou claro qual será o mecanismo de garantia. É possível que o BC adquira títulos que virão a ter um valor muito mais baixo do que o de compra — alerta o consultor do Senado.
As medidas de proteção contidas na PEC até agora incluem a necessidade de autorização do Ministério da Economia para cada operação, a informação imediata ao Congresso Nacional e a prestação de contas, a cada 45 dias, para os parlamentares. A autorização só valerá durante o período do estado de calamidade decretado em função do coronavírus.

Exceção

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), disse concordar com a medida, desde que seja observada em caráter de exceção. Plínio Valério é autor de um projeto que expande a autonomia do Banco Central (PLP 19/2019), o que não inclui o poder de negociação de títulos privados entre as novas atribuições.
— Tem que haver essa intervenção porque os bancos pararam de financiar e de dar crédito. Há clima para isso devido a esta conjuntura caótica e dramática que vivemos. Que fique bem claro que é só para esta pandemia. Nosso projeto de autonomia não chega a tanto — afirmou o senador.

Títulos públicos

Outra autorização concedida pela PEC do Orçamento de Guerra é para que o Banco Central negocie, durante a pandemia, títulos públicos de forma mais ampla do que faz hoje. A instituição poderá mirar títulos específicos no mercado secundário, com prazos variados, o que dá a ela mais poder para interferir na curva de juros de longo prazo.
A regra atual é que o BC só pode ofertar ou adquirir títulos como instrumento de controle do volume de moeda em circulação. Se quiser retirar dinheiro do mercado, toma empréstimos das instituições financeiras e apresenta carteiras de títulos como garantia. Se quiser injetar, a operação é inversa: o BC libera os recursos e recebe carteiras em troca. Esse modelo só permite que o Banco interfira na taxa de juros de curto prazo (Selic).
Como os títulos públicos são emitidos pelo Tesouro Nacional, essas operações não apresentam o mesmo tipo de risco que aquelas com títulos privados. O dispositivo mantém a proibição de que o Banco Central compre títulos diretamente do Tesouro.

Banco Central

As novas normas para o Banco Central na PEC 10/2020 são complementadas por uma regra publicada na Medida Provisória (MP) 930/2020, em vigor desde a última segunda-feira (30). Durante o período da pandemia, os diretores e servidores do BC não serão responsabilizados pelos atos praticados no exercício das funções — exceto em casos de fraude, dolo ou infração criminal.
Ailton Braga explica que essa proteção é necessária para garantir a execução das medidas introduzidas. Do contrário, os funcionários do Banco poderiam ter que responder pela variação no valor de um título adquirido, o que não é o centro da política. O consultor compara a situação com a atuação do Banco Central no mercado cambial.
— Quando o BC faz operações com dólar, ele não está preocupado se o dólar vai cair ou vai subir. O objetivo é regular o mercado de câmbio. Aqui, o objetivo é garantir a liquidez do mercado de capitais.

Tramitação

Caso o Senado decida acrescentar mais dispositivos à PEC, para por exemplo mitigar os riscos das operações com títulos privados, a proposta terá de retornar para a Câmara dos Deputados. Também existe a possibilidade de os trechos em questão serem removidos do texto para tramitarem separadamente, enquanto o resto da proposta entra em vigor. O Congresso Nacional entende que PECs podem ser promulgadas parcialmente, quando houver concordância das duas Casas, e aquilo que ainda não for consenso pode ser desmembrado para continuar alvo de deliberação.
Esse expediente foi usado, por exemplo, na reforma da Previdência de 2019. Parte do texto se transformou na Emenda Constitucional 103, enquanto trechos mais controversos (como a inclusão de estados e municípios) foram transplantados para outra proposta, chamada de “PEC paralela” (PEC 133/2019), que continua a tramitar até hoje.
No entanto, caso isso seja feito para a PEC do Orçamento de Guerra, a autorização para a negociação de títulos públicos também terá que ser removida. Isso aconteceria porque ela está no mesmo parágrafo que trata dos títulos privados, e não é possível desmembrar apenas parte de um dispositivo — apenas ele inteiro.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Defesa Civil orienta como fazer doações de forma correta




Verificar o prazo de validade do que for doado é a primeira medida a ser observada, ensina a instituição

Iniciativas para doação de alimentos, itens de limpeza e vestuário têm surgido por parte de cidadãos e dos setores produtivo e privado. Para fazer a entrega do material com segurança e atenção aos cuidados com higiene, a Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil, vinculada à Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) faz orientações e disponibiliza canal direto com o órgão para tirar dúvidas.
Verificar o prazo de validade do que for doado é a primeira medida a ser observada. Caso a doação seja feita para asilos ou casas que abrigam idosos, o ideal é que os itens sejam levados até o local por pessoas que não apresentem sintomas da Covid-19 e que usem máscaras, luvas e álcool em gel.
Se as doações ocorrerem em lugares abertos, o ideal é organizar o público em filas. Para organização das filas, utilize apito ou alto falante e, caso seja necessário, solicite apoio das forças de segurança.
Para mais informações e orientações pontuais, a Defesa Civil solicita que envie um e-mail para defesa.civil@ssp.df.gov.br.
“A ajuda humanitária é extremamente importante numa situação como a que estamos vivendo, mas é preciso estar atento às medidas de segurança e ter extrema cautela na entrega do material”,  disse o subsecretário da Defesa Civil, coronel Sérgio Bezerra.
“Desta forma, é interessante colocar as pessoas com mais idade no começo da fila, seguidos pessoas com deficiência, mulheres e crianças, e, por último, os homens. Não esquecer dos equipamentos de proteção individual e álcool em gel também é um cuidado que se deve ter”, acrescentou Bezerra.

* Com informações da Secretaria de Segurança Pública
AGÊNCIA BRASÍLIA 

Bolsonaro exclui Mandetta de reunião com Osmar Terra e médica para tratar de cloroquina




Esteve presente no almoço no Palácio do Planalto a médica Nise Yamaguchi, elogiada por bolsonaristas e também cotada para o ministério da Saúde caso Mandetta seja demitido

Osmar Terra, Luiz Henrique Mandetta e Jair Bolsonaro
Osmar Terra, Luiz Henrique Mandetta e Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR | Agência Brasil)
247 - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi novamente excluído por Jair Bolsonaro de uma reunião para tratar da crise do coronavírus no Palácio do Planalto. Em outra ocasião, médicos estiveram presentes e Mandetta chegou a dizer na ocasião que atua de forma técnica, e não política.
Nesta segunda-feira 5, um almoço no Palácio do Planalto teve a presença do deputado federal Osmar Terra e da médica Nise Yamaguchi, elogiada por bolsonaristas, além de cinco outros ministros, para abordar o uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19, tema que causa controvérsia entre Bolsonaro e Mandetta.
Segundo reportagem do Estado de S.Paulo sobre o encontro, Dra. Nise sugeriu a Bolsonaro durante o almoço a adoção do tratamento precoce com cloroquina em todo o Brasil e relatou experiências exitosas de uso do medicamento contra a Covid-19.
Após o almoço, a médica confirmou ao jornal, por meio da assessoria, que foi convidada para integrar o gabinete de crise do Palácio do Planalto criado para monitorar o avanço do novo coronavírus no Brasil. Ela disse que ainda avalia se aceitará a função.
Bolsonaro reproduz o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a eficácia da cloroquina, e chega a tranquilizar a população a respeito do “remédio” milagroso, que já tem a cura da doença. Já Mandetta usa tom mais cauteloso, lembrando que ainda não há estudos conclusivos sobre o medicamento.
Durante todo o dia a queda de Mandetta foi considerada e levantada por vários jornalistas em Brasília, como Helena Chagas. Ao final da tarde, a Veja notificou que Bolsonaro foi demovido da ideia por militares, como os generais Walter Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
Brasil 247 lança concurso de contos sobre a quarentena do coronavírus. Participe do concurso

"É o maior desafio do domínio da vida e da saúde nos últimos 100 anos"



Presidente da República pede unidade para se ultrapassar a crise sanitária provocada pela Covid-19.

"É o maior desafio do domínio da vida e da saúde nos últimos 100 anos"
Notícias ao Minuto
06/04/20 22:33 ‧ HÁ 9 MINS POR NOTÍCIAS AO MINUTO 
Opresidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta segunda-feira que a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus "é o maior desafio do domínio da vida e da saúde nos últimos 100 anos".
Em declarações feitas através de uma vídeo no programa 'Prós e Contras', da RTP1, o chefe de Estado apela à convergência entre todos para ultrapassar a crise sanitária provocada pela Covid-19.
"O desafio que estamos a enfrentar como nenhum outro nos últimos 50 anos, Tivemos muitos desafios sociais, económicos e financeiros, muitas crises, mas este é o maior desafio do domínio da vida e da saúde nos últimos 100 anos, em dimensão e em duração no tempo. Temos uma realidade que é nova na nossa vida. Este desafio tem exigido a unidade de todos, que não é a unicidade nem uma interrupção da democracia. É a convergência no essencial no combate à crise sanitária durante o presente surto", começou por dizer o presidente da República.
[Notícia em atualização]
política ao minuto 

Hran começa a ser esvaziado e só atenderá casos da Covid-19



Atendimentos de emergência serão transferidos para HUB e Hmib. Confira em quais unidades ficarão as demais especialidades

O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) será esvaziado, até o final da semana, para atender somente casos de Covid-19. O objetivo é deixar a unidade hospitalar totalmente disponível para internação de pacientes com coronavírus, sejam adultos ou crianças.
“Apenas os queimados continuarão no Hran e a ala terá um fluxo restrito. Já conseguimos retirar 90% dos outros pacientes, só continuam internados casos mais delicados, como pacientes de cardiologia, em que é mais difícil de encontrar vaga disponível em outros hospitais”, explica o secretário adjunto de Assistência, Ricardo Tavares.
Os pacientes que não têm coronavírus começaram a ser retirados do Hran no último dia 22. O transporte foi feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-DF) e pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM). São pacientes com outras doenças como, diabetes descompensada, hipertensão descontrolada e pacientes cirúrgicos.
Os critérios para transferência dos pacientes são: região de residência do paciente, necessidade clínica e disponibilidade de vagas. Todos eles foram levados para os hospitais das regiões administrativas de onde eles residem ou que sejam mais próximos de suas residências.
Especialidades
Para esvaziar a emergência do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) os pacientes que não sejam suspeitos de coronavírus devem procurar os hospitais que atendem sua Região de Saúde. As especialidades de Pediatria e Clínica Médica serão distribuídas em todos os hospitais da rede, exceto o Hospital de Base, que é referência em trauma.
Foto: Agência Brasília/Arquivo
Os pacientes da Região Central (Asa Norte, Lago Norte, Asa Sul, Varjão, Vila Planalto e Cruzeiro) e da Região Centro-Sul (Guará, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Estrutural, SIA, SCIA, Riacho Fundo I e II e Park Way) deverão procurar os hospitais Universitário de Brasília (HUB) e o Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Os atendidos pela Região Central de Saúde que precisarem de emergência nas especialidades de Ginecologia e Obstetrícia devem procurar o Hospital Universitário de Brasília (HUB). Já os da Região Centro-Sul devem procurar o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Quem for procurar o pronto atendimento oftalmológico será redirecionado ao Instituto Hospital de Base e ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT); os oftalmologistas lotados no Hran deverão dar reforço a estes dois serviços.
Os atendimentos para brasilienses com fissura labiopalatal do Hran ocorrerão nas dependências do Adolescentro. Os procedimentos cirúrgicos que não puderem ser postergados serão realizados no Hospital da Criança de Brasília (HCB) pela equipe do Hran.
O Programa Cris Down será redirecionado para a Policlínica da 514 Sul. Já os ambulatórios do Hran/Policlínica serão mantidos cardiologia, psicologia, psiquiatria, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais no Hran para atendimento aos casos de Covid-19 e retaguarda das equipes do Hran, as demais especialidades serão redirecionadas para a Policlínica da Região Central (514 Sul, CEDOH e Adolescentro).
O Hospital Universitário de Brasília (HUB) receberá os pacientes atualmente internados no Hran para prestar o serviço de Hemodiálise. O serviço de internação para privados de liberdade será redirecionado: pacientes clínicos para o Hospital da Região Leste (Hospital do Paranoá)  e cirúrgicos para o Instituto Hospital de Base.
Já o atendimento com soroterapia para animais peçonhentos será referenciado para o Hospital Regional do Guará (HRGu).

Cirurgias eletivas de classificação vermelha serão redirecionadas para os seguintes hospitais:
Cirurgias oncológicas
Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Instituto Hospital de Base;
Oftalmológicas
Instituto Hospital de Base e Hospital Regional de Taguatinga (HRT);
Cirurgias Torácicas, Otorrino e Urologia
Instituto Hospital de Base

Com informações da Secretaria de Saúde
AGÊNCIA BRASÍLIA 

Cartão da Caixa Simples 2020: É sem anuidade e disponível para os negativados




A Caixa Econômica Federal (CEF) lançou o Cartão de Crédito Caixa Simples destinado para aposentado ou pensionista do INSS, com menos de 75 anos



Caixa Econômica Federal (CEF) faz saber aos interessados o lançamento do Cartão de Crédito Caixa Simples. A opção, conforme o banco, é destinado para aposentado ou pensionista do INSS, com menos de 75 anos, que quer curtir a vida com toda a segurança. “Ele oferece as mesmas facilidades dos cartões de crédito convencionais para você fazer suas compras em lojas físicas e pela internet, no Brasil ou no exterior,” disse o banco.
Como é consignado, conta com a facilidade do desconto de parte do pagamento da fatura, referente à margem de 5% no benefício INSS, sendo essa a principal diferença em relação ao cartão de crédito convencional: parte do valor da fatura é descontado automaticamente no benefício.
Além disso, 95% do limite de crédito pode virar dinheiro na conta. Para isso, é necessário solicitar isso no momento da contratação. Sobre esse valor, incorre a cobrança de juros rotativos + IOF contabilizados do dia do crédito em conta ao dia do pagamento da fatura.

Vantagens

É com anuidade zero. Você tem isenção de anuidade e paga apenas a tarifa de R$ 15 para emitir o cartão, podendo parcelar esse valor em até 3x na fatura. Depois você só paga o que gastar, sem mensalidade ou anuidade.
A taxa de juros é mais em conta. Até 3x menor que a de um cartão convencional. Apenas 2,85% ao mês para o uso do rotativo.

Sem consulta ao SERASA ou ao SPC. Sem burocracia. Fácil e Simples. Se você tem débitos junto à Caixa, regularize antes da contratação.
Check-up Lar. Você conta com um profissional especializado para fazer pequenos reparos na sua casa, como revisões elétricas e hidráulicas, instalação de prateleiras, cortinas e persianas, limpeza de caixa d’água e outros, podendo acionar o serviço até três vezes ao ano.
Clube Elo Mania Caixa. Quem tem o Cartão de Crédito Caixa Simples tem acesso a diversos produtos e serviços com desconto.

Como faz para contratar?

O Cartão Caixa Simples está disponível para contratação nas agências de todo o Brasil, aos aposentados e pensionistas do INSS com menos de 75 anos.
Documentos necessários. O que você precisa ter em mãos na hora de pedir seu cartão:
  • RG
  • CPF
  • Comprovante Residência
  • Extrato de benefício
Noticiasconcuros.com.br

CEI 304 do Recanto das Emas, finalmente, ganha reparos emergenciais



Há mais de duas décadas enfrentando alagamentos toda vez que chove, a escola, somente agora, terá o problema resolvido

As obras começaram numa área que foi construída abaixo do nível da rua: durante mais de 20 anos, toda vez que chovia, a escola ficava alagada | Foto: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília
Tão logo teve cortada sua fita inaugural, em 1999, o Centro de Educação Infantil (CEI) 304 do Recanto das Emas já revelou um grave defeito: a parte em que se localizam as seis salas de aula e o pátio fora construída a um metro e meio abaixo do nível da rua que passa em frente. Desde então, sempre que chove, a água escoa toda para esses compartimentos, formando uma imensa piscina.
Este ano, enfim, vai ser diferente. Acionada pela Coordenação de Ensino Regional (CRE) do Recanto das Emas, a Construtora Burity, responsável pelo contrato de manutenção da escola, sem nenhum custo adicional, começou a fazer o alargamento da rede pluvial. Isso aumentará a capacidade de vazão da água e acabará com o problema.
Ao longo desses mais de 20 anos, o problema ocorre de forma sazonal: sempre nos períodos de chuva, as salas e o pátio precisam ser interditados, devido ao acúmulo de água. “É angustiante ter 500 crianças sob sua responsabilidade e precisar sair correndo com elas no colo quando chove”, descreve a diretora do CEI 304, Eneida Pessoa.
“É angustiante ter 500 crianças sob sua responsabilidade e precisar sair correndo com elas no colo quando chove”Eneida Pessoa, diretora do CEI 304
Trabalhos iniciados
A empresa vai substituir toda a encanação e instalar canos de 250mm no lugar dos de 150mm. Serão mais de 40 metros de rede. “O escoamento não era suficiente”, explica o engenheiro Gabriel Morais, da construtora. “A tubulação é muito estreita, tem diâmetro bem inferior ao que o volume de água pede para dar vazão ao local certo – que é a área verde aqui do lado”.
Enquanto as aulas estão suspensas em função das medidas de proteção contra o coronavírus, funcionários da Burity trabalham em tempo integral para entregar o serviço. “Até o retorno das aulas, a obra estará totalmente concluída; esse problema ficará no passado”, assegura o titular da CRE do Recanto das Emas, Leandro Freire.
Cenas recorrentes
Durante as duas últimas duas décadas, o CEI 304 do Recanto das Emas tem sido palco da agenda negativa do noticiário local. Bastava chover para as redações enviarem equipes de reportagem ao colégio a fim de verificar a situação dos 200 alunos distribuídos entre as seis salas alagadas. Com o advento das redes sociais, essa exposição aumentou. Os próprios servidores filmavam as cenas de alagamento e enviavam para a mídia, com o intuito de denunciar o problema e obter uma solução.
O drama se mostrou mais grave ainda pelo fato de a escola acolher, além dos 440 estudantes, 81 alunos com algum tipo de deficiência. Eles estão concentrados nas turmas de educação precoce. Os demais, que têm de três meses a seis anos de idade, frequentam outras séries da educação infantil.
“Vou terminar minha carreira com o dever cumprido”, comemora a diretora Eneida Pessoa, que dedicou os últimos 20 anos de seus 32 de magistério à escola e, agora, aguarda a aposentadoria. Preocupada com o surto de coronavírus no DF, ela ressalta a importância da suspensão das aulas e a oportunidade para executar o serviço. “Quando tudo isso acabar, poderemos estar todos juntos novamente em uma nova escola”, diz, esperançosa.
DA AGÊNCIA BRASÍLIA

Especialistas iniciam estudo com plasma sanguíneo em São Paulo




Pesquisa pretende verificar se o uso do plasma de pacientes recuperados de covid-19 pode atenuar sintomas da infecção em outros doentes 

 A- A+
SP começa a

SP começa a

Reprodução / Record TV
Um grupo de pesquisadores dos hospitais Israelita Albert Einstein e Sírio-Libanês e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) desenvolve um estudo para verificar se a utilização do plasma de pacientes recuperados de covid-19 pode atenuar sintomas da infecção nos doentes. O plasma é a parte líquida do sangue e, nesse caso, é classificado como plasma convalescente, de acordo com o jargão de especialistas da área.
De acordo com o diretor do banco de sangue do Sírio-Libanês, Silvano Wendel Neto, os cientistas propõem tratar o plasma de pacientes que apresentaram um quadro leve da infecção para ajudar aqueles que ainda estão doentes a produzir anticorpos contra o vírus. O plasma convalescente será introduzido no corpo dos pacientes enfermos mediante transfusão de sangue. O uso dessa substância segue regras estabelecidas pelos comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
"Quando a gente é infectada por qualquer vírus, tem uma fase inicial de infecção propriamente dita e depois se recupera. Recupera-se porque, normalmente, produz anticorpos contra esse vírus, e isso dá, geralmente, uma proteção definitiva, perene, para o resto da vida”, explica o especialista.
“O que está acontecendo nessa grande epidemia é que temos uma grande quantidade de indivíduos que já tiveram a doença, já se recuperaram e, portanto, têm anticorpos circulantes em seu plasma e, ao mesmo tempo, temos pacientes que estão recentemente infectados, que apresentam a forma grave da doença, aquela que afeta, principalmente, o pulmão. O indivíduo não consegue respirar direito e tem que receber o auxílio de uma máquina, o ventilador [mecânico] e ficar na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] por alguns dias, geralmente sete, oito, nove dias", completa.
A intenção é aliviar os sintomas graves e também desafogar os leitos de UTI. "Tentar diminuir, portanto, a carga que o sistema de saúde está recebendo por parte da internação desses pacientes graves", pontua o diretor.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o  Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia) inicia nesta semana uma série de estudos para utilização do plasma sanguíneo de pessoas que foram curadas do novo coronavírus em tratamento de pacientes com quadro grave de covid-19.

Resultados

Em nota divulgada na última sexta-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou que pesquisadores dedicados a análises semelhantes já têm obtido "resultados promissores". A autarquia pondera, entretanto, que as conclusões não podem ser encaradas como uma "comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do tratamento", devido à inobservância de critérios científicos rigorosos, como abrangência da amostragem. Segundo Wendel Neto, a China foi o país pioneiro nesse tipo de experiência.
Diferentemente dos estudos citados pela Anvisa, a pesquisa desenvolvida pelos órgãos paulistas possui um grupo de controle, que confere mais relevância aos resultados atingidos, por permitir que os pesquisadores mensurem os efeitos de uma intervenção – nesse caso, a introdução do plasma.

Trabalho experimental

Wendel Neto destaca que a pesquisa do grupo é "um trabalho experimental" e que, apesar de a equipe almejar um resultado satisfatório, não pode "prometer uma cura miraculosa" à população. O diretor do Sírio-Libanês informa que cerca de 100 ex-pacientes deverão doar plasma para o experimento e outras 100 pessoas deverão formar o grupo de controle.
"Essa terapia não é nova, já foi testada com várias infecções, em várias epidemias. Nos últimos 20 anos, foi testada para a epidemia de Sars [Síndrome respiratória aguda grave], em 2003; na África, para uma das epidemias de ebola, para infecção por H1N1, mas sempre foi testada em pequena escala, não em larga escala, e com resultados variáveis, mas que não são ruins. E a gente não está querendo promover a cura imediata desses pacientes, a gente quer contribuir, junto com uma série de outras medidas, para tentar reduzir a gravidade da doença. A gente está recebendo uma quantidade brutal de pacientes no sistema de saúde, não só no Brasil, mas no mundo inteiro", acrescenta o diretor.
Ele afirmou que, nos últimos dias, tem se "decepcionado" com o relaxamento de parte dos brasileiros quanto ao distanciamento social, porque avalia que permanecer em casa é, nesse momento, algo essencial para se evitar a transmissão do agente patogênico.

Requisitos para doação

Segundo Wendel Neto, para que uma pessoa possa doar sangue para o experimento, deverá seguir algumas regras. Serão aceitas doações de homens com idade entre 18 e 60 anos, peso corporal superior a 65 quilos, que tiveram teste positivo (RT-PCR) para o novo coronavírus e que estejam bem de saúde há, no mínimo, 14 dias. Também é exigido dos doadores que tenham apresentado um quadro leve de covid-19 ou mesmo que tenham se mantido assintomáticos.
Os voluntários também não podem ter contraído hepatite, doença de Chagas nem HIV durante a vida. O diretor esclarece que o sangue de mulheres não será coletado porque, se já tiverem passado por alguma gravidez, poderão ter desenvolvido anticorpos contra leucócitos, que podem causar reações pulmonares graves em pacientes com covid-19. "A gente não quer correr o risco de piorar o pulmão de alguém que já esteja com o pulmão afetado. Por isso, nesse primeiro momento, não estamos aceitando mulheres. Pode ser que, posteriormente, a gente expanda", ponderou Wendel Neto.
Para se candidatar à doação, os interessados deverão entrar em contato com o banco de sangue do Hospital Sírio-Libanês, pelo telefone (11) 3394-5260. O atendimento é feito de segunda a sábado, das 7h às 16h, exceto feriados.
Os candidatos deverão responder, por telefone, um roteiro de perguntas, por meio do qual os atendentes poderão avaliar se estão aptos a fazer a doação de sangue. Se forem aprovados na avaliação preliminar, deverão comparecer ao local pessoalmente, em horário agendado pelos atendentes. Lá, farão uma nova avaliação e, então, serão encaminhados para a coleta da amostra de sangue que poderá confirmar se os pesquisadores poderão aproveitá-la para a pesquisa.
"Esse testes laboratoriais levam dez dias para ficarem prontos e, tão logo estejam qualificados do ponto de vista laboratorial, começamos a colher o plasma desses doadores", finaliza Wendel Neto.
R7